terça-feira, 29 de novembro de 2016

DO IMPÉRIO POR CUMPRIR – JOSÉ ADELINO MALTEZ



LIVRO: Do Império por Cumprir, II vols;
AUTOR: prof.
José Adelino Maltez
;
EDIÇÃO: ISCSP, 2016.

LANÇAMENTO EM LISBOA

DIA: 30 de Novembro (18,30 horas);
LOCAL: ISCSP (Sala Monsanto), Rua Almerindo Lessa, Lisboa;
ORADOR: Dr. Fernando Seara

“Era uma vez um pequeno e velho reino medieval que, há mais de seiscentos anos, se lançou numa sucessão de impérios, procurando o "d’além", para salvar o "d’aquém". Depois da ascensão e queda dos impérios marroquino e do indiano, veio o império brasileiro. Um insustentável peso do passado que sofreu com o grito do Ipiranga e foi obrigado a gerir dependências na balança da Europa. Nas possessões coloniais, onde se conjugava o verbo ter, foi continuando o tráfico de escravos, mas não deixou de tentar o de mercadorias, indeciso, entre o sonho do fomento e a tentativa de venda das colónias. Assim, chegou o capitalismo colonial e até se procurou a ciência da colonização, com a partilha de África. Sofreu-se a bancarrota, gerou-se o protecionismo e sempre em guerras de ocupação, que se prolongaram com o patriotismo imperial dos republicanos. Não há mundo que nos chegue, nem Índia que tenha sítio na nossa esfera armilar. Portugal sempre foi mais do que o seu próprio lugar” [do I volume]
 
“Portugal que partiu já não pode regressar. Quem foi além de si mesmo, nunca mais pode voltar. Entre 1926 e 1976, a mesma entidade assistiu ao regresso ao d’aquém. O salazarismo, primeiro, ensaiou um Ato Colonial, que durou até às consequências da Segunda Guerra Mundial. Seguiu-se uma tentativa de regresso às províncias ultramarinas, com a oficialização de uma nova doutrina, o luso-tropicalismo. Finalmente, sucedeu-se a última das guerras coloniais. Com o Vinte e Cinco de Abril, deu-se o fim do Império da terra, pela descolonização, mas não tardou que se entrasse numa corrida à integração europeia, uma espécie de sucedâneo do velho Quinto Império. Mas a história continua. Fomos o princípio do caminho marítimo para o sonho de um novo mundo, fomos a primeira partida para todas as sete partidas e o último regresso de além mar. Somos ainda quem fomos e, na raiz do mais além, continuamos a procurar o mistério de um império, que não foi mas há de ser …”[do II volume]
 

J.M.M.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

50 ANOS DA MORTE DE DELFIM SANTOS (1907-1966)



50 ANOS DA MORTE DE DELFIM SANTOS (1907-1966)

► “No ano em que se assinalam os 50 anos da morte de Delfim Santos (1907-1966), a Hemeroteca associa-se ao ciclo de iniciativas com o dossier digital DELFIM SANTOS NA IMPRENSA PERIÓDICA DE GRANDE CIRCULAÇÃO, que reúne colaboração do autor – professor, filósofo, pedagogo, ensaísta –, a partir das existências na coleção da Hemeroteca Municipal de Lisboa.

 Importa salientar que esta limitação temática impõe, à partida, excluir desta recolha uma parte muito substancial da colaboração de Delfim Santos em revistas e jornais especializados. E são várias dezenas os títulos em que publicou artigos e ensaios, desde que se estreou, com 18 anos, num efémero Diário de Sport, publicado no Porto: mencionem-se A Águia, a Princípio, a Presença, a Litoral, a Variante, a Revista de Portugal,... A lista exaustiva pode ser consultada em Delfiniana : o site de estudos sobre Delfim Santos, no separador Obra.

Longe de fragilizar o produto que se apresenta, esta opção permite revelar a faceta do dinamizador e promotor cultural, junto de um público indiferenciado. É também demonstrativa de um panorama em que a intelectualidade era ativamente convocada a participar, com textos de opinião, na comunicação social escrita, num processo de democratização da cultura, rompendo com a exclusividade de uma audiência de elites e dirigindo-se ao cidadão comum, interpelando-o, estimulando-o, numa tentativa de o elevar cultural e civicamente.
 
Consulte o dossier aqui.

J.M.M.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

RETALHOS DA VIDA DE UM MÉDICO, DE FERNANDO NAMORA - NOVA EDIÇÃO

Realiza-se amanhã, 23 de Novembro de 2016, pelas 18.30h, na Pousada de Condeixa a apresentação da reedição da obra de Fernando Namora, Retalhos da Vida de um Médico, numa organização da Casa Museu Fernando Namora e do Município de Condeixa-a-Nova.

O evento conta com a participação de António Arnaut, José Manuel Mendes, António Pedro Pita e Zeferino Coelho, além do Presidente da Câmara Municipal Nuno Moita da Costa e da Vice-Presidente, Liliana Marques Pimentel.

Uma excelente oportunidade para se voltar a falar de uma das obras e dos autores marcantes do século XX, em Portugal, agora em reedição pela Editorial Caminho e com um conjunto de intervenções que se aguardam com curiosidade.

Uma iniciativa a que não podemos deixar de desejar o maior sucesso.

A.A.B.M.


[DEBATE EM COIMBRA] 25 DE NOVEMBRO DE 1975. REFLEXÕES



COLÓQUIO/DEBATE: "25 de Novembro de 1975. Reflexões.

