TEXTO LIDO NA CELEBRAÇÃO OFICIAL DA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820 E
DE HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2014, NA FIGUEIRA
DA FOZ, pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto
“Celebrando
mais um aniversário da alevantada jornada que raiou no dia 24 de Agosto de 1820
na cidade do Porto, esse grito memorável da regeneração da Pátria levado a cabo
por homens livres e virtuosos, cumpre-me, em nome da Associação Cívica e
Cultural 24 de Agosto, evocar a memória desse auspicioso dia e laurear o nosso
patrício, o ilustre e venerando Manuel Fernandes Tomás.
Neste dia de júbilo, que hoje
exaltamos, a Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto tem, e terá sempre, o
grato prazer de se associar à Homenagem a Manuel Fernandes Tomás, o primeiro
dos regeneradores, e exaltar a sua luminosa memória, avivando a sua “recta consciência”
e virtudes cívicas, o seu “inabalável apego aos ideais da liberdade” [José Luís
Cardoso, 2011], linhas gerais da política vintista para a felicidade do povo e
do amor à Pátria.
E é esse o exemplo benemérito
e civilizador de Manuel Fernandes Tomás que vale hoje a pena e vale sempre a
pena rememorar.
Na verdade - Senhoras e Senhores – o patriótico movimento
libertador de 1820, o pronunciamento para a salvação da Pátria, iluminou o país
de novas ideias, palavras e máximas políticas, traçando sinais esperançosos
para uma nova era, anunciando, consagrando e tornando público as venturosas tríades:
“Princípios, Direitos e Deveres”; “Razão, Lei e Moral”; “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”.
Assim, onde anteriormente domina uma “administração
inconsiderada”, uma “opressão traiçoeira”, o “despotismo”, a “arbitrariedade”,
“o egoísmo”, o “fanatismo” e onde a “intervenção férrea do estrangeiro esmagava
todo um povo” – para citar Magalhães Lima –, o vintismo triunfante consagrou
novas realidades, doutrinas, linguagens, palavras, pensamentos, afectos e novos
valores morais.
Na verdade, a inquietude revolucionária de 1820 (nas palavras de
Joaquim de Carvalho) foi o termo da “dissolução moral do antigo regime” e o
inicio da alvorada para uma “nova visão do homem, da sociedade e do Estado”,
uma nova demanda.
E Manuel Fernandes Tomás, “a alma e o cérebro” da revolução de
1820, o reivindicador das “liberdades denegadas”, com o seu pensamento e labor
foi o herói dessa revolução: pela sua probidade intelectual, arrebatamento
pátrio, honradez. Foi, é e será um exemplo restaurador das inteligências, um
legado para todos nós.
Hoje, num tempo de desinspirado gosto, num ruir de valores em
que a verdade, a razão e a lei, denunciam a crise da palavra e da honra, constitui
um dever e um tributo de todos e de cada um de nós lembrar o elevado pensamento
dos homens de 1820 e, especial, do nosso confrade Manuel Fernandes Tomás, tão
generoso no seu idealismo, altivo na exortação da respeitosa liberdade e no
zelo do bem público.
É portanto - Senhoras e Senhores - a figura do ilustre
regenerador da Pátria, Manuel Fernandes Tomás, o literato ilustre, o autor do
“Reportório das Leis Extravagantes”, o magistrado, o membro fundador do
Sinédrio em 1818, o “estratega político”, a “alma e o cérebro da revolução de
1820” e seu primeiro obreiro, o redactor do “Manifesto da Junta Provisional do
Supremo Conselho do Reino” e da “Proclamação da Junta Provisional”, o Ministro
dos Negócios do Reino, o Deputado e Orador às Constituintes, o jornalista e o
polemista fervoroso (o “Compadre de Belém”), aquele que “legou uma página à
história das idades” [no dizer de Almeida Garrett], que cumpre hoje, a todos e
a cada um de nós, aqui evocar, para jamais nos esquecermos do seu contributo,
influência e Obra no pensamento político português.
Termino, relembrando as sábias e justas palavras do patriarca
figueirense e seu filho mais querido, Manuel Fernandes Tomás:
“quando o coração não toma parte nas expressões do sentimento,
nenhum verniz é bastante para lhe fazer ganhar o poder da ilusão” [M.F.T., in “Relatório
de apresentação da Constituição a D. João VI”]
Fazendo nossa a causa que tão virtuosamente abraçou, com gratidão
e saudade, dizemos bem alto:
Honra a Manuel Fernandes Tomás!
Viva a Liberdade!
[Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto,
Figueira da Foz, 24 de Agosto de 2014]
FOTO de M.C., com a devida vénia
FOTO de M.C., com a devida vénia
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