quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

DOM CAMILO LOURENÇO AO POSTIGO DA RTP




O sempre mavioso rouxinol da RTP para a frontaria económica, Dom Camilo Lourenço, sugeriu à plateia televisiva (dias atrás), a fadiga inglória que é o trabalho de se frequentar o curso de História. Dom Camilo, na ocasião, atormentado na proficuidade do seu colossal curso de Direito, não vislumbra (mesmo que esotericamente) a utilidade dos historiadores para a douta & preclara economia pátria. Eis, pois, uma tragédia!

O licencioso Dom Camilo, na barrela do seu exame económico futebolístico, conclui que não “precisamos deles” (historiadores), mesmo que sejam aperfeiçoados em infusão para combater a ignorância e os dogmas. De seguida teve ocasião de escarvar os indígenas que querem ser “professores para serem professores”. Bonito! É o vade mecum de Dom Camilo.

Mas Dom Camilo, um génio da nossa paróquia, é bom de ver, jamais poderia ficar agasalhado a “esticar o salário” (“e a encurtar o mês”) com os putativos proventos do seu curso de Direito. Assim, o eminente jurista (desculpem a digressão) rasgou a toga e barrete e vá de compor exercícios venatórios em jornalismo financeiro. Começa o giro pelo “O Jornal”, sai polindo as bancas do “Correio da Manhã”, jorna com estilo no "Semanário Económico", produz verbetes na “Valor”, na “Exame”, “Auto Guia” (e outras mais), prossegue como radialista no “CMR”, “Rádio Comercial”, “SIC Notícias” e, de momento, faz linguados no “Jornal de Negócios”, traslada futebolês no “Record” e expede cacofonias na RTP.

Na verdade Dom Camiloempurrou com a barriga” o fumus boni juris. Por isso não frustremos o sábio no seu remanso. E mesmo se o catecismo de Dom Camilo tenha desabado sobre si mesmo, com todas as licenças necessárias do doméstico mercado “libaral”, o acórdão exposto ao gentio pelo letrado colunista não é fundamento para embargos a candidatos a historiadores & outros exercícios de civilidade e cultura.

Afinal, Camilo Lourenço recorreu tão só à sua profusa ignorância e à sua desmesurada falta de talento académico, doutrinário e científico. Se assim não fosse estaria agora a fazer madrigais à Historiografia Económica, à História do Pensamento Económico e Financeiro, honrando vultos admiráveis como Magalhães Godinho, Joel Serrão, Armando de Castro, Alfredo de Sousa, Sedas Nunes, Villaverde Cabral ou estudando com respeito Oliveira Martins, António Sérgio, Augusto Fuschini, Costa Goodolfim, Afonso Costa, Bento Carqueja, Consiglieri Pedroso, Jaime Cortesão, Duarte Leite, Henrique de Barros, Amzalak, ou meditando, entre os antigos eruditos, um Silvestre Pinheiro Ferreira, Azeredo Coutinho, Domingos Vandelli, Acúrcio das Neves, Solano Constâncio, Ferreira Borges, José Frederico Laranjo ou Lúcio de Azevedo. Mas Dom Camilo não tem tempo para esses palavrudos de erudição. Tem, no seu infortúnio académico, “450 mails de ouvintes, leitores e telespectadores para responder”. O tempo urge! “Pergunte ao Camilo”!

LOCAIS: Resposta da APH às considerações de Camilo Lourenço sobre a História | "A Nova Luta de Classes" [J.P.P.] | Camilo Lourenço, a História e a utilidade económica [Henrique Monteiro] | Economia para totós [André Macedo] |
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J.M.M.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DOMINGOS DA CRUZ (1880-1932)


"Evocando Domingos da Cruz, figura de relevo de "A Voz do Operário"

A Voz do Operário”, notável associação fundada por operários tabaqueiros, comemora amanhã 130 anos de vida. É uma instituição que marcou profundamente a nossa História, proclamando a instrução, a solidariedade e os princípios democráticos.

Exemplo ímpar de cidadania, “A Voz do Operário” foi feita por sucessivas gerações de homens e mulheres que nela se empenharam desinteressadamente. Um dos seus mais notáveis dirigentes foi Domingos da Cruz (1880 - 1932), 2º tenente do Serviço de Saúde da Armada. Esteve muitos anos no Hospital da Marinha, onde foi bibliotecário e arquivista, leccionando instrução primária a grupos de marinheiros. Era Oficial da Ordem Militar de Cristo (1922).

Republicano desde muito novo, foi deputado pelo círculo de Gaia em 1915 – 1917 e 1919 – 1921. Entre 1917 e 1923 foi chefe de gabinete de vários ministros do Trabalho, das Colónias e do Comércio.

Como jornalista, trabalhou em O Século, O Mundo e A Pátria, e dirigiu A Província de Angola, em 1925 e 1926.

Mas foi no campo do associativismo que Domingos da Cruz deixou uma marca mais profunda. Fundou a Cooperativa dos Sargentos da Marinha, participou nos congressos mutualistas de 1917 e 1935 e dirigiu a Federação das Associações de Socorros Mútuos entre 1915 e 1930.

