“Ah, meu povo traído,
Mansa colmeia
A que ninguém colhe o mel!
Ah, meu pobre corcel
Impaciente
Alado
E condenado
A choutar nesta praia do Ocidente!” [Miguel Torga]
Do “fascismo de sacristia” do Estado Novo ao “estado a que isto
chegou”, aguilhoados que estamos da nossa consciência de homens livres por este
raminho de gente malsã que habita o “bom governo de Portugal”, de comum, sim de
comum é que o medo regressou e a coragem resignou. As provações ungidas pelo
esse raminho de gente medíocre, vaidosa, sem escrúpulos, tomaram conta do
estandarte das palavras Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Este tempo é um “remorso
de todos nós” [O’Neill].
Retomar a palavra, explodir a paixão, reconstruir a memória
adormecida, vencer o medo, dizer tudo para de novo recomeçar, antes que o tempo
nos traia o esquecimento desse “dia inicial inteiro e limpo”, é declaradamente a
nossa liberdade e condição de estarmos vivos. E há uma “roda de dedos no ar”. Vamos
lá então “transformar o amador na coisa amada”. Vamos lá então …
J.M.M.
[publicado, também, no Almocreve das Petas]
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