sexta-feira, 29 de abril de 2011

COLÓQUIO - SANTOS ROCHA, A ARQUEOLOGIA E A SOCIEDADE DO SEU TEMPO

COLÓQUIO: "Santos Rocha, a Arqueologia e a Sociedade do seu Tempo"; DIA: 6 de Maio; LOCAL: Auditório do Museu Municipal Santos Rocha (Figueira da Foz); INSCRIÇÃO: Museu Municipal Santos Rocha. NOTA: "António dos Santos Rocha nasce a 30 de Abril de 1853, na Figueira da Foz. Em 1875 concluiu o bacharelato de Direito na Universidade de Coimbra. Contudo, e apesar de exercer advocacia [em Lisboa e Figueira da Foz], cedo revela grande interesse pela investigação arqueológica. No campo da arqueologia, foi à estação de Santa Olaia que mais se dedicou e que lhe permitiu teorizar, estabelecendo com os seus achados alguns caminhos inéditos ou ainda muito obscuros na investigação arqueológica daquela época. A 6 de Maio de 1894, é inaugurado o Museu Municipal da Figueira da Foz, cuja criação se deve à acção de um grupo de intelectuais figueirenses, à frente dos quais sobressai a figura de Santos Rocha, desde logo indigitado como seu primeiro director. Em 1898 organiza, com alguns companheiros a Sociedade Arqueológica da Figueira, de que é, aliás, eleito presidente. António dos Santos Rocha faleceu na sua cidade natal em 28 de Março de 1910" [ler AQUI] [foi Provedor da Misericórdia (1876-81); Presidente da Câmara (1877-1880 e 1902-04), presidiu à Associação Comercial e foi director do jornal "Correspondência da Figueira"; foi sócio do Instituto de Coimbra, da Sociedade Carlos Ribeiro (Porto) e membro honorário da Real Associação dos Arquitectos Civis e Arqueólogos Portugueses; foi maçon da Loja Fraternidade Universal (1874-1876), nº 89 do Rito Francês, da Figueira da Foz]. J.M.M.

MEMÓRIAS DE UM RESISTENTE ÀS DITADURAS


LIVRO: "Memórias de um resistente às Ditaduras";
AUTOR: Manuel António Correia [introdução de Irene Flunser Pimentel];
EDITORA: Temas & Debates.

Combatente do 5 de Outubro de 1910 e da geração dos que foram mobilizados no Corpo Expedicionário Português para a França e a Flandres durante a Grande Guerra e participaram depois em inúmeras sublevações contra a ditadura militar e o Estado Novo, o coronel Manuel António Correia (1893-1987) escreveu estas memórias aos 91 anos, levado pela constatação de «que a maior parte dos nossos jovens, e mesmo alguns adultos, desconhecem quase completamente tudo que se relaciona com a implantação da República em Portugal» e também porque a maioria dos portugueses «ignora o que foi a comparticipação portuguesa na Grande Guerra, o que motivou a nossa ida para França e as consequências daí advindas», bem como desconhece «o que foi a prolongada luta contra a ditadura fradesca de Salazar». [ler AQUI]

J.M.M.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

IN MEMORIAM: VITORINO MAGALHÃES GODINHO



Nasceu em Lisboa a 9 de Junho de 1918, filho de Vitorino Henriques Godinho, oficial do Exército e político republicano.

Estudou nos Liceus de Gil Vicente e de Pedro Nunes, em Lisboa. Ingressou depois na Faculdade de Letras de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas (1940), com a tese Razão e História.

Casa com Maria Antonieta Ferreira, em 1942.

Torna-se professor extraordinário nesta faculdade, entre 1941 e 1944. Aí lecciona quase todas as «histórias», como referiu o Prof. Romero Magalhães: "oriental, clássica, moderna e contemporânea, geral da civilização, numismática" [Luís Reis Torgal; José Amado Mendes; Fernando Catroga, História da História em Portugal. A História através da História, vol. 1, Temas e Debates, Lisboa, 1998, p. 370].

Porém, apontado como elemento da oposição ao Estado Novo foi impedido de continuar a carreira universitária em Portugal. Desenvolve então actividade como professor do ensino livre no Ateneu Comercial de Lisboa (1944-1946). Segue então para Paris, onde se torna investigador no Centre National de la Recherche Scientifique. Na capital francesa, estuda, pesquisa, publica e priva com os grandes nomes da École Pratique des Hautes Études, entre os quais Lucien Febvre, Fernand Braudel e Ernest Labrousse, tendo deles bebido as novas metodologias de análise histórica desenvolvidas em volta da revista Annales. Assim, entre 1947 e 1960, permanece neste centro de excelência da historiografia europeia.

Em 1959, recebe o título de doutor pela Faculdade de Letras de Paris e exerce funções como professor na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade de Clermont-Ferrand (1970-1974), onde viria a receber depois o título de Doutor Honoris Causa. No curto período de 1960-1962, permanece em Portugal, tendo desempenhado funções de professor no Instituto Superior de Estudo Ultramarinos, mas foi demitido devido ao seu envolvimento na crise académica de 1962. Participa ainda no Congresso Republicano de Aveiro e continua a actividade oposicionista, que se manifesta na publicação de livros como O Socialismo e o Futuro da Península (1970) e Um Rumo para a Educação (1974).

Durante a década de sessenta desenvolve uma considerável acção política e cultural. Colabora na imprensa, publica diversas obras, dirige várias colecções e escreve vários ensaios onde defende uma mudança da sociedade portuguesa, em especial no âmbito do ensino.

Com a revolução de Abril de 1974, regressa a Portugal e participa activamente na política interna integrando o II Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, onde permanece durante alguns meses. Regressa à vida académica e como professor catedrático, lecciona na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desempenha ainda funções como coordenador de departamento de Sociologia (1975-1988) e ocupa as funções de Director da Biblioteca Nacional (1984).

Em 1988 alcança a jubilação como catedrático da Universidade Nova de Lisboa e é alvo de uma homenagem nacional. Considerado um dos mais reputados historiadores portugueses do século XX, foram seus discípulos outros importantes historiadores como Jorge Borges de Macedo, Julião Soares de Sousa, Joel Serrão, Joaquim Romero Magalhães, David Justino e muitos outros.

Como afirma José Amado Mendes , "Magalhães Godinho contribuiu muitíssimo para «democratizar» a História, ampliando as temáticas a investigar, procurando superar a história tradicional, de tendências erudita, política e factual"[ob. cit., p. 377].
Em 2003, no âmbito de um colóquio realizado em Paris, que lhe é dedicado, subordinado ao título Portugal e o Mundo. Leituras da Obra de Vitorino Magalhães Godinho surge novamente a público concedendo algumas entrevistas. Tendo sido também publicada uma obra Estudos e Ensaios em Homenagem a Vitorino Magalhães Godinho.

Era sócio correspondente da Academia Brasileira de Artes e Letras, da Royal Academy , de Londres, entre outras instituições científicas.

Recebeu diversos prémios ao longo da sua extensa carreira de onde destacamos o Grande Prémio da Académie de Marine (1970) e o Prémio Balzan (1991).

Os seus trabalhos cietíficos versam sobretudo sobre problemas económicos, dedicando particular atenção ao período da Expansão Marítima, como A Economia dos Descobrimentos Henriquinos (1962); Os Descobrimentos e a Economia Mundial (1963-1971), Estrutura da Anttiga Sociedade Portuguesa (1971); Mito e Mercadoria, Utopia e Prática de Navegar, Séculos XII-XVIII (1990).

Colabora em múltiplos órgãos da imprensa escrita, além das numerosas revistas de carácter científico, que nos dispensamos de apontar neste espaço, porque foram inúmeras como: O Diabo (1934-1940), Gládio (1935), Revista do Porto (1940), Síntese (1939-1941), Bulletin des Études Portugaises (1931-1972), Critério (1975-1976), Gazeta Musical e de Todas as Artes (1950-1957), Horizonte (1942-1943), Jornal de Letras Artes e Ideias (1981 - ), Mundo Literário (1946-1948), Nova Renascença (1980 - ?), Ocidente (1938-1973), Seara Nova (1921-1979), O Tempo e o Modo (1963-1977), Vértice (1942- )entre várias outras.

