sábado, 30 de dezembro de 2006

AS NOSSAS TRÊS PRIMEIRAS ESCOLHAS

O Dicionário Biográfico Parlamentar 1834-1910 vol.III (N-Z) (coord. Maria Filomena Mónica, Instituto de Ciências Sociais / Assembleia da República - Parlamento) é uma obra imprescindível e fundamental para todos aqueles que querem compreender melhor os protagonistas de uma época, tanto do campo republicano como principalmente monárquico. Os três volumes que constituem esta obra, em nossa opinião, tentam ultrapassar uma lacuna muito importante da nossa produção historiográfica: conhecer melhor as actividades parlamentares de algumas das figuras que ficaram perpetuadas, ou algumas vezes esquecidas, na toponímia do nosso país. A dimensão da obra e a variedade de colaboradores são um marco na historiografia portuguesa. Os milhares de verbetes sobre as personalidades que marcaram a história política de Portugal, durante o século XIX e início do século XX, reunidos numa obra de conjunto, são uma mais-valia que não pode ser esquecida. A obra centra-se mais nas intervenções parlamentares e nos trabalhos desenvolvidos no Parlamento do que na biografia das personalidades. É assim um trabalho que consideramos fundamental e de consulta obrigatória para quem estuda o período em questão. Apresenta também um instrumento de trabalho fundamental, a bibliografia consultada. Na segunda posição, colocamos o novo trabalho de Fernando Catroga, Entre Deuses e Césares - Secularização, Laicidade e Religião Civil (Almedina). Neste ensaio sobre a questão da laicidade e da secularização, o autor deixa de se centrar somente em Portugal e aventura-se a tentar acompanhar estes problemas pela Europa. Nesta obra, o autor procura estudar a evolução da laicidade e da secularização, essencialmente desde a Revolução Francesa até à actualidade. As quatro partes em que a obra está dividida são: Secularização e Tolerância Civil, Secularização Política e Religião Civil, Laicidade e Laicismo, Diversidades e Metamorfoses. Sendo um caso pouco vulgar na nossa historiografia, um autor português estudar de forma abrangente um assunto que está na ordem do dia e que tanta polémica tem provocado, especialmente em França, é de destacar. Além disso, representa um aprofundar de temas que o autor já vinha a abordar desde A Militância Laica e a Descristianização da Morte em Portugal (1865-1911), Coimbra, 1988 [Tese de Doutoramento], que teve sequência na publicação de O Céu da Memória. Cemitério Romântico e Culto Cívico dos Mortos (1756-1911), publicado na colecção Minerva História, Livraria Minerva Editora, 1999. O trabalho deste professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra é já considerado um dos melhores que se escreveu sobre esta matéria, não só no plano interno mas mesmo no plano internacional. A ler com toda a atenção para compreender o exercício intelectual de grande envergadura que lhe está inerente, porque o autor não se coíbe de emitir algumas opiniões, que transformam este trabalho numa obra que tem muito de reflexão pessoal. Finalmente, na terceira posição, porque é um dos assuntos a que temos vindo a dar algum enfase neste espaço: a história da imprensa portuguesa. A obra Jornais Diários Portugueses do Século XX - Um Dicionário (Mário Matos e Lemos, CEIS-UC/Ariadne) revela-se um instrumento de trabalho fundamental para quem necessita e gosta destes temas. Procurando essencialmente elaborar uma ficha (nome dos diferentes directores, editores, tendência política, dimensões, subtítulo...)sobre todos os [300] diários que existiram em Portugal durante o século XX, apresenta também um texto sobre a história da imprensa diária portuguesa que serve para complementar algumas lacunas que se encontram na obra clássica de José Tengarrinha, História da Imprensa Periódica Portuguesa, 1965. Este ano a imprensa foi contemplada com algumas obras fundamentais. Esta tem a vantagem de ser mais abrangente e muito útil para investigadores e mesmo curiosos. As fichas sobre os diferentes jornais são bastante completas e revelam um trabalho de investigação muito aturado. Os historiadores estão a recorrer cada vez mais aos jornais como uma fonte histórica de primordial importância, para se obter informações que ajudem a elaborar melhor um quadro explicativo da realidade num dado momento. Este trabalho publicado pela Ariadne Editora, em parceria com Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, merece todo o nosso apoio e é uma das nossas obras de eleição neste ano de 2006. Mário Matos e Lemos que entrou nesta "aventura" por desafio do professor Reis Torgal, acabou por ser apoiado com os conhecimentos da professora Isabel Nobre Vargues que assina a Nota de Apresentação. AABM

HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÂNEA PORTUGUESA DE 2006 - 10 LIVROS

1. Dicionário Biográfico Parlamentar 1834-1910 vol.III (N-Z) (coord. Maria Filomena Mónica, Instituto de Ciências Sociais / Assembleia da República - Parlamento) 2. Entre Deuses e Césares - Secularização, Laicidade e Religião Civil (Fernando Catroga, Almedina) 3. Jornais Diários Portugueses do Século XX - Um Dicionário (Mário Matos e Lemos, CEIS-UC/Ariadne) 4. Um Herói Português - Henrique Paiva Couceiro (1861-1944) (Vasco Pulido Valente, Alêtheia Editores) 5. Casa Da Imprensa - 100 Anos De História 1905-2005 (Afonso Serra & Mário Branco, Campo das Letras) 6. Sidónio e Sidonismo, II vols (Armando Malheiro da Silva, Imprensa UC) 7. João Chagas. A diplomacia e a guerra. 1914-1918 (Noémia Malva Novais, Minerva Editora) 8. 1ªs Páginas. O século XX nos jornais portugueses (Luís Trindade, Tinta-da-China) 9. O Pensamento Político Português no Século XIX. Uma síntese histórico-crítica (António Pedro Mesquita, col. Temas Portugueses, INCM) 10. Anos Inquietos. Vozes do Movimento Estudantil em Coimbra (1961-1974) (Maria Manuel Cruzeiro & Rui Bebiano, Edições Afrontamento) A.A.B.M. J.M.M.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

LIVRARIA SÁ DA COSTA


Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1913 - foto de Alberto Carlos Lima

J.M.M.

