terça-feira, 24 de agosto de 2021

[GRANDE ORIENTE LUSITANO – MAÇONARIA PORTUGUESA] NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS – FIGUEIRA DA FOZ

 


DISCURSO PROFERIDO NA EVOCAÇÃO DA REVOLUÇÃO LIBERAL E HOMENAGEM A MANUEL FERNANDES TOMÁS NO DIA 24 DE AGOSTO DE 2021, na Figueira da Foz, pelo Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa

Cumprindo a tradição e uma feliz e justa deliberação da Câmara Municipal da Figueira da Foz, com mais de quatro décadas, aqui estamos, de novo, para homenagear Manuel Fernandes Tomás. Ao fazê-lo, recordamos o homem e o cidadão, figura destacada e central na Revolução Liberal de 1820, e sublinhamos a importância do seu contributo e do seu ideário para a democracia que temos e para o Estado de Direito que somos.

Trata-se, por isso, de uma iniciativa justa e pela qual honramos a nossa história e o seu legado.

Consequentemente, o Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, de que Manuel Fernandes Tomás foi um dos seus mais insignes membros, quer cumprimentar de forma particular a Câmara Municipal da Figueira da Foz, a Associação Manuel Fernandes Tomás e a Associação 24 de Agosto pelo vosso contributo permanente para a defesa do ideário da Revolução Liberal de 1820.

Grande Oriente Lusitano sente particular orgulho em ter contado de entre os seus membros com um Homem com a grandeza de Manuel Fernandes Tomás. O Grande Oriente Lusitano sente orgulho nos maçons que hoje, como nos séculos XIX e XX, trabalham e trabalharam na Figueira da Foz.

Aqui, a Maçonaria fundou associações de apoio aos mais desfavorecidos, criou escolas e exerceu uma profunda influência cultural e cívica através de associações e jornais. Na história da cidade, são incontornáveis os nomes de muitos que aqui nasceram ou que à cidade estiveram ligados pela sua actividade profissional ou política. Nomes como António Augusto Esteves, escritor e bibliófilo, Maurício Águas Pinto, fundador dos Rotários figueirenses, Joaquim de Carvalho, professor universitário, Joaquim António Feteira, comerciante, Goltz de Carvalho, professor e naturalista, António dos Santos Rocha, advogado e arqueólogo, ou ainda de Gentil da Silva Ribeiro, operário, dirigente republicano e impulsionador do associativismo e da imprensa local, têm, além da sua condição de figueirenses, a qualidade de terem sido maçons do Grande Oriente Lusitano.

Ao celebrarmos Fernandes Tomás, estamos inequivocamente a celebrar o dia 24 de Agosto de 1820 e a Revolução Liberal. Estamos a relembrar o homem que encarnou a alma dessa revolução, cuja matriz era a elaboração de uma Constituição, expressão de uma cidadania composta pela participação de todos na vida da sociedade, moldada em direitos e deveres para com o todo social. Estamos também a manter vivas as ideias do Bem Comum e do bom governo que fizeram história a partir do século XVIII, com as teorias de Locke, Hobbes, Montesquieu ou Rousseau.

Homenageamos, hoje, um dos maiores portugueses de todos os tempos, um líder pelo exemplo, defensor da Liberdade e promotor da regeneração da Pátria. Um cidadão com um pensamento político denso e ponderado e defensor intransigente da ideia tão cara ao Grande Oriente Lusitano da sã convivência entre todos os cidadãos, pautada, sempre, por critérios de inabalável justiça.

Sã convivência entre todos os cidadãos, que a par de outros valores superiores, nunca é um valor dado por adquirido, como o demonstra o crescimento que nos últimos anos se tem verificado na sociedade portuguesa das ideias de extrema-direita, populistas e antidemocráticas, que, de forma organizada, mas também perigosamente inorgânica, têm vindo a fazer um caminho, que nos impõe a todos uma prática mais exigente na promoção dos valores democráticos.

Os valores defendidos por Manuel Fernandes Tomás e pelos heróis de 1820 continuam actuais e credores nos dias de hoje de reconhecimento, defesa e promoção.

201 anos depois da Revolução Liberal, todos os democratas têm a obrigação de deixar bem claro, pela sua prática e pela sua intervenção cidadã, que a democracia, para se proteger, tem linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, pois a democracia não é nem pode ser o regime em que tudo é permitido a todos.

[Carlos Vasconcelos, Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa - sublinhados nossos]

J.M.M.

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