Acerca de Vitorino Magalhães Godinho recomendamos a visita ao texto do Dr. Mário Soares, seu antigo aluno AQUI, o texto de homenagem do Doutor Diogo Ramada Curto, publicado AQUI ou a homenagem que lhe é feita AQUI.

Faleceu a 26 de Abril de 2011, com 92 anos.

terça-feira, 26 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

VIVA O 25 DE ABRIL!


"A DEMOCRACIA não é uma palavra vã … é a Igualdade Social e Económica, tendo por instrumento a Liberdade Política. É a partilha justa, entre todos os membros da sociedade, dos bens materiais, como garantia duma igual distribuição dos bens morais entre todos. É a ponderação das forças sociais, feita pela lei e pelo pacto livre, em vez de ser feita pelo acaso cego, pela luta fratricida, pelo equilíbrio, a cada momento instável, da concorrência. É o trabalho considerado, definitivamente e realmente, a única base do Estado. É a lei feita, enfim, por todos, em serviço de todos. É o povo chamado ao banquete olímpico da Instrução, da Prosperidade e da Moralidade

Em duas palavras: o povo pede que o deixem ser homem …"

in DEMOCRACIA, por Antero de Quental, Almanak para a Democracia Portuguesa, 1870 - sublinhados nossos.

J.M.M.

domingo, 24 de abril de 2011

CRUZADA NUN’ÁLVARES – PARTE III


Em 1920, o Congresso da República instituiu a “Festa do Patriotismo” e determinou o levantamento de um monumento ao beato Nun’Álvares. A 14 de Agosto de 1921 comemorou-se a “Festa da Pátria”, com a presença do presidente da República, e que teve participação de laicistas como Magalhães Lima a par de uma comissão de mulheres pertencentes à Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira. No Manifesto de 1921 da Cruzada Nun’Álvares [escrito por Trindade Coelho; subscrito por republicanos conservadores (António José de Almeida, Braamcamp Freire, Egas Moniz, Henrique Trindade Coelho, Alfredo de Sousa, Jacinto Nunes, Celestino de Almeida), por católicos sociais (cónegos Martins do Rego e José Dias Andrade), por monárquicos constitucionalistas (Mello Breyner, Anselmo da Andrade, Costa Mesquitela) e por monárquicos integralistas (Pequito Rebelo, Antonio Sarmento Brandão)] e no seu Manifesto de 1926 (sob a pena de Martinho Nobre de Melo) já se “descortinavam alguns traços da síntese ideológica do Estado Novo, expressa por Oliveira Salazar no discurso de 30 de Julho de 1930” [ver Ernesto Castro Leal, ibidem]

A 14 de Agosto de 1925 é lançada a primeira pedra do monumento, justamente no Jardim de Santos (Lisboa) o qual passou a denominar-se Praça D. Nun’Álvares. Com sede em Lisboa, a organização estende-se a todo o país. Em 1923 a Cruzada aponta já a Itália de Mussolini como modelo a adoptar [cf. João B. Serra, Da Republica ao Estado Novo]. Não espanta, portanto, o apoio dado ao movimento militar sedicioso de 18 de Abril de 1925 [chefiado por Sinel Cordes, Filomeno da Câmara e Raul Esteves], bem como o discurso nacionalista revolucionário que o formatava, a que se seguirá o dia triunfante de 28 de Maio de 1926, com Gomes da Costa [sidonista e membro da Cruzada Nun’Álvares], Mendes Cabeçadas e Óscar Carmona. De referir que Martinho Nobre de Melo, director da revista “Reconquista” a partir de 15 de Janeiro de 1926, escassos treze dias antes do 28 de Maio (nº 6, de 15 de Maio de 1926) publica a foto de Gomes da Costa na primeira página da revista, com a legenda “Chefe nacional?” [cf. Ernesto Castro Leal; ver tb Luís Bigotte Chorão, op cit, p. 284].

As “experiências” tentadas pela Ditadura após o 28 de Maio, sempre com essa ideia estratégica da construção de uma “elite governamentalprovidencial, como foram a constituição da Milícia Nacional (1926), a União Nacional (1926-27) e a Vanguarda Nacional [1936, que com Afonso Miranda e o general Farinha Beirão propunham uma “dinâmica milicial” própria, mais tarde “absorvida” pela fundação da Legião Portuguesa], tiveram o apoio continuador da Cruzada ou do que dela restava, pois nunca esteve ausente do debate ideológico [ver Ernesto Castro Leal, ibidem]. Em 1928 a Cruzada Nun´Àlvares promove uma curiosa peregrinação a Fátima, dirigida pelo cónego Magalhães, onde estiveram presentes a comissão executiva da organização.

A organização extinguiu-se em 1938, dado estar em convergência com o ideário do Estado Novo, “reconhecendo a chefia pessoal de Oliveira Salazar” [Ernesto Castro Leal, ibidem].

Teve a Cruzada Nun’Álvares, além do seu Boletim, revistas ou órgãos doutrinários, como a “Cruzada Nacional Nun'Alvares” [1, Novembro de 1922; com subtítulo, revista quinzenal e órgão oficial da Cruzada Nacional D. Nun'Álvares Pereira; Direcção: João Afonso de Miranda; Impressão: Tip. Garrett, Lisboa]; a “Revista Nacional" [1, 15 de Maio de 1925 ao nº2; com o subtítulo de Órgão Defensor da Cruzada Nacional Nun’Álvares Pereira; Director: João Afonso de Miranda]; a já citada revista “A Reconquista” [1, 15 de Janeiro de 1926 ao nº6, 15 de Maio de 1926; aparece com o subtítulo, Órgão da Cruzada Nacional Nun’Álvares e da Liga Operária e Académica do Condestável; Administrador: João Xavier de Paiva; Editor: António Bernardo da Fonseca Batista; Colaboradores: Afonso Lopes Vieira, Afonso Lucas, Américo Durão, Anselmo de Andrade, Filomeno da Câmara, Hipólito Raposo, Martinho Nobre de Melo, João Ameal, Redacção e Adm: Travessa S. Pedro de Alcântara, 15; Director: Martinho Nobre de Melo; Correspondência: Rua da Palma, 180, 1º, Lisboa]; e a revista “Galeria do Santo Condestável” [1, 1929; publicação periódica da Cruzada Nacional Nun'Alvares; Direcção: F. M. Lobo da Costa].

FOTO: reprodução da revista "A Reconquista" (nº1), retirada, com a devida vénia, da obra citada de Luís Bigotte Chorão, "A Crise da República e a Ditadura Militar", Sextante, 2009.

J.M.M.

