quinta-feira, 31 de outubro de 2013

IV COLÓQUIO INTERNACIONAL HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO: PERSPECTIVAS ACTUAIS

Vai realizar-se em Braga, no Campus de Gualtar, nos próximos dias 7 e 8 de Novembro de 2013, um colóquio internacional com o título em epígrafe que conta na comissão organizadora Arnaldo Sousa Melo e Maria do Carmo Ribeiro, do Departamento de História da Universidade do Minho.

O programa do colóquio segue abaixo:

Com o programa do colóquio centrado em períodos mais antigos, no entanto com interesse, por ser ainda uma temática pouco explorada ainda pela História, cruzando conhecimentos com a Engenharia Civil e a Arquitectura, entre outras áreas.

A acompanhar com interesse.
A.A.B.M.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MEMORIALISMO E LITERATURA AUTOBIOGRÁFICA

Realiza-se no próximo dia 31 de Outubro de 2013, na Academia das Ciências de Lisboa, uma sessão conjunta das Classes de Letras e de Ciências, pelas 14.30h.

Pode ler-se na nota de divulgação da sessão:
Sessão especial, conjunta das duas Classes, dedicada ao tema Memorialismo e Literatura Autobiográfica, a propósito da publicação, em curso, das memórias Acta est fabula, de Eugénio Lisboa.

Intervirão, entre outros, os académicos Senhores Adriano Moreira, José-Augusto França (a confirmar), Raul Rosado Fernandes, João Bigotte Chorão, Augusto de Ataíde, Fernando Dacosta e Marcello Duarte Mathias, todos autores de obras de carácter memorialístico, assim como, a encerrar o debate, o próprio confrade Eugénio Lisboa.

Quando se assiste de forma recorrente a publicações de carácter memorialístico torna-se fundamental perceber a razão de ser deste interesse de alguns autores e editores em preservar essas memórias com alguma perenidade. Os escritores, por via das suas relações pessoais e profissionais, convivem, conhecem e trocam ideias com outros intelectuais e artistas que os aconselham, que os criticam ou que os ajudam a resolver/ultrapassar determinadas situações. Apesar de as memórias serem quase sempre selectivas e muitas vezes justificativas de determinadas opções, elas deixam um retrato, um perfil, uma marca das personalidades envolvidas. São quase sempre de muita utilidade para a História, sobretudo quando problematizam e mostram os dilemas de determinadas escolhas que todos os indivíduos são obrigados a fazer.

Uma sessão que nos parece muito interessante, sobretudo com a grande qualidade dos intervenientes que certamente proporcionarão uma troca de impressões salutar e sobretudo a discussão da qualidade de algumas obras memorialísticas que recentemente chegaram às livrarias e outras que estejam a ser preparadas.

A.A.B.M.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ASSOCIAÇÃO DOS MANUFACTORES DE CALÇADO DE PORTALEGRE


Associação dos Manufactores de Calçado de Portalegre


"A Associação dos Manufactores de Calçado de Portalegre
 
[Os seus principais sócios fundadores foram: Francisco António de Miranda Relvas (seu Presidente), Manoel Joaquim Mão de Ferro, Francisco de Ascensão Pereira - ver AQUI os seus Estatutos e demais documentação]
 
teve os estatutos aprovados em [16] Dezembro de 1911.

Um dos seus dirigentes, Joaquim Maria, meu [… António Ventura] avô materno, foi um dos oito trabalhadores detidos naquela cidade. por ocasião de uma manifestação de solidariedade com os rurais de Évora, em Janeiro de 1912, junto ao edifício do Governo Civil. Foram julgados a 17 de Maio e libertados.

Esta era a bandeira da Associação" [via António Ventura Facebook]
 
J.M.M.

REVISTA DE ESTUDOS LIVRES



REVISTA DE ESTUDOS LIVRES. Mensário lisboeta de cariz científico – 1883-1886; Propr: José Carrilho Videira, Nova Livraria Internacional (Rua do Arsenal, nº 96); Impressão: Tip. de A. J. da Silva Teixeira (Rua Cancela Velha), Porto; 1983-86, 33 fasc,

[Alguma] Colaboração: António José Teixeira, Augusto Brochado, Carlos de Melo, Carlos von Koseritz, F. Sá Chaves, Filipe de Figueiredo, Filomeno da Câmara, Frederico de Barros, João Cardoso Júnior, João Teixeira Soares, Joaquim José Marques, José Augusto Vieira, José Carrilho Videira, José Eduardo Gomes, José Leite de Vasconcelos, José de Sousa, Júlio Lourenço Pinto, Júlio de Matos, Lino de Assunção, Luciano Cordeiro, Moniz Barreto, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Reis Dâmaso, Silva Teles, Sílvio Romero, Teixeira Bastos, Teófilo Braga.

"A Revista de Estudos Livres não pode expor melhor o pensamento que a motiva, nem o intuito que nos estimula senão apresentando em duas palavras o que Augusto Comte entendia por uma Revista moderna. O eminente transformador da Filosofia do século XIX, projetava uma Revista ocidental como um órgão de aplicação contínua da sua doutrina ao curso dos acontecimentos humanos, realizados ou previstos, para a apreciação sistemática do movimento intelectual e social nas cinco grandes populações avançadas, francesa, italiana, espanhola, germânica e britânica.

A Revista de Estudos Livres visa à aplicação dos eternos princípios da liberdade intelectual, moral e política aos acontecimentos atuais, para os julgar e poder deduzir deles as condições do progresso. Todas as investigações nos interessam, com tanto que elas conduzam para um ponto de vista social. Na crise de transformação mental e política em que vão entrando as duas nacionalidades portuguesa e brasileira, filhas da mesma tradição histórica, nas quais o regime católico-monárquico subsiste pela inércia, mas sem apoio nas consciências, é imensamente necessário um órgão crítico e especulativo que agremiasse [sic] os dois povos para a inteligência da sua tra[n]sição inevitável.

