sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

MATEUS MARTINS MORENO JÚNIOR (Parte I)


Militar. Combatente na Grande Guerra.
Escritor e jornalista.
Mateus Martins Moreno Júnior nasceu em Faro a 27 de Setembro de 1892. A paixão pela cidade que o viu crescer e pelo Algarve revelaram-se logo na sua mocidade, através da participação na imprensa e no movimento associativo locais, e fizeram dele um fervoroso regionalista. Presidiu à Academia do Liceu de Faro, onde fez estudos preparatórios. Fundou, em Outubro 1911, o quinzenário académico A Mocidade, sendo da sua lavra a rubrica «Horas líricas», onde publicou muita poesia. A revista manteve-se até Abril de 1913 e com ela colaboraram muitos dos autores que, mais tarde, estarão presentes na Alma Nova: José Guerreiro de Murta, José Dias Sancho, C. A. Lister Franco, entre muitos outros. Ainda enquanto estudante no Liceu de Faro escreveu a sua primeira peça de teatro A Carta.

Em finais de 1914, Martins Moreno veio para Lisboa, para frequentar o curso de Matemáticas, da Faculdade de Ciências. Terá sido essa a razão da transição da redacção, administração e impressão da Alma Nova para a capital. Não obstante os deveres académicos, Martins Moreno manteve uma intensa relação com a vida algarvia, como dá testemunho a organização do I Congresso Regional do Algarve, a direcção da revista Alma Nova, a publicação dos primeiros livros e outras actividades.


Em 1917, foi mobilizado com ordem de marcha para França, incorporado no C.E.P., como alferes miliciano de artilharia de campanha, conseguiram interromper a actividade como escritor e como director da Alma Nova. No entanto, não é de excluir que as dificuldades que a revista registou no cumprimento da periodicidade, no final de 1916 e início do ano seguinte, se ficassem a dever à ausência de Martins Moreno. Na frente, redigiu e publicou alguns livros sobre o conflito militar e estudos técnicos sobre a sua arma, que foram apreciados pela hierarquia do exército. Na Alma Nova foram publicadas 5 cartas com as suas impressões da viagem e da chegada a França (N.º 21-24, pp. 73-79).

Terminada a guerra Martins Moreno optou pela carreira militar, frequentando a Escola de Guerra. Também fez o Curso Superior Colonial, em resultado do qual obteve algumas missões em Angola e desempenhou altos cargos. Atingiu o posto de Major, em 1942. Recebeu condecorações como o Grau de Oficial, com Decreto de 7 de Fevereiro de 1941 e Grau de Comendador, com Decreto de 10 de Maio de 1957. Mateus Moreno foi igualmente promotor exposições, instituiu prémios, cunhou medalhas, recordou o notável algarvio Álvaro Botelho, festejou o centenário da cidade de Lubango, elaborou o projecto de novo Regulamento de Continência e Honras Militares, integrou como oficial de justiça o Conselho Superior de Disciplina Militar, em cujo cargo de fundador da instituição, impulsionou a construção de edifícios e delegações. Exerceu a docência no Colégio Militar de 1942 a 1944, em Lisboa. Foi ainda também docente na Escola Superior Colonial.

[em continuação].
A.A.B.M.

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