CRUZADA NUN’ÁLVARES – PARTE II


Inspirada e tutelada por Martinho Nobre de Melo [1891-1985, ministro da Justiça de Sidónio Pais, prof. de Direito, embaixador e director do Diário Popular], a Cruzada Nun’Álvares contará nas suas fileiras com personalidades tão diferentes entre si como os cruzados Abel de Andrade, Afonso Lopes Vieira (monárquico integralista e autor da letra da "Canção da Reconquista"), Afonso Lucas, Afonso Miranda (da Vanguarda Nacional, 1936), Alberto Pinheiro Torres (no Porto), Alfredo Pinto Sacavém (Lisboa), Almeida d’Eça, Anselmo de Andrade, Anselmo Braamcamp Freire (foi presidente da Direcção Geral em 1921), Antero de Figueiredo (no Porto), António Bivar de Sousa, António Homem de Gouveia (no Funchal), António Pereira de Matos (presidente), António Teixeira Lopes (escultor), Armindo Monteiro (Vice-presidente), Assis Gonçalves (secretário de Salazar e antigo vogal da Cruzada), Beleza dos Santos (em Coimbra), Caeiro da Mata, Canto e Castro, Carlos Malheiro Dias, Costa Lobo (foi presidente), Cunha e Costa, Egas Moniz, Farinha Beirão (general), Ferreira do Amaral, Filomeno da Câmara, Fortunato de Almeida (em Coimbra), Gomes da Costa, Gonçalves Cerejeira (em Coimbra), Henrique Trindade Coelho (fundador e um dos seus principais obreiros), Hermano José de Medeiros (Unionista), Hipólito Raposo (da sua Junta Consultiva), Jacinto Nunes, João de Barros, João de Castro Osório, João de Deus Ramos, José Alberto dos Reis, José Nunes da Ponte (no Porto), José Pereira de Sousa (nacional-sindicalista), Manuel Rodrigues (Vice-presidente), Mário Pessoa da Costa (Estremoz), Oliveira Salazar (pertenceu à distrital de Coimbra), Óscar Carmona, Pacheco de Amorim, Pequito Rebelo (presidente), Pinto Coelho, Schiappa de Azevedo, Sidónio Pais (membro honorário), Tamagnini Barbosa, Tomas de Mello Breyner, Zuzarte de Mendonça (fundador), entre muitos outros – ler uma análise detalhada da sua estrutura dirigente, e ao longo das diferentes fases da organização, AQUI]

Percorrendo diversas fases na sua expansão, a Cruzada Nun’Álvares, vai conseguindo uma ampla convergência entre republicanos e monárquicos, tornando-se numa poderosa organização elitista conservadora, em que a palavra de ordem era o velho ideário de "ressurgimento nacional" [lema muito antes enunciado pelo Congresso Nacional – incentivo à intervenção cívica das elites sociais para superar a crise. De referir que este "intervencionismo elitista" não é, como bem refere Miguel Dias Santos (“A Contra Revolução na I República”), um exclusivo do pensamento indígena, podendo encontrar-se em pensadores tão diferentes como Tocqueville, Spengler, Maurras ou Schmitt - promovido pela Liga Naval Portuguesa, em 1910, e posteriormente avançado pela União Patriótica (1913, promovida por Lino Neto, Pereira de Matos, Costa lobo, entre outros), pela Liga Nacional (1915-18, com Aires de Ornelas, Luís de Magalhães, adeptos da “democracia aristocrática” e do “governo de competências”), Liga de Acção Nacional (1918-19, onde pontificavam António Sérgio e Ezequiel de Campos), depois pela Cruzada Nuno Álvares, pelo Núcleo de Ressurgimento Nacional, pela União Cívica ou, mais tarde, pela própria União Nacional – ver Ernesto Castro Leal, ibid].

O ódio à democracia [“essa enfermidade do século”], o esquecimento da “soberania divina” e os “deveres para com Deus”, a defesa da “tradição” [tradição providencialista] e da “raça” ou o “regionalismo” fizeram escola entre os movimentos católicos [em especial o Centro Católico], os integralistas e (neo)monárquicos [atente-se em José Fernando de Sousa (Nemo), Pacheco de Amorim, Pinheiro Torres, Pinto Coelho, Luís de Magalhães, Aires de Ornelas, Alfredo Pimenta, Cunha e Costa, António Sardinha, Almeida Braga, Caetano Beirão, Homem Cristo Filho, Vasco de Carvalho, João de Almeida, Paiva Couceiro, Azevedo Coutinho ou Sinel de Cordes – ver Miguel Dias Santos, op. cit.] e, deste modo, o pensamento antimoderno assim espargido faz ressuscitar os teóricos da contra-revolução [Marquês de Penalva, padre Agostinho de Macedo, Fortunato de S. Boaventura, José da Gama e Castro, por exemplo], trazendo consigo o reforço do autoritarismo, a opção ditatorial e a propaganda do fascismo.

A Cruzada Nun’Álvares foi, sem margem para dúvidas, um desses pólos aglutinadores da construção ideológica autoritária e fascista do Estado Novo. Dela se ocupou Raul Proença (já a partir de 1921 e até 1926), que nas páginas da revista Seara Nova antecipadamente (e solitariamente) a combate [”O Manifesto da Cruzada Nun’Álvares", de 4/5 Dezembro 1921; “O Fascismo e as suas repercussões em Portugal”, de 6 de Março 1926; “O Fascismo”, artigo de 15 de Abril 1926; ou “Uma apologia do Fascismo”, datado de 13 de Maio desse ano], polemizando com os “nacionalistas fascizantesFilomeno da Câmara, Trindade Coelho e Martinho Nobre de Melo, que lhe responderam no Diário da Manhã [Trindade Coelho, Resposta ao sr. Raul Proença, de 13 Dezembro de 1921] e na Reconquista [ver p. ex. Martinho Nobre de Melo, O sr. Raul Proença e as minhas ideias, nº1; ou O Antifascismo de Raul Proença. Crocodilos Humanitários, nº5], entrando curiosamente na polémica o inefável monárquico integralista Leão Ramos Ascensão ao publicar o opúsculo “O Fascismo e o Anti-Fascismo e a Monarquia Hereditária” (Coimbra, 1926), onde Raul Proença é apodado de “enraivecido adversário do fascismo” [ver sobre todo este assunto, João Medina, Os Primeiros Fascistas Portugueses, separata da Vértice, Coimbra, 1978].

FOTO: "Delegados da Confederação Académica e da Cruzada Nuno Álvares, com o sr. presidente da República", em 24 de Março de 1927 - viaTorre do Tombo.

[a continuar]

J.M.M.

CRUZADA NUN’ÁLVARES – PARTE I


O Estado Novo terá, na sua origem identitária primitiva, a confluência do “catolicismo social” ("corporativismo associativo") autoritário e anti-liberal com o autoritarismo conservador/fascista do Integralismo Lusitano e do Nacional-sindicalismo [cf. Ernesto Castro Leal, A Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira e as origens do Estado Novo (1918-1938), obra de leitura obrigatória], indo beber em parte a sua “matriz ideológica” nesse imaginário nacionalista de credos, doutrinas patrióticas e messiânicas que a Cruzada Nun’Álvares representou, patrocinou e ritualizou. Esse messianismo português que se manifesta (como era o caso ingente de 1918) "particularmente nos momentos nacionais de desregulação do sistema político e de crise económico-financeira" [ibidem], teve então a apologia de figuras de diferentes quadrantes e tão antagónicas entre si como o republicano António José de Almeida ou João de Barros (sinal que mesmo a mitologia laicista pelos "grandes homens", dos heróis, tem sempre um alto preço a pagar) e o católico parlamentar António Lino Neto [dirigente do Centro Católico].

A Cruzada Nun’Álvares (ou Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira) transforma-se, na verdade, numa plataforma de convergência reaccionária de várias individualidades do campo sidonista aos monárquicos integralistas e dos católicos (em especial do Centro Católico, 1913) aos principais interesses económicos então instalados [agrupados à volta de Moses Amzalak – cf. Raul Rego, História da Republica, vol. IV, p. 192-3 – ou de Henrique Trindade Coelho, a partir de 1924], passando por personalidades do campo cultural e literário [o caso de Guerra Junqueiro é bem curioso, bem como o do próprio João de Barros], sendo o seu programa uma "declarada ruptura com a legalidade republicana, cuja concretização era insusceptível de ser posta em prática senão fora do quadro constitucional então vigente" [cf. Luís Bigotte Chorão, "A Crise da República e a Ditadura Militar", p.284-286].

A 23 de Janeiro de 1918, D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável, é beatificado [pelo Papa Bento XV]. O culto religioso e a figura nacional do Beato Nuno de Santa Maria, o Condestável, tornado patrono de várias instituições [como o Corpo Nacional de Escutas ou a Infantaria Portuguesa] e referencial simbólico de instituições [como, mais tarde, o foi na Legião Portuguesa], foram apoiados por associações de carácter religioso (como a Ala do Santo Condestável ou a Associação Nun’Álvares), bem como organizações de natureza patriótica e teve, inclusive, especial apoio por parte do Estado republicano [juntamente com a Igreja e as Forças Armadas, todos em surpreendente união], se tivermos atenção ao patrocínio das suas celebrações oficiais.