DIA:
24 de Novembro 2016 (18,00 horas);
LOCAL: Casa da Cultura (Rua Pedro Monteiro), Coimbra;


ORADORES : Coronel Vasco Lourenço | Coronel Diamantino Gertrudes da Silva | Moderação de Manuela Cruzeiro (investigadora do CES)

Trata-se de um debate/reflexão sobre os acontecimentos incontornáveis que envolveram o 25 de Novembro de 1975. Passados 41 anos sobre esse dia que reconfigurou o tecido militar-político-económico saído da revolução de Abril, será de boa utilidade fazer um debate desapaixonado sobre os seus antecedentes e observar a problemática em causa nesse momento em que irá culmina todo o PREC. Golpe militar radical, como dizem uns, ou golpe da facção moderada do MFA, segundo dizem outros, o 25 de Novembro de 1975 marca decisivamente uma viragem na política portuguesa, que não mais terá retorno. Saber quantos “golpes”, tantas quantas as forças militares e políticas em presença, existiram será porventura uma questão curiosa. Mas, o que politicamente mudou a partir desse dia terá de ser uma questão, necessariamente, de reflexão.     

J.M.M.

"NA LONJURA DE TIMOR" DE JOSÉ ANTÓNIO CABRITA

Na próxima quarta-feira, 23 de Novembro de 2016, pelas 17 horas, na Biblioteca Municipal de S. Brás de Alportel, realiza-se a apresentação da obra "Na Lonjura de Timor", de José António Cabrita.

A obra reúne vários elementos sobre uma das personalidades importantes e, hoje, algo esquecidas da nossa história, porque desempenhou papel de relevo na construção de Timor no século XX e deixou uma importante herança familiar para o século XXI: Manuel Viegas Carrascalão.

Manuel Viegas Carrascalão era natural de S. Brás de Alportel.

Manuel Viegas Carrascalao foi tipógrafo, foi Secretario-Geral das Juventudes Sindicalistas Portuguesas, foi varias vezes preso, a ultima das quais em 1925 (durante a I Republica), sendo condenado a 6 anos de degredo pelo Tribunal Militar. 
Fonte: João Freire,"As Juventudes Sindicalistas: Um Movimento Singular", 1989,

Manuel Viegas Carrascalão seguiu para Timor "metido" numa leva de deportados que, amontoados no navio "Pêro de Alenquer", largaram de Lisboa a 14 de Abril de 1927 e aportaram em Díli em 25 de Setembro do mesmo ano.

Numa carta de Manuel Viegas Carrascalão, datada de 24.07.1949, da «Fazenda Algarve- Liquiçá» e dirigida à Casa do Algarve em Lisboa , solicitava a sua inscrição como sócio. A carta está publicada no Boletim daquela associação regionalista. Dela extraímos as seguintes passagens:
«Pelo nome da minha fazenda , uma das mais importantes e belas deste maravilhoso Timor, tirarão Vossas Excelências a ilação de que não esqueci a formosa provincia onde nasci e que sinto imenso orgulho em ser algarvio» (...)«Vinte anos estive sem visitar o meu Algarve, de 1925 a 1945, mas, relembrava constantemente, as fontes, os valados, os moiroços, os montes e os caminhos da minha terra e a sua gente, essa inconfundível e boa gente de São Brás de Alportel, onde todos são petas e parentes. E mal que pude , mal que regressei à metrópole, ido do inferno que foi Timor durante a guerra , lá fui eu, em romagem à minha terra natal e à formosa cidade de Faro, onde me criei e me fiz homem.»(...)«Voltei , mas comigo voltou a saudade do meu Algarve, e logo que pude dei o seu nome à minha fazenda, homenageando assim a minha província e dando-me ligeiramente a impressão de que nela vivo.» (...)«E aqui vivo, aqui moirejo, acompanhado de minha mulher e dos meus dez filhos, que embora nascidos em Timor, amam também o nosso Algarve, um porque já o visitou e os outros porque... são filhos dum algarvio.» (...)
ALGARVE - Boletim Informativo da sua Casa Regional em Lisboa. 3ª série. Outubro 1953.


O apresentante da obra será o Dr. José do Carmo Correia Martins.

Uma obra que merece a melhor atenção e divulgação.

A. A.B. M.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

COLÓQUIO INTERNACIONAL "DETENÇÃO, DEGREDO E DEPORTAÇÃO NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS: HISTÓRIA E MEMÓRIA


Realiza-se nos próximos dias 23 a 25 de Novembro de 2016, com organização do Instituto de História Contemporânea, realiza-se no Museu de Angra do Heroísmo, nos Açores, o Colóquio Internacional "Detenção, Degredo e Deportação no Império Colonial Português: História e Memória".

Pode ler-se na nota de apresentação do colóquio:
O colóquio internacional Detenção, Degredo e Deportação no Império Colonial Português. História e Memória visa debater o papel e a importância da prisão e do degredo no quadro da repressão e da brutalidade no espaço imperial, expressão dos múltiplos níveis e manifestações da violência dos regimes políticos vigentes de finais do século XIX ao terceiro quartel do século XX.

O Colóquio toma como objecto a prisão e o degredo do ponto de vista do movimento social e político no espaço imperial, mas também como local de destino agravado para muitos dos que, a partir do centro do império, resistiam e combatiam pela liberdade e pela justiça social. Assim, esta iniciativa procurará estimular a discussão em torno da preservação da Memória, de lugares de sofrimento no império português e a sua transformação em lugares de liberdade.