CUMPRINDO AS TRADIÇÕES

Seguindo o que se tornou moda na blogosfera,vamos também nós escolher nos próximos dias alguns dos melhores livros sobre História Contemporânea de Portugal que foram editados em 2006. Após uma selecção que está a ser demorada porque muita coisa se publica actualmente em Portugal, estamos a tentar seleccionar os dez melhores. Haverá sempre aqueles que ficarão esquecidos, outros que nem sequer conhecemos e outros ainda que não tivemos oportunidade de comprar, mas há aqueles que marcam mais. Os livros,os jornais e as revistas, para quem gosta deles, como é o nosso caso, são sempre uma necessidade. Pena temos nós de não termos mais espaço físico para podermos albergar mais títulos, por outro lado a disponibilidade material não permite ter acesso a todos os que gostavamos. São simplesmente os nossos melhores companheiros. Velhos ou novos, usados ou estreados, os livros permitem sempre aprender algo de novo, conhecer perspectivas diferentes, encontrar outros livros e conhecer novos autores. São um filão inesgotável que nos faz rejubilar em cada aquisição. Conseguir um título que há muito se procura é uma vitória estrondosa. Percorrer as feiras de velharias, feiras do livro, contactar alfarrabistas e conhecer pessoas que também gostam de livros é sempre um prazer. Ver a biblioteca pessoal crescer é exaltante. Na minha, pessoalmente, entram a cada ano muitos títulos. Alguns são para consulta pontual, outros de leitura obrigatória de princípio a fim, outros são começados mas nunca são terminados, finalmente outros ficam para mais tarde. Estes tendem a acumular-se porque vão aumentando e o tempo parece que tende a diminuir. Normalmente, não sou do género de ter só por ter. Procuro seguir algumas regras, adoptar um critério, mas não excessivamente rígido para não me impedir de por vezes o contornar. Pena é que muitos portugueses continuem a viver muitos anos das suas vidas sem lerem um único livro. Desde sempre que, em minha casa, houve livros: romances, livros de aventuras, revistas e jornais. A entrada na escola e o contacto com a carrinha da Fundação Calouste Gulbenkien, que levava todos os meses alguns milhares de livros à saída da escola primária foi o ínicio do "vício", mais tarde arranjei cartão de leitor em várias bibliotecas municipais e fui conhecendo ao longo dos anos muitos milhares de livros. Pela primeira vez, este ano, fui "forçado" a hierarquizá-los. No domínio da História Contemporânea muito se produz, devemos ter conhecimento do maior número de referências bibliográficas, mas só podemos escolher alguns como os "nossos melhores" com toda a carga de subjectividade que isso envolve. As nossas escolhas serão apresentadas nos próximos dias. AABM

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

IMPRENSA PERIÓDICA PORTUGUESA - NOTAS BIBLIOGRÁFICAS II


Da leitura da "História da Imprensa Periódica Portuguesa" (José Tengarrinha, 1965), é possível afirmar que o "aparecimento do jornal" se deve aos seguintes factores: "o progresso da tipografia, a melhoria das comunicações e o interesse do público pela notícia". O que parece evidente. Apareceram, portanto, um conjunto de "folhas volantes impressas" e que, em Portugal, se dava o nome de "relações de novas gerais", "relações" ou, ainda, "notícias avulsas". Tais folhas impressas datam dos fins do século XVI. No "segundo quartel do século XVII", durante o domínio espanhol, ganham relevância entre nós, mesmo sendo a sua circulação clandestina. Percebe-se a legislação persecutória e as proibições a que foram sujeitas, dado serem utilizadas para sublevar a população contra o poder espanhol, de então.

Podemos assinalar as seguintes "relações" e/ou "periódicos", de forma cronológica:

1625 - Relação Universal / do Que Succedeo em Portugal, / & Mais Províncias do Occidente, & Oriente, etc. [Março de 1625 a Setembro de 1626, em Lisboa (reimp. em 1627, Braga) sob redacção de Francisco d'Abreu [aliás, pseud. de Manuel Severim de Faria]. É considerado como o "primeiro jornal português". Porém Tengarrinha (op. cit.) não entende tal, dado a sua não periodicidade e continuidade, dizendo que só tem sentido considerar como jornal as denominadas "Gazetas da Restauração". O mesmo não é dito por Albino Lapa (Lisboa, 1956) que defende ser "o primeiro periódico editado em Portugal".

1641 - Gazeta em Que Se Relatam as Novas Todas Que Houve Nesta Corte e Que Vieram de Várias Partes no Mês de Novembro de 1641 [Lisboa, Off. Lourenço de Anvers]. Alguns consideram ser este o primeiro periódico publicado entre nós (acabou em Julho 1647). Tinha como redactores, Manoel Galhegos, Fr. Francisco Brandão e João Franco Barreto.

1643 - Le Mercure Portugais, publicado em Paris, saído a 4 de Abril de 1643, tendo saído 7 números, que formam um volume de 483 pags.

1649 - Gazeta do Parnaso/ Prologetica

1663 - Mercurio Portuguez [nº 1, Lisboa, Janeiro de 1663, Off. Henrique Valente de Oliveira ao nº 57 de 1667]. Foi redigido pelo escrito e diplomata António de Sousa Macedo, possivelmente o "primeiro jornalista português". Curiosamente, Padre António Vieira (vide Rocha Martins) "não gostava do periódico" por ser "pouco verídico", mas que segundo R. M. se deveria ao facto de Sousa Macedo ser partidário do Conde de Castelo Melhor.

1689 - Mercúrio da Europa

1704 - Gazeta [Agosto e Outubro de 1704, II numrs]

1715 - Gazeta de Lisboa [nº 1, Lisboa, 10 de Agosto de 1715; passa a partir de 6 de Janeiro de 1718 a ter o título de Gazeta de Lisboa Ocidental; regressa à denominação de Gazeta de Lisboa, a 7 de Setembro de 1741]. Era considerado a "folha oficial" ou "oficiosa" (espécie de "Diário do Governo"), e tinha na direcção e redacção José Freire de Monterroyo Mascarenhas [1670-1760]. A partir de 1760 foi redigida pelo poeta [fundador da Arcádia Olissiponense, assinando como Corydon Erymantheo] Pedro António Correia Garção [1724-1772], até à sua suspensão (por ordem de Pombal, e que envia Pedro Garção para a prisão do Limoeiro, aí falecendo) a 8 de Julho de 1762. Reaparece no reinado de D. Maria I, a 4 de Agosto de 1778, tendo-se conservado (com algumas interrupções de permeio) até 30 de Dezembro de 1820. Teve como redactores figuras curiosas, como Félix António Castrioto, Fr. Fortunato de S. Boaventura, José Agostinho de Macedo. A partir de 1 de Janeiro de 1821 é substituído, no título, por Diário do Governo, depois Diário da Regência (12 de Fevereiro a 4 de Julho de 1821), voltando a usar o título de Diário do Governo (a 5 de Julho de 1821) até 4 de Junho de 1823. A partir daí reaparece com diferentes títulos [Gazeta de Lisboa, 1823; Chronica Constitucional de Lisboa, Julho de 1833, Gazeta Official do Governo, Julho 1834; Gazeta do Governo, Outubro 1834; Diário do Governo, Janeiro 1835; Diário de Lisboa, Novembro de 1859; Diário do Governo, a partir de Janeiro de 1869]

J.M.M.

sábado, 23 de dezembro de 2006

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

BANDEIRA DE PORTUGAL - GUERRA JUNQUEIRO


Projecto de Bandeira de Portugal, por Guerra Junqueiro, após o 5 de Outubro de 1910, e em que o azul e branco era decisivo.

J.M.M.

IMPRENSA PERIÓDICA PORTUGUESA - NOTAS BIBLIOGRÁFICAS I


Dissemos, aqui, que o estudo do "periodismo nacional" era uma tarefa importante, se bem que de algum modo difícil. Fizemos referência, na ocasião, a algumas obras sobre o assunto: as que saíram da pena "notabilíssima" de Augusto Xavier da Silva Pereira, António Silva Túlio, Oliveira Martins, Alfredo da Cunha, Rocha Martins, José Tengarrinha.