A Cruzada Nun’Álvares, depois de uma reunião preparatória realizada a 11 de Julho de 1918 [curiosamente, ou não por acaso, realizada na Liga Naval] pelo capitão-tenente João Afonso de Miranda [fervoroso sidonista], é oficialmente fundada a 18 de Julho desse ano, pouco tempo depois das “aparições” de Fátima. Na altura foram convocados representantes de diversos partidos conservadores e individualidades de relevo, sob invocação da necessidade de criar um organismo que fosse defensor das “virtudes tradicionais do Santo Condestável” e das “características que fizeram a grandeza da raça" [cf. António José Telo, Decadência e Queda da I República Portuguesa].

FOTO: reprodução da nº1 da revista "Cruzada Nacional Nun'Alvares" [que mais adiante falaremos], retirada, com a devida vénia, do livro de Luís Bigotte Chorão, já citado.

[a continuar]

J.M.M.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

MÃES DE FAMÍLIA NO ESTADO NOVO



DOCUMENTO DO ARQUIVO SALAZAR: "1ª Jornada das Mães de Família. A maternidade honra e glorifica a mulher";

FOTO com a legenda, "Modelo de uma família portuguesa: marido, mulher e ... 10 filhos saudáveis todos amamentados por sua mãe";

Publicação do Ministério do Interior (Sub-secretariado da Assistência Social), com a colaboração de: Obras das Mães, Mocidade Feminina, Maternidades e Misericórdias de Lisboa e Porto, Juntas de Província de Estremadura e Douro Litoral, Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa, Secretariado da Propaganda e Emissora Nacional [datado de Junho de 1942 - clicar na foto]

via Torre do Tombo.

J.M.M.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

FIALHO DE ALMEIDA ... NOS CEM ANOS DA SUA MORTE


MOSTRA Biblio–iconográfica: Fialho de Almeida, o homem, o cronista e a cenografia da Cidade, nos cem anos da sua morte;
LOCAL: Palácio do Beau Séjour – Sala Rafael Bordalo Pinheiro (Lisboa);
DATA: 28 de Abril a 10 de Maio;
ORGANIZAÇÃO: GEO - Gabinete de Estudos Olisiponenses.

"Assinalando os 100 anos da morte de Fialho de Almeida (1857-1911), o GEO - Gabinete de Estudos Olisiponenses, vai evocar a efeméride com uma Mostra Biblio – iconográfica intitulada 'Fialho de Almeida, o homem, o cronista e a cenografia da Cidade, nos cem anos da sua morte'.

Fialho de Almeida, médico, romancista e jornalista, foi autor das mais sarcásticas crónicas do seu tempo, nas quais o seu espírito crítico se opôs à demagogia política. Tecendo observações acutilantes e usando brilhantemente a ironia, foi demolidor na crítica ao analfabetismo e consequente manipulação de um povo apático, mal informado e desinteressado. Preocupou-se, ao mesmo tempo, em retratar a cidade de Lisboa, lançando algumas ideias, inovadoras para a época - Lisboa Utópica - no sentido do seu embelezamento urbanístico.

PROGRAMA:

Dia 28 de Abril (18,00 horas) - Conferência 'Fialho de Almeida 100 Anos Depois - O Homem e o Pensamento' proferida por Ricardo Revez;

Dia 10 de Maio (18,00 horas) - Conferência 'Lisboa, olhares sobre a cidade. (Re) Visões com Fialho de Almeida' proferida por Carlos Ferreira
" [ler TUDO AQUI - sublinhados nossos]

J.M.M.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A LEI DE SEPARAÇÃO. ESTADO E IGREJAS NA REPÚBLICA



Vai ser inaugurada amanhã, 20 de Abril de 2011, pelas 17 horas, assinalando o centenário da publicação da Lei de Separação do Estado das Igrejas, a exposição organizada pelo Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças.

Para quem gosta de pesquisar deixamos AQUI, alguma da documentação já digitalizada e acessível sobre o processo complexo da separação entre Estado e Igrejas.

Na sinpose de divulgação da exposição pode ler-se:
Apresentada como «basilar», «intangível», «cúpula do edifício republicano», sobre esta Lei e a sua execução muitas expectativas foram criadas; em igual medida louvada e criticada, sobre ela foram construídas memórias contrastantes e divergentes.

No dia em que se cumprem 100 anos sobre a sua promulgação, o Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças vai inaugurar, no seu edifício, sob a égide da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, uma exposição onde se fará uma viagem pelos diversos fundos documentais – ainda mal conhecidos – produzidos a propósito da execução de uma lei fundamental do regime republicano.

No seu percurso, esta exposição ajuda a tornar mais claro um processo complexo e fascinante, que desempenhou um papel central na construção da sociedade portuguesa contemporânea.


A brochura, com mais alguma informação sobre a exposição pode ser consultada AQUI.

O comissário científico desta exposição é o Mestre Sérgio Ribeiro Pinto.

Uma actividade a acompanhar com todo o interesse.
A.A.B.M.

ALJUBE. A VOZ DAS VÍTIMAS



Foi inaugurada no passado dia 14 de Abril, e vai estar patente na antiga prisão do Aljube, a exposição organizada pelo Instituto de História Contemporânea, pela Fundação Mário Soares e pelo Movimento Não Apaguem a Memória.

Existe também disponível uma página da exposição, com muita informação que pode ser encontrada AQUI. No âmbito da exposição, vão também realizar-se um conjunto de iniciativas que se devem divulgar, como conferências e debates que se prolongam até finais de Setembro.

A exposição vai estar aberta ao público até ao próximo dia 5 de Outubro de 2011 e pode ser visitada todos os dias, excepto segundas-feira, entre as 10 e 18 horas.

A notícia sobre a inauguração da exposição pode ser consultada AQUI. A reportagem fotográfica da inauguração pode ser consultada AQUI e a reportagem video pode ser vista AQUI.

Uma actividade a não perder.
A.A.B.M.

80º ANIVERSÁRIO DA II REPÚBLICA ESPANHOLA 1931-2011




"España es una República de trabajadores de toda clase, que se organiza en régimen de libertad y justicia ... Todos sus poderes emanan del Pueblo ... La República constituye un Estado integral, compatible con la autonomía
de los municipios y regiones ...
" [ler AQUI]

LOCAIS: II República Española / Documentos de y sobre La II República Española y la guerra de España de 1936-39 / La Tercera República Española: Libertad, Igualdad y Fraternidad / Relatos (y poemas) breves de la Guerra Civil española y la posguerra / Asociación José Maldonado González

Viva la República Española!

J.M.M.

domingo, 17 de abril de 2011

TEÓFILO BRAGA E INOCÊNCIO FRANCISCO DA SILVA



LIVRO: "Teófilo Braga e Inocêncio Francisco da Silva. Correspondência trocada entre o historiador e o bibliógrafo da literatura portuguesa" - com Anotação de Alvaro Neves e Notícia preliminar de A. do Prado Coelho, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1928.

«É um pungente retrato epistolar de um país que esmaga às cegas os poucos recursos humanos que possui. Troca de missivas entre aquele que foi desde sempre o nosso mais conceituado amador dos livros e aquele que o triunfo da República possibilitou alcandorar-se a Presidente ... “de todos os portugueses”... Há a sublinhar que o período abrangido – 1860 a 1868 – em nada as desactualizou.

Uma passagem exemplar:

"... Eu ando aqui pouco menos que bestificado. Conclui o tomo 5.º do malfadado Diccionario, porém resta-me pouca vontade de entrar a contas com o 6.° ...

