segunda-feira, 25 de agosto de 2014

[TEXTO] CELEBRAÇÃO OFICIAL DA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820 E DE HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS, NA FIGUEIRA DA FOZ


TEXTO LIDO NA CELEBRAÇÃO OFICIAL DA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820 E DE HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2014, NA FIGUEIRA DA FOZ, pela Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto

Celebrando mais um aniversário da alevantada jornada que raiou no dia 24 de Agosto de 1820 na cidade do Porto, esse grito memorável da regeneração da Pátria levado a cabo por homens livres e virtuosos, cumpre-me, em nome da Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto, evocar a memória desse auspicioso dia e laurear o nosso patrício, o ilustre e venerando Manuel Fernandes Tomás.  

Neste dia de júbilo, que hoje exaltamos, a Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto tem, e terá sempre, o grato prazer de se associar à Homenagem a Manuel Fernandes Tomás, o primeiro dos regeneradores, e exaltar a sua luminosa memória, avivando a sua “recta consciência” e virtudes cívicas, o seu “inabalável apego aos ideais da liberdade” [José Luís Cardoso, 2011], linhas gerais da política vintista para a felicidade do povo e do amor à Pátria.

E é esse o exemplo benemérito e civilizador de Manuel Fernandes Tomás que vale hoje a pena e vale sempre a pena rememorar.

Na verdade - Senhoras e Senhores – o patriótico movimento libertador de 1820, o pronunciamento para a salvação da Pátria, iluminou o país de novas ideias, palavras e máximas políticas, traçando sinais esperançosos para uma nova era, anunciando, consagrando e tornando público as venturosas tríades: “Princípios, Direitos e Deveres”; “Razão, Lei e Moral”; “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Assim, onde anteriormente domina uma “administração inconsiderada”, uma “opressão traiçoeira”, o “despotismo”, a “arbitrariedade”, “o egoísmo”, o “fanatismo” e onde a “intervenção férrea do estrangeiro esmagava todo um povo” – para citar Magalhães Lima –, o vintismo triunfante consagrou novas realidades, doutrinas, linguagens, palavras, pensamentos, afectos e novos valores morais.

Na verdade, a inquietude revolucionária de 1820 (nas palavras de Joaquim de Carvalho) foi o termo da “dissolução moral do antigo regime” e o inicio da alvorada para uma “nova visão do homem, da sociedade e do Estado”, uma nova demanda.

E Manuel Fernandes Tomás, “a alma e o cérebro” da revolução de 1820, o reivindicador das “liberdades denegadas”, com o seu pensamento e labor foi o herói dessa revolução: pela sua probidade intelectual, arrebatamento pátrio, honradez. Foi, é e será um exemplo restaurador das inteligências, um legado para todos nós.  

Hoje, num tempo de desinspirado gosto, num ruir de valores em que a verdade, a razão e a lei, denunciam a crise da palavra e da honra, constitui um dever e um tributo de todos e de cada um de nós lembrar o elevado pensamento dos homens de 1820 e, especial, do nosso confrade Manuel Fernandes Tomás, tão generoso no seu idealismo, altivo na exortação da respeitosa liberdade e no zelo do bem público.

É portanto - Senhoras e Senhores - a figura do ilustre regenerador da Pátria, Manuel Fernandes Tomás, o literato ilustre, o autor do “Reportório das Leis Extravagantes”, o magistrado, o membro fundador do Sinédrio em 1818, o “estratega político”, a “alma e o cérebro da revolução de 1820” e seu primeiro obreiro, o redactor do “Manifesto da Junta Provisional do Supremo Conselho do Reino” e da “Proclamação da Junta Provisional”, o Ministro dos Negócios do Reino, o Deputado e Orador às Constituintes, o jornalista e o polemista fervoroso (o “Compadre de Belém”), aquele que “legou uma página à história das idades” [no dizer de Almeida Garrett], que cumpre hoje, a todos e a cada um de nós, aqui evocar, para jamais nos esquecermos do seu contributo, influência e Obra no pensamento político português.

Termino, relembrando as sábias e justas palavras do patriarca figueirense e seu filho mais querido, Manuel Fernandes Tomás:

quando o coração não toma parte nas expressões do sentimento, nenhum verniz é bastante para lhe fazer ganhar o poder da ilusão” [M.F.T., inRelatório de apresentação da Constituição a D. João VI”]

Fazendo nossa a causa que tão virtuosamente abraçou, com gratidão e saudade, dizemos bem alto:

Honra a Manuel Fernandes Tomás!                                      

Viva a Liberdade!

[Associação Cívica e Cultural 24 de Agosto, Figueira da Foz, 24 de Agosto de 2014]

FOTO de M.C., com a devida vénia

J.M.M.

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