Publicou diversos livros e opúsculos sobre temas ultramarinos, mutualistas, de instrução e questões económicas e sociais. Foi um sócio destacado da Sociedade 'A Voz do Operário', para onde entrou em 19 de Agosto de 1911. Ali desempenhou os cargos de secretário dos Serviços de Instrução (1924), membro da Subcomissão de Instrução, Educação e Arte (1928-1930, 1934-1936), membro da Comissão Revisora dos Estatutos (1929-1930) e Presidente da Comissão Administrativa (1949-1953). Teve um papel determinante no desenvolvimento da associação, com a melhoria dos serviços de instrução, a criação de uma cantina escolar, uma caixa de previdência dos alunos, etc.

Pela sua actividade contra a Ditadura Militar foi preso em 17 de Julho de 1930 no forte de São Julião da Barra e depois deportado para os Açores, com residência fixa na Horta, onde chegou a 27 de Agosto daquele ano, só regressando à Metrópole a 30 de Abril de 1932.

Iniciado na Maçonaria em 1 de Outubro de 1915 na Loja Paz nº 296, de Lisboa, com o nome simbólico de 'Plebeu', exerceu os cargos de Orador (1929), representante à Grande Dieta (1930) e de Venerável (1935), quando a Maçonaria foi proibida"


J.M.M.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

REVISTAS POLÍTICAS E LITERÁRIAS NO ESTADO NOVO: CICLO DE CONFERÊNCIAS

A Biblioteca Museu República e Resistência e a Hemeroteca Municipal de Lisboa vão levar a efeito a partir do próximo mês de Março, e quinzenalmente, às terças-feiras, pelas 18 horas, um ciclo de conferências dedicado a algumas das revistas políticas e literárias que existiram em Portugal durante o Estado Novo.

Com um painel de investigadores muito bom, desde António Reis, António Costa Pinto, Daniel Pires, Luís Bigotte Chorão, Carlos Bastien, Álvaro de Matos, Guilherme de Oliveira Martins e Luís Aguiar Santos que vão analisar as revistas Seara Nova, Integralismo Lusitano, Vértice, A Ocidente, Revista de Economia, Tempo Presente, O Tempo e o Modo e Política.

Para quem tiver oportunidade, será um conjunto de sessões a não perder.

A.A.B.M.

O INTERNATO S. JOÃO


“O Asilo S. João [hoje, Internato S. João], instituição de beneficência criada em Lisboa em 1862, pela Maçonaria (mais rigorosamente pela Confederação Maçónica Portuguesa, cujo Grão-Mestre era José Estêvão Coelho de Magalhães), a fim de receber 20 raparigas que se achavam recolhidas no Asilo dos Cardais de Jesus, dependente das Irmãs de S. Vicente de Paulo (Irmãs da Caridade) e que, com a expulsão [Junho de 1862] destas de Portugal, tinham ficado ao abandono.  

[Um grupo de maçons da Confederação Maçónica Portuguesa (1849-1867) constituiu uma Comissão de Notáveis para vir em auxilio e sustentação dos estabelecimentos sob direcção antiga das Irmãs de Caridade, oferecendo os seus préstimos ao governo. A 2 de Junho de 1862, a Comissão limitava a oferta de auxilio às 20 crianças, atrás referidas. A Comissão de Notáveis era assim composta:

José Estêvão de Magalhães (Presidente da Comissão; Grão-Mestre da Confederação Maçónica), António Maria de Sousa Meneses, José Isidoro Viana (s., D. António Telo, L. Obreiros do Trabalho), Francisco Maria Enea (L. Constância), José Maria Lobo de Ávila (s. Apolo), Gilberto António Rola (co-fundador do Partido Republicano Português), Inácio Januário da Silva Avelino (s. Mazzini, L. Independência nº 4), José Joaquim de Abreu Viana (s. Spinkler, L. Civilização).

Assim iniciou a sua actividade a 2 de Julho de 1862 o Asilo de S. João (instalado na Rua dos Navegantes, nº 62, depois na Travessa dos Loureiros), que no seu Regulamento Interno referia que “aquele estabelecimento não poderia ser regido senão por maçons, cuja eleição era sempre feita pela Grande Loja” – cf. História da Maçonaria em Portugal, de A. H. de Oliveira Marques, Vol III, 2ª parte, p. 290]

Pertença sempre da Maçonaria, foi obtendo importantes doações de beneméritos, entre eles o edifício onde hoje está instalado (Travessa do Loureiro, n.º 8 da numeração actual, outrora n.º 10).  

O número de asiladas, todas elas órfãs, chegou a atingir 80 raparigas, proporcionando-se-lhes, até à idade de 18 anos, alimentação, vestuário, educação laica, incluindo instrução literária, trabalhos manuais e ensino profissional [em 1914 houve uma importante alteração dos seus Estatutos – que datavam de 9 de Junho de 1867 - e que permitiu um ensino profissional de grande qualidade].  

No Porto, é também criado pela Maçonaria (em 1891) a instituição de beneficência Asilo de S. João (Rua da Alegria, n.º 342), a fim de receber rapazes órfãos [um dos fundadores da primitiva Associação Protectora do Asilo de S. João foi Alves da Veiga].

