sábado, 27 de fevereiro de 2016

ÍNDICE BIOBIBLIOGRÁFICO DE BOCAGE




LIVRO: Índice Biobibliográfico de Bocage. Colecções documentais da Casa Bocage, Biblioteca Pública, Museus e Arquivo Municipal de Setúbal;

Coordenação Geral: José Luís Catalão; Texto: Daniel Pires;
EDIÇÃO: Câmara Municipal de Setúbal, 2016, p. 151.

“Nunca é demais enaltecer a pertinência das bibliografias. A sua consulta constitui o primeiro patamar de uma investigação profícua; permite-nos, por outro lado, num curto espaço de tempo, encontrar pistas ou soluções para equacionar os assuntos que pesquisamos.

Encontra-se na Casa de Bocage uma preciosa colecção da qual constam obras e outros espécimes bibliográficos que se prendem com o poeta. Trata-se da bibliografia activa e passiva – ou seja, obras de e sobre Bocage – mais exaustiva até hoje reunida. Na verdade, é o corolário da convergência de múltiplas sinergias que, ao longo de décadas – mais concretamente desde que o edifício foi adquirido em 1888 por Edmond Bartissol –, se foram manifestando.

Um passo decisivo para a estruturação do presente acervo foi aquele que Fernando Elói do Amaral deu. Depois de organizar metodicamente uma exposição em Lisboa, na Cooperativa Ajudense, entre 11 e 18 de Setembro de 1965, no âmbito das comemorações do bicentenário do nascimento de Bocage, aquele ensaísta doou à edilidade setubalense um valioso espólio. Pertencera esse pecúlio a seu pai, João Elói Ferreira do Amaral, pintor e professor que nasceu em Setúbal (1839-1927) e que contribuiu para eternizar Bocage com um óleo e com a publicação de uma antologia poética. O respectivo protocolo foi assinado no início de 1967, de acordo com documentos que me foram gentilmente indicados pelas doutoras Maria da Conceição Heleno e Ana Catarina Stoyanoff.

Deste legado faziam parte as primeiras edições das célebres Rimas, os livros de fôlego de Bocage; alguns folhetos publicados em vida do escritor, de extrema raridade; as suas não menos incomuns traduções, feitas a partir do francês e do latim; uma panóplia de obras póstumas, entre as quais poderíamos destacar as Poesias de Manuel Maria de Barbosa du Bocage, da responsabilidade do conceituado bibliógrafo Inocêncio Francisco da Silva – um marco relevante, pois pela primeira vez foi publicada, corria o ano de1853, em seis tomos, a obra completa do bardo sadino.

A colecção não se limitava à bibliografia activa de Bocage: a passiva estava igualmente bem representada. Referimo-nos às obras de carácter biográfico, à iconografia relativa ao poeta e à época, aos poemas manuscritos e a outros textos tecidos sobre o escritor.

O acervo, entretanto, foi crescendo, porquanto recebeu os contributos de coleccionadores bem como de autores, compositores e de artistas plásticos que tiveram Bocage como fonte inspiradora – por exemplo, Rogério Chora, Júlio Pomar, Romeu Correia e Frederico Brito.

Ênfase igualmente para a colecção depositada na Biblioteca Municipal de Setúbal, da qual constam periódicos que dedicaram a Bocage particular atenção, entre outros, O Elmano, A Voz do Progresso, Germinal e A Nossa Homenagem, tendo sido este dinamizado por Ana de Castro Osório e por Paulino de Oliveira. Do acervo faz ainda parte a obra de Bocage mais invulgar, porquanto é particularmente ambicionada pelos coleccionadores e terá tido uma tiragem reduzida: Elogio Poético à Admirável In­trepidez com que em domingo 24 de Agosto de 1794 subiu em balão aerostático o Capitão Vincenzo Lunardi.
 
 
Este levantamento bibliográfico não se circunscreve aos acervos da Casa de Bocage e da Biblioteca Municipal de Setúbal: conta igualmente com os espécimes existentes no Museu de Setúbal / Convento de Jesus, no Museu do Trabalho Michel Giacometti e no Arquivo Municipal. No primeiro, encontra-se o espólio do Manuel Maria Portela, dinamizador da inauguração da estátua de Bocage e da comemoração do centenário do seu falecimento, respectivamente nos anos de 1871 e de 1905.

A presente bibliografia é, deste modo, fulcral para o aprofundamento do conhecimento da poesia e da biografia de uma personalidade ímpar da literatura portuguesa; contribui para a compreensão do século XVIII e sugere, por outro lado, a necessidade de se fazer da Casa de Bocage um pólo irradiador da investigação sobre o poeta e a sua época”

[Daniel Pires, in Bibliografia de Bocage, pp 3-4]

J.M.M.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A CENSURA E A LIBERDADE DE IMPRENSA: NO MUSEU BERNARDINO MACHADO

Hoje, 26 de Fevereiro de 2016, abre o ciclo de conferências A Censura na Ditadura Militar e no Estado Novo (1926-1974), no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão.

Título da conferência: A Censura e a Liberdade de Imprensa

Conferencista: César Príncipe

Local: Museu Bernardino Machado


Entrada Livre


Data: 26 de Fevereiro de 2016

Horário: 21.30 h


Nota curricular do conferencista:

César Príncipe nasceu, em 1942, em Vilar da Veiga (Gerês). Especializou-se em Jornalismo Político/Ciências da Comunicação/UP (Pós-Graduação). Colaborou em órgãos de informação regionais e nacionais, bem como em programas radiofónicos e televisivos. Foi redactor principal do 'Jornal de Notícias'. Ainda no quadro jornalístico, divulgou as Artes Plásticas Portuguesas, desde o séc. XV à actualidade, cooperando na formação de novos públicos numa área tradicionalmente elitizada. Também na vertente de crítico de Arte, tem contribuições espalhadas por catálogos, monografias e programas audiovisuais.

César Príncipe é considerado um dos mais antigos militantes do PCP, tendo desenvolvido actividade política ainda durante o Estado Novo, sobretudo na região de Braga e de Viana do Castelo. 

No âmbito institucional, exerceu funções de representação na Empresa, no Sindicato e na Comissão da Carteira de Jornalista, bem como em associações culturais.
Participou com textos em espectáculos da Seiva Trupe: 'Um Cálice de Porto', 'Porto do Século', 'O Casamento'. Proferiu numerosas conferências e dinamizou colóquios.


No campo cívico, empenhou-se no combate democrático. Em 1974, um mês antes da Revolução de Abril, interveio, em Estocolmo, na Conferência Mundial dos Acordos de Paz sobre o Vietname.


Publicou várias obras como:
- Calhaus Inoxidáveis, 1959;
- Hinemóptro Polimorfo, 1960;
- Loucura no Deserto, 1961;
- Verduras nos Papiros, 1963;
Os Segredos da Censura, 1979;
- Sá Carneiro. Quem é?, 1980;
- Na URSS a convite de Deus, 1986;
- Cartas e Confidências de Mário Soares, 1986;
- Crónicas Imprudentes, 1992;
- Festas & Funerais. Crónica Resistência, 2003;
- Ementas do Paraíso, 2004;
- O Assassino Ameaçado, 2005;
- Sentado no Muro do Cemitério a ver passar a classe operária, 2005;
- Aborto no País da Virgem, 2007;
- Curso de Chiens de Garde, 2008;
- Lucíadas, 2008;
- Correio velho, 2008;
- Expresso & Avante. Dois espelhos do mundo, 2009;
- Poemas de Megafone, 2011;
- Jornal Popular (Notícias do Resgate), 2013.

Com os votos do maior sucesso para esta iniciativa muito interessante.
A.A.B.M.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

QUE É A TERRA? – GUERRA JUNQUEIRO



"Eu creio que a terra é um grande monstro vivo, que tem alma, que sente e que pensa, que ri, que chora, que trabalha e que dorme.

No seu vasto e profundo thorax de pedra, há um enormíssimo coração, latejando e resfolegando como uma forja fabulosa de cyclopes, onde o sangue venoso se deve engolfar tonitroando em catadupas de Niagara, para sair rejuvenescido e resplandecente, em milhares de Amazonas tormentosos, que o espalhem em ondas de vida creadora por todos os labyrinthos do seu organismo descomunal.

As plantas e as arvores que cobem grande parte do globo são apenas, em relação a ella, uma insignificante erupção herpética de carácter benigno. O Hymalaia é uma borbulha, o Vesuvio é um anthraz.

E o homem? Ah! O homem, esse rei da creação, não é mais que um animalzinho invisível, qualquer cousa parecida a um mosquito dividido por cem, pousado sobre um Leviathan multiplicado por mil.

Ora é claro, que temos num monstro, cujo corpo tem cem mil léguas quadradas de superfície, o menor estremecimento, o frémito, representa para nós um cataclysmo pavoroso.

