segunda-feira, 29 de setembro de 2014

PALESTRA EM COIMBRA – “AFONSO DUARTE, O POETA E O CIDADÃO”


PALESTRA: "Afonso Duarte, o Poeta e o Cidadão”;
ORADOR: António Valdemar [jornalista, investigador e académico]

DIA: 30 de Setembro 2014 (10,30 horas);
LOCAL: Escola Secundária José Falcão (Coimbra);

 Afonso Duarte, o poeta e o cidadão” nas suas circunstancias literárias e politicas constitui o tema de uma palestra do académico António Valdemar a proferir, na terça feira, dia 30,  às 10 e 30 horas, em Coimbra, na Escola José Falcão.

Além de memórias familiares e pessoais, pois ainda privei com Afonso Duarte - salientou António Valdemar – esta intervenção fundamenta – se na própria 'Obra Poética  de Afonso Duarte', reunida por Carlos de Oliveira e João José Cochofel com um notável testemunho introdutório, num ensaio de Vitorino Nemésio e, ainda, na 'Antologia  de Afonso Duarte' prefaciada e organizada por Luís Vale
 
J.M.M.

GRÉMIO LUSITANO – COMEMORAÇÕES DO 5 DE OUTUBRO


O Grémio Lusitano vai celebrar a sua tradicional Homenagem Comemorativa da Implantação da República, no próximo dia 5 de Outubro.
 
Em Lisboa:
 
10.00 Horas - Deposição de uma coroa de flores na estátua António José de Almeida;
 
15.00 HorasInauguração da Biblioteca “Oliveira Marques”, do Grande Oriente Lusitano, nas instalações da Escola- Oficina nº1 ao Largo da Graça, nº58;
 
17.00 HorasCOLÓQUIO: “República, Democracia, Educação”;
 
ORADORES/TEMAS:
 
- Prof. António Sampaio da Nóvoa: “A Escola Oficina nº1 – Educar de Outra Maneira
- Prof. Maria Fernanda Rollo: “A República – Desafios do Progresso e Organização da Ciência
 
- Prof. António Reis fará os Comentários finais
 
Foto via António Ventura, com a devida vénia 
 
 
J.M.M.
 

sábado, 27 de setembro de 2014

II CONGRESSO I REPÚBLICA E REPUBLICANISMO


 
Nos próximos dias 2 e 3 de Outubro de 2014, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, realiza-se o II Congresso I República e Republicanismo.