São hoje Internatos de S. João e mantêm a sua actividade quer no Porto, quer em Lisboa com os mesmos fins e propósitos da sua criação, acolhendo crianças em riscos, dando-lhe abrigo, educação e preparando-as para a inserção na sociedade e na vida activa.

in Dicionário de Maçonaria Portuguesa - A. H. de Oliveira Marques

via Grémio Estrela D’Alva [com aditamentos  e sublinhados nossos]

J.M.M.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

DAS URNAS AO HEMICICLO. ELEIÇÕES E PARLAMENTO EM PORTUGAL (1878-1926) E ESPANHA (1875-1923)

No próximo dia 27 de Fevereiro de 2013, pelas 18 horas, na Biblioteca da Assembleia da República, vai ser apresentada a obra Das Urnas ao Hemiciclo - Eleições em Portugal (1878-1926) e Espanha (1875-1923).

A obra é coordenada pelo Prof. Pedro Tavares de Almeida e por Javier Moreno Luzon. Segundo se pode ler na nota de divulgação da obra:

faz uma descrição e análise aprofundadas do funcionamento do regime representativo em Portugal e em Espanha, identificando as principais semelhanças e diferenças entre ambos durante o último meio século do ciclo liberal na Península Ibérica. Na primeira parte é escrutinada a evolução quer dos mecanismos e comportamentos eleitorais,  quer das lógicas e padrões do recrutamento parlamentar. Em seguida são examinados, tanto o funcionamento da Câmara dos Deputados, a sua actividade legislativa e o seu papel  político, como as imagens coevas do regime representativo e dos seus actores, transmitidas através da literatura de ficção, das crónicas jornalísticas, do desenho satírico e da fotografia. Na terceira e última parte é abordado o modo como o regime republicano português lidou com a herança constitucional monárquica, e como a memória do parlamentarismo liberal,  mortificada durante o período autoritário nos dois lados da fronteira, foi recuperada pela historiografia e incorporada no debate político no contexto das transições para a democracia na década de 1970.

Fruto de um diálogo profícuo entre académicos portugueses e espanhóis, os ensaios reunidos nesta obra apresentam novos dados e perspectivas sobre a experiência liberal nos respectivos países e mostram as virtudes  de uma abordagem comparada da história contemporânea dos dois países ibéricos.

A obra vai ser apresentada por Guilherme de Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura.

A seguir com toda a atenção.

A.A.B.M.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A ORGIA – GOMES LEAL


A ORGIA – Publicação mensal: política, litteratura, costumes, por Gomes Leal, Lisboa, Typographia Popular [ed. Autor], 26 de Fevereiro de 1882, 98-II pags.

Primeiro (e único) número: Carta a El-Rei de Hespanha Sobre a União Ibérica

Na sequência do Tricentenário Camoniano, que impulsionou as ideias republicanas em Portugal [cf. Gomes Leal Sua Vida e sua Obra, de Álvaro Neves e Henrique Marques Júnior, Editorial Enciclopédia, Lda, Lisboa, 1948], foram abertos Centros Republicanos, publicam-se periódicos [O Século sai a 4 de Janeiro de 1881, com o poeta-panfletista fazendo parte da sua redacção], fazem-se conferências e comícios. Gomes Leal acompanha todo esse movimento de propaganda republicana.

Escreve “A Fomes de Camões” [1880], publica o “Bisturi”, é orador em comícios promovidos pel’O Século, publica o folheto (hoje raríssimo) “A Traição”, que tem de imediato o apoio entusiástico de “um grupo de operários” [ibidem], sendo preso “pelos crimes injúrias por escrito dirigidas ao rei pública e directamente tendo por fins excitar o ódio contra a sua pessoa e autoridade, e excitar o povo á guerra civil e à revolta” [in “Última Hora", artigo do jornal “O Século de 5 de Julho de 1881 – aliás Gomes Leal …, ibidem, pp 62-63]. A agitação dos Centos Republicanos não se fez esperar, protestando contra a sua prisão. O “António Maria”, pela pena de Bordalo Pinheiro, consagra-lhe o seu nº7 [Julho].   
  
Gomes Leal está, portanto, no Limoeiro. Entra altivo, aristocrata, de “fraque, flor petulante na lapela, fumando o predilecto charuto, de chapéu declinado sobre o lado direito” [ibidem]. Escreve uma curiosa Carta aos “correligionários” e publicada n’O Século. Os republicanos, em sua homenagem, respondem com a abertura do Centro Republicano Gomes Leal [Rua das Farinhas, nº1].

Gomes Leal “prevarica” novamente, para irritação dos “burgueses” e “irritação” ministerial. Escreve (1881) o opúsculo “O Herege. Carta dirigida a D. Maria Pia de Sabóia acerca da queda dos Thronos e dos Altares”, seguido do folheto satírico (1881) “O Renegado. A António Rodrigues Sampaio. Carta ao velho pamphletario sobre a perseguição da imprensa”. Quando sai da prisão é de novo preso pelo Arrobas [governador-civil] por um soneto onde o poeta faz dela chacota pública e satiriza. Ganha o recurso em tribunal, para regozijo dos admiradores e amigos. 

A 23 de Janeiro de 1882 na Sessão Solene do I Aniversário do Club Henriques Nogueira, o poeta Gomes Leal é um dos participantes. Logo no dia 2 de Fevereiro usa da palavra num Comício em Alcântara, contra o Tratado do Comércio.

No dia 26 de Fevereiro sai a público a publicação “A Orgia”, panfleto revolucionário de Gomes Leal [ibidem] do qual só saiu o 1º número, dedicando uma Carta a El-Rei de Espanha sobre a União Ibérica. 
 