Partindo do facto de se assinalarem os 110 anos da morte de Ngungunhana, imperador de Gaza no Forte de S. João Baptista na Ilha Terceira, nos Açores, os 80 anos da abertura do campo de concentração do Tarrafal e os 20 anos de criação da CPLP, o encontro decorrerá no período entre 23 e 25 de novembro de 2016.

O colóquio pretende analisar o processo histórico, nas suas vertentes do passado, presente e futuro, a partir de um ponto de vista inter e transdisciplinar, as linhas de pensamento colonial, as orientações ideológicas, o modo como o regime encarou os territórios insulares e coloniais como locais de deportação e os rumos que o império trilhou, assim como as estratégias, desafios e as expectativas dos novos Estados – Português e Africanos, na construção de uma Nova História.

Propõe-se que o colóquio reúna investigadores de diferentes países no sentido de darem o seu contributo em torno das várias temáticas, designadamente:

I – Tempo colonial: um inventário de homens e lugares (1875-1975)

- Revisitando arquivos no continente, ilhas e colónias;
- Os locais de sofrimento e de liberdade – património material e imaterial;
- Deportados e degredados: movimentos colectivos e percursos individuais.

II – Rota de Lugares: História e Memória (1875-2016)

- Uma arqueologia da violência e uma epistemologia da Memória;
- Os desafios da Democracia, uma nova museologia e o papel da CPLP na preservação do património.

PROGRAMA
Quarta-feira, 23 de Novembro
 Manhã 
10h00-11h00 – Sessão de Abertura 
Doutor Avelino Freitas de Menezes - Secretário Regional da Educação e Cultura 
Dr.º José Gabriel do Álamo de Meneses - Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo Dr.º Jorge Augusto Paulus Bruno - Director do Museu de Angra do Heroísmo 
Doutor Luís Farinha – Director do Museu do Aljube/Membro do Instituto de História Contemporânea 

Moderador: Sérgio Rezendes
11h00-11h15 – Coffe-Break 

11h00-13h00 
Mesa I 
Em África também se come pão!” Ou não... - Miguel Romão 
Deportação em massa - da I República à Ditadura Militar: arcaísmo e modernidade de uma prática de expulsão dos «indesejáveis» - Luís Farinha 
Degredo perpétuo do Imperador de Gaza em Angra do Heroísmo (1896-1906): reflexos no conto “Os ossos de Ngungunhana” (2004), de Marcelo Panguana. - Denise Rocha 

Moderador: Ana Sofia Ferreira 

Debate 

13h00-15h00 – Almoço Casa do Jardim, sito no Jardim Duque da Terceira 

Tarde 
15h00 -16:30h00
Mesa II 
Consulta ao Arquivo Historico da Direcção Geral do Ultramar: o registo central dos degredados para o Ultramar , 1870-1910 Sónia Henriques 
German Deportees in Portuguese Hands, Portuguese Prisoners in German Hands. Scenes from the First World War in Southern Africa” - Jacob Zollmann 
Carlos Rates e Mário Castelhano - duas diferentes experiências de degredo no Império Colonial Português - Luís Carvalho 

Moderador: Olga Iglesias 
Debate 

Quinta-feira, 24 de Novembro 
Manhã 
10h00-12h30 

Mesa III 
10H00-11H00: Da deportação sem aviso à falta de condições: a receção dos <criminosos políticos>nos AçoresSérgio Rezendes 
<Amanhã, será para ti>: Ditas e Desditas dos deportados algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal - Maria João Raminhos 
Tarrafal: os presos e a vida prisional (1936-1954) - João Madeira 

11h00-11h15 – Coffe-Break 

11h15- 12h30 
O grito da oposição goesa (1946)Filipa Sousa Lopes 
Escaping from social banishment: Amílcar Cabral and the war of liberation in west Africa portuguese colonies (1924-1975) - Ludovic Boris Pountougnigni Njuh 

Moderador: Susana Martins 
Debate 12:30 – 14:30 

Almoço 

Tarde 14h30-16h00 
Mesa IV 
Desterro, repatriamento e construção de memórias pós-coloniais em torno de Ngungunyane - Matilde Muocha 
Prisões de Mabalane e Sommerchild: locais de sofrimento, de sangue e morte, de solidariedade e fraternidade, de identidade e consciência política (1960-1974)Alda Saíde 
A “Vila Algarve” - Olga Iglésias 
Debate Moderador: João Madeira 

16h00-16h30 
Sessão de Encerramento Coronel Sebastião Joaquim Rebouta Macedo – Comandante do Regimento de Guarnição n.º 1 
Doutor João Maria Mendes - Instituto Histórico da Ilha Terceira 
Doutora Ana Sofia Ferreira - Instituto de História Contemporânea 
Moderador: João Madeira 
16:30 – Visita ao Forte de São João Baptista 

Sexta-Feira, 25 de Novembro 
10h00-17h00 - Visita guiada à Ilha Terceira (mediante inscrição)


O programa do congresso pode ser descarregado AQUI.

Com os votos do maior sucesso para mais esta interessante iniciativa.