Poderíamos registar, porém, outros trabalhos indispensáveis e não menos importantes, que constam nas bibliografias citadas, bem como aqueles que são referidos na peça (muito útil) de Albino Lapa [A Palavra 'Lisboa' na História do Jornalismo, Lisboa, 1956], entre os quais podemos salientar:

João José de Sousa Teles [Apontamentos para a história dos jornais portugueses em 1863, in Anuário Português Scientifico, Literário e Artístico, 1864, p. 183 e segs] / "Movimento Jornalístico", jornal O Paiz, nº 596 de 8 de Janeiro de 1875 [apresenta "uma relação de jornais aparecidos em 1874 ou já existentes nesse ano tanto no continente como nas ilhas e ultramar" (Tengarrinha, 1965)] / Graciano Franco Monteiro [Colecção de Jornaes Portuguezes, 1897] / Catálogo do Jornalismo Portuguez Antigo e Moderno, publicação da Livraria João Pereira da Silva & C.ª, 1897] / Alberto Bessa [O Jornalismo, Esboço Histórico da sua Origem e desenvolvimento até aos nossos dias ampliado com a Resenha Chronológica e Alphabetica do Jornalismo no Brasil, Viúva Tavares Cardoso, 1904] / Jordão Apolinário de Freitas [Resenha Cronológica do Jornalismo Madeirense, Funchal, 1908]

Temos vindo, ainda, a apresentar alguns jornais republicanos de muita estimação. O passo seguinte será fazer a listagem, decerto com alguns reparos e omissões, de alguns dos principais periódicos, independentemente da polémica (que julgamos existir) sobre o conceito e definição de "periódico".

J.M.M.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

ÁRVORE DE COSTADO D'EL REI D. MANUEL II

Árvore de Costado d'El Rei D. Manuel II - linha paterna (Braganças)

[in, Ilustração Portuguesa, nº 118, 25 de Maio de 1908]

J.M.M.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

MAIS BIBLIOTECAS ONLINE EM PORTUGAL


Um dos sítios a visitar com prazer, mas que exige tempo e vontade é a Biblioteca Nacional Digital onde já é possível encontrar mais de oito mil obras digitalizadas. Encontram-se digitalizadas obras desde o século XV até 2006, algumas muito raras, quase todas muito interessantes e muitas dos finais do século XIX até à implantação e queda da 1ª República. A analisar e estudar com toda a atenção não só a parte literária como também iconográfica. Trabalho muito interessante e que continua a ser enriquecida periodicamente com novas obras.

Também o Instituto Camões, através da Biblioteca Digital Camões tem prestado um grande contributo à digitalização de obras, revistas e estudos já quase desaparecidos dos mercados. No entanto, em alguns casos, é necessário ter uma palavra-passe para ter acesso à obra pretendida. É um dos sítios a que recorremos normalmente para encontrar dados, estudos ou informações de forma livre.

Recentemente tomamos conhecimento que também a Universidade Aberta tem algumas obras digitalizadas, mas restringe-se muito às crónicas de Rui de Pina e a Portugaliae Monumenta Histórica.

O Instituto Nacional de Estatística também tem disponíveis online os seus estudos estatísticos desde 1875 até 2002. Podem consultar-se desde os Anuários Estatísticos de Portugal às outras publicações sobre estatística que se foram publicando. Muito importante para quase todas as áreas do saber.

Por fim, as únicas bibliotecas municipais que se aventuraram na digitalização das suas colecções foram a Biblioteca Municipal José Régio, em Vila do Conde, e as Bibliotecas Municipais da Ria de Aveiro onde é possível encontrar digitalizados alguns dos jornais que se publicaram naquelas terras, bem como algumas obras da história e dos autores destas regiões.

Como facilitaria o trabalho de quem gosta destes assuntos encontrar disponíveis jornais e livros que muitas vezes passa anos e anos a procurar, nas poucas bibliotecas onde existem estão por vezes em mau estado e não os deixam vir à consulta, ou, por vezes ainda, quando têm mais de 50 anos não podem ser fotocopiados. Por muita boa vontade que um investigador possa ter perante este tipo de dificuldades muitas vezes acaba por desistir de determinadas fontes, ou socorre-se de outras que possam substituír as que inicialmente tinha previsto utilizar.

Esperemos que estas iniciativas se vão gradualmente alargando a outras bibiliotecas municipais ou mesmo escolares, especialmente das escolas mais antigas e tradicionais, que possuem fundos documentais e colecções de jornais e revistas que há muito desapareceram da circulação.
São trabalhos deste género que facilitam o acesso ao conhecimento e à informação que devem ser estimulados, apoiados, mas que normalmente ficam muito esquecidos e desamparados tanto por parte dos responsáveis culturais como do poder político que pouca importância tem vindo a atribuir a estes contributos.

AABM

CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DE 1911


Constituição Política de 1911 - Capa da Constituição Política da República Portuguesa votada em 21 de Agosto de 1911 pela Assembleia Nacional Constituinte.

J.M.M.

NOVIDADES ONLINE


Para aqueles que gostam de consultar documentos, publicações e periódicos online aconselhamos uma visita longa e demorada à página da Hemeroteca Digital aí encontram-se multiplos títulos de jornais e revistas para consultar com interesse. A novidade que agora foi disponibilizada foi O Espectro, redigido por António Rodrigues Sampaio, e que a Hemeroteca tem homenageado com a realização de várias conferências e colóquios. Estão já digitalizadas quatro dezenas de publicações, das quais destacamos algumas que mais directamente têm a ver com a nossa temática:

- O António Maria, com a critica tenaz e humorística de Rafael Bordalo Pinheiro;

- Balas ... de papel, de Gualdino Gomes (1891-1892);

- A Capital, jornal diário republicano da noite, Lisboa, 1910-1938. Este particularmente importante porque faz a cobertura de toda a República e termina só com o golpe militar de 28 de Maio. Muito interessante e importante para a história da 1ª República em Portugal.

- A Choldra, publicação muito curiosa que marca a transição entre a República e a Ditadura Militar.

- Fantoches, a publicação redigida por Rocha Martins em 1914 e que trata a questão da participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial.

- Portugal na Guerra publicação muito importante em termos iconográficos, pelas imagens que apresenta da participação de Portugal na 1ª Guerra Mundial e pelos textos que publica de alguns dos prncipais intervenientes.

- O Reviralho, publicação clandestina de apoio aos militares republicanos que se revoltavam contra a Ditadura Militar.

- A Revolta, também uma publicação clandestina que circulou pelo País após os acontecimentnos revolucionários de Fevereiro de 1927.

São muitas e variadas as publicações onde poderemos conhecer melhor a República que emergiu em 1910 e que vai terminar em 1926, e esse conhecimento está a ser disponibilizado online, num excelente serviço da Hemeroteca de Lisboa. Pena é que não tenhamos mais bibliotecas a seguir este exemplo.

AABM

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

JOSÉ ELIAS GARCIA


Nascido em Cacilhas (Almada), a 31 de Dezembro de 1830, filho de José Francisco Garcia, chefe de oficinas do Arsenal da Marinha, defensor das ideias liberais que foi perseguido e preso pelos miguelistas. Em 1833, o pai de José Elias Garcia foge da cadeia do Limoeiro, quando aguardava a condenação à morte.

Elias Garcia estuda primeiro na Escola de Comércio de Lisboa, que conclui em 1848. Mais tarde entra na Escola Politécnica de Lisboa, seguindo posteriormente para a Escola do Exército (1857). Enveredando pela carreira militar assenta praça em 31 de Agosto de 1853, como voluntário no Regimento de Granadeiros da Rainha, atingindo o posto de coronel em 27-09-1888.