Depois disso …. bem, depois disso, temos um Gomes Leal que [citando Bordalo Pinheiro, no “António Maria”] “tanto o apodaram de satânico, que Gomes Leal, sentindo-se um dia muito madalena, pôs o gibão de fogo e os calções de tarlatana e as asinhas de jaspe dos querubins, fez-se alado às regiões místicas (…)” e “virou a casaca”.

FOTO via FRENESI

J.M.M.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

CORRIDA DE JORNAIS


CORRIDA DE JORNAIS: desenho de Silva e Souza, inO Zé”.

Com Machado Santos [Intransigente], Cruz Moreira [Os Ridículos], António José de Almeida [República], Brito Camacho [A Luta] e Afonso Costa [O Mundo].


J.M.M.  

VIVA A REPÚBLICA!

Liberdade, semanário republicano, Lisboa, 07-02-1932, Ano IV, nº 143, p. 1, col. 2, 3 e 4.

A.A.B.M.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

PERSPECTIVAS DA CIDADANIA: CONFERÊNCIA

Hoje, dia 21 de Fevereiro de 2013, pelas 18.30, na Biblioteca Museu República e Resistência (Grandella), realiza-se uma conferência do ciclo subordinado ao tema Ferramentas Para a Cidadania.

A conferencista é Luísa Tiago de Oliveira e o tema da conferência é Perspectivas da Cidadania.
O currículo científico da conferencista pode ser consultado AQUI.

Uma organização conjunta, entre o Círculo de Intervenção Cultural e a Biblioteca Museu República e Resistência, que merece a melhor divulgação junto de todos os que nos acompanham nestas sugestões.

A.A.B.M.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

II ENCONTRO INTERNACIONAL: INTERNACIONALIZAÇÃO DA CIÊNCIA E INTERNACIONALISMO CIENTÍFICO


Vai realizar-se em Évora, nos próximos dias 21 e 22 de Fevereiro de 2013, o colóquio científico organizado HetSci e dedicado ao tema da Internacionalização da Ciência e Internacionalismo Científico.

O evento vai realizar-se no Palácio do Vimioso, em Évora.

Pode ler-se na nota de apresentação do presente colóquio:

O HetSci | Grupo de Estudos em História e Ciência, surge do encontro entre investigadores ligados à História da Ciência, com origem em duas Unidades de Investigação avaliadas e financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT): o Instituto de História Contemporânea (IHC), da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL), e o Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (CEHFCi), da Universidade de Évora. O HetSci tem como objectivo promover e desenvolver a investigação em História da Ciência em Portugal, no período compreendido entre os séculos XVIII e XX.

O programa detalhado do colóquio poder ser consultado AQUI.

A organização deste colóquio está a cargo de Maria Fernanda Rollo, Maria de Fátima Nunes, Ângela Salgueiro e Quintino Lopes.

Uma importante iniciativa que merece o melhor apoio e divulgação.

A.A.B.M.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

CURSO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

Vai iniciar-se na Biblioteca-Museu República e Resistência (Espaço Grandella), um curso livre de História Contemporânea a realizar ao longo do mês de Março e Abril de 2013.

O tema central do curso é Revoluções e Arte. Revoluções pela Arte.

A formadora responsável pelo curso é a Doutora Adélia M. Caldas.

Os contactos constam no cartaz acima, basta clicar na imagem para aumentar.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

GOVERNADORES DE MACAU

Vai ser amanhã, segunda-feira, 18 de Fevereiro de 2013, apresentada a obra Governadores de Macau, da autoria de Paulo Jorge Jorge Sousa Pinto, António Martins do Vale, Teresa Lopes da Silva e Alfredo Gomes Dias, coordenado por Jorge dos Santos Alves e António Vasconcelos de Saldanha.

O evento terá lugar no Centro Científico e Cultural de Macau, na Rua da Junqueira, em Lisboa.

Sem dúvida uma interessante publicação, reunindo um conjunto de personalidades que serviram em Macau e que deixaram a sua marca no território português na longínqua Ásia.

A acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

SANEAMENTO E DEPORTAÇÕES NA DITADURA MILITAR E NO ESTADO NOVO: CONFERÊNCIA



No âmbito do ciclo de conferências Memória e Cidadania, organizado pela Fundação Mário Soares, vai realizar-se na próxima quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2013, pelas 18 horas, uma conferência com a Doutora Irene Flunser Pimentel.

O título da conferência é Saneamento e Deportações na Ditadura Militar e no Estado Novo.

Uma iniciativa que temos vindo a divulgar e que merece a melhor atenção de todos os interessados.

A acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

III JORNADAS EM CIÊNCIAS DOCUMENTAIS


Vai realizar-se no Museu dos Lanifícios, na Covilhã, as III Jornadas em Ciências Documentais, nos próximos dias 28 de Fevereiro e 1 de Março.

No dia 
28 Fevereiro 2013 realiza-se o I W
orkshop do Livro subordinado ao tema "
Técnicas e materiais para a conservação de acervos bibliográficos", pelas 14h, com a participação de 
Sandra Isabel Neves Ferreira.

No dia 1 de Março, realizam-se propriamente as III Jornadas em Ciências Documentais, com as conferências de Ana Paula Nunes de Almeida Alves da Costa e de Maria Emília da Costa Cabral Amaral que vão analisar 
A problemática da conservação dos documentos em papel.