Ainda hontem me obrigaram a perder no Governo Civil oito horas successivas, das dez da manhã ás seis da tarde. E para quê? Por causa de um atoleimado Edital, mandando cumprir uma Portaria ainda mais atoleimada do Ministerio do Reino, que prohibiu um ajuntamento que certos parvos provocavam para hoje na praça de D. Pedro, e que tinha por fim accelerar a quéda do ministerio actual, para ser substituido por outro da mesma estofa, se não peior!

Lá renovou agora o conde de Thomar na Camara dos Pares a iniciativa de um projecto de organisação administrativa (que elle já apresentára na sessão passada, e chegou a ser alli approvado, e não o foi na outra camara por sobrevir a dissolução). Por este projecto sou eu irremissivelmente condemnado a morrer Amanuense do Governo Civil, ao cabo de vinte e quatro annos de serviço, passados sempre na espectativa de accesso, que uma vez deveria chegar, mas que me cortam agora sem appellação! – E o caso é, que o projecto passa (injustissimo como é a todos os respeitos) e brevemente o verêmos convertido em lei!

Isto, meu am.º, é um paiz de loucos, e de desavergonhados, entre os quaes mal se pode viver. E se não me engano, verêmos de cada vez cousas peiores. Eu por mim estou velho, e se os desgostos me não consumirem mais cedo, irei provavelmente findar os dias em Rilhafoles [ref. ao manicómio], que é uma excellente vivenda e muito de apetecer. Vejo-me para isso com boas disposições ...
"

via FRENESI LOJA, com a devida vénia.

J.M.M.

LEILÃO DA LIVRARIA ANTIQUÁRIA DO CALHARIZ


Amanhã, dia 18 de Abril de 2011, segunda-feira, vai realizar-se o 76º leilão de livros desta livraria/antiquário, liderada por José Manuel Rodrigues e Catarina Rodrigues. São 404 lotes que vão a leilão, com destaque para obras de temas como Literatura, História, Arte E Cultura, Política, Medicina, Religião, entre muitos outros. Neste catálogo, um particular destaque para as obras de arte, de História de Arte, mobiliário, azulejaria, faianças, cerâmica, porcelanas e artes decorativas.

O leilão vai decorrer na CASA DA IMPRENSA, R. da Horta Seca, 20 - 1200 Lisboa, estando os lotes em exposição nesse mesmo dia a partir das 14 até às 19 horas, estando previsto o início do leilão para as 21 horas.

Vejamos algumas das escolhas que se ligam aos temas, que neste espaço vamos procurando recuperar de publicações e livros há muito publicados.

19. ARAÚJO (Norberto de) – INVENTÁRIO DE LISBOA. Edição da Câmara Municipal de Lisboa, 1944-56. In-4º. 12 Fascículos. B.

34. BANDEIRA NACIONAL. Modelo approvado pelo Governo Provisorio da Republica Portuguesa. Imprensa Nacional, 1910. In-8º gr. [24] pp. B.

36. BARRETO (António), MÓNICA (Maria Filomena) – RETRATO DA LISBOA POPULAR. 1900. Editorial Presença. Lisboa, 1982. In-fólio 175 pp. B.

62. CANTO (José do) – COLECÇÃO CAMONIANA. Imprensa Nacional. Lisboa, 1972. Infólio 9-I-II-357-III pp. B.

82. CIDADE (Hernâni), SELVAGEM (Carlos) – CULTURA PORTUGUESA. Empresa Nacional de Publicidade. Editorial Notícias. Lisboa, 1967-77. In-8º 18 vols. B.

109. CULTURA PORTUGUESA. 5 títulos: 1- D. SEBASTIÃO E O ENCOBERTO /António Machado Pires. Lisboa, 1971. In-4º 450 pp. E; 2- OBRA COMPLETA /Joaquim de Carvalho. Filosofia e História da Filosofia. Lisboa, 1978-81. In-4º 2 vols. E; 3- OBRAS COMPLETAS /Condestável Dom Pedro. Lisboa, 1975. In-4º 403 pp. E; 4- OBRAS COMPLETAS /Delfim Santos. Lisboa, 1971. In-4º 507-VI pp. E; 5- VIDA E FEITOS DE JÚLIO CÉSAR. Lisboa, 1970. In-4º 2 vols. E; 5- O LIVRO /Douglas C. McMurtrie. Lisboa, 1965. In-4º. 688 pp. E.

137. ESTUDOS LITERÁRIOS. 4 títulos: 1- A NOVA POESIA PORTUGUESA /Fernando Pessoa. Com um prefácio de Álvaro Ribeiro. Lisboa, 1944. In-8º 98-IV pp. B; 2- CARTAS DE FERNANDO PESSOA A JOÃO GASPAR SIMÕES. Introdução, apêndice e notas do destinatário. Lisboa, 1957. In-8º 168-II pp. B; 3- HISTÓRIA DO MOVIMENTO DA ―PRESENÇA„ seguida de uma antologia /João Gaspar Simões. Coimbra, 1958. In-8º 295 pp. B; 4- PORTUGAL FUTURISTA. Lisboa, 1981. In-fólio XL-42-I pp. B.

154. FRANÇA (José-Augusto) – A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XIX. Vol. I: 1ª Parte (1780-1835) e 2ª Parte (1835-1880). Vol. II: 3ª Parte (1880-1910) e 4ª Parte (depois de 1910). Bertrand. Lisboa, 1966. In-4º. 2 vols. E. Do autor: — A ARTE EM PORTUGAL NO SÉCULO XX. Bertrand. Lisboa, 1974. In-4º 645 pp. E.


157. FRANCO NOGUEIRA – SALAZAR. Atlântida (e Civilização). Coimbra (Porto), 1977- 85. In-8º 6 Vols. B.

172. GUIA DE PORTUGAL. Apresentação e notas de Sant’anna Dionísio. 1º: GENERALIDADES. LISBOA E ARREDORES. 2º: ESTREMADURA, ALENTEJO E ALGARVE. 3º: BEIRA Litoral. Beira Baixa e Beira Alta. 4º: ENTRE DOURO E MINHO (I. Douro Litoral. II. Minho). 5º: TRÁS-OS-MONTES E ALTO-DOURO (I. Vila Real, Chaves e Barroso. II. Lamego, Bragança e Miranda). Biblioteca Nacional de Lisboa (F. C. Gulbenkian) Lisboa, 1924-70. In-8º peq. 7 Vols. E.

194. LAMAS (Maria) – AS MULHERES DO MEU PAÍS. Actuális. Lisboa, 1950. In-fólio 471-VIII pp. E.

227. MARTINS (Gen. Ferreira) – HISTÓRIA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS. Inquérito. Lisboa, 1945. In-fólio 576 pp. E.

281. PINHEIRO (Raphael Bordallo) – ÁLBUM DAS GLÓRIAS. Desenhos de... Textos de João Rialto, João Ribaixo e outros. Edição fac-similada do original. Prefácio de José-Augusto França. Moraes ed. 1969. In-fólio. 1 vol. E. — ALBUM DE GLÓRIAS /Luís Jardim. Com um estudo de José Augusto França. Edição do Autor Lisboa 1973. In-fólio 1 vol. B.

294. PROENÇA (Raul) - PÁGINAS DE POLÍTICA. Prefácio de Câmara Reys. 1ª Série e 2ª Série (1921-23). Seara Nova. Lisboa, 1938-39. In-8º XXI-I-311-I e 333 pp. em 2 vols. B.

308. ROCHA MARTINS – A EUROPA EM GUERRA. História dos Acontecimentos dos Homens e dos Povos desde o Armistício de 1918 até 1940. Ed. Inquérito. Lisboa, 1940. In-4º 926-II pp. E

309. ROCHA MARTINS – D. CARLOS. História do seu Reinado. Edição do Autor. Of. Do «ABC». Lisboa, 1926. In-fólio XVI-603-I pp. E.

310. ROCHA MARTINS - HISTÓRIA DAS GRANDES REVOLUÇÕES. A Génese do Mundo Novo. Organizações Crisális. Lisboa 1953-54. In-4º 2 Vols. E.