Dedicando-se ao ensino, foi convidado para leccionar a cadeira de Mecânica Aplicada, na Escola do Exército. Ocupou ainda outras funções como: no Conselho Geral de Instrução Militar, Conselho Naval, presidente da Junta Departamental do Sul e da Associação dos Jornalistas e Escritores Portugueses.

Foi um dos principais responsáveis pelo aparecimento de um grupo republicano cerca de 1850, fruto das consequências das revoltas que tinham eclodido na Europa em 1848. Os principais membros desse grupo eram José Maria Latino Coelho, António de Oliveira Marreca, António Rodrigues Sampaio, José Estevão de Magalhães, José Félix Henriques Nogueira, Anselmo Braamcamp, Luís Augusto Palmeirim, Francisco Maria de Sousa Brandão e os estudantes de então como José Maria do Casal Ribeiro, Custódio José Vieira, Joaquim Marcelino de Matos, Álvaro Rodrigues de Azevedo manifestam os seus ideiais republicanos nas publicações periódicas que surgem por essa época.


Foi iniciado na Maçonaria em 1853 com o nome simbólico de Péricles, na Loja 5 de Novembro, em Lisboa, ligada ao rito francês e subordinada à Confederação Maçónica Portuguesa. Em 1863 foi um dos responsáveis pela cisão de algumas lojas tendo criado a Federação Maçónica Portuguesa que o elegeu como Grão-Mestre. Quando em 1869 se fundem os vários orientes que existiam em Portugal e se cria o Grande Oriente Lusitano Unido, Elias Garcia foi uma das figuras de destaque. Em 1881 fazia parte da Loja Simpatia. Foi presidente do Conselho da Ordem entre 1882-1884 e 1887-1888 e Grão-Mestre interino entre 1884-1886 e 1887-1888, Grão-Mestre eleito em 1888, mas teve que renunciar em 1889. Segundo o Prof. Dr. Oliveira Marques, Elias Garcia "teve papel de relevo na expansão da Maçonaria e na sua orientação para formas progressistas declaradas".

Foi eleito como vereador da Câmara Municipal de Lisboa entre 1872 e 1890. Ocupando mesmo o cargo de Presidente da Câmara em 1878, sendo o vigésimo quinto presidente eleito deste município.

Em 1868, encontramo-lo ligado ao Grupo do Páteo do Salema (Clube dos Lunáticos)que vai estar na origem do
Partido Reformista, liderado pelo Marquês de Sá da Bandeira e pelo Bispo de Viseu, António Alves Martins tendo mesmo sido convidado a ocupar uma pasta governamental. Nessa condição foi eleito pela primeira vez deputado, em 1870, por dos círculos uninominais de Lisboa. Foi ainda eleito deputado pelo Partido Republicano, em 1881, repetindo-se idêntica situação em 1884, 1887 e 1890.

A 18 de Maio de 1876 esteve presente no jantar realizado no Hotel dos Embaixadores, em Lisboa, que marca o início do Partido Republicano, com a fundação do Centro Republicano Democrático Português. Sendo o representante da denominada ala moderada do Partido Republicano, o que lhe acarretou alguns dissabores e inimizades dentro e fora do partido. Foi presidente do Directório do Partido Republicano entre 1883 e 1891.

A sua produção literária ficou dispersa por inúmeros jornais e publicações períódicas de que destacamos:
- O Trabalho, Lisboa, 1858;
- O Futuro, Lisboa, 1859-1862;
- Jornal de Lisboa, Lisboa, 1865;
- Política Liberal, Lisboa, 1860-1862;
- Democracia e Democracia Portuguesa, Lisboa, 1873-1881;
- Revista Escolar Portuguesa, Lisboa, 1884;
- Capello e Ivens. Número único publicado pela Associação dos Jornalistas e Escritores Portugueses. Directores literários: Afonso Vargas, J. Augusto Barata e Palermo de Faria, Lisboa, 16 de Setembro de 1885, Imp. Nacional, 8 pág.
- José Estevão. Número único, comemorativo da inauguração do monumento em Aveiro. Publicação do Club Escolar José Estevão, Lisboa, 1889, Tip. da Companhia Nacional Editora, 8 pág.
- 14 de julho, 1789-1889, Número único, Porto, tip. Guttenberg, 1889. 4 pag.Publicado pelo Club Eleitoral Democratico Portuense.
- No Tejo. Grinalda litteraria. (Publicação de caridade). Lisboa, Tipografia Elzeveziana, 1887, 26 pág.

Publicou ainda:
- Curso de Mecânica Aplicada,Lisboa, 1871-1886;
- Câmara Municipal de Lisboa. Informação da proposta do vereador Joaquim José Alves, relativa ao remate da fachada principal do edificio dos novos paços do concelho, apresentada á camara pela commissão de obras e melhoramentos em sessão de 5 de outubro, e approvada em sessão de 12 de outubro de 1874, Lisboa, Tip. do Futuro, 1874, 22 pág.
- Discurso proferido... (na grande loja da Confederação Maçonica Portuguesa) em 20 de Dezembro de 1862 e para comemorar o falecimento do respeitavel Grão-Mestre e irmão José Estevão Coelho de Magalhães.

Sobre José Elias Garcia encontramos duas perspectivas completamente diferentes sobre a sua personalidade.
Magalhães Lima, nas suas Memórias, afirma [p. 30]:
"Estavamos um sábado, à noite, na redacção da Democracia, o nosso órgão. Não havia dinheiro para pagar as férias do pessoal tipográfico. Era o fim do mês e Elias Garcia havia recebido os seus honorários de professor da Escola do Exército. Tudo entregou ao chefe da tipografia, sem saber como paga o jantar do dia seguinte".

Por seu lado, Francisco Manuel Homem Cristo, com a sua escrita acusatória, afirma na sua obra Notas da Minha Vida e do Meu Tempo [vol. IV, p.153]:
"José Elias sacrificava tudo à conveniência de se conservar sem obstáculos à frente do partido".

Bibliografia Consultada:

Christo, Francisco Manuel Homem, Notas da Minha Vida e do Meu Tempo, vol IV, Livraria Editora Guimarães, Lisboa, s.d.

Fernandes, Paulo Jorge, "Garcia, José Elias", Dicionário Biográfico Parlamentar,vol II (D-M), coord. Maria Filomena Mónica, col. Parlamento, ICS/Assembleia da República, 2005, p. 300-304.

Lima, Sebastião de Magalhães, Episódios da Minha vida. Memórias Documentadas, 2ª ed., Livraria Universal, Lisboa, 1928

Marques, A. H. Oliveira, Dicionário de Maçonaria Portuguesa, vol. I, Editorial Delta, Lisboa, 1986, col. 627-629.

Rego, Raúl, História da República. A Ideia e a Propaganda, vol. I, Círculo de Leitores, Lisboa, 1986

AABM

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

JOÃO CHAGAS



João Chagas [1863-1925]

J.M.M.

ALMA NOVA


Publicação mensal ilustrada de Moral, Critica e Literatura, editada por Mateus Martins Moreno (1892-1970), entre 20 de Setembro de 1914 a Janeiro de 1918 (I série, 25 números); segue com uma II série de 1918 a 1922; a III série vai de Abril de 1922 (nº1) a Dezembro de 1925 (36 números); a IV série tem início em Março de 1926 e a V (e última) série data de Junho de 1927 e acaba a Maio de 1929.