A.A.B.M.

domingo, 20 de novembro de 2016

AS SOCIEDADES PATRIÓTICAS – PARTE I


[EXTRACTO] “Os Estados Peninsulares e as Sociedades Patrióticas”  - (A propósito do discurso de José Liberato Freire de Carvalho na noite de 24 de Julho de 1822)”
 
José Manuel Martins[1]

NOTA PRÉVIA: Trata-se aqui de reproduzir, com a devida vénia, extractos do prefácio ao livro “Memória da Liberdade e do Constitucionalismo. Madrid-Lisboa / 1822”, com textos de José Liberato Freire de Carvalho e João Baptista da S. L. de Almeida Garrett, que em boa hora a Comissão Liberato (com assento em terras do Mondego) publicou, a 7 de Julho de 2016, em Coimbra. O assunto sobre as SOCIEDADES PATRIÓTICAS, de algum modo esquecido, tem ali, ao longo do prefácio (e notas de pé-de-página) um pequeno e modesto contributo nosso, que, pela sugestão de muitos dos nossos leitores, gostosamente republicamos [em vários posts] nas suas partes mais importantes. Um agradecimento à Comissão Liberato pela autorização da sua partilha.
 

“a luta e os combates entre a servidão e a liberdade têm sido tão eternos como o mundo” - José Liberato Freire de Carvalho
 

O discurso proferido por José Liberato Freire de Carvalho[2] na noite de 24 de Julho de 1822 na Sociedade Literária Patriótica de Lisboa (…) é uma magnífica peça de oratória vintista, num exaltante texto de regeneração nacional e da liberdade da pátria, contra o realismo e o terror do despotismo. Na verdade, José Liberato, que era um espírito culto e um combativo pregador da causa liberal, utiliza sabiamente os elementos clássicos da oratória - instruir, seduzir e mobilizar - como instrumento político da retórica oficial do vintismo.
 
Nessa memorável sessão da Sociedade Literária Patriótica de Lisboa, comemorativa dos espanhóis mortos em Madrid a 7 de Julho de 1822, em defesa da Constituição, José Liberato produziu um vibrante discurso de fé liberal, um brado com os olhos no futuro da “liberdade peninsular”, persuadido que uma vitória alcançada a favor das liberdades em Espanha era uma vitória ganha em Portugal, por que os destinos dos dois povos “andavam unidos”; e que o maior tributo que se poderia prestar aos “heroicos mártires espanhóis da liberdade” era seguir-lhes o exemplo e resistir aos [“nossos”] inimigos, em defesa da “Augusta Liberdade”. Para José Liberato, as duas nações peninsulares trilhavam o mesmo caminho – entre “ser livre ou ser escrava” - desde a alvorada desse dia em que souberam derrotar o despotismo realista interno e externo e instituir a Lei e a legitimidade Constitucional.
 
Neste contexto, o discurso de José Liberato na Sociedade Patriótica Literária de Lisboa – bem como o epicédio do então ainda jovem Almeida Garrett, Aos Mortos no Campo de Honra em Madrid, que se lhe seguiu (...) deve ser entendido na perspectiva cívica de regeneração da pátria livre, dessa ideia de patriotismo que a palavra do orador proclama no espaço público das assembleias, tornando essa e outras palavras, algumas nunca antes escutadas, uma prédica empolgante, uma mensagem que exorta a causa revolucionária. Era a “fala da liberdade” posta à prova, porque “é pela fala que todas as revoluções principiam”[3].
 
O mundo novo, que ecoava de Espanha e de além Pirenéus, fizera ressoar, como uma arma política, vocábulos[4] como liberdade, honra, pátria, homem livre, escravo, justiça, virtude, despotismo, regeneração, soberania, amor da pátria, irmãos na liberdade, servidão, patriotismo, ignorância, razão, tirania, constituição. Assim, a produção e difusão de signos nacionais, principalmente a partir das sociedades patrióticas e dos periódicos constitucionalistas, tornam-se um importante veículo da difusão do liberalismo, ajudando a consolidar e ampliar a nova situação política[5].
 
Muitos anos depois, o republicanismo nascente[6] soube, do mesmo modo, incorporar na sua propaganda e doutrinação política os valores da pátria e da liberdade, o ideário da liberdade, da igualdade e da fraternidade”
 