Todas as assombrosas Babeis que a humanidade, há milhões de anno, tem levantado triumphantemente para o Azul, desde Thebas, Roma, Ninive e Babylonia, até Londres, paris e Nova York, toda essa obra extraordinária de centenas de séculos, poderia a terra desmorona-la num minuto de maneira bem simples, com um simples ataque de ‘nervos?.

E quem sabe se o globo, em vez de morrer, como vaticina a sciencia, de amollecimento de cérebro, não morrerá pelo contrario, na força da vida e da saúde, de uma apoplexia fulminante – o terramoto Universal?

Enfim, diante das fatalidades horrorosas e irremediáveis da natureza, sinto-me feliz por fazer parte do miserável formigueiro humano numa epopéa de solidariedade cosmopolita, em que um gemido de dor, ou um estampido de catastrophe repercute dentro de duas horas pela superfície do mundo inteiro, fazendo palpitar generosamente, unanimemente todos os corações – como os grande sinos de bronze de todas as torres de uma cidade immensa dobrando a rebate, num coro titânico, pernate um incêndio colossal"

Guerra Junqueiro, in “Que é a Terra? O verbo cantar? Que é a vida?”, Livraria Editora Empresa Litteraria Universal (Rua do Combro, 119-121), Lisboa, 1900, pp.39-41.
 
J.M.M.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A MAÇONARIA NO PORTO DURANTE A 1º REPUBLICA



LIVRO: A Maçonaria no Porto durante a 1º República;
AUTOR: Paulo Almeida;
EDIÇÃO: Chiado Editora, 2016, p. 374.

“Tal como aconteceu no resto do país, também no Porto a associação da actividade maçónica ao republicanismo ajudou a expandir, na 'fase da propaganda', os ideais da República, preparando a instauração do novo regime e tornando-se, depois, um importante pilar da construção do poder republicano, quer ao nível central quer na actividade autárquica. Ao longo do período conturbado da Primeira República, como nos revela Paulo Almeida, o crescimento das lojas maçónicas da cidade reflectiu-se na extensão das suas redes de influências e cumplicidades no 'mundo profano'.

O autor busca também conhecer o funcionamento dos espaços de sociabilidade republicana, em especial os Centros Republicanos, onde se jogava uma forte influência das redes maçónicas, bem como a estrutura e o funcionamento das lojas, enquanto espaços de ritualização, formação e sociabilidade dos seus obreiros. A análise mais fina de alguns case studies, nomeadamente das lojas «Libertas» e «Progredior», permitiu aprofundar a compreensão de aspectos essenciais da actividade dessas lojas e sua fundamentação ideológica, como evoluíram no período da Primeira República, os obreiros que mais se destacaram no 'mundo profano', não só personalidades notáveis do republicanismo mas também diversos militantes socialistas, ou ainda as principais preocupações sociais e políticas, soluções apontadas e projectos e iniciativas de intervenção cívica.

Por tudo isso, este estudo de Paulo Almeida constitui um bom contributo para o conhecimento da Maçonaria na cidade do Porto no período da Primeira República, abrindo, simultaneamente, muitas portas para novas investigações”

[AQUI]

J.M.M.

PROMONTÓRIA, Nº 2 - FRAGMENTOS PARA A HISTÓRIA DO TURISMO NO ALGARVE

Realiza-se no próximo sábado, dia 27 de Fevereiro de 2016, pelas 16 horas, na cafetaria do Museu de Portimão, a apresentação do 2º número da revista Promontória, subordinada ao título Fragmentos para a História do Turismo no Algarve. que contou com a coordenação de Alexandra Rodrigues Gonçalves, Paulo Dias Oliveira e Cristina Fé Santos.

A Promontoria é editada pelo Centro de Estudos em Património, Paisagem e Construção (CEPAC) da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve e tem como objetivo principal a divulgação de trabalhos de investigação na área das Ciências Humanas e Sociais, realizados por investigadores cujo âmbito geográfico se centre no sudoeste peninsular.