Principais colaboradores: Afonso Lopes Vieira, Alfredo Guisado, Ana de Castro Osório, António Ferro, António Sérgio, Aquilino Ribeiro, Augusto Santa Rita, Bordalo Pinheiro, Câmara Reys, Ferreira de Castro, Fidelino Figueiredo, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Irene Lisboa, José Rodrigues Miguéis, Júlio Dantas, Leite de Vasconcelos, Manuel Teixeira-Gomes, Mário de Sá-Carneiro, entre outros.

Pode ser consultada on line.

J.M.M.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

EM NOME DAS VÍTIMAS DOS TRIBUNAIS PLENÁRIOS ...


"Aqui funcionou o 'Tribunal Plenário', onde entre 1945 e 1974 - período da Ditadura - foram condenados inúmeros adversários do regime, acusados de crimes contra a segurança do Estado.

A justiça e os direitos humanos não foram dignificados.

Após o 25 de Abril de 1974 a memória perdura e a justiça ganhou sentido.

À dignidade dos homens e mulheres aqui julgados por se terem oposto ao regime da ditadura.

O Movimento Cívico Não Apaguem a Memória
"

[texto da lápide em nome das vítimas dos Tribunais Plenários - que existiram, entre 1945 e 1974, durante o Estado Novo - descerrada no passado dia 6 de Dezembro na actual 6ª Vara Criminal, onde outrora funcionava o "tribunal plenário" do antigo regime da ditadura, organizado pelo Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória"]

J.M.M.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

FUNERAL DE FRANÇA BORGES



1915 (Novembro) - Redacção do jornal O Mundo, no funeral do seu director França Borges [foto de Joshua Benoliel]

J.M.M.

domingo, 10 de dezembro de 2006

JOSÉ CAETANO DE AMORIM BENEVIDES


Nasceu em Loulé, a 18 de Dezembro de 1866, filho de José Caetano Benevides e de Adelaide Augusta de Amorim. Frequentou o Liceu de Faro de onde seguiu para a Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito em 1890.

Foi um dos dinamizadores das comemorações do Centenário do Marquês de Pombal, logo em Maio de 1882. Instalou-se em Lisboa como advogado e nessa actividade se distinguiu especialmente nos temas ligados ao Direito Comercial.

Foi também um dos fortes defensores das ideias republicanas sendo mesmo eleito membro do Directório do partido juntamente com Manuel de Arriaga e Higino de Sousa. Sendo também candidato a deputado por esse partido, como aconteceu em 1901. Após a implantação da República afastou-se da vida política e dedicou-se exclusivamente à advocacia.

Entre a sua actividade cultural destaca-se a direcção da Revista de Direito Commercial entre 1894 e 1901, dirigiu também o diário republicano A Pátria entre Março e Dezembro de 1899.

Era personalidade muito prestigiada no meio forense, tendo sido vogal e secretário do VII Congresso da União Internacional de Direito Penal, com sede em Berlim e que se reuniu em Lisboa em Abril de 1897. Pertenceu como sócio efectivo da International Law Association, de Londres; da Société de Legislation Etrangère, de Paris; da American Society of International Law, de Washington.

Deixou publicados numerosos trabalhos e várias conferências e discursos. Entre as suas principais publicações destacam-se:

Contractos Commerciais, Actos Comerciais, Troca, Compra e Venda, Aluguer, Transporte Terrestre, Estudos sobre o Código Commercial de 1882, Lisboa, 1892;

Um projecto de Lei e a responsabilidade na gerência das sociedades anonymas (Separata de «O Instituto»), vol. XLI, nº 11, Maio de 1894, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1894;

Aggravo crime - Agravante António Narciso Rebello Alves Correia, Lisboa, 1894;

Socialismo e Anarchismo (Conferências realizadas no Atheneu Commercial de Lisboa por Magalhães Lima, José Benevides e Fernando Martins de Carvalho), Lisboa, Antiga Casa Bertrand - José Bastos Livreiro Editor, 1894;

O Direito Privado Social (Discurso Inaugural da Conferência na Associação dos Advogados de Lisboa do ano 1896-1897, Lisboa, 1897;

Petição de agravo - Agravante António França Borges, Lisboa;

A Lei das Sociedades por Cotas de Responsabilidade Limitada, de 11 de Abril de 1901, Anotada pelo Dr. José Benevides, Lisboa, s.d., etc.

Era também possuidor de uma boa biblioteca que, depois da sua morte, foi vendida em leilão iniciado em 27 de Janeiro de 1941 [Catálogo da Biblioteca que pertenceu ao ilustre advogado Dr. José Benevides ..., leilão organizado por Arnaldo Henriques de Oliveira, Lisboa, 1941, 72 pág.]. Nessa biblioteca constavam cerca de 1282 espécies. O Dr. José Benevides, faleceu em Lisboa, em 1940 .

Bibliografia Consultada: Mário Lyster Franco, Algarviana. Subsídios para uma Bibliografia do Algarve e dos Autores Algarvios, vol I (A-B), Câmara Municipal de Faro, Faro, 1982, p. 298-300

AABM

ALBANO COUTINHO


Nasceu em Lisboa a 5 de Dezembro de 1848. Estudou em Lisboa, primeiro no Liceu e mais tarde frequentou o Curso Superior de Letras e o Instituto Geral de Agricultura. Foi um dos membros fundadores do Partido Republicano em 1876. Destacou-se, porém, como jornalista. Colaborou, entre outros, nos seguintes periódicos:

- Gazeta de Portugal, Lisboa
- Economias, Lisboa
- Partido do Povo, Lisboa
- Século, Lisboa
- Primeiro de Janeiro, Porto.

Por morte do pai assumiu os negócios da família na região vitivinícola da Bairrada. Foi Vice-Presidente do Sindicato Agrícola do Distrito de Aveiro, vogal do Conselho de Agricultura de Aveiro e Presidente da Sociedade das Águas da Curia.

Exerceu funções políticas como Governador Civil de Aveiro, logo após a implantação da República (1910), foi deputado e mais tarde senador eleito por este distrito.

Enquanto homem de letras deixou publicadas as seguintes obras:

- A Filha do Comendador (Peça de Teatro: comédia);
- Divórcio (folhetim publicado no jornal Partido do Povo);
- Ociosos (colectânea de escritos esparsos).

Faleceu, em Lisboa, a 31 de Agosto de 1935.

Sobre Albano Coutinho, escreve Magalhães Lima nas suas Memórias:

"um velho companheiro, muito amado, dos tempos heroicos da propaganda, ainda vivo, felizmente, Albano Coutinho, sempre o mesmo fiel e intemerato camarada" [Magalhães Lima, Episódios da Minha Vida. Memórias documentadas com fotografias e caricaturas, 2ª ed., Livraria Universal, Lisboa, 1928, p. 56]

AABM

sábado, 9 de dezembro de 2006

LEITURAS - CAPITÃO BARROS BASTO


"Escrito propositadamente e em exclusivo para a Rua da Judiaria", foi publicado um artigo (de Inácio Steinhardt) apresentando novos dados sobre o Capitão Barros Basto, "republicano de ascendência cripto-judaica, combatente (com condecorações e louvores) da 1ª Grande Guerra, e que foi o fundador da comunidade israelita no Porto, em 1923" [in Ben-Rosh Uma biografia do capitão Barros Bastos, o apóstolo dos marranos, de Inácio Steinhardt & Elvira Cunha Azevedo Mea, Afrontamento, 1997).

