quinta-feira, 11 de novembro de 2021

"A HISTÓRIA FAZ-SE ...

 


A história faz-se de extensas visões e de pontos ocasionais. Quando é possível tocar o documento ou olhar a sua trasladação, estamos perante esse, ou esses, ponto ocasional, a ocasião. O caminho por ela é um modo de fixar a poalha, e é uma paragem concreta, muito embora esse concreto não deva jamais assumir a dimensão de único valor tangivelmente histórico, em desfavor daquilo a que chamo, tateando, os sentidos, os contextos ideológicos/vivenciais, o tencionar e o querer dos homens. Porque nada subsiste nas obras do passado senão os homens, o seu resíduo, e o resíduo dos resíduos que eles, epocalmente, haviam, por sua vez, recebido. Este, um domínio considerado, habitualmente, de interpretação e não de ressurreição, e que para não ser perigosamente alheio ao passado, tem de ser domínio de estudo, pobre e pobre, porque sempre estamos longe, e sem instrumentos totais, daquilo que foi, tal como terá sido ou podia ser …”

Fiama Hasse Pais Brandão, in O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos, 1985, p. 237

J.M.M.

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