O presente número conta com os seguintes textos e autores:

Índice
Cultura e turismo
Vitor Neto
A experiência turística e os museus a Sul
Alexandra Gonçalves
Portimão - O Desafio Museológico Entre Turismo e Património
José Gameiro I Ana Ramos
Património Arqueológico e Turismo na Região Algarvia
João Pedro Bernardes I António Faustino Carvalho
A institucionalização do Turismo - Contributos para o estudo dos primórdios do Turismo no Algarve
Artur Barracosa Mendonça
A primeira acção de propaganda externa do Algarve - A visita dos jornalistas ingleses em 1913
Luís Guerreiro
O Algarve e o turismo da região na «Revista de Turismo» (1916-1924)
Miguel Godinho
Contributo para o estudo do Turismo de Saúde no Algarve
Cristina Fé Santos
O Património Histórico-Artístico das Caldas de Monchique na valorização
do destino turístico algarvio

Ana Lourenço Pinto
Os primeiros Operadores Turísticos no Algarve
Alberto Strazzera
O turismo balnear em Albufeira: Uma história recente
Patrícia Batista
As vias de comunicação terrestres no Algarve e a sua evolução nos últimos 170 anos
Aurélio Nuno Cabrita
Estrada da Fóia - Da vila ao coropito
José Gonçalo Duarte
O aeroporto de Faro como infraestrutura principal do desenvolvimento
turístico da região

António Correia Mendes
O Turismo como fator de Crescimento Regional: a noção de “BeachDisease”
João Romão I João Guerreiro I Paulo M. M. Rodrigues

Um conjunto variado de assuntos e de autores, para se descobrir aspectos novos sobre a História do Turismo naquela que é a região portuguesa que mais se dedica a esta actividade. 

Para ler com toda a atenção.

A.A.B.M.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

IN MEMORIAM ALVARO DE CASTRO

 
 

"In memoriam Alvaro de Castro”, Lisboa, Of. Gráfica da Sociedade Astória, Regueirão dos Anjos, 31 de Janeiro de 1947,  297 pgs.

"Na luta pela vida que a natureza impôs às sociedades e aos indivíduos como condição essencial de sua existência, e que tem a sua mais rigorosa e feroz expressão nesse triste quadro que o nosso século pinta a labaredas de fogo e lufadas de sangue nas páginas da história, necessário é congregar todas as qualidades, corrigir defeitos e alcançar novas faculdades para produzir o esforço que, pela sua disciplina e justa orientação, evite a derrota e conquiste a vitória.

É porém lição iniludível da história que esses esforços, para terem na sua concentração útil e eficaz o máximo valor, necessitam da intervenção de um laço artificial que os funda e intimamente os ligue.

E é assim que sobre as grandes civilizações criadas e sobre os grandes impérios conquistados se ostentam sempre, como sua definitiva consagração, as representações materiais das grandes ideias que os geraram.

No decurso das empresas audazes e das lutas formidáveis com que tem escrito a história, a Humanidade tem necessitado sempre, além da ideia que forma a vontade, do símbolo que dá a decisão.

A memória dos homens que melhor encarnaram uma ideia e com mais vigor, audácia e inteligência prosseguiram a sua realização, é desses artifícios o mais eficaz e o que mais profundamente está arreigado nas tradições dos povos. A sociedade que eliminasse dos seus costumes, hábitos e tradições o culto dos grandes homens, perderia com ele o culto das suas qualidades, e em breve se diluiria na poeira inglória dos inúteis.

O culto das grande figuras precisa ser sempre consagrado religiosamente no espírito das nacionalidades, para que possa a todo o momento estimular a sua acção, como o Anteu da fábula tirava o pó da terra para cobrar alento e revigorar esforço”

[Álvaro de Castro, citado por Alfredo Ernesto de Sá Cardoso, pp. 7-8]

J.M.M.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

SILÊNCIO E VIRTUDE. UMA HISTÓRIA DA MAÇONARIA FEMININA EM PORTUGAL (1814-1996)



LIVRO: Silêncio e Virtude. Uma História da Maçonaria Feminina em Portugal (1814-1996);
AUTOR: António Ventura;
EDIÇÃO: Temas e Debates, 2016, p. 382.

“ … Em 1979, Fernando Marques da Costa publicava o livro A Maçonaria Feminina em Portugal, importante pelo seu pioneirismo, pelas reflexões expressas e pela documentação inédita que deu a conhecer. Em 2013, Maria Manuela Cruzeiro, primeira Grã-Mestre da Grande Loja Feminina de Portugal, dava à estampa a obra Para a História da Maçonaria Feminina em Portugal, mais centrada no processo que levou à formação daquela Obediência no nosso país. Entre um estudo e outro surgiram diversas análises sobre o feminismo, o sufragismo, as organizações animadas por mulheres e sua relação com o republicanismo. A Maçonaria emerge, aqui e ali, de forma breve e parcial. Por isso se justifica uma investigação mais minuciosa que deu origem ao presente livro. Nele estudamos a presença das mulheres na Maçonaria do século XVIII em Portugal, as referências durante o liberalismo, as obras publicadas sobre a Maçonaria de Adoção nessa época, as primeiras Lojas no século XIX.