A Revista de Estudos Livres tornar-se-á benemérita no dia em que inicie esta convergência necessária, até hoje firmada apenas pelo nexo económico e pela concorrência mercantil, formas espontâneas da síntese ativa. Entre Portugal e Brasil existem as bases profundas de uma síntese afetiva, como se verificou esplendidamente nas festas do Centenário de Camões, porém as publicações intituladas “luso-brasileiras”, não podendo elevar-se à compreensão da síntese especulativa, ou acordo mental, caíram diante da chateza da exploração do assinante, obstando pelo descrédito à influência de um pensamento tão fecundo…


- Revista de Estudos Livres  AQUI ONLINE.
 
J.M.M.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO PROF. SALVADOR DIAS ARNAUT

O Município de Penela, promovendo as comemorações do Centenário do Nascimento do Prof. Salvador Dias Arnaut, nos próximos dias 26 de Outubro e 16 e 30 de Novembro de 2013, realiza no Salão Nobre dos Paços do Concelho um colóquio dedicado ao Património Histórico, Cultural e Ambiental de Penela.

A comissão científica do colóquio conta com personalidades que conheceram e conviveram de perto com o ilustre historiador e professor universitário, como o Prof. Doutor Jorge de Alarcão, a Prof. Doutora Maria Helena da Cruz Coelho, o Prof. Doutor João Marinho dos Santos e a Prof. Doutora Margarida Sobral Neto.

O programa do colóquio é o seguinte:

Dia 26 de Outubro (9h30-12h30 e 14h00-18h00)
10.00 - Sessão de abertura do Colóquio
10.15 - Conferência inaugural: Prof. Doutor Jorge d’ Alarcão, Nas terras da Ladeia
11.00 - Pausa
11.15 - Prof. Doutor Saul Gomes, Penela em finais da Idade Média
11.45 - Prof. Doutora Maria Helena da Cruz Coelho, “Boas” e “Más” rainhas nas Crónicas de Fernão Lopes
12.15 - Debate
13.00 - Almoço 
14.00 - Visita guiada ao castelo
15.00 - Prof. Doutora Maria José Azevedo Santos, Escrivães e Pregoeiros dos concelhos (seculos XIV - XVI)
15.30 - Dr. Cristóvão Mata, A vereação de Penela: 1640-1834 
16.00 - Dra. Guilhermina Mota, Penela e a sua gente em meados do séc. XIX
16.30 - Prof. Doutor Rui Cascão, O concelho de Penela no século XIX
17.00 - Prof. Doutora Leontina Ventura, A história local na historiografia de Salvador Dias Arnaut
17.30 - Debate
Visita à Exposição bibliográfica – A obra do Prof. Doutor Salvador Dias Arnaut(Centro de Estudos História Local e Regional Professor Doutor Salvador Dias Arnaut) 

Dia 16 de Novembro (10h30 - 13h30 e 15h00 - 17h30)
Visitas guiadas ao Património natural, arquitetónico e arqueológico do concelho de Penela
10.30 - Visita ao CISED - Centro de Interpretação do Sistema Espeleológico do Dueça
11.00 - Prof. Doutor Lúcio Cunha, Património espeleológico do concelho de Penela
11.30 - Doutora Ana Isabel Ribeiro, Quinta da Boiça: Percursos de uma propriedade e de uma família - Os Garridos
12.00 - Visita à Quinta da Boiça
13.00 - Almoço 
15.00 - Doutor Miguel Pessoa, Villa romana do Rabaçal, Penela, Portugal: Um centro na periferia do império e do território da civitas de Conimbriga
16.30 - Visita ao museu e à Villa romana do Rabaçal   

Dia 30 de Novembro (14h30-17h00)
14.30 - Avaliação da ação de formação
15.30 - Seminário Permanente de História Local e Regional: Formas e significados das comemorações dos forais manuelinos: o caso dos forais manuelinos de Penela, Podentes e Rabaçal, Coordenação, Prof. Doutora Margarida Sobral Neto   

Inscrições:
Tel. 304 500 148/239 560 020
Mail: cehlr_sda@cm-penela.pt

Uma interessante iniciativa que se divulga a alguns dos potenciais conhecedores da personalidade, do historiador e do concelho que o viu nascer.

Com os votos do maior sucesso para esta organização do Centro de Estudos de História Local e Regional Salvador Dias Arnaut.

A.A.B.M.

NATÁLIA CORREIA - "O BOTEQUIM DA LIBERDADE"


AUTOR: Fernando Dacosta.
EDITORA: Casa das Letras

"Quando a crise não é geradora de grandes audácias, mais indicado é dar-lhe o nome de agonia.

Natália Correia 13 de Setembro - 90º aniversário nascimento de Natália Correia. A última grande tertúlia de Lisboa - que marcou culturalmente, politicamente várias décadas portuguesas - teve lugar no Botequim, bar do Largo da Graça criado e projectado por Natália Correia.

Nele fizeram-se, desfizeram-se revoluções, governos, obras de arte, movimentos cívicos; por ele passaram presidentes da República, governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis, escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em madrugadas de vertigem, de desmesura.  

A magia do Botequim tornava-se, nas noites de festa, feérica. Como num iate de luxo, navegava-se delirantemente (é uma viagem assim que neste livro se propõe) em demanda de continentes venturosos, de ilhas de amores a encontrar. O futuro foi ali, como em nenhuma outra parte do País, festivamente antecipado - nunca houve, nem por certo haverá, nada igual entre nós".
 
[ler AQUI]
 
J.M.M.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

AQUILINO RIBEIRO & RAUL PROENÇA [1921]


O meu avô Aquilino [Ribeiro] com o seu amigo Raul Proença, em 1921.

