sábado, 27 de agosto de 2016

[GRANDE ORIENTE LUSITANO – MAÇONARIA PORTUGUESA] NA HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ – FIGUEIRA DA FOZ


DISCURSO PROFERIDO NA HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES THOMAZ NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2016, NA FIGUEIRA DA FOZ, pelo Grande Secretario Geral do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa

“Em nome do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, o GOL está uma vez mais presente nesta celebração do dia 24 de Agosto.
Ao celebrarmos Fernandes Tomás, estamos inequivocamente a celebrar o dia 24 de Agosto de 1820 e a Revolução Liberal. Estamos a relembrar o homem que encarnou a alma dessa revolução, cuja matriz era a elaboração de uma Constituição, expressão de uma cidadania composta pela participação de todos da vida da sociedade, moldada em direitos e deveres para com o todo social. Estamos também a manter vivas as ideias do Bem Comum e do bom governo que fizeram história a partir do século XVIII, com as teorias de Locke, Hobbes, Montesquieu ou Rousseau. Aliás, é este quem afirma que a Lei depois de aprovada pelo soberano, sendo este o povo reunido em assembleia, se converte em vontade geral, que será posteriormente executada pelo governo, grupo de homens particulares a quem cabe a aplicação concreta das leis, e que naturalmente nunca vai contra o Bem Comum.

Ao longo dos séculos mudou a forma como governantes e governados se vêm mutuamente. Até ao século XVIII um bom governante era aquele que enriquecia com o governo da nação. No século XIX, um bom governante era aquele que se sacrificava pelo bem público. Fernandes Tomás encarna este espírito de salientar a liberdade individual em articulação com o coletivo, opondo-se a quaisquer privilégios singulares, fossem eles de reivindicada ancestralidade ou de qualquer outra natureza. Hoje, muitas vezes a crítica fácil e demagógica leva-nos a olhar para os governantes com desconfiança e mal dizer, esquecendo-nos que muitas vezes de quem sacrifica a sua vida pessoal e familiar em prol do Bem Comum.
Por isso, também hoje, depois de um século XX tumultuoso, de mudança de paradigmas, cabe-nos manter vivos um conjunto de valores onde cada vez mais a participação cívica ganha peso. Onde, aliado ao alheamento político muitas vezes visível em períodos eleitorais, se deve evitar a crítica fácil, não poucas vezes o caminho mais curto para as ditaduras e para a perda da Liberdade, esse bem que Fernandes Tomás tanto amava, quando criou o Sinédrio ou quando intervinha nas Cortes Constituintes.

Um dos mais brilhantes parlamentares portugueses, cidadão exemplar, referência de honra e dignidade, admirado pelas suas faculdades oratórias, pela sua honradez e pela sua honestidade, Fernandes Tomás foi o pai de muitas das Liberdades e práticas que hoje damos por adquiridas. Morreu pobre e nada quis do Estado, o qual muito lhe devia.
O Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa sente particular orgulho em ter contado de entre os seus membros um Homem com a grandeza de Manuel Fernandes Tomás. O Grande Oriente Lusitano sente orgulho nos maçons que hoje, como nos séculos XIX e XX, trabalharam na Figueira da Foz.
Aqui a Maçonaria fundou associações de apoio aos mais desfavorecidos, criou escolas e exerceu uma profunda influência cultural e cívica através de associações e jornais. Na história da cidade são incontornáveis os nomes de muitos que aqui nasceram ou que à cidade estiveram ligados pela sua actividade profissional ou política. Nomes como António Augusto Esteves, escritor e bibliófilo, Maurício Águas Pinto, fundador dos Rotários figueirenses, Joaquim de Carvalho, professor universitário, Joaquim António Feteira, comerciante, Goltz de Carvalho, professor e naturalista ou António dos Santos Rocha, advogado e arqueólogo, ou ainda de Gentil da Silva Ribeiro, operário, dirigente republicano e impulsionador do associativismo e da imprensa local têm além da sua condição de figueirenses a qualidade de terem sido maçons do Grande Oriente Lusitano.

Por isso também não podemos deixar de louvar este momento e este ato levado a efeito pela Câmara Municipal da Figueira da Foz, na pessoa do seu presidente, que ao lembrar um filho da terra não esquece a história e o seu passado, trazendo para as gerações do presente o seu exemplo, tornando a nossa sociedade mais fraterna e mais participativa. Queremos referir o papel da Associação Manuel Fernandes Thomaz, na sua luta por manter viva a memória deste cidadão exemplar lembrando-o nos dias de hoje. Queremos também saudar o importante papel de intervenção cultural e cívica da Associação 24 de Agosto, ao instituir esta data como uma das suas referências. Terminamos, deixando uma palavra aos figueirenses, para que tenham em Fernandes Tomás um exemplo de cidadão, que ultrapassou as fronteiras da cidade, para dar ao país o seu melhor. E, por último, também uma palavra para os maçons e para as Lojas da Figueira da Foz, para que encontrem em Fernandes Tomás um exemplo para o seu trabalho de todos os dias.
Por último, uma palavra de respeito e de incentivo pelo trabalho desenvolvido pela Loja Fernandes Tomás, do Grande Oriente Lusitano, ao ter como patrono este nome ímpar da história portuguesa e ao encontrar nele um exemplo para o seu trabalho de todos os dias, num contributo árduo e permanente para a construção de uma sociedade melhor, provando assim que as utopias não cessaram”.

[Grande Secretario Geral do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, 24 de Agosto de 2016] | sublinhados nossos

FOTO de Mauro Correia, com a devida vénia
J.M.M.

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