Depois, as Lojas de Adoção fundadas em 1904, mais consistentes e duradouras, a questão dos ritos, a polémica acesa no interior do Grande Oriente Lusitano Unido quanto à sua legitimidade. Não esquecemos os debates travados em vários momentos, entre os adversários da presença das mulheres na Maçonaria, os partidários da sua participação, mas apenas no Rito de Adoção, e os promotores da plena igualdade entre homens e mulheres no seio da Ordem, os defensores de Lojas exclusivamente masculinas, de Lojas femininas e de Lojas mistas. A partir de 1922, a situação alterou-se devido à adesão do Grande Oriente Lusitano Unido à Associação Maçónica Internacional, que impunha a exclusão das mulheres, traduzida no abandono pelos membros femininos - e alguns masculinos – daquela Obediência, e à introdução em Portugal da Ordem Maçónica Mista 'Le Droit Humain'. Ficam de fora outros temas colaterais como a relação com as organizações teosóficas e espíritas.

Naturalmente este estudo não está completo, até porque as fontes são escassas. Mas constitui, estamos certos, um contributo para o melhor conhecimento do papel e da ação das mulheres na Maçonaria Portuguesa”

[António Ventura, in Introdução, p. 7-8]
 
J.M.M.

AS MULHERES NAS CRISES ACADÉMICAS DURANTE A DITADURA


LIVRO: As Mulheres nas Crises Académicas durante a Ditadura;
AUTOR: AA.VV - Teresa Sales (coordenadora);
EDIÇÃO: UMAR, 2015.


LANÇAMENTO:

DIA25 de Fevereiro (17,00 horas);
LUGAR: Auditório do Museu do Aljube;
ORADORA: Maria Alice Samara


LER MAIS AQUI

J.M.M.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O GABINETE DE LEITURA DE LOULÉ: SOCIABILIDADE INTELECTUAL E «LEITURA PUBLICA» - CONFERÊNCIA NO ARQUIVO MUNICIPAL DE LOULÉ


No próximo sábado, realiza-se no Arquivo Municipal de Loulé, uma iniciativa a todos os títulos louvável.

Título da conferênciaO Gabinete de Leitura de Loulé: Sociabilidade intelectual  e «leitura pública»

ConferencistaPatrícia de Jesus Palma

Local: Arquivo Municipal de Loulé


Entrada Livre


Data: 20 de Fevereiro de 2016

Horário: 15.00 h


Nota curricular sobre a conferencista:

Patrícia de Jesus Palma é investigadora do CHAM – Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar da FCSH-Universidade Nova de Lisboa, tendo terminado recentemente o doutoramento em Estudos Portugueses, especialidade de História do Livro e Crítica Textual (aguarda defesa pública), que mereceu o apoio da FCT. O seu projecto analisa a expansão geográfica e social da cultura literária impressa, entre meados do século XVIII e o início do século XX, tendo como estudo de caso o Algarve (1759-1910). 

Sobre o tema, tem publicado artigos com resultados parciais da investigação, participado em diversos encontros científicos nacionais e internacionais e tem promovido actividades de divulgação cultural.
Entre a sua produção científica, contam-se:

2015 – «Uma biblioteca e um seminário: a acção reformadora de D. José Maria de Melo no Algarve». INVENIRE: Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, n.º 10, Jan-Jun., p. 39-42. 

2014 – «The Brazilian Book Market in Portugal in the Second Half of the Nineteenth Century and the Paradigm Change in Luso-Brazilian Cultural relations.» In SILVA, Ana Cláudia Suriani da e VASCONCELOS, Sandra Guardini (eds.) – Books and Periodicals in Brazil 1768-1930: a Transatlantic Perspective. Studies in Hispanic and Lusophone Cultures, 9, London: Modern Humanities Research Association and Maney Publishing / Legenda, p. 215-229. 

2013 – «Novos dados para a história do Futurismo em Portugal». In LOPES, Teresa Rita, org. – Modernista: Antologia de artigos da revista Modernista, com colaboração de Ana Rita Palmeirim e Maria João Serrado. Lisboa: IEMO – Grupo Interdisciplinar de Estudos Pessoanos e Modernistas do Centro de História da Cultura da FCSH-UNL, p. 113-126. ISSN 2182-1488.