[A CONTINUAR] - sublinhados nossos

J.M.M.
_____________________________

[1] Professor do Ensino Secundário e co-autor do blog Almanaque Republicano.
[2] José (Liberato) Feire de Carvalho (1772-1855) foi uma das personalidades mais marcantes da vida política portuguesa no período antes e durante o vintismo. Religioso da Ordem de Santo Agostinho (ingressou, depois, na vida secular, tendo então acrescentado ao seu nome o de Liberato, comemorando o ter conquistado a “completa liberdade”), foi professor de Retórica e Eloquência na escola de S. Vicente de Fora (e dirigiu a sua Biblioteca), escritor (Ensaio Histórico-Político sobre a Constituição e o Governo de Portugal, 1830; Ensaio Político sobre as Causas que prepararam a Usurpação do Infante D. Miguel no ano de 1828, Lisboa, 1840; Anais para a História do Tempo que durou a Usurpação de D. Miguel, 1841-43, IV vols; A Carta e os seus vinte anos de idade, 1848; Memórias da Vida, Lisboa, 1855) e tradutor (vide A Arte e Pensar, de Condillac, 1794; Os Annaes de Cornelio Tácito, 1813; ou as curiosas traduções: Os Mysterios de Londres, 1845, A História da Bastilha, A Máscara de Ferro, etc), vigoroso jornalista em diversos e importantes periódicos da época (As Variedades, 1801, publicação da autoria do seu irmão mais velho António Freire de Carvalho; O Investigador Português em Inglaterra, 1816-1818 e O Campeão Português, 1819-1821, ambos em Inglaterra onde se encontrava exilado; O Campeão Português de Lisboa ou o Amigo do Povo e do Rei Constitucional, 1822-1823; a Gazeta de Lisboa, 1826; Paquete de Portugal, Londres, 1828); foi depois da revolução de 1820 deputado eleito pelas divisões de Viseu, Coimbra, Guarda e Trancoso; liberal convicto, foi perseguido pela Intendência da Polícia, esteve por diversas vezes exilado (em Londres) e participou, em 1833, no cerco do Porto ao lado dos partidários de D. Pedro; foi sócio de várias agremiações, como a Academia Real das Ciências de Lisboa (22 de Novembro de 1804; foi presidente da Academia), Instituto Histórico de Paris (20 de Março de 1835), Academia Real de Belas-Artes (19 de Maio de 1837); pertenceu à Sociedade Literária Patriótica de Lisboa, à Sociedade Patriótica de Lisboa (vulgo Clube dos Camilos); maçon, de nome simbólico Spartacus, integrou a poderosa loja Fortaleza, de Lisboa de que foi Venerável, fazendo parte dos dignitários que fundaram o Grande Oriente Lusitano (1804), na qualidade de grande-orador, redigiu a primeira Constituição maçónica portuguesa (1806) [foi, segundo José Adelino Maltez, obreiro da loja 1º de Outubro, 1822 ? – cf. Anuário de 1822] e já em 1835, Grão-Mestre interino da Maçonaria do Sul ou Oriente Saldanha (embora adoptando o nome de Grande Oriente Lusitano, esta Obediência nasce da facção de maçons que se opunha à regência de D. Pedro IV); no Diccionario de Esteves Pereira é referido que foi instituído um “clube escolar” com o seu nome, perto do Carmo (vol III, p. 597) [terá sido (1885?) a Escola Popular José Liberato Freire de Carvalho ?]. Sobre José Liberato consultar, principalmente, as suas Memórias da Vida (1ª ed. em 1855; 2ª ed., com importante introdução de João Carlos Alvim, Assírio e Alvim, 1982); a entrada biográfica do Diccionario Historico, Chorographico, Biographico, etc, de Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, 1907, vol III (D-K), pp 595-598; o verbete sobre Liberato que vem no Dicionário de Inocêncio Francisco da Silva, vol IV, letra J.
[3] Cf. Joel Serrão, Liberalismo, Socialismo, Republicanismo, Horizonte, 1979, pp. 13-14.
[4] As palavras da revolução e do constitucionalismo de 1820 mereceram um apurado estudo de Telmo dos Santos Verdelho, As Palavras e as ideias na revolução Liberal de 1820, INIC, 1981.
[5] Como é evidente, a corrente contra-revolucionária, via imprensa católica e realista, foi agitando de igual modo o espírito da tradição anti-revolucionária, tentando destroçar o movimento liberal e regenerador. Alguns desses publicistas e panfletários corcundáticos, como o padre José Agostinho de Macedo, frei Fortunato de São Boaventura (decerto o mais importante fundibulário da época), Faustino José da Madre de Deus (curiosamente foi ele próprio maçon), D. Luís António Carlos Furtado de Mendonça, Zacarias Alves Faca, José Luís Coelho Monteiro, João Duarte Beltrão, como mais tarde José da Gama e Castro, foram impiedosos nas suas críticas ao filosofismo, à Constituição de 1822, ao francesismo, aos “ímpios” liberais e a todos aqueles que denominavam de malhados ou pedreiros-livres, “destruidores de toda a religião e dos bons costumes”, do trono e do altar.
[6] Não deixa de ser curioso que entre alguns dos homens de 1820 exista já a ideia de “eflúvios republicanizantes”, como seria o caso de José Bernardo da Rocha Loureiro, o general Marinho ou Feliciano de Castilho – cf. Fernando Catroga, O Republicanismo em Portugal, Casa das Letras, 2010 (3º ed.), p. 107

ENCONTROS DE OUTONO 2016: CENSURA EM PORTUGAL (1910-1974)

Nos próximos dias 25 e 26 de Novembro de 2016, realiza-se em Famalicão, no Museu Bernardino Machado, mais uma das edições dos ENCONTROS DE OUTONO, desta vez subordinado ao tema: Censura em Portugal (1910-1974).

Uma edição com muitos investigadores de renome que vão apresentar os resultados das suas pesquisas, reflexões e análises sobre o tema em análise. 

O programa do colóquio é o seguinte:


25 de Novembro (6ª Feira)

9h30
Abertura
Dr. Paulo Cunha
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

Doutor Norberto Ferreira da Cunha
Coordenador Científico do Museu Bernardino Machado

10h00
A censura na I República (1910-1926)
Doutor José Manuel Tengarrinha
Faculdade de Letras
Universidade de Lisboa

10h30
A censura nos governos republicanos "bloquistas" (1911-1913)
Doutor Norberto Ferreira da Cunha
Universidade do Minho


11h00
Debate

Intervalo

11h30
A censura no Governo de Afonso Costa (1913)
Doutor Jorge Pais de Sousa
Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20)
Universidade de Coimbra

12h00
A censura em Portugal durante a I Guerra Mundial (1914-1918)
Coronel Doutor Luís Alves de Fraga
Universidade Autónoma de Lisboa

12h30
Debate

Almoço

15h00
A proibição da censura e a repressão a periódicos durante o Governo Provisório (1910-1911)
Doutor Ernesto Castro Leal
Faculdade de Letras
Universidade de Lisboa