Mais informação sobre as jornadas podem ser consultadas AQUI.

A.A.B.M.

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

BERNARDINO MACHADO, PEDAGOGO - CONFERÊNCIA

Continuando na senda do excelente trabalho desenvolvido pelo Museu Bernardino Machado, vai realizar-se na próxima sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2013, pelas 21.30 h, mais uma conferência do ciclo dedicado a Pedagogos e Pedagogia (Dos finais do século XIX ao último quartel do século XX).

O conferencista é um homem da casa, o Prof. Norberto Ferreira da Cunha e vai apresentar as suas ideias fundamentais sobre o papel de Bernardino Machado, pedagogo.

Com os nossos votos de muito sucesso para mais esta louvável iniciativa.

A.A.B.M.

DE SÚBDITOS A CIDADÃOS. A GUERRA CIVIL NO SUL, NA ÉPOCA CONTEMPORÂNEA, EM PORTEL


No âmbito das comemorações dos 750 anos da vila de Portel, vai realizar-se um colóquio sobre a temática da Guerra Civil em Portugal nas primeiras décadas do século XIX, abrindo caminho para a concretização do Liberalismo. Neste colóquio pretende-se discutir "o conflito político, civil, religioso e militar que na primeira metade do séc. XIX mediou a passagem do Antigo Regime para o Liberalismo no Sul de Portugal."

Assim, nos próximos dias 14, 15 e 16 de Fevereiro de 2013, vai realizar-se este interessante colóquio internacional que conta, entre outros com os seguintes investigadores: Magda Pinheiro, Maria Alexandre Lousada, José Varandas, Jorge de Sousa Gomes, Paulo Emídio e concluirá com uma homenagem à Professora Doutora Maria de Fátima Sá e Melo Ferreira.

O programa está estruturado da seguinte forma:
DIA 14
10.30 h CONFERÊNCIAS
MAGDA PINHEIRO (ISCTE-IUL) Os Monumentos a Liberais no Espaço Público
11.15 Pausa para café
11.30 JUAN PAN-MONTOJO (UAM), A história da cidadania na Península Ibérica contemporânea: algumas reflexões

14.30 CONFERÊNCIAS
MARIA ALEXANDRE LOUSADA (UL/FL), Às armas Portugueses! O miguelismo e a apologia da guerra civil
15.15 JOSÉ VARANDAS (UL/FL), Sublevações e guerras civis: problemas e perspectivas em História Militar

16.00 Pausa para café
16.15 PAINEL I. ENQUADRAMENTO MILITAR (1820-1851): ESTRATÉGICO, TÁTICO, ORGANIZACIONAL E ARMAMENTO

Moderador: FRANCISCO AMADO RODRIGUES (DHCM)
JORGE DE SOUSA GOMES (DHCM), Caraterização do ambiente político-militar entre 1820/1851
PAULO EMÍDIO (DHCM), Organização militar dos Exércitos regulares e uma abordagem às forças irregulares
LUÍS SODRÉ DE ALBUQUERQUE (DHCM), Apresentação do armamento de Infantaria, Cavalaria e Artilharia

18.30 Abertura da exposição OBJECTOS DE SANGUE
Local | Sala de Sessões da Câmara Municipal de Portel
Organização | Câmara Municipal de Portel
Apoio | Biblioteca Nacional de Portugal / Família Batalha Aragão / Museu Militar de Lisboa / Museu Militar do Baixo Alentejo / Arquivo Distrital
de Évora


15 | SEXTA
10.00 GUERRA DO SUL – ITINERÁRIOS I*
VISITA GUIADA A VERA CRUZ por Paulo Lima e Ana Pagará

14.30 PAINEL II. PATRIMÓNIO CULTURAL DO EXÉRCITO (1820-1851)
Moderador: LUÍS DE SODRÉ ALBUQUERQUE (DHCM)
FRANCISCO AMADO RODRIGUES (DHCM), Identificação e gestão de algum património material móvel e de património imaterial
JOSÉ COLAÇO (DHCM), A arte plástica na construção de manifestações artísticas de património imaterial dos Exércitos regulares
CUNHA ROBERTO (DHCM), Identificação e gestão de documentação e iconografia existentes no Arquivo Histórico Militar

| QUINTA
Sessão de abertura
16.00 Pausa para café
16.15 PAINEL IV. HISTÓRIA LOCAL I
Moderador: JOSÉ VARANDAS (UL/FL)
HENRIQUE REMA, Pe. (OFM), Os franciscanos e as lutas liberais
ROSA TROLE (CMV), Manuel Soares Galamba, guerrilha ou político?
21:30 Teatro
1851
pelo Grupo de Teatro da Universidade Túlio Espanca | Pólo de Portel
Texto e encenação de Helena Ferreira
Local | Auditório Municipal

16 | SÁBADO
10.00 GUERRA DO SUL – ITINERÁRIOS II*
VISITA GUIADA AO PORTEL DO SÉC. XIX, CENÁRIO DO ANO DAS MORTES
por Paulo Lima e Ana Pagará
14.30 HISTÓRIA LOCAL II
Moderador: PAULO BARRIGA (Diário do Alentejo)
ANA PAGARÁ (CMP), Para uma história do vandalismo em Portel no séc. XIX
PAULO LIMA (CMP), Portel 1851: o Ano das Mortes