De Raul Proença, entre incomensuráveis qualidades, uma superlativa: a coordenação dos primeiros fascículos do "Guia de Portugal". Para mim será sempre o "Sr. Guia de Portugal", este extraordinário Raul Proença

[Aquilino Machado, via Facebook – com a devida vénia]
 
J.M.M.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A MULHER E A MAÇONARIA EM PORTUGAL


CONFERÊNCIA/DEBATE: A Mulher e a Maçonaria em Portugal;

ORADORES: Maria Belo, Feliciana Ferreira e Graça Gomes;

DIA: 25 de Outubro 2013 (18,30 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano;
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas de Arte Real”].

J.M.M.

sábado, 19 de outubro de 2013

JOAQUIM DA ROCHA PEIXOTO MAGALHÃES (1909-1999): CATÁLOGO DO ESPÓLIO DOCUMENTAL




Realiza-se no próximo dia 22 de Outubro de 2013, em Faro, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Algarve, a sessão de encerramento do ciclo de homenagem ao Prof. Joaquim Magalhães.

Depois da várias sessões que decorreram entre os meses de Março a Maio, com várias sessões que tivemos oportunidade de ir divulgando, resultou agora na publicação do Catálogo do Espólio Documental de Joaquim Magalhães (1909-1999), que será apresentado pelas 16 horas, na sala 2.35.

O evento conta com a presença do Professor Doutor Joaquim Romero Magalhães, professor aposentado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e filho do homenageado.

Com os nossos votos do maior sucesso para o evento e para as pessoas envolvidas neste projecto.

A.A.B.M.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CONGRESSO APH 2013

A Associação de Professores de História está a promover a partir de hoje, 18 e até dia 20 (domingo) o congresso anual da associação subordinado este ano ao tema Espaços Públicos, Vidas Privadas.

Ao longo de dois dias, os docentes da disciplina pode realizar uma acção de formação creditada e assistem a um conjunto alargado de conferências e palestras realizadas por vários especialistas. As sessões decorrem no Auditório 1, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. No último dia (domingo), dia 20 de Outubro de 2013, realizam-se as visitas de estudo a diversos locais.

O programa conta com algumas sessões interessantes, de onde destacamos: Nuno Simões Rodrigues, Bernardo Vasconcelos e Sousa, João Brigola, Helena Veríssimo, Deolinda Folgado e Raquel Henriques.

O programa completo pode ser consultado acima ou através da ligação que AQUI deixamos.

Com votos de sucesso para esta iniciativa.

A.A.B.M.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

VI ENCONTRO DE HISTÓRIA DO ALENTEJO LITORAL

Realiza-se em Sines, este próximo fim-de-semana, 19 de 20 de Outubro de 2013, o VI Encontro de História do Alentejo Litoral, este ano subordinados ao tema A Acção dos Poderes na Escala Local e Regional.

Contando com a colaboração de vários historiadores e arqueólogos ligados ao Alentejo, realiza-se este ano, a sexta edição deste evento que se realiza no Centro Emérico Nunes, em Sines e conta com algumas colaborações que merecem destaque: Carlos Fabião, Fernanda Olival, Maria de Fátima Sá, Isabel Lousada e João Madeira, entre outros historiadores de âmbito mais local.

Durante o evento proceder-se-á à apresentação do 3º volume das actas do encontro.

As sessões e as conferências têm entrada livre.

A.A.B.M.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

CUNHA LEAL – “AS MINHAS MEMÓRIAS. COISAS DE TEMPOS IDOS”


Cunha Leal, “As Minhas memórias. Coisas de Tempos Idos”, Lisboa, Livraria Petrony (Edição do Autor), 1966-67-68 (372+480-432 p.), III vols.

vol. I – Romance duma época, duma família e duma vida de 1888 a 1917
vol. II – Na periferia do tufão. De 1 de Janeiro de 1917 a 28 de Maio de 1926
vol. III – Arrastado pela fúria do tufão. De 28 de Maio de 1926 a 4 de Dezembro de 1930
 
“É toda a História nacional de uma época de grandes convulsões o que temos aqui patente, pela mão de um dos seus protagonistas. Há que sublinhar à cabeça a limpidez literária de exposição com que o Autor nos reporta o que, sendo ele governador do Banco de Angola, o tornou um dos mais notáveis e recalcitrantes opositores à ditadura salazarista.

Obra de crucial importância para se perceber como essa oposição à política posta em marcha por Salazar/Quirino de Jesus teve raízes muito para além do conveniente ‘papão comunista’, e como os ajustes de contas eram distribuídos a torto e a direito por quem quer que, mesmo com razoabilidade, fizesse frente à “direcção única”. E foi nessa qualidade de governador que Cunha Leal, ao recomendar políticas económicas diversas – numa conferência pública proferida na Associação Comercial de Lisboa em 1930, expondo a degradante situação financeiro-produtiva de Angola – acabou por vir a conhecer, sob pretextos vários, ‘em fases sucessivas, o cárcere e a deportação, com o seu cortejo de violências’.

Algumas passagens genéricas:

… estamos sendo arrastados pelo ciclone que teve a longínqua origem em 28 de Maio de 1926. Na sua fase hodierna, os nossos Poderes Públicos já se não limitam a subordinar os graus de liberdade da pessoa humana e os seus correlativos movimentos físicos às determinações dum ditador que a si próprio e talvez – quem sabe? – com sinceridade se alcunhe de paternal, por isso que pretendem impor-nos obediência à fórmula tradicional do misticismo jesuítico – faz o que eu mande, pensa o que eu pense, quer o que eu queira. Irromper pela interioridade deste tufão a expressar desacordos e oposição venho-o fazendo ao longo de quarenta anos e ainda perduram no meu corpo e na minha alma as mataduras desse inconformismo. [...]