311. ROCHA MARTINS – LEGENDAS DE PORTUGAL. (Obra revista e refundida pelo autor, acrescentada com novos episódios). Colecção «História». Edição do Autor. Lisboa, s.d. In-8º. 14 tomos em 4 vols. E.

312. ROCHA MARTINS - LISBOA. HISTÓRIA DAS SUAS GLÓRIAS E CATÁSTROFES. Edição comemorativa do 8º centenário da Capital. Inquérito. Lisboa, 1947-48. In-4º 2 vols. E.

313. ROCHA MARTINS – OS GRANDES VULTOS DA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL. Empresa Nacional de Publicidade. Lisboa, 1940. In-fólio 483 pp. E.

320. SALAZAR (Oliveira) – DISCURSOS. Coimbra editora. Coimbra, 1946-67. In-8º 7 vols. E.

328. SANTOS (Raul Esteves dos) - OS TABACOS. Sua Influência na Vida da Nação. I e II Vol. Seara Nova. Lisboa, 1974. In-8º 2 Vols. B.

348. SILVA (Inocêncio Francisco da), ARANHA (Brito) – DICCIONARIO BIBLIOGRAPHICO PORTUGUEZ. Estudos de... applicaveis a Portugal e ao Brasil.
Imprensa Nacional. Lisboa, 1973. In-8º gr. 25 vols. E.

À atenção dos interessados.
A.A.B.M.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

FRANCISCO XAVIER CÂNDIDO GUERREIRO


A propósito da sessão de apresentação do documentário sobre o poeta Candido Guerreiro, depois de amanhã, 17 de Abril, pelas 18 horas, em Loulé, no Cine-Teatro, que antecipa a sua apresentação na RTP no próximo dia 24 de Abril.

Francisco Xavier Cândido Guerreiro, nasceu em Alte a 3 de Dezembro de 1871, nessa localidade terá vivido até 1880 quando terá ido viver para Estoi, já que o seu pai fora nomeado Juiz da Paz da mesma localidade.

Fez as primeiras letras em S. Brás de Alportel, seguindo depois para o Liceu de Faro. Devido a influências familiares entra para o Seminário Diocesano de Faro. A morte de seu pai por volta de 1901 fá-lo regressar a Alte com a mãe, encontrando-o depois em 1902 a exercer as funções no fisco.

Colabora desde bastante jovem na imprensa, tendo sido redactor do semanário louletano, O Algarvio.

Também por influência dos seus amigos, entre os quais destacamos o poeta João Lúcio, acaba por se matricular em Coimbra, onde terá tido pela primeira vez contacto com os ideais republicanos. Concluiu o bacharelato em Direito em 1907, tendo sido realizada uma imponente manifestação aquando do seu regresso ao Algarve, porque era considerado o primeiro altense a conseguir formação superior.

Terão sido da sua autoria os versos do fado do 5º ano jurídico em Coimbra, em 1907 que mais tarde foram publicados no aguerrido semanário republicano O Povo Algarvio. Foi na Lusa-Atenas que contactou com as correntes mística e pós-simbolista, facto que lhe marcou o apuro irrepreensível dos seus sonetos.

Assenta banca de advogado em Loulé, onde colhe vasta popularidade, mas a profissão não o satisfazia e começa a exercer funções de notário. Entretanto, conquista reputação como poeta. Liga-se ao movimento da Renascença Portuguesa e vive um pouco incompreendido pelos poetas e pelo povo, porque os seus poemas filosóficos eram por vezes marcados pelo seu carácter hermético, simbólico e mísitco.

Ocupou ainda o cargo de Presidente da Câmara Municipal por diversas vezes, sendo a primeira entre 1912-1914. Durante o seu mandato é instalada em Loulé a iluminação por energia eléctrica.

Foi também administrador do concelho de Loulé durante vários anos até 1918. Em 1923 instala-se em Faro, onde se dedica ao notariado.

Terá o poeta tido um caso amoroso com Maria Velleda (Maria Carolina Frederico Crispim) de que terá nascido um filho. Colaborou com diversos jornais da época e da região entre os quais destacamos o Povo Algarvio (jornal republicano de Loulé).

Cândido Guerreiro dividiu a sua produção escrita entre vários géneros, sendo a poesia um dos mais importantes, mas também o teatro, a doutrina social ou a história, foram áreas por onde deambulou o seu pensamento inquieto.

Residindo em Faro, eram conhecidas as suas deslocações regulares à papelaria Silva ou ao café Aliança. Nesta cidade, o poeta de Alte e Emiliano da Costa encontravam-se com frequência, participavam nas tertúlias, nos encontros de poesia, nas festas de Natal e os seus trabalhos eram regularmente publicados nos jornais locais, como O Distrito de Faro, O Algarve ou O Heraldo.

Obras publicadas:
Rosas Desfolhadas (1896)
Pétalas (1897)
Avé Maria (1900)
Sonetos (1904)
Eros (1907)
Balada (1907)
Em Forli (1911)
Promontório Sacro (1929)
As Tuas Mãos Misteriosas (1943)
Sulamitis (1945)
Avante e Santiago (1949)

Cândido Guerreiro faleceu em Lisboa em 11 de Abril de 1953.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Coord. Eugénio Lisboa, Publicações Europa-América, 1990, p. 109
MARREIROS, Glória Maria, Quem Foi Quem? 200 algarvios do século XX, Edições Colibri, Lisboa, 2000, p. 247-248;
NETO, Teodomiro, Louletanos do século XX, Cadernos do Arquivo, Arquivo Municipal de Loulé, Loulé, 2009, p. 35-37;

A.A.B.M.

CONGRESSO OUTRAS VOZES NA REPÚBLICA (1910-1926)


Vai realizar-se, na Figueira da Foz, nos próximos dias 12 e 13 de Maio de 2011, o Congresso Nacional de História e Ciência Política, intitulado Outras Vozes na República (1910-1926).

São propósitos deste congresso, conforme se pode ler na sinopse de divulgação:
Os 100 anos da I República portuguesa convocam não só a celebração de um ideal que é parte integrante da cultura política contemporânea do mundo ocidental, como a oportunidade de olhar mais aprofundadamente um período basilar da nossa história nacional.

A estas convocações e comemorações cívicas está subjacente um valor inalienável e republicano por excelência: o valor do pluralismo e do respeito pela heterogeneidade. Porque na política, na vida e na História quase nada é consensual, só se pode aspirar à compreensão de um facto através do entendimento dos vários planos que o constituem. Faz, pois, todo o sentido que no momento em que se debruçam as atenções sobre o estudo da I República portuguesa, se insira nessa abordagem a perspectiva do Outro. Ou seja, de todos aqueles para quem a chegada da República não foi algo aceite de ânimo leve, que a ela propuseram alternativas ou se opuseram, que dela se desencantaram ou se afastaram, que a ela ofereceram resistência ou combate.

Estas perspectivas são um elemento fundamental a ter em conta se o objectivo é compreender a verdadeira riqueza e complexidade do debate em torno da I República portuguesa.


Na página do congresso é possível encontrar os elementos necessários:
- Comissão de Honra;
- Comissão Científica;
- Comissão Organizadora;
- Inscrição;
- Programa;
- Comunicações;
- Sinopses e Notas Biográficas;

Uma oportunidade dos investigadores trocarem algumas das suas experiências com o público e que recomendamos a todos os interessados.

Uma iniciativa do Museu da Presidência da República que tem feito grande divulgação do evento, como AQUI ou AQUI.

A não perder.
A.A.B.M.

CONFERÊNCIA - A MAÇONARIA, QUE SENTIDO NOS DIAS DE HOJE



CONFERÊNCIA: Maçonaria, que sentido nos dias de hoje;
DIA: 16 de Abril de 2011 (21 horas);
ORADOR: Dr. António Arnaut;
LOCAL: Auditório do Museu Municipal Dr. Santos Rocha (Figueira da Foz);
ORGANIZAÇÃO: Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto.

J.M.M.

