Militar. Combatente na Grande
Guerra.
Escritor e jornalista.
Mateus Martins Moreno Júnior
nasceu em Faro a 27 de Setembro de 1892. A paixão pela cidade que o viu crescer e
pelo Algarve revelaram-se logo na sua mocidade, através da participação na
imprensa e no movimento associativo locais, e fizeram dele um fervoroso
regionalista. Presidiu à Academia do Liceu de Faro, onde fez estudos
preparatórios. Fundou, em Outubro 1911, o quinzenário académico A
Mocidade, sendo da sua lavra a rubrica «Horas líricas», onde publicou
muita poesia. A revista manteve-se até Abril de 1913 e com ela colaboraram
muitos dos autores que, mais tarde, estarão presentes na Alma Nova: José Guerreiro
de Murta, José Dias Sancho, C. A. Lister Franco, entre muitos outros. Ainda
enquanto estudante no Liceu de Faro escreveu a sua primeira peça de teatro A Carta.
Em finais de 1914, Martins Moreno
veio para Lisboa, para frequentar o curso de Matemáticas, da Faculdade de
Ciências. Terá sido essa a razão da transição da redacção, administração e
impressão da Alma Nova para a capital. Não obstante os deveres académicos,
Martins Moreno manteve uma intensa relação com a vida algarvia, como dá
testemunho a organização do I Congresso Regional do Algarve, a direcção da
revista Alma Nova, a publicação dos primeiros livros e outras
actividades.
Em 1917, foi mobilizado com ordem
de marcha para França, incorporado no C.E.P., como alferes miliciano de
artilharia de campanha, conseguiram interromper a actividade como escritor e
como director da Alma Nova. No entanto, não é de excluir que as dificuldades que
a revista registou no cumprimento da periodicidade, no final de 1916 e início
do ano seguinte, se ficassem a dever à ausência de Martins Moreno. Na frente,
redigiu e publicou alguns livros sobre o conflito militar e estudos técnicos
sobre a sua arma, que foram apreciados pela hierarquia do exército. Na Alma
Nova foram publicadas 5 cartas com as suas impressões da viagem e da
chegada a França (N.º 21-24, pp. 73-79).
Terminada a guerra Martins Moreno
optou pela carreira militar, frequentando a Escola de Guerra. Também fez o Curso
Superior Colonial, em resultado do qual obteve algumas missões em Angola e
desempenhou altos cargos. Atingiu o posto de Major, em 1942. Recebeu condecorações
como o Grau de Oficial, com Decreto de 7 de
Fevereiro de 1941 e Grau de Comendador, com Decreto de 10 de Maio de 1957. Mateus Moreno foi igualmente promotor
exposições, instituiu prémios, cunhou medalhas, recordou o notável algarvio
Álvaro Botelho, festejou o centenário da cidade de Lubango, elaborou o projecto
de novo Regulamento de Continência e Honras Militares, integrou como oficial de
justiça o Conselho Superior de Disciplina Militar, em cujo cargo de fundador da
instituição, impulsionou a construção de edifícios e delegações. Exerceu
a docência no Colégio Militar de 1942
a 1944, em Lisboa. Foi ainda também docente na Escola
Superior Colonial.
[em continuação].
A.A.B.M.
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