Organizado pelo Centro República, o congresso conta com um conjunto significativo de investigadores que abordarão diversas temáticas relacionadas com o republicanismo. O painel inicial de dia 2 de Outubro vai ser dedicado ao tema Ciência e Educação e conta com as participações de:
Elisabete Francisco (FL/UL e C.E.H.R./UCP), A 1.ª República: entre o passado e o futuro.
- Ana Cristina Martins (IICT), A 9.ª sessão do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica (Lisboa, 1880) e o movimento republicano em Portugal: ilusões e desilusões
João Principe (CEHFCi/EU e IHC-FCSH/UNL), Sérgio e Caraça: Uma solidariedade Plural
Luís Alberto Alves e Francisco Miguel Araújo (CITCEM-FL/UP e CITCEM-FL/UP e FCT), A internacionalização da Universidade do Porto na I República.
Painel II | A Guerra e a República
Diogo Ferreira (IHC-FCSH/UNL), O impacto socioeconómico da I Guerra Mundial em Setúbal (1914-1918)
Mariana Castro (IHC-FCSH/UNL), Contrabando de Guerra em Elvas durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
 Ana Damâso e Sandra Patrício (IHC-FCSH/UNL), Às Portas da Guerra: Movimentos Sociais em Sines. As movimentações operárias e patronais em Sines de 1914 a 1926
José Lima Garcia (CEIS 20-UC e IHC-FSCH/UNL), O Combate e a defesa dos paradigmas republicanos do belicismo e do intervencionismo
- João Nogueira (CH-FL/UL), Carlos Olavo, um deputado nas trincheiras: reflexões sobre a Grande Guerra e a República.
Carlos Manuel Valentim (CEHC-ISCTE/IUL), Sidónio Pais e a Revolta dos Marinheiros (Dezembro de 1917-Janeiro 1918). Um confronto entre a terra e o mar     
Sérgio Resende (UA), A Gripe Espanhola nos Açores: Memória e Património durante a Grande Guerra
David Luna Carvalho (CHEC-ISCTE/IUL), Os questionários sobre a implementação da Lei da Separação do Estado das Igrejas entre a sua publicação a 20 de Abril de 1911 e Abril de 1914, em Portugal
Ana Gaspar (Dir.Serv.Arq.Doc-SG MF), As implicações da Lei da Separação do Estado das Igrejas no concelho de Cascais
Ana Venâncio (ARTIS-IHA-FL/UL), Edifícios nacionalizados destinados a qualquer fim de interesse social. A arquitectura religiosa adaptada ao serviço da população
Vanessa Batista (FL/UL), Da República Irmã? Percepções espanholas sobre a virtualidade da relação luso-espanhola (1911-1913)
Manuel Baiôa (CIDEHUS/UE), Os centros políticos, a imprensa e o financiamento do Partido Republicano Nacionalista (1923-1935)
Painel IV | República em contexto local 
- Paulo Rodrigues (CCAH/UM), O Povo na formação do pensamento republicano madeirense (1883-1888/1907-1910)
- Joaquim Rodrigues (ES e IHC-FCSH/UNL), O Algarve na I República. Da esperança à desilusão (1910-1926)
- Miguel Portela, A criação do concelho de Castanheira de Pera em 1914
- Carla Sequeira (CITCEM-FL/UP), A organização do campo político municipal no concelho de Peso da Régua entre 1919 e 1926
- António José de Oliveira (CEPESE), Subsídios para o estudo do Jornal das Taipas, semanário republicano (1921-1924)
- Augusto Moutinho Borges (CLEP/UL), Almeidenses na República: José Augusto Barbosa Colen (1849-1917), Dr. António Ginestal Machado (1874-1940) e Dr. Teófilo Carvalho dos Santos (1906-1986)
Nuno Simão Ferreira (FL/UL), A República e os monárquicos: as visões de Mariotte e de Alberto de Monsaraz
Painel V | Mulheres e República
 - Ana Bela Silveira (IHC-FCSH/UNL), O pensamento feminista de Beatriz Pinheiro a partir da revista viseense Ave Azul (1899/1900)
- Isabel Pinto (CECC), Do silêncio nasce a voz, ou as outras cidadanias da I República
- Sílvia Marques (FL/UL), A I República, a Infância e a Delinquência Juvenil
- João Esteves (CEHC-ISCTE/IUL), Da República à ditadura: as mulheres do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas na década de 1920
DIA 3 DE OUTUBRO DE 2014
Painel VI | Republicanismo
-  Fernando Rodrigues (EcoSol-CES/UC), Dimensão axiológica da República: a economia social
- João Lázaro (ISCTE/IUL), O ideal republicano no movimento operário português (1850-1860)
- Isabel Correia da Silva (ICS/UL), O lusobrasileirismo como discurso político republicano: o poder da imagem fraterna
-   Amadeu Sousa (CEIS20/UC), Pela República, Sempre! A ação dos republicanos em Braga após maio de 1926
- Adelaide Vieira Machado (CHC-CHAM-FCSH/UNL), O exílio e a ideia de democracia em contexto colonial. O «Boletim da Sociedade Luso-Africana» do Rio de Janeiro (1932-1938): unidade e diversidade
- Célia Reis (IHC-FCSH/UNL), O Projecto de reorganização do Ensino em Macau no início da República
-  Alice Samara (IHC-FCSH/UNL), A República e a Cidade. A memória da Primeira República durante o Estado Novo
Painel VII | Cultura, lazer e desporto 
-  Maria João Castro (IHA-FCSH/UNL), Da inspiração à exibição: Fragmentos de dança na I República
- Ana Luisa Paz (Inst.Educ./UL), Combates pelo génio: o músico intelectual e o ideal cultural no republicanismo português
- Milton Vogado (UC), José Pontes. O mito do desporto na I República
- Pedro Cerdeira (IHC-FCSH/UNL), A Sociedade Propaganda de Portugal e a implantação da República
- Ana Rias e Rogério Santos (FCH/UCP), «A República Portuguesa […] não é república nem portuguesa.» Os Opositores da República – o caso de António Ferro
 - Vera Mariz (ARTIS), Políticas e práticas patrimoniais na Índia portuguesa durante a I República
O colóquio conta ainda com conferências de abertura, realizadas por reputados historiadores da República e do Republicanismo de Portugal, Espanha e Itália, como:
Norberto Cunha | Universidade do Minho I Os intelectuais na I República
Maria Casalina | Universidade de Florença I A República entre a História e Historiografia
António Ventura | Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa I Maçonaria e República: desfazendo alguns mitos...
Rosa Ana Gutierrez | Universidade de Alicante | La monarquía cuestionada: el discurso político  y la cultura republicana en el liberalismo español decimonónico.
Informações complementares podem ser consultadas AQUI.