J.M.M.

NOVAS EFEMÉRIDES REPUBLICANAS PARA DEZEMBRO

Dia 1

1883: Publica-se o primeiro número do jornal republicano Discussão.



1906: Grandes manifestações no Porto, por ocasião da chegada de Afonso Costa e Alexandre Braga. A intervenção da guarda municipal provoca a morte do operário Oliveira Barros.



1907: inscrevem-se como sócios do centro republicano do Largo de S. Carlos (Lisboa), os pares do reino Augusto José da Cunha e Anselmo Braamcamp Freire.

Dia 2

1892: Morre o republicano e livre-pensador Quirino Gil Carneiro.

1900: em sessão da Liga Académica Republicana resolve-se a fundação da Escola 31 de Janeiro.

Dia 3

1906: É expulso da Câmara dos Deputados, no meio da força armada, o Dr. João de Menezes , que é readmitido na mesma sessão.

Dia 4

1893: Morre em Lisboa o poeta e dramaturgo Luís Augusto Palmeirim, que prestou relevantes serviços na revolução popular da Maria da Fonte.

Dia 5

1848: Nasce em Lisboa, Albano Coutinho.

1883: Morre em Lisboa o fundador da Voz do Operário, Custódio Brás Pacheco.

1906: A polícia de Lisboa impede os deputados republicanos espanhóis D. Félix Azzali e D. António Sambatino de entregarem uma mensagem, com 25 000 assinaturas aos parlamentares republicanos portugueses.

Dia 6:

1906: Os estudantes revolucionários de Coimbra começam a distribuição de um volento manifesto em que protestam contra a expulsão dos deputados Afonso Costa e Alexandre Braga.

Dia 7

1879: Morre em Serpa o notável propagandista do movimento associativo António Carlos Calisto.

1907: Constitui-se em Novo Redondo (Sumbe - Angola) um centro republicano destinado a propaganda política e a actos de beneficiência.

Dia 8

1886: Morre em Lisboa Teófilo Braga (Filho), sendo enterrado civilmente.

1906: Grande comício em Leiria em que tomam parte os Drs. Bernardino Machado e António José de Almeida.

Dia 11

1896: Magalhães Lima abandona a direcção do Século.

1904: Morre em Beja o dedicado republicano e democrata Francisco das Neves Baião.

Dia 13

1873: Nasce em Couto de Cucujães (Oliveira de Azemeis), o Dr. Ângelo da Fonseca, lente de medicina da Universidade de Coimbra.

Dia 14

1890: Morre em Lisboa o propagandista republicano do Bairro de Alfama, Casimiro Gomes.

Dia 15

1888: Morre em Tomar o dedicado republicano Sebastião José de Oliveira.

Dia 16

1906: Grande comício de protesto em Lisboa contra a expulsão dos deputados republicanos do Parlamento.

Dia 17

1893: Morre em Lisboa o literato Eduardo de Barros Lobo, o primeiro tradutor do Germinal, de Emílio Zola.



1896: Por ofensas e injurias ao regime, publicadas no semanário A Barricada, dão entrada na cadeia do Limoeiro o jornalista João Chagas e os estudantes Gonçalves Neves, Carlos Marques e José Soares.

Dia 18

1866: Nasce em Loulé o Dr. José Benevides.

1901: Recebe-se a notícia de haver vencido a eleição no Dondo (Moçambique), o Dr. Afonso Costa.

Dia 19

1903: Morre em Lisboa o velho republicano Francisco Leal Pancada.

Dia 20

1902: O Clube José Falcão é intimado a fechar portas, sob o pretexto de falta de estatutos.

1903: Morre em Lisboa o poeta socialista e conhecido operário gráfico Soto Maior Júdice.

Dia 21

1906: Regressam à Câmara dos Deputados os Drs. Afonso Costa e Alexandre Braga, sendo-lhes entregue uma mensagem assinada por 44 389 cidadãos, protestando contra a sua expulsão.

Dia 22

1902: Morre em Lisboa, o general Bento José da Cunha Viana, antigo colaborador do jornal Democracia.

Dia 23

1906: Grande banquete, presidido por Magalhães Lima, em honra dos deputados republicanos.

Dia 25

1881: Nasce em Vale de Açor o Dr. Lopes de Oliveira, redactor da Beira e professor no Liceu de Viseu.

Dia 26

1884: Morre no Porto o poeta revolucionário Ernesto Pires.

1809: Nasce José Estevão Coelho de Magalhães.

1845: Nasce o vereador da Camara Municipal de Lisboa (1909), António Cardoso de Oliveira.

Dia 28

1857: Nasce em Mourisca (Águeda), o ilustre republicano Sebastião Correia Saraiva Lima.

Dia 29
1900: O Tribunal de Verificação de Poderes anula a eleição republicana do Porto.

Dia 30

1835: Nasce em Lisboa o professor Joaquim Sabino Eleutério de Sousa.

1903: Morre no Porto o redactor do Norte, Dr. Dinis Neves, que é enterrado civilmente.

Dia 31

1830: Nasce em Cacilhas o eminente chefe republicano José Elias Garcia.

AABM

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

NA MORTE DE ALFREDO PEREIRA GOMES (1909-2006)


Tomámos conhecimento, aqui e aqui, que o professor Alfredo Pereira Gomes, ilustre matemático da geração de ouro dos anos 30 e 40 e, como muitos outros, exilado político nos tempos do Estado Novo, tinha falecido no dia 29 do mês de Novembro, último. Com uma "actividade científica" assinalável (ver nota da SPM), era um dos "últimos sobreviventes" de uma geração de matemáticos notáveis (ver aqui), como Bento de Jesus Caraça, Ruy Luís Gomes, António Aniceto Monteiro, Manuel A. Zaluar Nunes, José Sebastião e Silva, José Cardoso Morgado Júnior. Como militante oposicionista à ditadura, sofreu a expulsão da docência universitária (como muitos - ver nota 1) pelo regime de Salazar, partiu para França e, posteriormente, para o Brasil (Recife - ver aqui) onde deixou uma obra notável [ver nota 2], regressando depois a França e, na abertura Marcelista, regressa finalmente a Portugal. Registe-se que era irmão do escritor Soeiro Pereira Gomes e sócio honorário da SPM.