2013 – «Restauração e imprensa no Algarve (1808-1811): um impressor, a independência de duas nações». Promontoria: Revista de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve. Faro: Centro de Estudos de Património e História do Algarve – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade do Algarve, n.º 10, p. 231-255. ISSN 1645-8052.

2013 – «Poder, território e ciência: a instituição militar em Tavira». In Memória e Futuro: Património, Coleções e a Construção de um Museu para Tavira. Catálogo. Tavira: Câmara Municipal / Palácio da Galeria, 2013. ISBN 978-972-8705-49-7.

2011 – «Tipografia Cácima: a propósito dos Cadernos e fascículos que aí se imprimiram». Cultura: Revista de História e Teoria das Ideias. Lisboa: Centro de História da Cultura, n.º 28, p. 125-142. ISSN 0870-4546. Acessível em http://cultura.revues.org/203


Uma iniciativa que se saúda e que não podemos deixar de divulgar junto dos potenciais interessados no tema na cidade de Loulé.
 
Com os votos do maior sucesso para o evento.
A.A.B.M. 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

EUROPA, ATLÂNTICO, MUNDO. MOBILIDADES, CRISES, DINÂMICAS CULTURAIS: COLÓQUIO EM HOMENAGEM À PROF. MANUELA TAVARES RIBEIRO


Amanhã e depois, 17 e 18 de fevereiro de 2016, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, realiza-se o colóquio Europa, Atlântico, Mundo. Mobilidades, Crises, Dinâmicas Culturais. Pensar com Maria Manuela Tavares Ribeiro.

Uma homenagem a uma docente que marcou várias gerações de professores, historiadores e investigadores de assuntos europeus, onde desenvolveu um importante trabalho de investigação, contribuindo com a sua reflexão e as suas análises para a aprofundar o conceito de História das Ideias e da Cultura em Portugal. Como antigo aluno, faço-lhe também a minha homenagem, visto que não consigo estar presente.

Ao longo de dois dias, vários investigadores vão apresentar as suas reflexões sobre os diversos temas onde a Professora Maria Manuela Tavares Ribeiro foi apresentando alguns contributos.

Abaixo apresenta-se o programa detalhado do colóquio:

Uma oportunidade para se aprender e para conhecer mais sobre a Cultura Portuguesa, a História das Mentalidades e da Europa.

A ligação para o cartaz do colóquio poder encontrada AQUI.

Para acompanhar com toda a atenção e divulgar.

[NOTA: Clicar nas imagens para aumentar]

A.A.B.M.

O JORNAL "O COMBATE" E A DEFESA DO INTERVENCIONISMO REPUBLICANO NA GUARDA: CONFERÊNCIA

 
Na sequência da inauguração da exposição sobre José Augusto de Castro, que aqui noticiamos, vai realizar-se uma conferência sobre o jornal republicano que ele dirigiu na cidade da Guarda: O Combate.

Este jornal, que sumariamente aqui descrevemos da seguinte forma:
O Combate
Lema: Pela Justiça. Pela Verdade. Pela Equidade
Semanário Republicano
Proprietário: José Augusto de Castro
Director: José Augusto de Castro
Editor: José Serena
Tipografia: Tipografia Democrática – Coimbra
Páginas: 4 pág.
Colunas: 5
Surgiu em 06-10-1904.
Terminou publicação em 01-11-1931.

Rubricas regulares: “Ecos do Parlamento”, “A Real Pobreza”, “O Que Urge Fazer”, “Pela Cidade”, “Cartas de Longe”, “Movimento Republicano”, inseria ainda muitas notícias e publicava artigos de cariz antijesuítico, entre outras.

Colaboradores: Teófilo BragaLino MarquesAlexandre de Barros,Christiano de CarvalhoLadislau PatrícioFilinto MaiaCésar do Inso,Tomás da FonsecaFernão Boto MachadoRentes Marcial [pseud. ???],Alves Miranda, Alfredo PimentaHeliodoro SalgadoSebastião de Magalhães LimaFrança BorgesJosé de Arriaga, Angelina VidalJosé de CastroGuerra JunqueiroMaria VeledaAlves Osório, etc.

A notícia com mais referências pode ser consultada AQUI.