Um evento de grande qualidade, com variadas perspectivas sobre a temática da República que merece a pena conhecer e compreender para melhor avaliar.

Com os votos de maior sucesso para mais este congresso e para muitos amigos que tivemos oportunidade de conhecer no anterior congresso.

A.A.B.M.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CONFERÊNCIA – O TRABALHO MAÇÓNICO


CONFERÊNCIA: "O Trabalho Maçónico

ORADOR: Prof. João Alves Dias;

DIA: 3 de Outubro 2014 (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano [Rua do Grémio Lusitano, 25, Lisboa];

ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Sextas da Arte Real”]

“Muito se tem dito e especulado sobre a natureza, objecto e especificidade do Trabalho Maçónico.

João Alves Dias apresentar-nos-á nesta conferência, a sua visão pessoal, fruto de uma longa vivência maçónica, suportada por uma reflexão sedimentada num extenso e rico percurso iniciático, que contribuirá, com a transmissão de uma valiosa primeira letra na formação para o entendimento pessoal dos maçons sobre esta tão abrangente e controversa temática - o que é a praxis do trabalho maçónico?

Os maçons devem no seu trabalho maçónico debater fundamentalmente os temas sociais para uma mais efectiva intervenção na sociedade ou, pelo contrário, devem abrir novos horizontes e enriquecer a sua compreensão espiritual maçónica ao longo da progressão da sua vida iniciática, com vista ao seu aperfeiçoamento pessoal e da Humanidade?

Com esta primeira conferência do Ciclo das Sextas da Arte Real o Museu Maçónico Português procederá da melhor forma à abertura do Programa de Eventos de 2014/2015”.

[Fernando Castel-Branco Sacramento - Director do Museu Maçónico Português]

J.M.M.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

IN MEMORIAM JOSÉ SOARES MARTINS (1932-2014) [PARTE II]


José Capela firmou os seus créditos como investigador dos temas coloniais, sobretudo de Moçambique, alicerçando as suas pesquisas em temas inéditos. Por outro lado, apostou sempre numa postura critica em relação ao colonizador, o que lhe granjeou o respeito dos historiadores, pois reunia sempre um manancial de fontes arquivísticas e bibliográficas que lhe garantiam uma análise segura e fundamentada dos assuntos abordados.

Rejeitando o papel de propagandista, o publicista José Capela revelou-se um adversário acérrimo dos regimes colonialistas. As suas posições neste domínio foram pioneiras e revestiram-se de novidade no panorama historiográfico português sobre as colónias.

José Capela faleceu no Instituto de Oncologia do Porto, no dia 14 de Setembro de 2014, sendo sepultado no dia seguinte em S. João da Madeira.

Habitualmente apresentamos, nestes espaços In Memoriam uma listagem o mais completa possível da bibliografia produzida pelo autor em questão, mas neste caso específico recomendamos uma visita à listagem elaborada no espaço Memórias de África e do Oriente que merece a melhor divulgação. Neste espaço, é possível encontrar um extenso levantamento de artigos e livros escritos por José Soares Martins [José Capela] e podem ser consultados AQUI.