15h30
A censura no ocaso da I República (1919-1926)
Doutor António José Queiroz
Centro de Filosofia
Universidade Católica Portuguesa (Porto)

16h00
Debate

Intervalo

16h30
A censura salazarista: a lei e a prática
Doutor Alberto Arons de Carvalho
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Universidade Nova de Lisboa

17h00
Debate

Conclusão


26 de Novembro (Sábado)

10h00
A censura durante a Ditadura Militar e os primeiros anos do Estado Novo (1926-1939)
Doutor Luís Farinha
Instituto de História Contemporânea da FCSH
Universidade Nova de Lisboa

10h30
Censura e publicações periódicas infanto-juvenis no Estado Novo (1954-1974): O Papel da Comissão para a Literatura e Espetáculos para Menores
Mestre Ricardo Leite Pinto
Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa
Vice-Chanceler das Universidades Lusíada

11h00
Debate

Intervalo

11h30
A censura ao teatro durante o Estado Novo
Doutora Ana Cabrera
Instituto de História Contemporânea da FCSH
Universidade Nova de Lisboa


12h00
Censura e cinema durante o Marcelismo
Doutora Ana Bela Morais
Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras
Universidade de Lisboa

Debate

Encerramento

NOTA: As inscrições e a participação nas conferências são gratuitas e dão direito a Certificado de Participação.

Creditação pelo CFAE (Centro de Formação de Associação de Escolas de Vila Nova de Famalicão).
Acreditado pelo Centro de Formação Científica. Grupos: Português e HGP (200); Português e Francês (210); Português e Inglês (220); Português (300); História (400). 
Duração: 13h
Créditos: 0,5.

Um colóquio muito interessante e que se recomenda aos seguidores do Almanaque Republicano, que nos últimos anos tem divulgado este evento, porque nos parece de grande qualidade.

A.A.B.M.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

XXXVI ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL - QUANTIDADE E QUANTIFICAÇÃO EM HISTÓRIA


Nos próximos dias 18 e 19 de Novembro de 2016, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, vai realizar-se o XXXVI Encontro da Associação de História Económica e Social, desta vez subordinado ao tema: Quantidade e Quantificação em História.

Pode ler-se na nota de divulgação do encontro:

Quantidade e a Quantificação em História”, eis o tema escolhido para este encontro. Nos últimos anos, têm surgido, em Portugal como em toda a Europa, vários projectos marcados pela recolha de dados históricos em grande escala. Ao mesmo tempo, em História como muitas outras disciplinas, o potencial do tratamento quantitativo de vastas bases de dados é cada vez mais explorado. Esta tendência coloca desafios a que a historiografia não tem sido indiferente. Por um lado, estimula à exploração dos renovados caminhos metodológicos aberto pela quantificação. Por outro, as regras disciplinares, as perspetiva heurística e hermenêutica sobre fontes quantitativas e os métodos próprios dos historiadores confere-lhes um olhar único e imprescindível sobre a quantidade. De uma forma ou de outra, a investigação destes dados valoriza o papel da História Económica e Social na fronteira com as outras ciências sociais.
Assim, apelamos a todos os historiadores que compareçam a esta 36ª Conferência Anual da APHES para discutir as suas investigações sobre a quantidade e a quantificação ou outros trabalhos na área da História Económica e Social."

O programa completo do dia 18 de Novembro de 2016 pode ser consultado e descarregado AQUI.
O de dia 19 de Novembro pode ser acedido AQUI.

O orador convidado é o Professor Bruce Campbell, Professor Emérito na Universidade Queen's, em Belfast. Tem-se destacado como um dos mais engenhosos historiadores quantitativos na actualidade. A sua obra centra-se na interacção entre a economia e o clima. Recentemente publicou o livro "The Great Transition. Climate, Disease and Society in the Late Medieval World" (ed. Cambridge, 2016). O seu currículo académico pode ser consultado AQUI.

Com os votos do maior sucesso para este evento.

A.A.B.M.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

[FIGUEIRA DA FOZ] COLÓQUIO/HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS E AOS 40 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1976



COLÓQUIO: "Manuel Fernandes Thomaz e o Constitucionalismo (1822 a 1976).

DIA:
19 de Novembro 2016 (14,30 horas às 17,30 horas);
LOCAL: Auditório do Museu Municipal da Figueira da Foz (Rua Calouste Gulbenkian), Figueira da Foz;

ORADORES: Prof. Doutor José Luís Cardoso [economista, sociólogo, director do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, membro da Academia das Ciências de Lisboa] | Prof. Doutor Luís Bigotte Chorão [jurista, doutorado em História pela Universidade de Coimbra, investigador do CEIS20] | Prof. Doutor José Adelino Maltez [jurista, doutorado em Ciência Política, catedrático pelo ISCSP da Universidade Técnica de Lisboa];

ORGANIZAÇÃO: Associação Manuel Fernandes Thomaz; apoio do Centro de Formação de Associação de Escolas Beira-Mar e da Câmara Municipal da Figueira da Foz:

A Associação Manuel Fernandes Thomaz [constituída em 12 de Janeiro de 1988, na Figueira da Foz] promove no dia 19 de Novembro (sábado) um Colóquio subordinado ao tema “Manuel Fernandes Tomás e o Constitucionalismo (1822 a 1976)”, no infausto dia da morte do seu Patrono (19 de Novembro de 1822) e, ao mesmo tempo, pretende nesse dia rememorar os 40 Anos da Constituição de 1976.