Nota 1: "Nos fins de 1946 e em 1947, foram afastados do ensino universitário do Porto, Lisboa e Coimbra, entre outros, Bento Caraça, M. Azevedo Gomes, Ruy Luís Gomes, Pulido Valente, Fernando Fonseca, Ferreira de Macedo, Peres de Carvalho, Dias Amado, Celestino da Costa, Cândido de Oliveira, Adelino da Costa, Caseão de Anciães, Mário Silva, Torre de Assunção, Flávio Resende, Zaluar Nunes, Remy Freire, Crabée Rocha, Manuel Valadares, Armando Gilbert, Lopes Raimundo, Laureano Barros, José Morgado, Morbey Rodrigues, A.Pereira Gomes, A. Sá da Costa, Virgílio Barroso, Jorge Delgado, Aurélio Marques da Silva, ao mesmo tempo que foram impedidos de ingressar no professorado universitário, entre outros, António Monteiro, António Soares, Hugo Ribeiro e F. Soares David (a este último, e pela primeira vez, foi honrosamente atribuído o Prémio Nacional Gomes Teixeira, quando era aluno do 4º ano da licenciatura em Matemática)" - ler aqui]

Nota 2: ["Nesta oportunidade, desejo render a minha sincera homenagem aos nomes dos matemáticos da Universidade Federal de Pernambuco que, a meu ver, mais significativamente contribuíram para tornar o Recife o maior e o melhor centro matemático do Nordeste brasileiro e um dos mais pujantes da América Latina. Refiro-me a meus colegas e amigos, os Professores Alfredo Pereira Gomes, Fernando António Figueiredo Cardoso da Silva, José Cardoso Morgado Júnior, Manuel Zaluar Nunes, Roberto Figueiredo Ramalho de Azevedo e Ruy Luís Gomes. Foi a dedicação incansável destes cientistas e, acima de tudo, sua visão correta do problema da implantação de uma verdadeira escola matemática em todos os seus níveis, que os conduziram não somente ao sucesso alcançado, mas também à compreensão do rumo a imprimir num futuro previsível." - ler aqui]

J.M.M.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

FLAUSINO TORRES (1906-1974)


Flausino Torres (1906-1974)

Na passagem do Centenário do Nascimento de Flausino Torres, lançamento de Livro (Edições Afrontamento) e abertura da Exposição (documentos e fragmentos biográficos).

Quinta-feira, 7 de Dezembro às 18.00h, na ACERT (Associação Recreativa e Cultural de Tondela), com o apoio da Câmara Municipal de Tondela e Edições Afrontamento.

J.M.M.

FAZER HISTÓRIA - ESCREVER HISTÓRIA


"Escrever é agir. Mas só pode agir aquele que conhece o ambiente e que é capaz, dentro dele, de nadar como peixe na água. Poderá escrever uma história da Física quem não conheça as leis do pêndulo ou os processos de medir a velocidade da luz ou a matemática necessária para compreender alguma coisa das relações entre o espaço, o tempo e a velocidade? E quem pode ser físico senão aquele que trabalhe nos laboratórios e saiba servir-se do cálculo de forma eficiente e prática?

Ora o escritor é como o físico. Um Balzac poderia ter falado da mulher de 30 anos, ou do amor se tivesse vivido numa sociedade imaginaria, em vez da realíssima sociedade do período em que lhe decorreu a vida?

(...) Aquele que pretende escrever a história da sua época, embora limitada a um pequeno sector da vida da humanidade, tem de ser um activista como foi Herculano (...)

Escrever História é fazer História. Não se pode hoje escrevê-la - referimo-nos sobretudo à História dos nossos dias - simplesmente alimentados com o pó dos arquivos (...)

O historiador de escol, o historiador da visão superior dos acontecimentos, terá de ver as coisas de cima para baixo, tal como deus; e os deuses vêem tudo sub specie aeternitatis ..."

[Flausino Torres, in pref. História Contemporânea do Povo Português, Prelo, s.d., I vol, 2ª ed. 1974 - sublinhados nossos]

J.M.M.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

OS CAMPOS, A ARTE E A LITERATURA



"Os artistas plásticos e os poetas deixaram-se em todos os tempos influenciar pela vida do campo (...)

... ainda hoje se mantém, quase inabalável, um ruralismo literário bastante primitivo; ainda há poetas que cantam o pôr-do-sol quase nos mesmos termos e moldes dos românticos mais característicos. Quem um dia folhear os actuais jornais de província, aí encontrará ainda o deslumbramento pelo regato que corre murmurante, pelas folhas amarelecidas e avermelhadas pelos últimos raios de sol de Outono, pelo rebentar da vegetação na Primavera, pelo canto da passarada; e igualmente pela saúde e alegria dos camponeses, pelo que há de são e forte na vida do trabalhador e por mil e outros aspectos que somente descobre o olho azul daquele que não tem as mãos calejadas, a barba de oito dias, os filhos a choramingar à noite à espera do caldo e da cama. Que somente descobre, em toda a sua pobreza, aquele que não é camponês de vida e de trabalhos ..."

[Flausino Torres, in Os Campos, a arte e a literatura, Vértice, vol 213, nº 234/236 (Março-Maio 1963), p. 164]

J.M.M.

FLAUSINO TORRES ... SOBRE STUART MILL



[in pref. "Memórias" de Stuart Mill, Editorial Gleba, s.d., p.IX]

J.M.M.

ANTÓNIO DE OLIVEIRA MARRECA


Hoje, uma figura quase desconhecida dos portugueses, mas durante o século XIX foi um escritor com algum relevo, tendo-se destacado sobretudo na sua vertente de economista. Nasceu em Santarém, a 5 de Março de 1805 e faleceu em Lisboa a 9 de Março de 1889. Foi deputado por quatro vezes nas seguintes legislaturas: 1838-1840 (Viseu); 1840-1842 (Viseu); 1851-1852 (Oliveira de Azemeis); 1858-1859 (Lisboa).

Em 1849 foi nomeado juri da exposição nacional que se realizou em Lisboa. Em 1852 foi nomeado lente de Economia Política no Instituto Industrial de Lisboa. Pertenceu como sócio efectivo à Academia Real das Ciências de Lisboa, foi Director da Biblioteca Nacional e Guarda-Mor da Torre do Tombo. A partir de 1887, com a extinção deste organismo foi colocado na Inspecção-Geral das Bibliotecas e Arquivos.

Em 1848, fazia parte do triunvirato republicano, constituído em Lisboa, composto também por José Estevão e Rodrigues Sampaio [Vejam-se as comemorações do centenário deste aqui].

Envolveu-se profundamente na chamada "conspiração das hidras", combateu o governo de Costa Cabral, participou na revolta da Janeirinha e participou no primeiro directório republicano em 1870, ainda sem existir um Partido Republicano formalmente constituído.

Colaborou em diversas publicções onde se destacam O Panorama, Ilustração Luso-Brasileira, A Revolução de Setembro, Revista Económica, Jornal Universal e O Ateneu.

O nosso Inocêncio, no seu Dicionário Bibliográfico Portuguêz, vol. I, VIII e XXI assinala as seguintes obras:

Noções elementares de Economia Política, para servir de compêndio ás pessoas que frequentam o curso desta ciência, fundado pela Associação Mercantil de Lisboa, e dirigido pelo auctor. Lisboa, na Typ. do Largo do Contador mor 1838.

Importância da Economia Política: Artigo inserto no Jornal da Sociedade dos Amigos das Letras numero 1, 1836, pag. 13 a 18.

Considerações sobre o curve d'Economia Politica, publicado em Paris em 1842 pelo sr. Miguel Chevalier. Insertas no Panorama, vol. Vll, 1843, nos numeros 70, 71, 72, 74, 77, 78, 80, 81, 83, 85, 86, 90, 93.

Manuel de Sousa de Sepulveda. Trecho historico romantico. Sahiu no Panorama, volume dito, n.°. 87, 88, 89, 90, 91, 92.

O Conde Soberano de Castella, Fernão Gonçalves. Romance, começado no Panorama de 1844, e continuado no de 1853, volume II da 3.ª serie.

Sociedade Promotora da Indústria Nacional. Exposição da Indústria de 1849. Lisboa, na Typ. da Revista Universal Lisbonense. 1850.
Neste volume de 154 pag. é da pena deste autor o Relatorio geral do Jurado que principia a pag. 3 e finda a pag. 63; no qual a grande questão da protecção e da liberdade de comércio vem considerada sob todos os seus variados aspectos.