Título: O jornal "Combate" e a defesa do intervencionismo republicano na Guarda
Autor: José Luís Lima Garcia

Local: Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço - Guarda

Data: 16 de Fevereiro de 2016
Horário: 18.00 h

Uma iniciativa que se saúda e que não podemos deixar de divulgar junto dos potenciais interessados no tema na cidade da Guarda.
 
Com os votos do maior sucesso para o evento.
A.A.B.M.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

JOSÉ AUGUSTO DE CASTRO: UMA VIDA DE COMBATE - EXPOSIÇÃO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL EDUARDO LOURENÇO

Foi inaugurada ontem, 11 de Fevereiro de 2016, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na cidade da Guarda, a exposição José Augusto de Castro: Uma Vida de Combate.

José Augusto de Castro (1862-1942), nasceu em Meda e foi uma eminente figura de republicano na Guarda, onde fundou jornais e desenvolveu intensa actividade política. Pode encontrar-se no fundo local da Biblioteca supra referida, que serviu de base à presente exposição, um interessante espólio que merece ser conhecido e divulgado junto do público. A nota sobre esse fundo pode ser encontrada AQUI.

A acompanhar com todo o interesse.
A.A.B.M.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

HERNÂNI CIDADE (Parte II)

(Hernâni Cidade, fotografia publicada por Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Renascença Portuguesa, Porto, 1919)

Segundo o processo militar de Hernâni Cidade, ele partiu de Lisboa em 17 de Abril de 1917, integrado no Regimento de Infantaria nº 35, 2ª companhia.

Em 11 de Agosto de 1917 foi louvado pela ordem de serviço pela muita coragem demonstrada na noite de 12 de Julho, quando comandou uma patrulha de reconhecimento para que se tinha oferecido voluntariamente, tendo conseguido obter informações acerca das linhas inimigas. No dia seguinte, voltou a fazer nova patrulha de reconhecimento, tendo demonstrado “muita coragem, audácia e sangue frio”. Louvado pela “bravura e abnegação, com que socorreu debaixo de fogo de bombardeamento um praça do Batalhão de Infantaria nº 7”, por Ordem do Exército de 9 de Agosto de 1917. Foi debaixo de fogo à terra de ninguém buscar um soldado alemão ferido que, como forma de agradecimento, lhe ofereceu o cinturão e o sabre, que Hernâni Cidade conservou cuidadosamente em sua casa durante o resto da vida.

Foi condecorado com a Cruz de Guerra, de terceira classe, em 5 de Novembro desse ano, publicado na Ordem do Exército (2ª série) de 15 desse mês. Foi colocado como comandante do batalhão de metralhadoras ligeiras em 18 de Setembro. Obteve licença de campanha por 53 dias desde 26 de Janeiro de 1918, apresentou-se a 20 de Março. Desapareceu a 9 de Abril de 1918, durante a Batalha de La Lys. Feito prisioneiro pelos alemães, foi enviado para Strasburg e mais tarde para Bressen-Port-Roggendorf-Nechlemburg, tendo ficado prisioneiro por 9 meses. Durante esse período aprofundou o seu conhecimento da língua e da cultura alemã, além disso organizou aos domingos conferências sobre Literatura Portuguesa. A primeira, terá sido foi subordinada a “Camões, Poeta Europeu” a que se seguiram outras dentro do mesmo âmbito temático. Foi esta iniciativa que terá suscitado em Hernâni Cidade o desejo por seguir uma carreira académica. Foi presente ao Quartel-General em 27 de Janeiro de 1919, vindo do Paiol do Exército. Em 1 de Fevereiro de 1919 seguiu para Portugal, por via terrestre, e foi abatido ao serviço em 8 desse mês. Ascendeu à patente de tenente em 31 de Março de 1919, por Ordem do Exército nº 10.

Nesse ano de 1919 inicia a sua actividade como docente, por convite, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, dirigida por Leonardo Coimbra e onde se manteve até 1930. Iniciou a carreira como professor contratado do 2º Grupo (Filologia Românica), tendo cumprido dois anos nesta categoria. Conseguiu depois a nomeação para professor ordinário. Regeu as cadeiras de Língua e Literatura Portuguesa, Língua e Literatura Francesa, Gramática Comparada das Línguas Românicas, Filologia Portuguesa, Filologia Portuguesa, História da Literatura Italiana e História da Literatura Portuguesa.

Casa em 1 de Julho de 1920, no Porto, com Aida Feio de Oliveira Tâmega, filha de Manuel José de Oliveira Tâmega e de Carolina Gomes de Oliveira Tâmega, natural da freguesia do Bonfim, na cidade invicta.