Os objectivos desse Colóquio/Homenagem são os seguintes: divulgar junto à Comunidade o importante trabalho político-legislativo do Patriarca da Revolução de 1820, Manuel Fernandes Tomás; promover a memória coletiva dos grandes vultos do liberalismo e do constitucionalismo português; sensibilizar os presentes para a presença do espírito liberal da Constituição de 1822 no ideário do republicanismo português e na configuração da Constituição de 1911; e promover a comemoração dos 40 Anos da Constituição de 1976.

Conta com a colaboração e apoio do Centro de Formação de Associação de Escolas Beira Mar, pelo que a jornada estará incluída numa Actividade de Formação de Curta Duração destinada a docentes do Ensino Básico e Secundário, com certificação do CFAE Beira-Mar, mediante inscrição AQUI.
 

Serão conferencistas o Professor Doutor José Luís Cardoso, o Professor Doutor Luís Bigotte Chorão e o Professor Doutor José Adelino Maltez, os quais tratarão os seguintes temas:

- Manuel Fernandes Tomás (vida e obra);
- A Constituição liberal de 1822, o ideário vintista e o contexto Europeu;
- A instauração da República e a Constituição de 1911;
- A Constituição Corporativa de 1933;
- O estabelecimento da Democracia e a Constituição de 1976.

A Associação Manuel Fernandes Thomaz foi constituída em 12 de Janeiro de 1988. Tinha, na época, a finalidade de promover a trasladação dos restos mortais de Manuel Fernandes Tomás (o Patriarca da Liberdade e um dos valorosos intervenientes da Revolução Liberal de 1820) de Lisboa para a Figueira da Foz; fomentar a efetivação de estudos filosóficos, jurídicos, políticos, históricos, ou de qualquer outra índole, que permitam fixar os reflexos das ideias liberais, considerando, com particular atenção, o movimento encabeçado pelo figueirense Manuel Fernandes Tomás; realizar acções culturais e artísticas, pedagógico-culturais, que promovam a figura do seu Patrono e da cidade onde o viu nascer. Esteve na construção e patrocínio da Associação, desde o seu início e com toda a devoção, o professor Henrique Fernandes Tomás Veiga, trineto de Manuel Fernandes Tomás e seu primeiro Presidente.  

Este Colóquio pretende, deste modo, dar a conhecer, uma vez mais, a figura incontornável de Manuel Fernandes Tomás, um dos maiores protagonistas da primeira fase do nosso liberalismo político vintista, activo parlamentar e jurista de mérito nas Cortes Constituintes de 1821. Pretende não só prestar a justa homenagem que lhe é devida, mas entender como as suas ideias regeneradoras, plasmadas na Constituição de 1822, se inscreveram anos depois na Constituição Republicana de 1911. Fazer a necessária análise dos traços característicos da Constituição de 1976, tendo em conta o projecto legislativo saído das revoluções de 1820 e de 1910, será também uma questão a debate, de muito merecimento.  

J.M.M.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

AQUILINO RIBEIRO. EVOLUÇÃO DO HOMEM REPUBLICANO - TERTÚLIA

Na Biblioteca Municipal de Faro, António Ramos Rosa, em Faro, hoje, 11 de Novembro de 2016, pelas 18 horas, realiza-se uma interessante tertúlia sobre a figura de Aquilino Ribeiro. Evolução do Homem Republicano, com Celina Moura Arroz.

Excelente iniciativa recordando Aquilino Ribeiro que deu os primeiros passos na sua vida literária colaborando na imprensa algarvia.

Entrada Livre.

A.A.B.M.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

CONFERÊNCIA GUERRA E PROPAGANDA NA FIGUEIRA DA FOZ

No Auditório Municipal da Figueira da Foz, com organização do Museu Municipal Santos Rocha, vai realizar-se no próximo sábado, dia 12 de Novembro de 2016, a partir das 15 horas, uma conferência com vários oradores convidados, tendo por base o tema global "Guerra e Propaganda". A moderadora convidada desta conferência é a Professora Doutora Maria Fernanda Rollo.

São oradores nesta conferência:
- Professora Doutora Noémia Malva Novais, com a comunicação "As Balas de Papel" Ilustrado na I Guerra Mundial;
- Professor Doutor António Paulo Duarte, com a comunicação "Propaganda de Guerra e Conhecimento Historiográfico. A influência do guerrismo e do antiguerrismo na leitura historiográfica da Participação Portuguesa na Grande Guerra";
- Professora Doutora Maria Teresa Lopes Moreira, "O pulsar da Grande Guerra nas entrelinhas do jornal Correio da Estremadura";
- Professora Doutora Clara Isabel Serrano, "Augusto de Castro e António Lobo de Almada Negreiros. Impressões de Guerra.

Depois das comunicações proceder-se-á à apresentação da nova obra historiográfica da Professora Doutora Noémia Malva Novais, Imprensa e I Guerra Mundial. Censura e Propaganda (1914-1918), editada pela Caleidoscópio.