Parecer e memoria sobre um projecto de Estatistica. Lisboa, na Typ. da Acad. R. das Sc. 1854. 4.° gr. de 108 pag. E no tomo I parte das Mem. da Acad., nova serie, classe 2.ª

Jornal mensal de educação, redigido sob a especial protecção de S. M. a Rainha. Lisboa, Imp. Nacional 1835. Creio que só se publicou o n.º l.º, datado de Outubro de 1835.

Maria, ou Amavel: romance historico. - Sahiu no Archivo Universal tomo II, a pag. 263, 285, 312, 326, 360.

Manuel de Sousa de Sepúlveda. - Ibi, no dito volume, a pag. 376, 391,406.

Publicou ainda em 1882, Projecto de Organização Definitiva do Partido Republicano que interessa bastante para se compreender as modalidades de organização do Partido Republicano nas suas origens.

Bibliografia Consultada:

Inocêncio Francisco da Silva, Dicionário Bibligráfico Portuguêz, vol. I, VIII e XXII, Imprensa Nacional, Lisboa, vários anos, p. 215-216; p. 264; p. 333-335.

Luis Dória, "Marreca, António de Oliveira", Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910), vol. II (D-M), coord. Maria Filomena Mónica, ICS/Assembleia da República, Lisboa, 2005, p. 757-759.

AABM

domingo, 3 de dezembro de 2006

EFEMÉRIDES DE DEZEMBRO

dia 1

1854: Começa a publicar-se em Lisboa o periódico A Tribuna do Operário

1883: Inaugura-se na vila de Barcelos o Clube Democrático Barcelense.

dia 3

1876: Funda-se em Lisboa o Clube Mundo Novo.

1882: Realiza-se, em Lisboa, num recinto da Rua de S. Bento, nº 636, um comício republicano, a que concorrem cerca de 7000 cidadãos [números da imprensa republicana], para tratar das questões do Congo e da Nunciatura, sendo intimada a mesa pelas autoridades para não se realizar o comício, que se dissolveu em boa ordem.

1882: Sai na Horta, ilha do Faial, o número um do semanário republicano O Raio.

1883: Inaugura-se, no Porto, na freguesia de Santo Ildefonso, o Clube Eleitoral Republicano Soberania Popular.

dia 4

1883: Sai, no Porto, o primeiro número do semanário socialista O Combatente.

dia 15

1880: Sai, em Lisboa, o número programa do diário republicano O Século.

dia 17

1873: Manifestação republicana, em Lisboa, no teatro do Príncipe Real, promovida pelos redactores do Rebate.

dia 21

1879: Comício realizado no teatro Baquet, do Porto, convocado pelo deputado eleito pelo Partido Republicano, Rodrigues de Freitas, para dar contas do acto eleitoral.

dia 22
1881: Sai na Póvoa de Varzim o primeiro número do semanário republicano A Independência.


dia 24

1882: Banquete republicano presidido por Oliveira Marreca, para comemorar a eleição do deputado Manuel de Arriaga, e em que se resolve a organização definitiva do Partido Republicano.

dia 25

1861: são proibidas despoticamente as reuniões da Sociedade Patriótica de Lisboa, sob o pretexto de falta de estudo.

dia 26

1882: Primeira reunião no Clube Henriques Nogueira, da comissão aclamada no banquete do dia 24, para tratar da organização do Partido Republicano.

AABM

sábado, 2 de dezembro de 2006

FLAUSINO TORRES - ARTIGOS NA VÉRTICE


Os problemas do ensino, vol 19, nº 188 (Maio 1959), p. 231-233 / A propósito de 'Amorim Viana e Proudhon', de Victor de Sá, vol 21, nº 209 (Fev. 1961), p. 103-110 / Breve nota acerca da 'Teoria do Ser e da Verdade', de José Marinho, vol 21, nº 212 (Maio 1961), p. 338-341 / Chuva, lume e resposta ao Régio, vol 21, nº 218/219 (Nov-Dez. 1961), p. 694-700 / Acerca de Oliveira Martins: Conclusões de um trabalho a publicar, vol 22, nº 221 (Fev. 1962), p. 107-120 / Os Campos, a arte e a literatura, vol 213, nº 234/236 (Março-Maio 1963), p. 164-167 / A propósito de a Revolução Francesa, vol 24, nº 246/247 (Março-Abril 1964), p. 160-164 / A propósito da Historia do Povo Português, vol 24, nº 250/2451 (Julho-Agosto 1964), p. 412-425 / A propósito das Origens do Povo Português, vol 24, nº 254/255 (Nov-Dez 1964), p. 587-594 / A propósito de o dinheiro e o pão, vol 25, nº 260 (Maio 1965), p. 337-364

J.M.M.

FLAUSINO TORRES - BIBLIOGRAFIA


Civilizações Primitivas, Edições Cosmos, 1943 / Religiões Primitivas, Edições Cosmos, 1944 / Sociedades Primitivas [co-autor com Antonino de Sousa], Emp. Contemporânea de Edições, 1945 / O Mundo Mediterrânico do séc. XII a.C. ao séc. III d.C.: introdução geográfica-económica, Cosmos, 1945 / Civilizações de Nómadas Sedentarizados [co-autor com Antonino de Sousa], Emp. Contemporânea de Edições, 1946 / Civilizações Fluviais [co-autor com Antonino de Sousa], Emp. Contemporânea de Edições, 1946 / O Império Comercial [co-autor com Antonino de Sousa], Emp. Contemporânea de Edições, 1946 / Primeiro Império Comercial: Evolução Política e Social [co-autor com Antonino de Sousa], Emp. Contemporânea de Edições, 1946 / Memórias Stuart Mill [trad. e pref.], Gleba, s.d. / Recordações da infância e da juventude de Ernest Renan [trad. e pref.], Gleba, s.d. / As Origens da República: leituras históricas, Prelo, 1965 / Notas Acerca da Geração de 70, Portugália, 1967 / Portugal, uma perspectiva da sua história, Afrontamento, 1970 / História Contemporânea do Povo Português, Prelo, s.d. (2ª ed. 1974), III vols

Flausino Torres colaborou, ao que sabemos, na Seara Nova, Vértice e Independência de Águeda, onde publicou alguns artigos, que daremos referência.

J.M.M.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

MUNDO FASCINANTE


"Vivemos num mundo fascinante em que se assiste ao colapso de todos os sistemas de pensamento dos últimos cem anos. E a reacção foi uma crise geral de descrença, de cepticismo e rancor relativamente aos ídolos abatidos (...)

Uma tal atitude tem de positivo um movimento salutar de interrogação, ao qual várias correntes inovadoras tentam responder. O que não invalida a instalação sistemática da palavra 'Crise' nesta era: crise epistemológica, crise filosófica, crise politica e, claro, crise económica (...)

O que provoca a História, penso eu, não é exclusivamente a dinâmica da economia, das relações de produção e troca de bens, mas fundamentalmente a produção e troca de mitos, de ideias"

[Lima de Freitas, Porto do Graal, Ésquilo, 2006]

J.M.M.

NEVOEIRO



Nem Rei nem lei, nem paz nem Guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(que ânsia distante perto chora?).
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro ...
É a Hora!

Valete, Fratres

[Fernando Pessoa, 10/12/1928]

J.M.M.