A minha presente tentativa explica-se, pura e simplesmente, pela ânsia de concorrer para a salvação duma nau preciosa prestes a naufragar, ou seja Portugal, já sem tripulação susceptível de grandes e oportunas reacções, num alheamento duma mística salutar.

Como é que se conseguiu efectivar esta descomunal constrição duma grei inteira, de modo a convertê-la em rebanho pávido, sorumbaticamente submisso, incapacitado, pelo menos na aparência, para os movimentos das gentes, que, em todas as emergências, sabem preservar a noção de dignidade?

Em boa verdade, não havia, de início, um plano metódico de domesticação colectiva. Havia apenas – isso, sim – o firme intuito do reaccionarismo indígena de suscitar, com o apoio extorquido ao Exército por meios capciosos, um vendaval à custa de cuja força crescente se lhe tornasse possível varrer da superfície de Portugal os mais ligeiros resquícios de democracia, sempre com os olhos fitos, avidamente, na ressurreição, embora longínqua, da Monarquia de estirpe miguelista. [...]

Em que é que consistiu, por conseguinte, o mais valioso trunfo do seu sucesso? Em ter às suas omnipotentes ordens um Exército passivamente obediente para impor o seu receituário financeiro, acertado ou desacertado, sem prévia audiência do País e sem vislumbres de respeito pelos interesses colectivos, ainda quando absolutamente legítimos. A regra de conduta social passou a ser a seguinte: manda quem pode, obedece quem deve. [...]

Quem, neste ano já distante de 1967, meditar, porém, na tragédia angolana desencadeada em princípios de 1961, se for desprovido de cegueira partidarista, haverá de chegar, por certo, à conclusão de que a longínqua génesis desse fenómeno deva ser retrotraída aos erros iniciais de visão do Ditador português no tocante às directrizes da nossa política ultramarina, erros que, em 1930, me afoitei a obstaculizar, sem – ai de mim e ai do País! – ter força bastante para isso...[...]"

 via FRENESI, com a devida vénia
 
J.M.M.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

3º CONGRESSO DA OPOSIÇÃO DEMOCRÁTICA – 40 ANOS DEPOIS


1973-2013 3º CONGRESSO DA OPOSIÇÃO DEMOCRÁTICA – 40 ANOS DEPOIS
 
DIA: 7 de Dezembro de 2013
LOCAL: Universidade de Aveiro (Aveiro)
 
 
“Há exactamente um ano, o NAM [Não Apaguem a Memória] decidiu comemorar, em Aveiro, o 40º aniversário do 3º Congresso da Oposição Democrática.
 
 Cá está, numa parceria com várias mãos! Marquem na agenda, que o resto é connosco (transporte a partir de Lisboa, já em organização).
 
 Esta é a Comissão Organizadora:
 
- Centro de Documentação 25 de Abril
 
- Centro de Estudos de Hist Contemporânea do ISCTE
 
- Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Univ de Coimbra
 
- Centro de Estudos Sociais da Univ de Coimbra
 
- Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Univ de Aveiro
 
- Instituto de História Contemporânea da FCSH da Univ Nova de Lisboa
 
- Não Apaguem a Memória (NAM)
 
- Seara Nova
 
- Delfim Sardo
 
- João Marujo"
 
 
 
 
J.M.M.
 

CHEFES DO GOVERNO QUE FORAM MAÇONS (MONARQUIA CONSTITUCIONAL E REPÚBLICA)



ORADOR: António Ventura [Académico de número da Academia Portuguesa de História];
DIA:
16 de Outubro (15 horas);
LOCAL:
Palácio dos Lilases (Alameda das Linhas de Torres, Lisboa);
 
J.M.M.
 

LEILÃO DA BIBLIOTECA DO CORONEL JOSÉ PINTO FERREIRA

A empresa José Vicente Leilões, está a levar a efeito, hoje, amanhã e depois um interessantíssimo leilão da Biblioteca do Coronel José Pinto Ferreira. As sessões realizam-se no Palácio da Independência, Lisboa, a partir das 21horas.

Com um total de 1017 lotes a leilão, encontram-se muitas obras que interessam ao bibliófilo e apaixonados pelo livro antigo. Entre as obras ligadas à República que podem interessar aos coleccionadores destacam-se:

- 435 GALERIA REPUBLICANA. Proprietario e editor - João José Baptista. Director: Magalhães Lima.Numero 1. 1882. 1º Anno (ao Nº 44- Outubro - 1883. 2º Anno. Lisboa. 1882 (a 1883). 44 Nos. In-Fólio. Encs. em 1. Encerra colaboração de Augusto Rocha, Alexandre da Conceição, Costa Godolphim,Gomes Leal, Teixeira Bastos, Theophilo Braga, etc. Colaborador fotográfico: António Maria
Serra. Cada número com o retrato fotográfico de cada biografado. Com um pequeno furo nos números 43 e 44, que não afectam letras do texto.

- 464 GRAINHA, Prof. M. Borges. - HISTÓRIA DO COLÉGIO DE CAMPOLIDE DA COMPANHIA DE JESUS, Escrita em latim pelos Padres do mesmo Colégio onde foi encontrado o manuscrito. Traduzida e prefaciada pelo... E mandada publicar pela Comissão Parlamentar nomeada pela Câmara dos Deputados da República Portuguesa para proceder ao exame dos papéis dos Jesuítas. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1913. In-8º de LXXXI, 148 págs. Br. Pouco frequente. Ilustrada com estampas extratexto.

- 560 MARTINS, Rocha. - D. MANUEL II. História do seu Reinado e da Implantação da Republica. Lisboa. Nas Oficinas do ABC. MCMXXXI. In-Fólio de [10], 674 págs. Enc. Edição luxuosa, ilustrada com gravuras no texto e em folhas e em folhas à parte, sendo algumas destas a cores. Encadernação editorial em tela. Bem conservado.