Recomenda-se ainda uma visita ao espólio bibliográfico que doou ao Núcleo de Estudos Africanos da Biblioteca Central da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, consultando ou descarregando o referido catálogo AQUI.

As poucas notas biográficas que se conseguiram encontrar, e a que recorremos, encontraram-se AQUI, alguns apontamentos sobre o seu contributo enquanto historiador foram encontrados AQUI, o seu espaço como investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto que se encontra disponível AQUI, nas notícias do Instituto Camões e Francisco Seixas da Costa também recorda a personalidade no seu blogue, AQUI, ou ainda outro texto carregado de memórias pessoais que pode ser encontrado AQUI.

Uma recomendação também de visita para conhecer alguma da bibliografia produzida pelo autor que pode ser consultada/descarregada AQUI.

Uma personalidade que evocamos, reconhecendo o seu contributo para a historiografia do período colonial em Moçambique.

A.A.B.M.


domingo, 21 de setembro de 2014

SOB O SIGNO DAS TRINCHEIRAS: A GRANDE GUERRA NA LITERATURA E NA ARTE



DIA: de 30 de Setembro (9,00 h);
LOCAL: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Anfiteatro 3);


ORADORES/TEMAS:

- José Pedro Serra: “Relatos de Guerra, Fracturas da Alma”
- António Ventura: “Escrever sobre a Grande Guerra na Primeira Pessoa”
- José Barreto: "Fernando Pessoa: Aliadófilo ou Germanófilo?"

- Teresa Seruya:"Guerra e Nação no Princípio do Século XX: O Caso de Thomas Mann"
- Luísa Flora: “Este abismo de sangue e trevas – Alguns Significados da Grande Guerra na Literatura Inglesa”
- Diana V. Almeida: “And why can we not save each other?: Corpos e Desejos durante a Grande Guerra na Literatura e na Arte dos E.U.A.

ORGANIZAÇÃO: Centro de Estudos Comparatistas (F.L.U.L.) [Aesthetics of memory and Emotions].


J.M.M.

sábado, 20 de setembro de 2014

COMEMORAR A REPÚBLICA – CONDEIXA-A-NOVA: EXPOSIÇÃO & CONFERÊNCIA


EXPOSIÇÃO: “República e Maçonaria”;

DIAS: de 4 de Outubro (18,00 h) a 12 de Dezembro;
LOCAL: Galeria Municipal Manuel Filipe (Condeixa-a-Nova);

CONFERÊNCIA: “República e Maçonaria – Que relação?”;
ORADOR: Prof. António Ventura;
DIA: de 4 de Outubro (18,00 h);
LOCAL: Galeria Municipal Manuel Filipe (Condeixa-a-Nova);

ORGANIZAÇÃO: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova | Museu da Republica e Maçonaria de Aires Henriques [Troviscais, Pedrógão Grande].

«A Câmara de Condeixa-a-Nova inaugura, no dia 4 de outubro, uma exposição de homenagem à Maçonaria pelo seu papel na implantação da República, em 1910, e "na transformação das mentalidades" ao longo dos séculos.

A exposição "República e Maçonaria" inclui a reconstituição de um templo maçónico, na galeria municipal Manuel Filipe, onde serão exibidas 30 peças do espólio privado do Museu da República e da Maçonaria, situado em Troviscais, concelho de Pedrógão Grande.
 
"Pensámos comemorar a revolução do 5 de Outubro com um tema diferente que despertasse a atenção das pessoas", disse hoje à agência Lusa a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, Liliana Pimentel.

Organizada com a colaboração de Aires Henriques, proprietário daquela unidade museológica, a mostra de símbolos maçónicos permite "analisar a relação entre a Maçonaria e a República" em Portugal, adiantou.




"A exposição pode ser visitada até ao dia 12 de dezembro, estando a comunidade escolar envolvida no projeto", realçou a vereadora Liliana Pimentel.
A abertura da exposição, no dia 4, às 18:00, coincide com a realização da conferência "República e Maçonaria - Que relação?", por António Ventura, professor da Universidade de Lisboa e autor do livro "Uma História da Maçonaria Portuguesa (1727-1986)".