15:30 Pausa para café
15.45 PAINEL III. MÚSICA E CONFLITO
Moderador: SALWA CASTELO-BRANCO (UNL/INET-MD)
DULCE SIMÕES (UNL/INET-MD), Memórias e canções da Guerra de Espanha (1936-1939)
SVANIBOR PETTAN (UL), Music and War: Lessons from Former Yugoslavia

17.00 Pausa para café
17.30 Homenagem a Maria de Fátima Sá e Melo Ferreira
Apresentação por António Monteiro Cardoso.
Encerramento
Coordenação científica: Francisco Amado Rodrigues | José Varandas | Maria Alexandre Lousada | Paulo Lima

Organização: Câmara Municipal de Portel | Norberto Patinho | Ana Pagará | Elsa Beijinha
Apoio: Direcção de História e Cultura Militar | Instituto de Etnomusicologia - MD / Universidade Nova de Lisboa
* Integrados no projecto Passeios por Cá, organizados pelo Sector de Turismo da CMP.

A.A.B.M.

CURSO DE INICIAÇÃO ÀS TÉCNICAS DE RESTAURO DO LIVRO ANTIGO

A Biblioteca Municipal de Coimbra vai iniciar um curso de Iniciação às Técnicas de Restauro do Livro Antigo, são 40 horas de formação, a realizar às segundas e terças-feiras, das 15 às 19 horas, entre 4 de Março e 2 de Abril de 2013.

Este curso decorre em parceria com o Cearte (Centro de Formação Profissional do Artesanato) e vai ser ministrado pela formadora: Maria do Céu Ferreira.

Os interessados devem entrar em contacto com as entidades formadoras cursos endereços são apresentados no cartaz acima [NOTA: Clicar para aumentar]

Uma excelente iniciativa para todos os interessados pelo livro antigo, análise, preservação e restauro. Por isso, a chamada de atenção aos bibliófilos, bibliotecários, arquivistas, antiquários, alfarrabistas e outros interessados no tema.

A.A.B.M.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

CINQUENTENÁRIO DA MORTE DE AQUILINO RIBEIRO


CICLO AQUILINO – CINQUENTENÁRIO DA MORTE


1ª Sessão – “Aquilino – O Homem e o Escritor

DIA: 25 de Fevereiro 2013 (18,30 horas);
LOCAL: Panteão Nacional (Lisboa);
MODERAÇÃO: Luís Machado.

J.M.M.

VIVA A REPÚBLICA LOURES, 1915


LIVRO: " VIVA A REPÚBLICA LOURES, 1915";
AUTOR: António Valdemar [Pres. Acad. Nacional de Belas-Artes].
EDIÇÃO: Assembleia Municipal de Loures

LANÇAMENTO:

DIA: 20 de Fevereiro 2013 (18 horas);
LOCAL: Auditório da Biblioteca-Museu República e Resistência (Cidade Universitária, Lisboa);
APRESENTAÇÃO: Dr. António Reis.

J.M.M.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O RENEGADO, DE JULES CLARETIE



Jules Arsène Arnaud Claretie (3/12/1840 a 23/12/1913), de seu nome completo, jornalista, historiador e dramaturgo, ter-se-á notabilizado pela sua Histoire de la Révolution de 1870-1871 (5 vols. Publicados entre 1875 e 1876) e, também, pela colaboração com o compositor musical Jules Massenet. Como cronista da vida parisiense, escreveu sobre artes visuais e que professava por Danton verdadeiro culto. Colaborou no jornal O Futuro das Mulheres, em que colaboraram Vítor Hugo, Camilo Flamarion e Luísa Michel, espirituoso folhetinista da Opinion Nationale e crítico literário no Le Fígaro. Foi ainda correspondente da imprensa durante a guerra franco-prussiana.

Foi Presidente da Sociedade de Homens de Letras e da Sociedade de Autores Dramáticos. Em 1885 foi nomeado director do Teatro Nacional de França, função que desempenhou até à sua morte.

Membro da Academia Francesa desde 26 de Janeiro de 1888, tomou assento do seu lugar em 21 de Fevereiro de 1889, tendo sido apresentado por Ernest Renan. Ocupou o lugar nº 35 na Academia Francesa.

Foi um dos representantes da imprensa francesa presente no Congresso Internacional da Imprensa realizado em Estocolmo em 1898.

Esta obra, cuja capa se apresenta acima, trata-se do primeiro exercício literário do jornalista republicano Cecílio Sousa (1840-1897), que a traduz e a dedica ao tribuno intelectual, e futuro líder do país, Teófilo Braga e na altura uma das figuras proeminentes do Partido Republicano.

Uma obra com 420 págs. conserva a bonita capa anterior da brochura, que é um notável trabalho de impressão da Litografia Guedes.

A.A.B.M.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

SEBASTIÃO JOSÉ DA COSTA

A propósito do que escreveu o Prof. António Ventura via Facebook, lembramos um dos homens do denominado Reviralho, que participou nas principais revoltas contra a Ditadura Militar (1927 e 1931), marinheiro, republicano, bibliófilo, seareiro, oposicionista e uma figura muito esquecida na cultura algarvia. Para ficarmos com uma breve ideia conviveu com António Sérgio, Raúl Proença, Afonso Costa, Camilo Pessanha e, recentemente, descobri também a sua paixão pela música, tendo trocado correspondência com o Maestro Viana da Mota ao longo de vários anos.