- 905 HISTÓRIA DA REPÚBLICA. Edição comemorativa do cinquentenário da República. Lisboa. Editorial Século. S. data. In-4º de [2] págs. Enc.Edição monumental. Profusamente ilustrada a negro e a cores. Encadernação editorial em inteira de pele. Bem conservada.

Chamamos ainda a atenção para uma curiosa camoneana, onde existem múltiplas obras do autor dos Lusíadas, bem como um conjunto assinalável de obras sobre o mesmo autor e a obra.

O catálogo completo do leilão pode ser descarregado AQUI.

A.A.B.M.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PROMONTÓRIA MONOGRÁFICA

O número inaugural da revista Promontória Monográfica, (série História do Algarve), vai ser apresentado no Museu do Trajo, em São Brás de Alportel, no próximo dia 16 de Outubro de 2013, pelas 18.30 h. 

O presente número, dedicado à temática da História da Saúde no Algarve, encontra-se dividido pelos seguintes capítulos, e respectivo elenco de artigos científicos:

- INSTITUIÇÕES
- "Os hospitais de Faro", de Aparício Fernandes;

- "A primeira das obras temporais e a Misericórdia de Monchique", de José Gonçalo Duarte

- "Caldas de Monchique: das Águas Sagradas ao Lugar de Bem-Estar - Um esboço da Instituição através das Personalidades Históricas", de Ana Lourenço Pinto;

- "Sanatório Carlos Vasconcelos Porto - Sanatório de uma empresa", de Cristina Fé Santos;

- "A saúde e o apoio social para a infância no Algarve, em meados do século XX: Os Centros de Assistência Social Polivalente", de Marco António I. Santos


- PERSONALIDADES
- "Francisco Fernandes Lopes, um invulgar médico olhanense", de Andreia Fidalgo;

- "Vida e obra do Dr. João Dias", de Maria Victoria Abril Cassinello

- "Dr. Medeiros Galvão - Uma vida consagrada à saúde pública", de Pe. Afonso da Cunha Duarte;


- VÁRIA
- "José de Beires e os Relatórios do Governo Civil - Fontes para a História da Saúde", de Cristina Fé Santos;

- "O Registo Clínico no Sanatório de Carlos Vasconcelos Porto", de Marisa Caixas

- "Os bons ares do barrocal algarvio: a tuberculose em ferroviários internados no Sanatório Carlos Vasconcelos Porto", de Vítor Matos e Ana Luísa Santos;

- "Radiologia, Arte e Arqueologia no Algarve - Principais estudos. Uma nova forma da Radiologia interagir com a Comunidade", de Jorge Justo Pereira;

- "Processo(s) de patrimonialização e musealização em dois espaços de saúde no Algarve", de Dália Paulo.

Um conjunto muito interessante e até diversificado de assuntos relacionados entre si pela temática geral da saúde. Uma revista desenvolvida pela Universidade do Algarve, com contributos que nos parecem muito importantes para melhorar o conhecimento que existe sobre a temática da saúde e de alguns dos seus protagonistas na região, bem como algumas das instituições mais duradouras.

A acompanhar com toda a atenção e a todos os que colaboram na revista desejamos o maior sucesso, ficando a aguardar por novas iniciativas semelhantes no futuro.

A.A.B.M.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

MANUEL RIBEIRO: O TRABALHO E A CRUZ


EXPOSIÇÃO sobre MANUEL RIBEIRO até ao dia 18 de Outubro em ÉVORA

LOCAL: Biblioteca Geral da Universidade de Évora, Évora;
ORGANIZAÇÃO: Biblioteca Municipal de Beja José Saramago e Gabriel Silva (CEL)

… Uma mostra que pretende homenagear Manuel Ribeiro, um dos mais prestigiados escritores portugueses do início do século XX, nascido em Albernoa, concelho de Beja.

(…) Poeta, romancista, jornalista, activista político e também um dos mais destacados militantes anarco-sindicalistas da Primeira República, foi um dos percussores do Neo-realismo e também um dos primeiros escritores a introduzir na literatura a linguagem e as vivências da cultura alentejana.

Nesta exposição divulgam-se documentos inéditos do espólio de Manuel Ribeiro, depositado na Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago.

Este trabalho resulta da colaboração entre Gabriel Rui Silva, investigador do Centro de Estudos em Letras da Universidade de Évora, que se tem dedicado ao estudo da obra deste escritor, tendo publicado “Manuel Ribeiro, o romance da fé”, em 2011 e “Rosa Mística e outros poemas”, obra inédita de Manuel Ribeiro, em 2013.

A exposição, patente até 18 de outubro na Biblioteca Geral da Universidade de Évora, conta com a organização da Biblioteca Municipal de Beja – José Saramago e Gabriel Rui Silva (CEL – Universidade de Évora)" [LER AQUI]

J.M.M.

I COLÓQUIO REPÚBLICA E REPUBLICANISMO (Parte II)


No sábado, dia 5 de Outubro de 2013, a sessão iniciou-se com a intervenção do Professor Norberto Cunha, analisando alguns aspectos da personalidade controversa e com um percurso sinuoso, que João Chagas, em 1914, considerava "Simplesmente vergonhoso". Apresenta-nos as ideias mais estruturantes do pensamento de Brito Camacho e os autores e temas que mais o marcaram no seu percurso pessoal e político. A influência que sobre ele exerceram os autores ligados ao positivismo, que eram analisados na Escola Médica de Lisboa, o papel de pensadores como Spencer, Darwin e outros que lhe permitiram fazer alguma evolução do seu pensamento. O perturbante, mas inevitável tema da eugenia social e os efeitos que teve em todo um conjunto de políticos do início do século XX. A questão do determinismo e o problema da questão social foram temas analisados com algum detalhe durante a intervenção, bem como a acção política e as posições que foi assumindo ao longo do tempo. Nesse aspecto, a interpretação do Professor Norberto Cunha aponta no sentido de uma evolução em função do contexto que se ia alterando. Assim, Manuel de Brito Camacho foi, em alguns aspectos, um político coerente, mas há necessidade de conhecer melhor as suas ideias e a evolução das mesmas.

