“Em Portugal não há tolerância,
nem governamental nem pessoal. Num certo sentido, Portugal é uma nação de
correligionários
… a tolerância (…) é a
contra-partida da liberdade de pensamento. É reconhecermos nos outros o que nós
queremos e exigimos para nós. É aceitar nos diferentes um igual direito à vida.
Se A não tolera as opiniões de B, é porque não reconhece em B a liberdade de
pensamento; isto é: A é um reacionário. Direi: o direito de pensar livremente é
a liberdade vista por dentro; a tolerância a liberdade vista por fora. Na essência,
uma única e uma mesma coisa.
… Quem é contra a
tolerância é contra a liberdade. E quem me pregar a liberdade, contanto que
essa liberdade seja a de defender as sua opiniões e de não tolerar as dos
outros, pode ir passear: a liberdade de alguns é a escravidão do resto, e o
mais que se pode dizer de s. ex.ª é que é um belo estofo de ditador …”
Raul Proença, "Opiniões de
Depoimentos – A Tolerância", in “Alma Nacional”, nº 12, 28 de Abril de 1910, p.
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FOTO: Raul Proença, em
1939, “isto é, após a provação do exílio e da doença”, in “O Pensamento
especulativo e agente de Raul Proença”, de Sant’Anna Dionísio, Seara Nova, 1949
J.M.M.
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