A
MEMÓRIA DO ELEFANTE. Jornal de Música Popular, Jazz, Erudita e Rádio – Ano I,
nº 1 (1971 – saiu um número experimental a 25 de Fevereiro de 1970 (!?),
segundo a BNP) ao Ano IV, nº 13 (Dezembro de 1974); Edição: Mário Jorge Morais;
Direcção: Joaquim Lobo; Administração: Rua dr. Vasco Valente, 40, 2º, Porto (depois
na Rua Passos Manuel, nº 134, 1º, Porto); Relações Públicas: João Afonso Almeida;
Supervisão: Pedro Nunes; Impressão: Empresa de Publicidade do Norte, Porto (depois
Tip. Aliança, Porto); Porto, 1971-1974, 13 numrs
[Alguma] Colaboração/textos assinados: António Barredo Oliveira, António
José Fonseca, Jorge Lima Barreto, Mário Gonçalves, Octávio da Fonseca e Silva,
Pedro Proença, Renato Silva, …
Do
seu nº 11 (Janeiro de 1974), transcrevemos [via nosso post no Almocreve das Petas, com a data
de 7 de Abril de 2004 – para que se conste], o seguinte:
“A
Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase
só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de
crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam,
sub-repticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação
profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como
último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as
futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes
do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas»
(ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante
não é de, nem para escatófagos (…)” [A Memória do Elefante, nº 11, Janeiro de
1974]
“…
A música urbana, na noção ideal, está ligada à vanguarda e à revolução sob todas
as formas. Neste sentido pode dizer-se que em Portugal não há música urbana.
Está, por aqui, num estado embrionário, simplista e pseudo-artístico. Abortadas
que resultaram as experiências bem desenvolvidas mas inacabadas da Filarmónica
Fraude e Quarteto 1111, não há para já perspectiva de uma música nova …”
[Octávio Fonseca e Silva, in José Afonso, ibidem]
Em
Janeiro de 1973 (nº10), lia-se: “Este artigo é uma pequena e despretenciosa
homenagem a Guy Debord e à I. S. Funda-se numa aplicação das teses reais do
livro «A Sociedade do Espectáculo» e numa relação afectiva que a carta
recentemente recebida dum fugitivo em França, Pedro Jofre, reavivou
decisivamente …” [Jorge Lima Barreto, in Jazz In Situ, ME nº 10, Agosto 1973].
Refira-se
que este importante jornal de contracultura, transgressor nos seus textos e de
um grafismo estético inovador, estava de algum modo ligado à denominada
extrema-esquerda, acentuando a “radicalização política” que marca os anos 70
entre a juventude. Não por acaso teve, a partir de 1973, apoio da revista
“Mundo da Canção”, surgida em 1969 (o nº1 data de Dezembro de 1969), ela
própria, embora noutro registo, de estimada intervenção social e, por isso,
incómoda ao regime.
J.M.M.
Sem comentários:
Enviar um comentário