De seguida, o Professor Maurizio Ridolfi apresentou uma reflexão acerca dos modelos e culturas republicanas no Sul da Europa, analisando em alguns pontos aquilo que existe em comum entre a Itália, a França, a Espanha e Portugal. Referiu que os estudos sobre a República são plenos de actualidade e, em Portugal, suscitou a discussão e a reactualização dos estudos sobre a República na contradição entre democracia e autoritarismo. Referiu-se ao temas dominantes na historiografia e nos modelos culturais que são transversais aos diferentes países, como por exemplo: o federalismo, o feminismo, a influência da (s) revolução (ões) de 1848 e a importância da escola. Alertou para para a necessidade de esses estudos serem cada vez mais aprofundados e sobretudo vistos numa perspectiva comparativa. Analisou ainda a questão da difusão da cultura republicana: os pontos de unidade, a simbologia utilizada, as personalidades veneradas, a linguagem política, a afirmação do espaço urbano em contraponto ao espaço rural, as cerimónias cívicas, as homenagens e centenários foram ainda tema da reflexão. Concluiu reforçando a necessidade de se realizarem mais estudos nos diferentes campos, mas sobretudo tentando reforçar as análises comparativas locais, regionais e nacionais que são muito importantes para se perceber os traços comuns e a diversidade entre os diferentes espaços.

Seguiu-se depois um período de sessões simultâneas. Assistimos ao painel dedicado à República e Império, onde foi possível perceber como as ideias republicanas começam a circular em Angola a partir de 1880, com a investigadora Cristina Portella. Refere-se aos principais jornais que contribuiram para a difusão do ideário republicano em Angola. De acordo com a investigação realizada localizaram-se 16 jornais republicanos que se publicam na antiga colónia portuguesa, dos quais 12 eram dirigidos por mestiços e negros, que se auto-intitulavam "Filhos do País". Eram uma elite intelectual, cultural, económica e política que se situava sobretudo na região de Luanda, que criticavam a Monarquia e as suas opções e defendiam claramente uma ideia de progresso que para eles se encontrava no regime republicano. Entre os percursores na imprensa dos propagandistas republicanos vamos encontrar José de Fontes Pereira, José de Macedo e Júlio Dinis que colaboravam/dirigiam jornais como O Futuro de Angola, A Província, O Arauto Africano. Nestes órgãos da imprensa republicana já é possível encontrar algumas questões nacionalistas, bem como temas conexos que conduziram, na quase totalidade dos casos ao encerramento forçado dos órgãos da imprensa escrita por parte das autoridades monárquicas portuguesas do tempo.

Na intervenção de Pedro Godinho subordinada ao tema Fomento e Colonialismo: a organização dos serviços de Obras Públicas do Ministério das Colónias durante a República, destacou-se a análise institucional e regulamentadora produzida pelos dirigentes republicanos para conseguirem resolver algumas situações organizacionais que se sobrepunham. Nesse sentido o investigador apresentou um interessante percurso das reformas empreendidas pelos vários Governos e, sobretudo, a questão das Obras Públicas no organograma do Ministério das Colónias. A sua evolução nas reformas que tiveram lugar em 1911, 1918, 1920 e 1924, quando se cria o Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, que veio a vigorar até à importante reforma do referido Ministério em 1936, quando estava institucionalizado o Estado Novo.

O Professor José Luís Lima Garcia apresentou uma conferência intitulada República e Império: Utopia ou anacronismo?. Dessa interessante conferência retiram-se alguns pontos que nos chamaram a atenção. A questão do discurso demagógico utilizado pelo Partido Democrático, que controlava o poder, que propagandeava um conjunto de ideias que depois não conseguia concretizar. Alerta para a importância da legislação produzida em Agosto de 1914 e o problema da sua aplicação no contexto de uma época que já era marcada pela Grande Guerra. Por outro lado, evoca a tentativa centralizadora de Sidónio Pais que revoga a legislação anterior e volta ao centralismo das decisões em Lisboa. Explica alguns dos principais problemas que produziu a questão da nomeação dos comissários coloniais e o seu papel, recordando a acção de Norton de Matos e de Brito Camacho que são enviados já no período pós-guerra, mas que poucas alterações estruturais conseguiram introduzir. Conclui alertando para a contradição apologética entre os problemas do contexto da época e os micro-contextos regionais que tornam muito complicadas as mudanças que se queriam nalguns casos introduzir.

Ainda neste painel interveio a investigadora Célia Reis, analisando a questão da Revolta de Satari, em 1912. Começou por explicar que estas revoltas no território português na Índia foram relativamente frequentes com revoltas mais ou menos conseguidas em 1895 e 1901, mas que acabavam quase sempre em situações de perdão por parte da autoridades portuguesas. A palestrante alertou para a questão do contraste civilizacional muito grande entre as várias regiões da Índia para poder situar a questão de Satari. As descrições da época mostram uma região inculta, de assassinatos, roubos e pilhagens, de falta de falta de civilização que se destacavam naquela área territorial. O problema começa com a questão das alvidrações (espécie de sistema de aforamento) dos terrenos do Estado. A situação seria vigiada pelos regedores que por sua vez informariam o governador da taxa a aplicar em cada terreno sujeito a alvidração. Normalmente essa taxa rondava os 15% do rendimento da colheita, mas haveria sempre a possibilidade de alguns desmandos das autoridades. Assim, Gonçalo Cabral, que era um dos envolvidos na questão acaba por ser acusado de utilizar mão-de-obra local que depois não pagaria. As populações locais revoltam-se contra esta situação. Em Portugal, no Parlamento, Gouveia Pinto trata a questão das ocorrências na Índia. Nessa altura, as autoridades portuguesas anunciam e fazem eco da estratégia portuguesa ter sido alterada e já não existirem situações de perdão como no passado. Existem confrontos militares envolvendo algumas colunas onde participam soldados que já tinham experiência em África, que agora iriam aplicá-las na Índia. A estratégia dos revoltosos consiste em ataques de guerrilha, roubos, saques, incêndios que provocam preocupação. O Governador Colonial nomeia comandante das tropas o capitão Velez que consegue capturar alguns dos envolvidos nos acontecimentos, outros refugiam-se noutras regiões da Índia e a revolta passado pouco tempo é considerada dominada.