Obteve o grau de Doutor em Letras, na área de Filologia Românica, em 19 de Abril de 1926.

 Após o anúncio oficial de extinção da Faculdade de Letras do Porto, pelo Decreto n.º 15 365, de 12 de Abril de 1928, e durante o período que antecedeu o seu encerramento efectivo, em 1931, leccionou no Liceu Rodrigues de Freitas, também no Porto. Neste mesmo ano, transitou para os quadros da Faculdade de Letras de Lisboa, após aprovação em concurso público com a dissertação "Obra poética de José Anastácio da Cunha".

Participou em alguns movimentos de oposição ao regime até meados da década de 1930, mas viu-se obrigado a abandoná-los depois de ter sido ameaçado de expulsão da Universidade de Lisboa. Apesar de a oposição ao Estado Novo o reconhecer como republicano, convidando-o em momentos simbólicos a estar presente, Hernâni Cidade procurou manter-se afastado da vida política activa com receio das consequências.

Dirige, entre 1934 e 1935, o Diário Liberal, juntamente com Joaquim de Carvalho e Mário de Azevedo Gomes.

[Em continuação]
A.A.B.M.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

HERNANI CIDADE


Assinalou-se no passado domingo, 7 de Fevereiro, o aniversário de nascimento de uma das figuras de destaque da cultura portuguesa: Hernâni António Cidade. Apesar de ser sobretudo conhecido como historiador da cultura e da Língua Portuguesa, Hernâni Cidade foi também uma personalidade que combateu na Grande Guerra que agora se assinala o centenário e que temos vindo a recordar neste espaço.

Professor, ensaísta, historiador e crítico literário português, nasceu na vila de Redondo, a 7 de Fevereiro de 1887, filho de António Bernardino Cidade, abegão de profissão, e de Genoveva da Purificação Madeira, moradores no Outeiro de São Pedro. Na nota biográfica de Helena Cidade Moura [filha de Hernâni Cidade] no Dicionário de História do Estado Novo, Dir. Fernando Rosas e José Maria Brandão de Brito vol. I, p. 145-146, recordava-se que o pai de Hernâni Cidade costumava cantar e recitar poemas de Augusto Gil, Guerra Junqueiro, António Nobre e outros poetas da viragem do século. Estudou no seminário de Évora, por falta de condições económicas da família, onde se destacou como aluno brilhante. Em 7 de Fevereiro de 1907, solicitou para se habilitar “de genere”, para ser promovido a prima tonsura e quatro graus de ordens menores. Conseguiu a classificação de Bom nos parâmetros de comportamento religioso, moral e civil, depois de ter examinado e praticado os exercícios espirituais foi considerado apto para promoção em 24 de Maio de 1907.

No entanto, durante este percurso começou a descobrir novos interesses e acabou por recusar a oportunidade para prosseguir estudos superiores na Universidade Gregoriana de Roma. Entre esses novos interesses, sobretudo literários, conheceu as obras de Bakunine, Karl Marx, Friedrich Engels, Johan Heinrich Pestolazzi, Máximo Gorki, entre outros que lhe provocaram um crescente agnosticismo mas, em simultâneo, um sentimento de gratidão ao seminário que lhe tinha proporcionado o acesso ao estudo. Perante este dilema pessoal, Hernâni Cidade expôs a sua situação ao arcebispo da época, D. José Eduardo Nunes, mostrando a sua vontade em estudar na Universidade mas seguindo a vida laica. Frequentou então o Curso Superior de Letras, em Lisboa, tendo trabalhado como explicador particular e no Colégio Caliponense. Conseguiu concluir o seu curso com distinção e obter habilitação para leccionar no Magistério Secundário. Começou a trabalhar como professor supranumerário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa.

Colocado como efectivo no Liceu de Leiria em 9 de Novembro de 1914. Nessa cidade ensina língua e literatura portuguesa até 1916, quando partiu mobilizado para combater na Grande Guerra, em França. Durante a sua estadia em Leiria envolveu-se na vida cultural da cidade, escreveu uma peça de teatro, A Zara, cuja representação serviu para angariar fundos e reconstruir o castelo da cidade.

Mobilizado para o Corpo Expedicionário Português em 26 de Outubro de 1916, foi enviado como comandante de pelotão no Regimento de Infantaria nº 35, onde desempenhou também papel de relevo de que daremos conta proximamente e de forma detalhada.

[Em continuação.]
A.A.B.M.