CONFERÊNCIA / DEBATE:
" Constitucionalismo e Lutas Liberais – a Maçonaria
em Portugal”
ORADOR: Francisco Carromeu;
DIA: 22 de Fevereiro (16,00 horas);
LOCAL: Rua Maria Emília da Silva Carvalho, nº12 [Leiria];
DIA: 22 de Fevereiro (16,00 horas);
LOCAL: Rua Maria Emília da Silva Carvalho, nº12 [Leiria];
ORGANIZAÇÃO: Museu Maçónico Português [Ciclo “Novos Paradigmas”]
A Revolução Francesa surpreendeu toda a Europa para alterações
institucionais cuja dimensão ninguém esperava. Era o Antigo Regime a
desmoronar-se para dar lugar a um outro que deveria partir de fundamentos
diferentes. Enquanto se definiam essas novas bases institucionais, o abade Barruel, em 1792, sugere que na origem da
queda do regime antigo estariam quatro forças conspiradoras: os maçons, os
enciclopedistas, os iluministas e os filósofos. Foi assim criada a primeira teoria da conspiração com a acusação das
novas ideias, da discussão livre das ideias e daqueles que se reuniam a
coberto, com a legitimação das condenações que a Igreja tinha operado com as
bulas de 1738 e 1751.
Nunca os maçons tinham sido associados às revoluções políticas que
então iriam começar em todo o ocidente cristão e que só terminariam na
primavera dos povos de 1848.
Desde então, nunca mais a Maçonaria se conseguiu libertar dessa sua
natural propensão para as conspirações, pela sua simples forma de reunião a
coberto, entre indivíduos que se aceitam entre si como iguais,
independentemente das suas crenças religiosas ou filiações partidárias e que só
emitem opiniões que sejam suas, livres de qualquer constrangimento.
Contudo, a Maçonaria nunca foi responsável directa por qualquer
revolução. A sua forma de reunião em loja não permite qualquer acto
revolucionário, mas os seus membros, pelo simples facto de serem livres,
tornam-se, naturalmente, potencialmente revolucionários em qualquer regime
opressor dos mais elementares direitos de cidadania.
Nessa medida, os maçons são, de facto, responsáveis pelas revoluções
liberais de finais do séc. XVIII, princípios do séc. XIX, que deram ao mundo os
regimes constitucionais que ainda hoje conhecemos, a liberdade de consciência e
a igualdade de todos perante a lei. E construíram os regimes políticos baseados
na lei, o sufrágio universal, a liberdade individual e a soberania das nações,
fundamentos que hoje correm alguns riscos.
Em Portugal, particularmente, foram os maçons que começaram essa
discussão nas lojas maçónicas ainda antes da existência de qualquer organização
que a promovesse; criaram as sociedades patrióticas, os clubes, os partidos
políticos, os sindicatos, as seguradoras, as mútuas, as cooperativas, os
grémios, as associações empresariais, as filarmónicas e tantas outras
organizações que estruturaram a sociedade moderna. E foram os maçons que
reformaram o Estado e a própria Igreja, consagraram a separação de poderes e
aceleraram a evolução da humanidade numa base contratual entre os cidadãos e o
Estado que lhes pertencia.
Os maçons souberam encontrar soluções inovadoras para ultrapassar uma das mais profundas crises da nossa história; desempenharam então um papel de enorme relevância cívica.
Os maçons souberam encontrar soluções inovadoras para ultrapassar uma das mais profundas crises da nossa história; desempenharam então um papel de enorme relevância cívica.
Os tempos são outros, mas seguramente, com trabalho e perseverança os
maçons hão-de, igualmente, saber dar um contributo efectivo para ultrapassar a
actual crise financeira e de valores que o país atravessa e que hipoteca as
gerações vindouras e o futuro". [AQUI]
[Fernando
Castel-Branco Sacramento, Director do Museu Maçónico
Português - Rua do Grémio Lusitano nº 25, Lisboa]
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