O Índice da obra é o seguinte:

Sumário
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . . . 11

Capítulo I
O discurso jornalístico no primeiro quartel do Século XX: contributos para uma teorização dos conceitos de objectividade e de subjectividade na escrita da imprensa. . . . . . . . . . .  . . . . .  . .  . .      27
A realidade e a sua reconstrução discursiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .    29
A subjectividade ou objectividade subjectiva nas ciências sociais e humanas e no jornalismo.  . .    38
 A objectividade subjectiva/intencionalidade da imprensa durante a guerra . . . . . . . . . . . . . ..  . .     40
A «inautenticidade» da imprensa durante a Guerra segundo Karl Kraus . . . . . . . . . . . . . . . . .  .   . . 43 
A ideia de que as nações são diferentes mas a imprensa é toda igual. . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .    . .50 
A batalha de Karl Kraus contra a imprensa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . 55
Aquilino Ribeiro, a imprensa francesa e a guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . 60

Capítulo II
A Imprensa antes da I República: Da instauração da liberdade de Imprensa à Lei repressiva (da Imprensa) de 1907. 69 Entre avanços e recuos até à Lei das Rolhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . . 72 Da Regeneração do jornalismo à Portaria Muda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  .  . . .   76
A Lei repressiva da Imprensa de 1907. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . .   . .85
A proximidade entre a pena e a espada depois do regicídio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . . . . . . .  . . 89

Capítulo III
 A Imprensa na I República: Entre a utopia liberal e a realidade da Guerra. . . . . . . . . . . . . . . .  . . .   97
A Lei de Imprensa de 28 de Outubro de 1910. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .   .97
A restrição da liberdade de imprensa em face da guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .    102
A apreensão administrativa de publicações periódicas: Decreto 2270 de 12 de Março de 1916 e as reacções dos jornais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  . . .   105
A Lei n.º 495 – lei da censura prévia –, as reacções dos jornais e a oposição da União Republicana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . .   108
 Critérios irregulares dos censores, reacções dos jornais e novas leis . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .    111
A legislação sidonista da Imprensa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

 Capítulo IV
A I República, a Imprensa e a Guerra: O discurso dos jornais intervencionistas versus o discurso dos jornais anti-intervencionistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . .    . . 121
As negociações diplomáticas belicistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  124
Intervenção no pedido de auxílio da França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .   133
O pimentismo contrário à guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .   . 137
O regresso do discurso da propaganda republicana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  139
A declaração de guerra da Alemanha a Portugal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .   . .144
A política de guerra da União Sagrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .   155
Do milagre de Tancos à ida do CEP para França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . 161
O sidonismo contrário à guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .   172
Entre o intervencionismo e o anti-intervencionismo: O caso de O Açoriano Oriental . . . .  . .  . .  . 175
De jornal pró-aliado a germanófilo e novamente pró-aliado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . . 177
A reacção em face da censura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . 179 De jornal sidonista convicto a acolhedor do Integralismo Lusitano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .  .182

Capítulo V
 A Imprensa ilustrada, a censura, a propaganda e a Guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   .   . 187
A propaganda de guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . . .189
A imprensa ilustrada de propaganda de guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   . . . 199
Portugal na Guerra, revista quinzenal ilustrada de propaganda de guerra. . . . . . . . . . . . . .  . .  . .  . 203
O Espelho, jornal ilustrado de propaganda de guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .  206
A singularidade do panfleto Portugal perante a Guerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .   .   213
Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .  227
Fontes e Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . . 239
Anexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  . .257

Pode ler-se na sinopse da obra:

Imprensa e I Guerra Mundial . Censura e Propaganda . 1914-1918 - analisa a relação existente entre a Imprensa e a Primeira Guerra Mundial, esclarecendo a ação da Censura de guerra e da Propaganda política, embrião da manipulação da Opinião Pública no século XX. Evidenciando que os jornais são um espelho, no qual os governantes e os diplomatas se contemplam, mostra também que os jornalistas são os peões movimentados de acordo com a vontade dos Estados beligerantes, e que, neste jogo de guerra, os diplomatas e os políticos contam as mentiras aos jornalistas e depois acreditam nelas ao vê-las publicadas. Esta é uma obra que cruza os saberes resultantes das ciências da comunicação e da ciência política com os da diplomacia e da história contemporânea e que, sendo científica, é também de leitura acessível a todos os interessados no entendimento do século XX. Foi uma das cinco obras distinguidas com o Prémio de Defesa Nacional 2014 atribuído pela Comissão Portuguesa de História Militar do Ministério da Defesa Nacional.

Breve nota sobre a autora da obra:

NOÉMIA MALVA NOVAIS Historiadora, escritora e jornalista. Exerce atualmente a função de consultora de comunicação social e política. É doutorada em Ciências da Comunicação, especialidade de Comunicação e Ciências Sociais, mestre em História Contemporânea e licenciada em História, variantes de investigação e de ensino. Dedica-se à investigação nas áreas da História Contemporânea – política, diplomática e cultural -, e das Ciências da Comunicação - media e propaganda política. É investigadora integrada do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, investigadora colaboradora do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra. Tem uma vasta obra publicada, nomeadamente livros científicos, capítulos e artigos em livros e revistas científicas, artigos e entradas em enciclopédias e dicionários historiográficos, bem como literatura infantil. O seu trabalho académico foi distinguido com o Prémio Aristides de Sousa Mendes (1.ª Menção Especial 2004) da Associação dos Diplomatas Portugueses e com o Prémio de Defesa Nacional (Menção Honrosa 2014) do Ministério da Defesa Nacional. O seu trabalho jornalístico foi galardoado com o Prémio de Jornalismo e Direitos Humanos e Integração (1.ª Menção Honrosa 2013) da Unesco e com o Prémio de Jornalismo Os Direitos da Criança em Notícia (1.º Prémio 2014) atribuído pelo Fórum dos Direitos da Criança da Unesco.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.