"Pretende-se recordar e homenagear o trabalho dos republicanos, maçons e demais cidadãos livres e de bons costumes que, na Região Centro - no eixo Coimbra, Miranda do Corvo, Condeixa e Leiria - ajudaram a firmar um ideal de liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e tolerância", declarou à Lusa o investigador Aires Henriques.

Esse ideal, segundo o responsável do Museu da República e da Maçonaria, "expandiu-se para o interior serrano e pobre, onde, precisamente na vertente ocidental da Serra da Lousã, labutavam as populações" de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

Entre as "figuras porventura mais emblemáticas" do republicanismo na região, "salientam-se os republicanos e maçons Belisário Pimenta e José Falcão", ligados a Miranda, mas, no concelho de Condeixa-a-Nova, "não se podem ignorar, entre outros, os seus irmãos de ideal Fortunato Pires da Rocha, João Bacelar, Abílio Roque de Sá Barreto e Manuel Alegre", alguns dos quais desempenharam as funções de presidente da Câmara Municipal.
"A exposição apresenta um acervo museológico raro na Península Ibérica, de momento só suscetível de usufruir em Lisboa, no Museu Maçónico, e em Salamanca, no âmbito do Arquivo Distrital da Guerra Civil de Espanha", salientou Aires Henriques.
A mostra é composta por paramentos, malhetes de condução dos trabalhos maçónicos, espadas de ritual, um bastão de mestre de cerimónias, certificados de iniciação e outros documentos, joias de diferentes graus, relógios de algibeira e viagem, insígnias, uma campânula de luminária do Palácio Maçónico, uma cadeira de "mestre venerável", carimbos de lojas extintas e bustos da República Portuguesa com estrela maçónica.

Numa publicação a apresentar no dia da abertura, a organização enaltece a ação dos maçons na revolução republicana, os quais "decisivamente contribuíram para fazer cair um regime socialmente injusto".

via LUSA (aliás, via Diário das Beiras, 20/09/2014, p. 18| idem via Aires Henriques)

J.M.M.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

IN MEMORIAM JOSÉ SOARES MARTINS (1932-2014) [Parte I]


José Soares Martins, conhecido como investigador por José Capela, nasceu em Arrifana, Vila da Feira, em 25 de Março de 1932. Depois de completar a escola primária, prosseguiu os  estudos ingressando no Seminário dos Grilos, no Porto.

Frequentou o curso de Teologia no Porto, em 1954. Chegou a Moçambique em 1956, com 24 anos, onde se dedicou à escrita e à investigação. Estabeleceu-se na cidade da Beira, onde seu tio era Bispo, D. Sebastião Soares de Resende, responsável pela diocese da Beira. Começou por trabalhar no Diário de Moçambique, a partir de 1959, onde desempenhou as funções de chefe de redacção e, mais tarde, de director-adjunto do mesmo jornal. Sobre a existência deste jornal recomenda-se a leitura do verbete que lhe dedica Ilídio Rocha [Ilídio Rocha, A Imprensa de Moçambique, Ed. Livros do Brasil, Lisboa, 2000, p. 283-284], onde traça um pequeno apontamento sobre as dificuldades e as vicissitudes de um jornal, em diversos momentos, denunciou situações menos correctas da administração colonial portuguesa que lhe valeram a suspensão, mesmo sendo um órgão da Igreja Católica, mas ao mesmo tempo enfrentando o poder que dispunha na região o eng. Jorge Jardim. Colaborando em diversos órgãos da comunicação escrita em Moçambique, dinamizou vários órgãos como o semanário Voz Africana (1962), a revista Economia de Moçambique (1963), entre outros.

