"Falar do homem
do campo, do trabalhador
da terra e esquecer
as suas angústias inconfessadas, seus músculos
doridos, seu olhar triste - da tristeza
horrível que nada aguarda, nada! - parece-me
feio embuste"
Afonso Ribeiro nasceu a 7 de Janeiro de 1911, em Vila da Rua (Moimenta
da Beira). Um dos precursores do denominado Neo-realismo,
entendendo a literatura como “instrumento de actuação social” e
denunciando sempre a miséria dos trabalhadores e do povo, Afonso Ribeiro
teve obra vigorosa, colaborando, também, em várias publicações
de matriz neo-realista, como “Altitude”, “Sol Nascente”, “O Diabo” ou a revista “Vértice”.
O seu livro de novelas Ilusão na Morte, de 1938, é considerado precursor
na área. João Pedro de Andrade, no Sol Nascente, considera-a uma “obra de arte”.
Professor primário em zonas rurais, o contacto com as desigualdades sociais e
com as carências das classes desfavorecidas inspira uma prosa atenta à
verosimilhança da fala das personagens, aos seus problemas e escravidões [AQUI]. As
suas obras denunciam a miséria moral de proprietários e trabalhadores,
proclamando a necessidade de olhar para o mundo rural com diferentes olhos [ibidem].
Emigrou, nos anos 50, para Moçambique, mantendo todas as
ligações com os escritores neo-realistas, cujos trabalhos divulgou em
publicações locais, como Itinerário (1955).
Morre em 1993.
OBRAS PUBLICADAS: Ilusão da Morte (1938), Aldeia (1943),
Trampolim (1944), Escada de Serviço (1946), Povo (1947), O Pão da Vida (1956),
Três Setas Apontadas ao Futuro (Moçambique, 1959 - Teatro), O Caminho da Agonia
(1959), Da Vida dos Homens (1963), África Colonial (1975), Os Comedores de Fome
(1983), A Árvore e os Frutos (1986)
FOTOS - AFONSO RIBEIRO | capa do livro “POVO”, Editorial
Ibérica, Porto, 1947
J.M.M.
1 comentário:
Poderiam talvez indicar que a ilustração da capa é do grande artista português Júlio Pomar.
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