O PROLETARIO BI-SEMANÁRIO DEFENSOR DO OPERARIADO EM GERAL


O PROLETÁRIO BI-SEMANÁRIO DEFENSOR DO OPERARIADO EM GERAL – Ano I, nº 1 (1 Maio 1898) ao nº 16 (10 Julho de 1898), Lisboa; Administração e Redacção, Campo de Santa Clara, 144 A-146, Lisboa; Editor: Manoel Moreira; Director: Guedes Quinhones [a partir nº15]; Correspondência: dirigida a José Moreira do Amaral, Campo de Sta Clara, 144 A, Lisboa; Impressão: Imprensa Minerva, Campo de Santa Clara, 144 A- 146, Lisboa; publica-se aos Domingos e quintas-feiras; 1898, 16 numrs,

Colaboração/textos: António de Campos Vieira, António José Machado, Costa Goodolphim, Emílio Zola [via publicação do ‘Germinal” em folhetim, versão de Augusto José Vieira], Francisco José Pereira, Gil Ruiz, Gonçalves Viana, Guedes Quinhones, João Portugal (Tavira), João Rodrigues, Joaquim Rodrigues Lourenço, José Benedy, José Carvalho Branco (Sesimbra), Karl Marx [“Teoria da Luta de Classes”], Marques Farinha, Miguel António Lopes, Nodigal, P. A. d’Assunção, Ribeiro Gonçalves, Túlio, Vieira da Silva.


A Biblioteca Nacional disponibilizou online O PROLETÁRIO (bi-semanário defensor do operariado em geral), com o seu primeiro número saído no dia 1º de Maio de 1898. Teve curiosa colaboração operária como a do socialista heterodoxo e livre-pensador, [José Augusto] Guedes Quinhones, que foi seu director a partir do nº15;

[Guedes Quinhones (1861-1911) foi o fundador da Associação dos Carpinteiros Civis (cf. António Ventura, Anarquistas Republicanos e Socialistas em Portugal, 2000), fez parte do Partido Socialista, era um destacado militante anticlerical (colaborou na Associação de Registo Civil), foi autor dos folhetos anticlericais "Folhas que Voam" (30 de Julho 1898), participou no Congresso Anticlerical de 1900 com a tese "Federação dos Círios Civis como elemento de combate à reacção", e dirigiu os periódicos A Garlopa (1886), O Revoltado (1887), A Obra (1891) e colaborou nalguns dos mais destacados jornais operários; suicidou-se em 14 de Março de 1911 (cf. António Ventura, ibid.)]

e ainda escritos de Costa Goodolphim e Vieira da Silva.

O PROLETÁRIO AQUI digitalizado.

IMPRENSA MINERVA DE SANTOS & MOREIRA



IMPRENSA MINERVA de Santos & Moreira, Campo de Santa Clara, 144 A-146, Lisboa

in O PROLETÁRIO (1898)

J.M.M.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

PALESTRA - DITADURA E OPOSIÇÃO NO ALGARVE



PALESTRA: "Ditadura e Oposição no Algarve - o jogo do gato e do rato";
ORADORA: Maria João Raminhos Duarte;
DIA: 15 de Abril (21,30 horas);
LOCAL: Pátio de Letras (Rua Dr. Cândido Guerreiro, FARO).

Maria João Raminhos Duarte nasceu em "Moçambique em 1959. É doutorada em História. Tem publicado 'Portimão, industriais conserveiros na 1ª metade do séc. XX', 'João Rosa Beatriz. Esboço de uma biografia política', 'José Rodrigues Vitoriano: o 'operário construído' e Presos políticos algarvios em Angra do Heroísmo e no Tarrafal, além de vários artigos no âmbito da História regional algarvia contemporânea. É docente Escola E.B. 2,3 Eng. Nuno Mergulhão e no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes (ISMAT), em Portimão".

ler mais AQUI.

J.M.M.

OS LEVANTES DA REPÚBLICA - DAVID LUNA DE CARVALHO


LIVRO: "Os Levantes da República (1910-1917) Resistências à laicização e movimentos populares de repertório tradicional na 1ª República";
AUTOR: David Luna de Carvalho;
EDITORA: Afrontamento.

LANÇAMENTO: 15 de Abril (21 horas)
LOCAL: Livraria Ler Devagar (Lisboa)

"Este livro realiza a tipologia, quantificação, seriação, cartografia e análise exaustiva dos tumultos, levantes ou alevantes com que a República se deparou entre 1910 e 1917. Com os mais variados pretextos, a grande maioria deste levantes envolveram razões de natureza político-religiosa. A laicização do Estado e da vida pública constituíram o principal motivo dessas resistências abertas, e quando em 1914 já se dissipavam, surgiu a Primeira Grande Guerra. Com o seu advento, surgiu um novo ciclo de levantes, agora com pretextos de natureza económica e social. Nesse contexto, no quadro de uma 'economia moral' advogada pelas populações, a teologia rigorista das missões populares e da 'Missão Abreviada', implementada a partir da segunda metade do século XIX, parece ter encontrado a sua grande justificação. A partir de 1916 houve relatos de um número invulgar de aparições que culminaram nas de Fátima em 1917" [ler mais AQUI]

J.M.M.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

BRITO CAMACHO


MANUEL BRITO CAMACHO (1862-1934)

- Portugal na Guerra, Lisboa, Imprensa Lucas [Guimarães, 1936, 330, [13] p.]
- Rescaldo da Guerra [continuação do Portugal na Guerra],Guimarães, 1936, 239, [5] p.] - [comentários de Julião Quintinha].

"O Rescaldo de Guerra é a continuação da monografia Portugal na Guerra, do mesmo autor, de forma a completá-la. Ambos os volumes são um estudo crítico de Manuel de Brito Camacho sobre a I Grande Guerra e os seus reflexos em Portugal. Os dois volumes 'constituem uma obra valiosa de comentário e crítica, escrita sem paixão e à luz de incontestáveis documentos, acerca da maneira como se preparou e desenvolveu o grande conflito europeu, e como o nosso País realizou a sua intervenção'.

Ambos os trabalhos foram publicados sem a revisão do autor, por seu falecimento
" [ler AQUI]

J.M.M.

domingo, 10 de abril de 2011

CONGRESSO INTERNACIONAL REPÚBLICA CONHECIMENTO E HUMANIDADES

Nos próximos dias 13 a 15 de Abril de 2011, vai realizar-se em Coimbra, o Congresso Internacional República, Conhecimento e Humanidades. Pode ler-se na sinopse de divulgação deste colóquio: Destinada ao Ensino das ciências psicológicas, filológicas e histórico-geográficas", nos termos do decreto com força de lei, de 19 de Abril de 1911, do Governo Provisório da República Portuguesa que estabelecia as bases da nova constituição universitária, a Faculdade de Letras da “antiga Universidade de Coimbra” cumpre agora um percurso de cem anos cuja memória importa sistematizar e pôr ao serviço de projectos de futuro. É este objectivo fundamental do Congresso Internacional “República, Conhecimento e Humanidades” cuja realização radica num duplo convencimento: o de que o cultivo das Humanidades se encontra no cerne da busca de sentido para a condição humana, individual ou política; o de que é matricial na Faculdade de Letras – fruto de uma constante atenção ao devir – ser geratriz de novas reflexões e novos saberes alguns dos quais já se autonomizaram e outros são claramente emergentes. Comissão Científica: Ana Teresa Peixinho António Manuel Martins Fernanda Cravidão Fernando Rebelo Graça Rio-Torto Irene Vaquinhas Isabel Caldeira Maria Manuel Borges Maria Manuela Tavares Ribeiro Comissão Organizadora: Abílio Hernández Cardoso Fernando Taveira da Fonseca João Paulo Avelãs Nunes Maria de Fátima Silva Eixos temáticos 1. República e Universidade 2. Conhecimento e Natureza dos Saberes 3. 100 Anos de humanidades 4. O Futuro das Humanidades Contactos para: http://www.uc.pt/fluc gabdirector@fl.uc.pt Uma iniciativa a acompanhar com toda a atenção. [NOTA: Clique na imagem para aumentar.] A.A.B.M.

sábado, 9 de abril de 2011

MEMÓRIAS DA PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NA GRANDE GUERRA


A propósito da passagem de mais um aniversário da Batalha de La Lys, propomo-nos recordamos algumas das obras memorialísticas que se publicaram, em Portugal, sobre o assunto.