Regressou a Portugal em 1968, quando fundou a Voz Portucalense, órgão da imprensa periódica ligado à Diocese do Porto, onde colaborou depois com alguma regularidade [Rui Osório, “Nem o Evangelho escapava à Censura!”, Jornalismo & Jornalistas, Jan-Jun.2014, p. 78, refere-se à criação deste periódico católico impulsionado pelo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, assinalando como colaboradores Mário Zambujal, Mário Castrim, Germano Silva, António José Salvador e José Gomes Bandeira, entre outros]. Este regresso e instalação de José Martins Soares a Portugal, devia-se à publicação, já sob pseudónimo de José Capela, de um conjunto de cartas de negros para o órgão oficial da Diocese da Beira, Diário de Moçambique, o que causou profundas marcas.

Em 1 de Janeiro de 1970 iniciou, como editor, a publicação do jornal Voz Portucalense, no Porto. Nesta cidade desenvolveu intensa actividade no domínio cooperativista e na luta anti-facista e anticolonial. Nessa altura surgem a Confronto, e depois a Afrontamento,  Da publicação também dos cadernos anticoloniais.


Depois do processo de independência de Moçambique, esteve colocado como adido cultural no Centro Cultural Português, em Maputo, onde desenvolveu intensa actividade como investigador da História de Moçambique. Analisou com grande interesse as relações socais das populações na região da Zambézia. Os seus textos debruçam-se especificamente sobre Moçambique, sobre as questões coloniais, tendo focado a sua análise em alguns eixos fundamentais: a formação do embrionário capitalismo português em Moçambique e a influência que exerceu nas populações locais; a problemática da escravatura desde o período pré-colonial até à sua proibição e erradicação já nos primeiros anos do século XX; por outro lado, investigou e publicou textos sobre a complexidade histórica das sociedades da bacia do rio Zambeze, tendo por base a problemática do regime dos prazos na antiga colónia portuguesa.

[em continuação]

A.A.B.M.

sábado, 13 de setembro de 2014

AQUILINO, O REGRESSO HÁ 100 ANOS


Aquilino, o regresso há 100 anos” – por António Valdemar, in Público

Aquilino voltou a Portugal há 100 anos. Regressava do primeiro exílio político. Estivera refugiado em Paris, devido à participação revolucionária contra a ditadura de João Franco. Integrou-se no grupo de outros exilados portugueses como Magalhães Lima, Luz de Almeida, Alves da Veiga, Leal da Câmara, também empenhados na militância ativa para implantar a República. A França, depois da história do Renascimento, ocupava um lugar equivalente ao da Grécia, na Antiguidade Clássica. Paris era, na síntese de Aquilino, outra Atenas – “sol e sal da terra, segunda pátria para os rebeldes que tiveram que perder a sua, Jerusalém de todos os sonhadores e aflitos”.

Todavia, de 1908 a 1914, Aquilino partilhou a festa da vida e as torrentes da cultura, conheceu as obras dos escritores, poetas e artistas plásticos já consagrados e alguns representantes das vanguardas. Privilegiou, acima de tudo, os primores do convívio e da amizade. Matriculou-se na Sorbonne para cursar estudos clássicos. Ouviu as preleções de Jerôme Carcopinau, de Bergson e outros mestres famosos.

Assistiu ao princípio da aviação e à generalização dos automóveis, embora os fiacres continuassem a circular nas ruas. Paris era um paraíso, que recordou nas Abóboras no Telhado e em Por Obra e Graça, ao traçar os perfis de Anatole, do pintor Manuel Jardim, do escultor Anjos Teixeira e outros intelectuais e artistas portugueses que Diogo de Macedo, também, evocará em 14, Cité Falguière. Ainda perdurava a belle époque, embora já se pressentisse a aproximação da Primeira Grande Guerra que virá flagelar a Europa.

Aquilino andou de livraria em livraria e de atelier em atelier, em Montmartre e Montparnasse. Frequentou um clube de políticos e letrados na Rue du Faubourg de Saint Honoré, o Café Voltaire, no Quartier Latin, no qual também se juntavam, assiduamente, os círculos republicanos. O café La Bohème, Deux Magos e La Cloiserie des Lilas, constituíam outros pontos de encontro obrigatório. Algumas vezes esteve no cais do Sena, próximo de Anatole France, quando ambos, em peregrinação, farejavam os alfarrabistas

A França, pátria de grandes figuras, despertou Aquilino para o sinal dos tempos, para a transformação das estruturas políticas e sociais. Anatole France foi um dos seus mestres raiz e suporte da sua formação cultural, libertária e racionalista, que o ajudou a transpor o formalismo do magistério dos jesuítas, no Colégio da Lapa, e o sarro teológico incutido no Seminário. Jamais esqueceu a exortação de Anatole dirigida aos jovens no Monte Latino: “não tenham medo de passar por utopistas, de arquitetar repúblicas imaginárias”. (…) “Não se preocupem em ser prudentes. A prudência é a mais vil de todas as virtudes.”

