M. J. de SOUSA – “O sindicalismo em Portugal: esboço histórico”,
Comisão Escola e Propaganda do Sindicato do Pessoal de Câmaras da Marinha
Mercante Portuguesa, Lisboa, 1931.
[via António Ventura Facebook]
Nasce a 24 [ou 26?] de Novembro de 1883 em Paranhos (Porto). De
família humilde [ver AQUI uma biografia sua – que seguimos de perto], começou a
trabalhar como aprendiz de torneiro. Apenas com a 2ª classe, exerce a profissão
de operário de calçado com apenas 12 anos.
Aos 21 anos (1904) milita no “Grupo de Propaganda Libertária”
(Porto). Participa nos acontecimentos que levam à implantação da República.
Publica em 1911 o opúsculo “O sindicalismo e a acção directa”, colaborando (1909-10)
no semanário anarquista “A Vida” [Ano I, nº1, Fevereiro de 1905 – cont. do
“Despertar”. Segue-se-lhe “A Aurora”]. Entre 1912-13 foi secretário-geral da União
Geral de Trabalhadores da Região Norte e, em Março de 1914, participa na
constituição da União Operária Nacional (UON), no Congresso de Tomar. Em 1915
participa [ibidem] no congresso Internacional para a Paz (Ferrol, Galiza) com
Serafim Cardoso Lucena (do grupo “A Vida”), sendo expulso de Espanha.
Em 1916 deserta do exercito e refugia-se em Barcelona,
participando activamente nas lutas e movimentações operárias, tendo sido preso
no decorrer da greve dos Correios e Telégrafos. Regressa em 1918 a Portugal,
fixando residência em Lisboa. A 13 de Setembro de 1919 participa e preside,
como secretário da UON, no II Congresso Operário Nacional (em Coimbra, no
Teatro Avenida) e na fundação da CGT (Confederação Geral do Trabalho), sendo
eleito secretário-geral (cargo que mantém até 1922). Do mesmo modo, integra a
redacção do jornal operário “A Batalha” [nº1 (23 de Fevereiro 1919) ao nº 2556
(26 Maio 1927) – teve como seu ultimo redactor-principal Mário Castelhano],
substituindo Alexandre Vieira (entre 1921-1922) no cargo de redactor-principal
do periódico.
Participa, em Dezembro de 1919, como representante da CGT, no II
Congresso da CNT (em Madrid). A 24 de Março de 1923, após o golpe de Primo de
Rivera, é preso em Sevilha quando estava reunido com o comité nacional da CNT,
tendo estado isolado até 1924, quando regressa a Lisboa. Em 1925 participa,
como membro da CGT, no Congresso de Santarém, onde é ratificada a adesão da CGT
à AIT (ibidem). Em Maio de 1926 participa na Conferência Internacional da AIT
(em Paris) e, juntamente com o seu filho Germinal de Sousa [como curiosidade,
diga-se que as suas filhas tinham o nome de Aurora Esperança de Sousa e de
Liberta Esperança de Sousa], intervém no Congresso da Federação de Grupos
Anarquistas de França, onde reivindica a criação de uma única organização que
reúna os anarco-sindicalistas da península ibérica.
A 25 de Junho de 1927 é um dos fundadores da Federação
Anarquista Ibérica (FAI). Participa activamente na luta contra a ditadura
militar e o fascismo de Salazar, tendo sido preso em Fevereiro de 1928. Em 1931
(11-17 de Junho) intervém no III Congresso Nacional de Sindicatos da CNT,
realizado em Madrid. De novo é preso em 1932 e em 1934/35, quando pertencia à
Aliança Libertária [esta organização nasce em 1930 com a iniciativa de A.
Botelho, Correia de Sousa, M. J. Sousa, Constantino Figueiredo, Germinal de
Sousa, Emílio Santana, … - cf. Carlos Fonseca, História do Movimento Operário,
vol I]. A partir de 1943 participa na rede clandestina da CGT e tenta promover
iniciativas para o “relançamento da propaganda e da organização libertária”
[cf. João Freire, Rev. da Bibl. Nacional, 1-2, 1995, p. 126] e acção
antifascista.
Colaborou em diversos periódicos libertários, como “A Aurora”,
“A Batalha”, “A Comuna”, “A Sementeira”, “La Protesta” (Buenos Aires), “O
Anarquista”.
Publicou: "Sindicalismo e Acção Directa” (1911); “O Sindicalismo
em Portugal” (1931), onde relata a história das velhas associações operárias;
“Últimos Tempos da Acção Sindical Livre e de Anarquismo Militante” (Antígona, 1989,
obra póstuma).
Morre a 27 de Fevereiro de 1945, na sua casa da “Vila Cândida”,
27 (à Av. General Roçadas), em Lisboa.
J.M.M.
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