A produção de livros de memórias dos acontecimentos vividos por soldados e oficiais nos vários campos de batalha prolongou-se ao longo dos anos. Muitas obras tornaram os seus autores personalidades reconhecidas no relativamente restrito meio literário português da época, referimo-nos por exemplo a Augusto Casimiro ou André Brun.


Por outro lado, algumas obras relatavam aspectos mais técnicos ou militares, mas outros narram as vivências quotidianas dos soldados, as dificuldades, as descrições sobre as horríveis condições das trinheiras, os ratos, as doenças, a fome e o uso das novas armas que assustavam os jovens soldados portugueses do tempo, como era por exemplo o uso dos gases asfixiantes.



Existindo muitas obras que relatam os acontecimentos entre 1914 e 1918 na Europa, poucos são os que conhecemos descrevendo os acontecimentos no territórios africanos. A produção bibliográfica e memorialística sobre o tema é mais reduzida, existem alguns livros mais técnicos ou puramente militares, mas poucos têm relatos vivenciais e testemunhais. Parece-nos que ainda não foi feito um estudo comparativo dos vários relatos, sabemos da existência de vários levantamentos bibliográficos feitos alguns anos após os acontecimentos que fornecem importantes informações, mas falta talvez uma análise pelos temas dominantes: poesia, romance histórico, narrativa memorialística e obras de carácter técnico-militar.


Um dos temas que inicialmente nos levou a procurar organizar uma pequena biblioteca pessoal que entretanto se alargou a outras temáticas, como acontece quase sempre aos bibliófilos. Certamente, iremos mais vezes regressar a este tema e a assinalar outros acontecimentos ligados à 1ª Guerra Mundial.

A.A.B.M.

TERRA LIVRE – SEMANÁRIO ANARQUISTA


TERRA LIVRE. SEMANÁRIO ANARQUISTA – Ano I, nº 1 (13 Fevereiro 1913) ao nº 24 (31 de Julho de 1913), Lisboa; Propriedade: Grupo Terra Livre; Administração e Redacção: Rua das Gáveas, 55, 1º, Lisboa; Editor: Jaime de Castro; Director: Pinto Quartin; Corpo Redactorial: Carlos Rates, Neno Vasco, Pinto Quartin, Sobral de Campos; Impressão: Oficinas Gráficas, Rua do Poço dos Negros, 81, Lisboa; publica-se às quintas-feiras; 1913, 24 numrs,

Colaboração/textos: A. Girard, Adolfo Lima, Afonso Manaças (estudan. medicina), Araújo Pereira, Astrogildo Pereira, Aurélio Quintanilha (estudan. Medicina), Bel-Adon, Campos Lima, Clemente Vieira dos Santos, Eça de Queiroz, Edmundo d’Oliveira, Emília Garrido, Emílio Costa, Errico Malatesta, Francisco Lopes de Sousa [carta ao semanário sobre a sua prisão e de outros camaradas em Olhão], Francisco Moreno, G. Moitet, Gaspar Santos (estudan. Medicina), Humberto de Avelar, Ismael Pimentel, Jacinto Benavente, Joana Dubois, José Bacelar, José Benedy, José Carlos de Sousa, José Gomes Ventura, Madeleine Vernet, Manuel Luiz da Costa Júnior, Marcela Capy Marques, Manuel Ribeiro, Max Nourdau, Miranda Santos, N. de B., Nelly Roussel, Pedro Kropotkine, R. C. Júdice, Rocha Vieira (caricaturista), Rene Miguel, Rui Forsado, Zeferino Oliva.

A Biblioteca Nacional disponibilizou online um dos mais importantes jornais da corrente anarquista e libertária do movimento operário, Terra Livre. Nascido em 1913, “nesse agitado e turbulento ano” [cf. João Medina, Um semanário anarquista durante o primeiro governo de Afonso Costa. ‘Terra Livre’, Análise Social, vol. XVII (67-68), 1981] que curiosamente “não deixava saudades a quem quer que fosse, nem mesmo porventura a Afonso Costa, que em começos do ano seguinte acabaria de se apear do Ministério, após a árdua tarefa de dirigir o país durante exactamente treze meses” [ibid], o semanário Terra Livre (“órgão da luta social e económica”) teve a colaboração dos mais preclaros e esclarecidos libertários de então [Pinto Quartin, Carlos Rates, Neno Vasco, Sobral de Campos, Manuel Ribeiro, Emílio Costa, Adolfo Lima, Campos Lima, Aurélio Quintanilha]. Doutrinador e formativo, promoveu um conjunto de raras iniciativas no campo político, cultural e de divulgação do ideário anarquista, criticando e combatendo o parlamentarismo republicano e o governo de Afonso Costa [ver César de Oliveira, in Antologia da Imprensa Operária Portuguesa, 1837-1936, Lisboa, 1984].

Com uma tiragem de 3500 exemplares, o semanário Terra Livre era um “ponto de encontro” e lugar de debate para os mais esclarecidos e “iluminados” dirigentes do movimento operário. Não resistindo à repressão imposta pelo governo de Afonso Costa [o “novo João Franco” ou o “racha-sindicalistas”], com a prisão e a expulsão [por dez anos para o Brasil] do seu director, Pinto Quartin, e de muitos dos seus colaboradores, no decorrer de uma feroz vaga repressora anti-operária e anti-social, o periódico Terra Livre termina a sua publicação ao fim de 24 números e com ele finda uma voz incómoda ao “conservadorismo republicano” [ver, sobre o assunto, o esclarecido artigo, já citado, de João Medina].

Terra Livre AQUI online.

J.M.M.

9 DE ABRIL DE 1918 - 9 DE ABRIL DE 2011


O Almanaque Republicano recorda hoje a efeméride de há 93 anos, quando o Corpo Expedicionário Português (CEP)se bateu galhardamente na Batalha de La Lys.


Depois do que já AQUI publicamos, voltamos a relembrar as consequências que a participação de Portugal na I Guerra Mundial e no decurso da própria República.


O esforço de guerra obrigou à mobilização de 105 542 soldados em Portugal, dos quais 8 474 foram mortos, 7 672 ficaram feridos e 13 645, ou seja registaram-se 29 791 baixas no CEP.


Além do mais o esforço de guerra português dividiu-se entre vários palcos de guerra: França, Angola e Moçambique. O primeiro já vimos os dados disponíveis, vejamos agora no caso de Angola. Para este palco de guerra foram mobilizados 9 209 soldados, incluíndo já os elementos das duas expedições de 11 de Setembro de 1914, reforçada com mais elementos em 11 de Novembro de 1914 e novo reforço em 28 de Dezembro de 1914. A segunda expedição foi iniciada em Setembro de 1915. Acresce ainda a todo este conjunto de elementos um batalhão da Marinha. Regista-se portanto um conjunto de 2 133 baixas, sendo 810 mortos.


Para Moçambique foram enviados um total de 17 259 homens divididos em quatro expedições que se espalharam ao longo do tempo. A primeira partiu em 18 de Agosto de 1914, a segunda em 11 de Setembro de 1915, a terceira em 25 de Maio de 1916 e a quarta já em 1917. Aduza-se a estas expedições reforços e rendições, bem como outro batalhão da Marinha. Aqui o número de baixas atingiu os 13 872 homens, dos quais 4 811 mortos, sendo portanto este o palco de batalha mais mortífero.

Bibliografia:
- Afonso, Aniceto, Grande Guerra 1914-1918, col.Batalhas da História de Portugal, Quidnovi, Matosinhos, 2006, p. 116-117.

A.A.B.M.