Conheceu, entretanto, nas aulas na Sorbonne, Grete Thiedeman que viria a ser a sua primeira mulher. A seu lado iniciou e concluiu, na atmosfera calma e erudita da Biblioteca de Sainte Genevieve, a redação dos contos que vão constituir o seu primeiro livro Jardim das Tormentas onde concilia o apelo forte da Beira Alta, com a sensualidade escaldante da Surflame, “uma dessas loiras do faubourg, frágeis, egípcias, sem ancas, quase sem peitos”, que fazia acreditar nos momentos bons do mundo.

Mais dois exílios, depois do golpe militar e ditadura instaurada em 28 de Maio de 1926, permitiram-lhe aprofundar, em França, uma cultura que decorre entre o hedonismo e o epicurismo, que se cruza com a emanação profunda da Beira agreste e cercada de isolamento.

Há 100 anos Aquilino Ribeiro, pouco depois de regressar, foi admitido, no ano letivo de 1914, como professor contratado do Liceu Camões, onde permanecerá até 1918. Residiu no Campo Grande, frequentou o Chiado, gozava férias na Idanha, próximo de Belas. Entre os que passaram pelas suas aulas no Liceu Camões destacam-se Marcello Caetano, Francisco Leite Pinto, duas figuras de proa do regime de Salazar. Mas, também, outras figuras que se vão evidenciar na oposição democrática como Henrique de Barros, a seguir ao 25 de Abril, primeiro presidente da Assembleia Constituinte

A experiencia pedagógica e o ambiente de Lisboa da época registou Aquilino na novela Domingo de Lázaro,  incluída na obra Estrada de Santiago, dedicada a Gualdino Gomes e onde saiu, pela primeira vez em livro, o Malhadinhas. Irá depois, a convite de Jaime Cortesão, para o quadro da Biblioteca Nacional. Constitui um outro período do seu percurso: a participação no grupo fundador da Seara Nova e a colaboração no Guia de Portugal, coordenado por Raul Proença.

Mas na sequência do Jardim das TormentasAquilino vai escrever e publicar, durante meio século, sessenta obras que marcaram a língua e a literatura portuguesas: dezassete romances; dez volumes de novelas e contos; livros de crónicas, ensaios, biografias, traduções, contos para crianças e jovens.

Muito brevemente será lançado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), e edições Colibri, com prefácio de José Jorge Letria, o livro Aquilino visto por Urbano e para o qual dei um modesto contributo numa introdução e organização dos textos. Trata-se da edição de um conjunto de sete ensaios de Urbano Tavares Rodrigues em redor de um Aquilino numeroso e vário, criador de uma língua própria, voltado para grandes questões da condição humana, para a fugacidade do tempo, o peso da memória e, simultaneamente, para a defesa da República.

Hoje, 13 de Setembro, dia do aniversário natalício, Aquilino será evocado em Viseu, com várias cerimónias públicas e o lançamento de um volume dos cadernos aquilinianos, com inéditos e outros documentos políticos e literários. Novos contributos para lembrar o escritor que, à margem de escolas e cartilhas, defendeu os valores da liberdade e da cidadania, enquanto revelou o universo da Beira Alta, o comportamento das populações, os usos e costumes, a diversidade da fauna e da flora, os montes, os vales, os rios e outros elementos telúricos e humanos que definem a vida própria de uma região.

Aquilino, o regresso há 100 anos – por António Valdemar [Jornalista e investigador], jornal Público, 13 de Setembro de 2014, p.53 - sublinhados nossos.

J.M.M.