Aqui fica uma nota breve sobre a personalidade de Sebastião José da Costa.

Nasceu em Faro, em 2 de Junho de 1883. Desde bastante jovem alinhou politicamente ao lado dos republicanos (1905[1]). Quando se deu a implantação da República, Sebastião da Costa estava no Extremo Oriente, a bordo do cruzador Rainha D. Amélia, com a patente de 2º tenente. Este afastamento tinha já a ver com a sua actividade política, porque eram bem conhecidos os seus sentimentos republicanos e o ardor com que os propagandeava entre os oficiais da Armada, sendo um dos responsáveis pela rede de aliciamentos que existia neste ramo das forças armadas.


A carreira militar foi iniciada em 2 de Outubro de 1902, quando se alistou. No final desse mês ascendia a aspirante (29/10/1902), alcançando o posto de guarda-marinha em 21 de Setembro de 1906, foi depois promovido a 2º tenente em 19 de Março de 1909 e a 1º tenente em 24 de Agosto de 1917. Em 9 de Setembro de 1926 ascende ao posto de capitão-tenente, atingindo a situação de reforma em 2 de Junho de 1953[2]. A sua carreira militar foi também consagrada com variadas condecorações onde se destacam a de Oficial da Ordem de Avis, a medalha de prata militar, da classe de comportamento exemplar, a medalha da Vitória, medalha de prata do Ultramar, de campanha e diversas medalhas comemorativas das campanhas do exército português.

Em 1908, participou nas operações militares desenvolvidas na Guiné, o que lhe conferiu louvores por parte do Governador-geral daquela antiga colónia portuguesa.
Quando das invasões monárquicas no Norte do País, deu provas de dedicação, zelo e arrojo, o que lhe conferiu um louvor por parte do ministro da Marinha em 1912.
Durante a 1ª Guerra Mundial fez parte da guarnição do contra-torpedeiro Guadiana, onde participou em numerosos comboios para Inglaterra, França e outras regiões. Participou em serviços em zonas patrulhadas por submarinos inimigos e infestadas de minas.

Prestou serviço em numerosos navios, foi também instrutor na Escola de Alunos Marinheiros do Sul, capitão do porto de Olhão, director do posto radiotelegráfico de Faro, da primeira estação radiogoniométrica de Sagres e no Departamento Marítimo do Sul.

Comandou a canhoneira Cuanza, em 1921, mostrando-se muito activo no serviço de fiscalização da actividade pesqueira na região sul do País, realizando numerosas apreensões por transgressão dos regulamentos de pesca. Neste ano, fundou e dirigiu um jornal intitulado União Militar publicado em Tavira.

Durante a República, Sebastião da Costa exerceu o cargo de chefe de gabinete do Dr. Rodrigo Rodrigues, quando este foi governador de Macau entre 1923 e 1925.

A sua actividade política contra a ditadura foi iniciada com a participação no movimento revolucionário de Fevereiro de 1927. Sebastião da Costa foi um dos membros do comité revolucionário em Faro e considerado o chefe dos militares sublevados[3]. Devido a esta iniciativa foi  preso na Quinta da Torre, em Cacela. Foi afastado do serviço activo por força do decreto 13 137, de 28 de Maio de 1927.

Participou activamente na preparação e na revolta do Funchal em 1931[4], fazendo mesmo parte da Junta Central da Revolta. Segundo o Prof. Veríssimo Serrão, o 1º tenente Sebastião José da Costa, foi incumbido duma missão fundamental: foi enviado como delegado da Junta para obter o reconhecimento por parte da Inglaterra e da Espanha e, por outro lado, tentar obter um barco e armas de guerra[5].

Porém, devido ao fracasso deste evento, foi obrigado a exilar-se, sendo demitido da armada por envolvimento nos acontecimentos revoltosos da Madeira e dos Açores no dia 14 de Maio de 1931[6]. Algum tempo depois foi preso e julgado no Tribunal Militar de Santa Clara, sendo seu defensor nesta ocasião o brigadeiro Tamagnini Barbosa.

Em 1951 foi reintegrado na armada, quando era Ministro da Marinha o almirante Américo Tomás. Em 1 de Julho desse ano foi colocado na situação de reserva e mais tarde nomeado para fazer parte da Comissão de Domínio Público Marítimo, na qual se manteve até à reforma, quando fez 70 anos em 2 de Junho de 1953.

Sebastião José da Costa sendo um homem dedicado às questões culturais deixou essa faceta bem marcada, colaborando em diversas publicações e jornais. Segundo foi possível apurar colaborou entre outras: nos Anais do Clube Militar Naval, de Lisboa; na revista Alma Académica, número único, publicado em Faro por ocasião do aniversário de João de Deus, em Março de 1922; na Alma Nova, dirigida por Mateus Martins Moreno, nos primeiros números. Foi ainda um dos membros fundadores da redacção da revista Seara Nova, dirigida inicialmente por Raul Proença; colaborou ainda n’ A Revista, dirigida por José Pacheco, em Lisboa, entre 1929 e 1931. Colaborou esporadicamente com o Correio do Sul, de Faro; com A Ideia Republicana, da mesma cidade, entre 1928 e 1929; O Nosso Algarve, publicado na mesma cidade, entre 1925 e 1927; Vida Algarvia, entre 1929 e 1930; Correio Olhanense, publicado em Olhão entre 1921 e 1933. Foi o redactor principal do A União Militar, que se publicou em Tavira no início de 1922.

