quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CONFERÊNCIA – AS LUZES E AS INVASÕES NAPOLEÓNICAS. MAÇONARIA EM PORTUGAL


CONFERÊNCIA:"As Luzes e as Invasões Napoleónicas. Maçonaria em Portugal”.

ORADOR: António Ventura;
DIA:
17 de Dezembro (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano (Palácio Maçónico),Lisboa;

ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Novos Paradigmas e Maçonaria”]


“O movimento de tolerância, defendido pelos experimentalistas e iluminista de Inglaterra, post Glorious Revolution de 1688, contra a intolerância religiosa e os abusos do poder absolutista, protagonizado, entre outros ilustres pensadores, por John Locke e Isaac Newton e pelo escol da Royal Society, pode ser considerado um movimento de ideias liberais precursor das actuais concepções da democracia liberal, da democracia moderna e dos direitos humanos. Este movimento cultural da elite intelectual inglesa do séc. XVIII influenciou fortemente a formação do actual modelo da maçonaria, mormente o emergente em Londres, em 24 de Junho de 1717 e o dos inícios da maçonaria em Portugal.
A prevalência da razão defendida por estes pensadores do iluminismo, como a faculdade capaz de libertar o homem dos principais inimigos de todo o conhecimento – a ignorância, o obscurantismo e a superstição – e propondo uma religião e moral naturais, molda todo o ideário maçónico, reforçado com os importantes contributos decantados com as contribuições dos enciclopedistas Diderot e d’Alembert e de relevantes pensadores, filósofos e intelectuais dos salões de França, como, entre outros, foi o caso de Descartes, Voltaire e Montesquieu.
Este movimento de ideias cognominado como o Século das Luzes, da luz que irradia da razão, do progresso e do desenvolvimento, estabelece uma fractura na linha de pensamento na sociedade da época, que se repercute ao nível político e maçónico em Portugal.
Associado a este poderoso movimento de ideias, os ventos da Revolução Francesa de 1789 deixam profundas marcas na intelectualidade portuguesa de finais do séc. XVIII e início do séc. XIX, com a adopção do decorrente ideário de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, vindo de além Pirenéus, que ainda hoje é adoptado como divisa pela maçonaria agnóstica portuguesa.
Neste período a presença das figuras dos embaixadores Marechal Jean Lannes, que chega a exigir a demissão de Pina Manique e posteriormente a actuação do Marechal Junot, que é colocado em Portugal por Napoleão com a missão diplomática de induzir o país a fechar os portos aos navios ingleses e a estipular um tratado de aliança com o império francês e Espanha, permite-nos perceber a complexidade da situação que então se vivia em Portugal, com os evidentes reflexos no funcionamento e organização da Maçonaria em Portugal, que culminou com a saída da Família Real para o Brasil e com as Invasões Napoleónicas em Portugal, começando estas com a Guerra das Laranjas, seguidas das restantes três comandadas pelos maçons General Junot, General Soul e Marechal Massena.
A entrada então em Portugal de inúmeros oficiais franceses é terreno para a criação de lojas maçónicas militares francesas, em contraponto com as militares inglesas dos inícios do séc. XVIII, o que é mais uma razão para a conflitualidade verificada nas instituições maçónicas portuguesas de então.
As lutas entre as duas grandes potências dessa época – a Inglaterra e a França – no palco geográfico de Portugal, reflectem-se na emergência de um período extraordinariamente rico da história nacional, mas profundamente conturbado da maçonaria portuguesa.
Esta conferência visa aprofundar as implicações que este movimento iluminista, a Revolução Francesa e as Invasões Napoleónicas tiveram na Maçonaria em Portugal, nos finais do séc. XVIII e inícios do séc. XIX.
Pretende, assim, contribuir para uma melhor compreensão das linhas de clivagem, das lutas e das consequências que então se manifestaram de forma tão profunda na sociedade portuguesa e na maçonaria de então, e que ainda nos dias de hoje se repercute nas visões e formas diferenciadas de praticar a maçonaria – a inglesa e saxónica e a francesa e continental europeia -, que se reflectiram nas questões da regularidade ou não regularidade e nas diferenças da prática ritualística maçónicas, através da adopção e organização de distintos ritos maçónicos.
A importância e relevância crucial destas situações pretéritas, permitem-nos clarificar alguns problemas magnos que se centram em torno destas questões e dos reflexos que ainda hoje se expressam, e de que maneira, na praxis e organização da Maçonaria em Portugal" [ler AQUI]
[Fernando Castel-Branco Sacramento, Director do Museu Maçónico Português - Rua do Grémio Lusitano nº 25, Lisboa]

J.M.M.

Sem comentários: