CONFERÊNCIA:"As Luzes e as Invasões Napoleónicas. Maçonaria em Portugal”.
ORADOR: António Ventura;
DIA: 17 de Dezembro (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano (Palácio Maçónico),Lisboa;
DIA: 17 de Dezembro (19,00 horas);
LOCAL: Grémio Lusitano (Palácio Maçónico),Lisboa;
“O
movimento de tolerância, defendido pelos experimentalistas e iluminista de
Inglaterra, post Glorious Revolution de 1688, contra a intolerância
religiosa e os abusos do poder absolutista, protagonizado, entre outros
ilustres pensadores, por John Locke e Isaac Newton e pelo escol da Royal
Society, pode ser considerado um movimento de ideias liberais
precursor das actuais concepções da democracia liberal, da democracia moderna e
dos direitos humanos. Este movimento cultural da elite intelectual inglesa do
séc. XVIII influenciou fortemente a formação do actual modelo da maçonaria,
mormente o emergente em Londres, em 24 de Junho de 1717 e o dos inícios da
maçonaria em Portugal.
A
prevalência da razão defendida por estes pensadores do iluminismo, como a
faculdade capaz de libertar o homem dos principais inimigos de todo o
conhecimento – a ignorância, o obscurantismo e a superstição – e propondo uma
religião e moral naturais, molda todo o ideário maçónico, reforçado com os
importantes contributos decantados com as contribuições dos enciclopedistas
Diderot e d’Alembert e de relevantes pensadores, filósofos e intelectuais dos
salões de França, como, entre outros, foi o caso de Descartes, Voltaire e Montesquieu.
Este
movimento de ideias cognominado como o Século das Luzes, da luz que
irradia da razão, do progresso e do desenvolvimento, estabelece uma fractura na
linha de pensamento na sociedade da época, que se repercute ao nível político e
maçónico em Portugal.
Associado
a este poderoso movimento de ideias, os ventos da Revolução
Francesa de 1789 deixam profundas marcas na intelectualidade portuguesa de
finais do séc. XVIII e início do séc. XIX, com a adopção do decorrente ideário
de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, vindo de além Pirenéus, que ainda hoje
é adoptado como divisa pela maçonaria agnóstica portuguesa.
Neste
período a presença das figuras dos embaixadores Marechal Jean Lannes, que chega
a exigir a demissão de Pina Manique e posteriormente a actuação do Marechal
Junot, que é colocado em Portugal por Napoleão com a missão diplomática de
induzir o país a fechar os portos aos navios ingleses e a estipular um tratado
de aliança com o império francês e Espanha, permite-nos perceber a complexidade
da situação que então se vivia em Portugal, com os evidentes reflexos no
funcionamento e organização da Maçonaria em Portugal, que culminou com a saída
da Família Real para o Brasil e com as Invasões Napoleónicas em Portugal,
começando estas com a Guerra das Laranjas, seguidas das restantes três
comandadas pelos maçons General Junot, General Soul e Marechal Massena.
A entrada
então em Portugal de inúmeros oficiais franceses é terreno para a criação de
lojas maçónicas militares francesas, em contraponto com as militares inglesas
dos inícios do séc. XVIII, o que é mais uma razão para a conflitualidade
verificada nas instituições maçónicas portuguesas de então.
As lutas
entre as duas grandes potências dessa época – a Inglaterra e a França – no
palco geográfico de Portugal, reflectem-se na emergência de um período
extraordinariamente rico da história nacional, mas profundamente conturbado da
maçonaria portuguesa.
Esta
conferência visa aprofundar as implicações que este movimento iluminista, a
Revolução Francesa e as Invasões Napoleónicas tiveram na Maçonaria em Portugal,
nos finais do séc. XVIII e inícios do séc. XIX.
Pretende,
assim, contribuir para uma melhor compreensão das linhas de clivagem, das lutas
e das consequências que então se manifestaram de forma tão profunda na
sociedade portuguesa e na maçonaria de então, e que ainda nos dias de hoje se
repercute nas visões e formas diferenciadas de praticar a maçonaria – a inglesa
e saxónica e a francesa e continental europeia -, que se reflectiram nas
questões da regularidade ou não regularidade e nas diferenças da prática
ritualística maçónicas, através da adopção e organização de distintos ritos
maçónicos.
A
importância e relevância crucial destas situações pretéritas, permitem-nos
clarificar alguns problemas magnos que se centram em torno destas questões e
dos reflexos que ainda hoje se expressam, e de que maneira, na praxis e
organização da Maçonaria em Portugal" [ler AQUI]
[Fernando Castel-Branco Sacramento, Director do Museu Maçónico Português - Rua do Grémio
Lusitano nº 25, Lisboa]
J.M.M.
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