Por último, a intervenção da professora Lia Ribeiro, abordando a questão "Sob o Signo de Marianne- o ensino no universo da popularização republicana". Tema que segundo a autora muito do seu agrado porque se assinala também a 5 de Outubro o Dia do Professor, porque é professora e porque se considera republicana. A sua apresentação consistiu na escolha dos principais temas do ensino republicano, feito nas escolas controladas pelo republicanos ainda antes de se estabelecer a República. Analisa a questão da História e dos Grande Homens que o ensino republicano procurava exaltar. Recordando a questão do laicismo, da separação da Igreja das questões do ensino e mostrando a necessidade de fazer a ligação às festividades que os republicanos começaram a tentar introduzir, como foi a questão do Dia da Árvore. Mas, realçou, e bem, que esta questão era já um ritual que vinha de França e que estava a chegar a Portugal através do ideário republicano. Salientou ainda que para conseguir passar a sua mensagem, o ensino republicano assentava num conjunto de pressupostos que já tinham sido desenvolvidos em França e que se tentava aplicar num quadro e num contexto diferentes. Concluiu que o papel do ensino foi fundamental para conseguir atingir camadas da população que até ali não tinham proximidade com essas ideias e que elas desenvolveram um conjunto de novas capacidades e competências, aliando também a maior experimentação nas escolas a uma necessidade de contacto com a Natureza, agora explicada cada vez mais racionalmente.

Na sessão da tarde de sábado, registam-se as intervenções do Professor Joaquim Romero Magalhães dedicada às rebeliões monárquicas contra a República em 1911 e 1912. Falou também o professor Ernesto Castro Leal sobre o movimento da Seara Nova na criação dos chamados governos técnicos, com realce para Álvaro de Castro. Àngels Carles-Pomar referiu-se aos inimigos da I República Portuguesa, nas diferentes áreas políticas. Paulo Bruno Alves abordou o papel da imprensa católica, referindo-se à oposição quase sistemática de jornais católicos sobre a governação republicana ao longo de todo o período da República. Eunice Relvas analisou os resultados das eleições municipais em 1925, os diferentes partidos que concorreram, os principais vencedores e vencidos. Por último, o professor Paulo Filipe Monteiro apresentou o projecto do filme/documentário sobre o Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, o seu percurso, a sua acção e o mistério do seu abandono da vida política, bem como a sua acção político-cultural durante o fascismo, tendo culminado com a trasladação dos seus restos mortais para a sua terra natal (Portimão) em 1950.

Em conclusão foi um fim de semana pleno de conhecimento sobre a I República, haveria certamente outros temas que faltaram no debate como a questão da literatura e da arte(s), outras questões poderiam ainda ser suscitadas. Foi uma organização que correu de forma positiva, com algumas intervenções muito interessantes, que foram desde a história local, à regional, passando por alguns dos grandes temas da República em Portugal. Uma iniciativa que se saúda e que esperemos que o Centro República continue a impulsionar e a realizar nos próximos anos e, já agora, que as actas do colóquio consigam ser publicadas.

A.A.B.M.

SALAZAR, PORTUGAL E O HOLOCAUSTO, DE IRENE PIMENTEL E CLÁUDIA NINHOS

No próximo sábado, 12 de Outubro de 2013, pela 15.30h, no Espaço Memória dos Exílios, em Cascais, vai proceder-se à apresentação da obra Salazar, Portugal e o Holocausto, da autoria de Irene Pimentel e de Cláudia Ninhos.

A apresentação da obra está a cargo do Professor Doutor Fernando Clara.

Uma obra com um tema deveras interessante e que pode garantir uma sessão enriquecedora para todos os presentes, pela troca de ideias que pode suscitar e pelas interpelações que podem ser feitas às autoras da investigação que resultou neste livro.

Uma sessão a acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

I COLÓQUIO REPÚBLICA E REPUBLICANISMO (Parte I)




Realizou-se em Coimbra, ao longo de dois dias (4 e 5 de Outubro) um importante e interessante colóquio dedicado à temática da República e do Republicanismo, resultante da parceria de dois centros de investigação: o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e o Instituto de História Contemporânea, da Faculdade de Ciências Sociais de Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

A organização do evento foi assegurada pelos seguintes investigadores do CEIS 20: António Rafael Amaro, João Paulo Avelãs Nunes e Vítor Neto. E pelo IHC estavam presentes: Luís Farinha, Maria Fernanda Rollo e Ana Paula Pires.

Com alguns investigadores estrangeiros como Ángel Duarte, Jon Penche, Sergio Sánchez Collantes, Unai Belaustegi, Gilda Nicolai, Àngels Carles-Pomar e Maurizio Ridolfi que suscitaram problemáticas interessantes, apresentando perspectivas novas e fontes menos acessíveis aos investigadores portugueses.

Das sessões a que nos foi possível assistir, iniciamos no dia 4 de Outubro, com a conferência do Prof. Luís Reis Torgal sobre a questão dos feriados, em especial a questão da “ressurreição” do 5 de Outubro, depois da morte imposta por decreto, como foi dito “por omissão”, porque deixaram de constar nos feriados nacionais obrigatórios. No entanto, o professor Torgal chamava a atenção para as várias alterações que foi sendo necessário introduzir para se chegar ao modelo que esteve em vigor até agora e que, este ano, sofreu as alterações que se conhecem. Em especial as de 1948 e as de 1952, sendo que neste ano surgem as festividades claramente religiosas e desaparecem alguns feriados cívicos.

Depois de algumas intervenções, comentários e questões, prosseguiram os trabalhos com a reflexão de João Esteves, sobre a questão “Mulheres, República e Republicanismo”. Uma intervenção marcada pela análise das recentes publicações que abordam o universo feminino e a sua intervenção em eventos políticos, sociais e económicos durante a I República, estudos que por vezes se apresentam como se fossem estudos pioneiros quando, na verdade, demonstram um conhecimento diminuto sobre aquilo que já se publicou sobre o tema. As mulheres, na opinião deste historiador do universo feminino, sempre estiveram presentes em todos os eventos, mas por vezes a sua participação não foi devidamente valorizada. Hoje assiste-se ao problema de se recorrer de forma quase sistemática às mesmas fontes, falar sobre as mesmas personalidades e as mesmas ideias. Elas foram determinantes em alguns aspectos do regime republicano, mas não se pode esquecer que eram fortemente minoritárias, letradas e urbanas (por ex. as professoras primárias).

De seguida, a Professora Fátima Nunes e Quintino Lopes apresentaram um contributo com base nos “congressos, republicanismo e construção de identidades”, partindo sobretudo o papel de Mendes Correia nesse período. Referem-se alguns dos congressos que se realizam nessa época e o papel que desempenharam no contacto com o conhecimento científico do estrangeiro e na vulgarização de algumas descobertas feitas pelos investigadores portugueses. Nesta altura, a atenção tem sido muito centrada nos congressos de antropologia e arqueologia (mas não o eram em exclusivo) que recebiam apoios da Junta de Educação Nacional para viagens ao estrangeiro.

O Professor António José Queirós apresentou uma investigação em curso sobre “O Republicanismo Português em meados do século XX”, focado em particular na figura de José Domingues dos Santos. Começa por explicar a questão do anticomunismo entre os republicanos portugueses que, nos anos trinta, passaram por França e, sobretudo, à falência da tentativa de dinamizar a Frente Popular Portuguesa em França. A esse propósito esclareceu uma citação que por vezes aparece, na sua opinião, erroneamente citada, quando Salazar afirma que realizaria “eleições livres em Portugal, tão livres como na livre Inglaterra”. Afirmação feita numa entrevista que concedeu a O Século e ao Diário de Notícias. Porque esta afirmação foi feita a quatro dias da realização de eleições (14 de Novembro de 1945) quando Salazar já sabia que toda a oposição tinha desistido de ir a eleições. Refere-se ainda a todo um conjunto de organizações criadas ou participadas por republicanos em meados do século XX.

Na última sessão de dia 4 de Outubro, a que tivemos oportunidade de assistir, apresentaram as suas comunicações a Doutora Teresa Nunes que analisou “A questão da propriedade na Assembleia Constituinte de 1911”. A este propósito analisou os diferentes documentos que deram entrada no período de discussão da Assembleia Constituinte referindo-se em particular aos projectos de Brito Camacho, de Sebastião de Magalhães Lima, de Fernão de Boto Machado, António Macieira, José Barbosa, Ezequiel de Campos e Tomás Cabreira. Procedeu a uma análise e leitura comparativa e analítica dos diferentes projectos, procurando encontrar traços comuns e principais pontos de divergência entre os múltiplos autores. Por último, procurou perceber os traços fundamentais em cada um dos autores quanto ao problema da fiscalidade sobre a terra e, também, as diversas formas de conseguir o aumento da área cultivada.

Falou de seguida, Daniela dos Santos Silva sobre a questão da política assistencial da I República Portuguesa perante um problema preexistente. Sobre a questão da interferência do Estado na esfera de acção das Misericórdias. Analisa a produção legislativa sobre o tema e as várias repartições que vão interferir na assistência à população. Por fim, chega a algumas conclusões sobre a questão como a questão da tentativa de interferência do poder político sobre as Misericórdias, mas a sua eficácia foi muito reduzida. Estas instituições continuaram com a sua autonomia, embora com alguma supervisão por parte do Estado, mas sempre algo limitada.

Apresentou também a sua comunicação João Lázaro, abordando o desenvolvimento das ideias republicanas na Póvoa de Santa Iria. Explicando os vários contextos administrativos por onde passou a freguesia ao longo do tempo. Aborda as iniciativas republicanas e da propaganda republicana que tiveram lugar na localidade bem como as ligações que existiram entre alguns dos líderes locais do partido com figuras de âmbito nacional. Refere-se ainda à ascensão social e política de algumas personalidades políticas locais ao plano administrativo concelhio.


Por último, David Luna de Carvalho alertou para a importância dos números das revoltas que ocorreram durante a I República. Recolhendo cerca de um milhar de referências de “alevantes” que se desenvolveram pelo País, em especial no período entre 1910 e 1917. Com esses dados foi possível fazer um tratamento estatístico claro sobre as preocupações que dominavam essas revoltas. Por outro lado, alertou ainda para a necessidade de aprofundamento deste trabalho para o período final da República para se perceber se as razões apresentadas seriam as mesmas que na fase inicial, onde se chega à conclusão que não razões fundamentadas para se falar em “guerra religiosa” no País. Houve alguns episódios, mas não foi um problema generalizado, nem atingiu dimensões tão alarmantes como a questão social ou política.

[em continuação]

A.A.B.M.