ARQUIVO GRÁFICO da vida portuguesa. [fascículo specimen] Ano
I, nº 1 (1903) ao nº VI (1907); Administração e Redação: Travessa da Condessa do rio, 27, Lisboa; Impressão: Bertrand & Irmãos; 1933,
1+6 numrs
Trata-se de uma publicação póstuma (em fascículos e ilustrada) que, a partir do valioso espólio fotográfico de Joshua Benoliel (1873-1932) – “o mais aclamado fotógrafo do início do século XX, considerado por muitos o pai do foto-jornalismo português” - pretende apresentar a “história da vida nacional em todos os seus aspectos, de 1903 a 1918”. A publicação de Joshua Benoliel, que tem como mentor do projecto Rocha Martins, seu biógrafo em 1933 [“Os grandes objectivos duma objectiva célebre”, fasc. nº1], termina abruptamente (por “circunstâncias políticas da época” ou por “dificuldades económicas” – cf. Alexandre Pomar) no final do sexto fascículo, não cumprindo o seu plano inicial de seleccionar a sua colectânea de fotografias até ao ano de 1918.
Do
plano inicial faziam parte textos/apontamentos/legendas - e além dos
escritores/jornalistas que abaixo referimos - como os de Fernando de Sousa
(“Nemo”), general Domingues de Oliveira, Bento Carqueja, Cristiano de Carvalho,
Matos Sequeira, Norberto de Araújo, Joaquim Manso, Fidelino de Figueiredo,
Albino Forjaz de Sampaio, Rogério Peres, Vasconcelos e Sá, Jorge de Faria,
Augusto Pinto, Nobre Martins, Gomes Monteiro, Salazar Correia, Adelino Mendes,
Carlos Rates, Manuel Joaquim de Sousa, Alfredo Marques, Costa Júnior, Ribeiro
dos Reis.
Joshua Benoliel
De
facto, alguns dos artigos são muito curiosos: “O que será o Arquivo Fotográfico”
(nº specimen), “Os Grandes Objectivos duma Objectiva Celebre” (nº1, Rocha
Martins), “O Movimento Operário em Portugal” (ao fasc.nº3, de Ramada Curto), “Procissões”
(nº3, pelo padre Miguel de Oliveira), “Reinado de D. Carlos é a base onde
assenta o moderno exército português” (fasc.nº4 e ss, com a pena do monárquico
e conspirador contra a República, Eurico Satúrio Pires), “A revolta do cruzador
D. Carlos”, 8 de Abril de 1906 (6º fasc.), “Os Intransigentes de 1907” (6º fasc.,
por Mário Monteiro, ex-intransigente da greve de 1907 e violentamente
anti-republicano).
Colaboração: Mário Monteiro [aliás, Fortunato Maria Monteiro de Figueiredo, 1885-X;
personagem violentamente anti-republicana; participou na Greve de 1907, em
Coimbra; advogado, dirigiu o semanário “A Alvorada”, esteve implicado na
insurreição militar de 27 de Abril de 1913, razão por que se hominizou no
Brasil, perorando em várias conferências monárquicas (curiosamente com Homem
Cristo, também ele em fuga no Brasil), regressando por breve tempo a Portugal,
tendo regressado ao Brasil, onde se radicou, não sem uma vida complicada,
acusado e levado por diversas vezes a tribunal. Mário Monteiro é, de facto, um estranho
individuo, desde a publicação (em Coimbra, 1904), dos seus panfletos “Pavões”],
Joshua Benoliel (1873-1932), (padre) Miguel A.[Augusto] de Oliveira (1897-1968),
Ramada Curto (1886-1961), Rocha Martins (1879-1952), [Eurico] Satúrio Pires
(1881-1952).Arquivo Gráfico da Vida Portuguesa AQUI digitalizado.
J.M.M.
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