Trabalhou ainda alguns anos na agência noticiosa Reuters, dedicou-se a estudos sobre orientalismo e budismo. Estes interesses terão sido adquiridos aquando da sua passagem por Macau, onde conviveu com Camilo Pessanha, escrevendo artigos sobre a saudade enquanto sentimento e vocábulo tão utilizado pelos portugueses, pondo assim em questão, de forma elucidativa, um dos mitos construídos pelo nacionalismo literário português.

Na fase final da sua vida consagrou grande parte do seu tempo e dinheiro na aquisição de livros. Possuidor de uma vasta e rica biblioteca entrega parte da mesma para o Museu Marítimo de Faro. Nos últimos anos tinha deixado de escrever ou de publicar o que escrevia, pois não se encontram vestígios de textos da sua autoria, nem há indicações disso.

Faleceu em Lisboa, no Hospital da Marinha, em 2 de Julho de 1965, realizando-se o seu enterro para o cemitério do Alto de S. João.
 
A nota biográfica mais desenvolvida e a biobibliografia já se encontram publicadas nos Anais do Município de Faro, 2009-2010, vol. XXXVI, p. 216-239.

A.A.B.M.

[1] António Henrique de Oliveira Marques, A Literatura Clandestina em Portugal (1926-1932), vol. II, Fragmentos, Lisboa, 1990, p. 236
[2] Lista da Armada. Referida a 31 de Dezembro de 1954, Ministério da Marinha – Superintendência dos Serviços da Armada, Lisboa, 1954, p. 198.
[3] Libertário Viegas, Histórias à Solta nas Ruas de Faro, Faro, AJEA Edições, 2004, p. 141-142.
[4] Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal. Do 28 de Maio ao Estado Novo (1926-1935), Lisboa, Editorial Verbo, 1997, p. 203 nota 758. Constituíam a Junta Governativa da Madeira, chefiada por Adalberto Gastão de Sousa Dias os seguintes oficiais: coronéis Fernando Freiria e José Mendes dos Reis, majores Filipe de Sousa e Carlos Bragança Parreira, capitães Carlos Vilhena e Augusto Casimiro, 1º tenente Sebastião Costa, tenente Manuel Ferreira Camões e alferes Armando Hasse Ferreira.
[5] Joaquim Veríssimo Serrão, idem, p. 204.
[6] Joaquim Veríssimo Serrão, idem, p. 211.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

VIRIATO SERTÓRIO DOS SANTOS LOBO


Nasceu em Lisboa a 19 de Maio de 1883 [cf. António Ventura, A Maçonaria no Concelho de Mafra (1910-1935), 2009]. Assentou praça a 4 de Julho de 1901, foi promovido a Alferes em 1905 e Tenente de Cavalaria em 1908. Colocado em Angola (1908) foi transferido para Moçambique no ano seguinte, regressando à metrópole em 1910.

Instrutor de esgrima desde 1 de Junho de 1911 [ibidem], transitou para o Estado-Maior de Cavalaria em 23 de Agosto, sendo destacado para o Depósito de Remonta de Mafra, percorrendo um caminho brilhante. Foi professor da Escola Central de Sargentos de depois seu Director, combateu as intentonas monárquicas de 1914 (Mafra), Monsanto e norte do país (1919). Major em 1922. Viriato Sertório dos Santos Lobo era Cavaleiro da Ordem de Torre e Espada (1919), detentor de numerosos louvores e condecorações, como a Ordem Militar de Avis e Comendador da ordem Militar de Cristo (1923).

Foi membro do Partido Democrático, Governador Civil de Lisboa (1922-23) e deputado por Alcobaça em 1925 [ibidem].

Participou activamente no movimento revolucionário contra a Ditadura de 7 de Fevereiro de 1927, integrando o Comité Revolucionário dirigido pelo coronel Mendes dos Reis, instalado no Hotel Bristol, a S. Pedro de Alcântara” [ibidem, p. 69]. Escapou da prisão, exilando-se em França e, depois, na Argentina, “onde geriu uma casa comercial”. Considerado desertor, foi abatido ao exército a 12 de Março de 1927.

Foi iniciado na Maçonaria, com o n.s.Sertório Romano”, a 17 de Abril de 1912 na Loja “Avante” do GOLU, nº 335 do REAA, ao Vale de Mafra [A Loja foi instalada a 27 de Julho de 1911 e, curiosamente, não acompanhou a cisão, em 1914, que deu origem ao Grémio Luso-Escocês; deve ter abatido colunas em 1918, depois do assalto feito durante o Sidonismo – cf. António Ventura, ibidem, p. 63], da qual foi seu Venerável. Tem o atestado de quite a 1 de Agosto de 1918, transitando para a Loja “Rectidão" de Lisboa, nº 382, do REAA. Atinge o grau 20º em Janeiro de 1916.

Morre em Buenos Aires (Argentina), em 30 de Outubro de 1932. 

[Foto & textos usados, via António Ventura, com a devida vénia] 

J.M.M.