domingo, 31 de janeiro de 2016

GLÓRIA AOS REVOLUCIONÁRIOS DE 31 DE JANEIRO DE 1891

 
 
Comemorações do 31 de Janeiro em Lisboa de 1946 - Manifestação organizada pelo MUD, a propósito das comemorações do 31 de Janeiro em Lisboa. Homenagem a António José de Almeida.  [via Casa Comum] - CLICAR NA FOTO
 
Texto de José Augusto Seabra, in "O 31 de Janeiro e a cultura cívica europeia", República nº 7, Maio 2001
 
J.M.M.


31 DE JANEIRO DE 1891-31 DE JANEIRO DE 2016


Assinalando a efeméride do 31 de Janeiro de 1891, a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto leva a efeito um conjunto de iniciativas que o Almanaque Republicano não pode deixar de divulgar junto daqueles que gostam do estudo, análise e investigação sobre a questão da implantação da República em Portugal.

Uma visita guiada aos locais pelo apaixonado pela História e pelas "estórias" do Porto e dos portuenses, Germano Silva, e a homenagem ao republicano e publicista Sampaio (Bruno) - Do Idealismo Republicano à Crítica Literária, com a edição do trabalho de Paulo Samuel.

Um conjunto muito interessante de acontecimentos para participar e aprender.

A.A.B.M.


PALAVRAS DE JOÃO CHAGAS SOBRE O 31 DE JANEIRO

 
 
J.M.M.
 
 
 
 

sábado, 30 de janeiro de 2016

DR. AUGUSTO MANOEL ALVES DA VEIGA – “A VOZ QUE RIJAMENTE PROCLAMOU A REPÚBLICA EM PORTUGAL”



Alves da Veiga nasceu no dia 28 de Setembro de 1849 em Izeda (Bragança). Ainda jovem, com 15 anos, parte rumo a Coimbra, a instância de Emídio Garcia, conterrâneo e amigo da família, filho de um dos seus professores do liceu (Leonardo Emídio Garcia), para aí completar os estudos preparatórios e fazer o ingresso na Universidade de Coimbra. É acolhido na casa de Manuel Emídio Garcia (lente da Universidade de Coimbra e destacado maçon, igualmente nascido em Bragança em 1838), tornando-se seu “protegido” e estabelecendo uma amizade para a vida, como seu discípulo.

Cedo, como estudante, mostrou grande interesse pela imprensa, redigindo nos tempos liceais o periódico O Lyceu-Semanário Cientifico e Literário, colaborando sempre na imprensa da sua época. Em 1867, com 18 anos de idade, publica num semanário local de Coimbra um conjunto de artigos, sob o título genérico de “Ensaio sobre Philosophia Alemã – Kant e sua escola”. Na esteira do pensamento positivista revolucionário, filosófico e federalista de Emídio Garcia, publica em 1872, enquanto estudante do 3º ano da faculdade, as suas aulas de “Estudos de Philosophia Política”.

Nesse período da academia, em Coimbra, cimenta igualmente uma forte amizade e companheirismo no apostolado republicano com Sebastião Magalhães de Lima, que perdura ao longo de toda a sua vida, reforçada pela possível pertença de ambos à Loja Perseverança, de que igualmente fazia parte Manuel Emídio Garcia.

Em 1873, dois meses depois da implantação da República em Espanha, funda o semanário A República Portugueza (órgão do Partido Republicano de Coimbra) com os seus colegas de faculdade Magalhães de Lima, Álvaro Morais e Almeida Ribeiro.

Terminado o curso de direito em 1874, fixa residência no Porto em 1875, onde estabeleceu banca de advogado, dando igualmente aulas particulares durante algum tempo. Casa com Joana Teixeira, abandonando, entretanto, a actividade de advogado e dedica-se ao ensino liceal, a par da sua acção de propaganda republicana.

No Porto inicia um percurso de intenso labor na difusão dos ideais republicanos, quer como um dos fundadores do Partido Republicano, quer como tribuno, quer como periodista. Sampaio Bruno escreveria em 1881 que Alves da Veiga era o "elemento mais pronunciado e dominante da democracia nas províncias do norte, que ele tem percorrido como propagandista sem tréguas". Nesta sequência e em resultado de reunião realizada no Porto em 2 de Abril de 1882, presidida pelo professor catedrático Emídio Garcia, cria-se uma comissão constituída por Alves da Veiga, Júlio de Matos e Manuel J. Teixeira (seu cunhado) em representação do Porto, e Magalhães de Lima e José Falcão em representação de Coimbra, com vista à organização, em Junho de 1883, do “partido republicano”.

Emídio Garcia, em 1882, atribui a Alves da Veiga, na Galeria Republicana, o epíteto de “uma das mais distintas individualidades do partido republicano portuguez”. Foi o primeiro deputado republicano, apresentado pelo Porto, a entrar no “Parlamento da Monarquia”.

Como periodista colabora também no jornal O Século, fundado em 1880 pelo seu colega de curso Magalhães Lima e nos por si co-fundados A Actualidade e A Discussão, este por si financiado.
 
 

Na esteira do seu intenso labor organizativo e de tribuno em prol do republicanismo, no Porto e no norte do país, funda o Centro Republicano Democrático do Porto, através do qual publica importantes contribuições para a difusão dos ideais federalistas republicanos, cuja bandeira rubra foi arvorada no dia 31 de Janeiro de 1891 na CM do Porto. Na sequência do incêndio que deflagrou na trágica noite de 22 de Março de 1888, o Porto viveu uma terrível tragédia em que pereceram carbonizados muitos dos espectadores então presentes. Passados dois dias, depois da Matinée da Imprensa Portuense realizada no Palácio de Cristal, para angariação fundos para apoio às vítimas, D. Maria Pia percorreu durante quatro horas as casas dos parentes das vítimas, distribuindo generosamente libras de ouro. O líder do Partido republicano, Alves da Veiga, foi um dos visitados, não porque lhe tivesse morrido alguém, mas para a Rainha lhe agradecer o gesto de recolher dois órfãos de um dos mortos do Teatro Baquet. João Chagas, acompanhou a visita e deixou-nos a descrição pormenorizada desse tocante "momento de conciliação de dois princípios", que reuniu num acto solidário a possibilidade da junção da máxima representante da monarquia e do chefe da oposição republicana.

Em 1 de Abril de 1890, integra a lista de membros fundadores da “Associação Protectora do Asilo de S. João”, no Porto, que mais tarde virá a tornar-se o actual Internato de S. João.

Do seu percurso maçónico é de referir que, no Porto, integra os quadros da Loja Primavera (com o nome simbólico de Descartes) e da Loja Independência, de que foi um dos fundadores em 1887 e seu Venerável, pelo menos, em 1891. Atingiu em 1889 o grau 33 do REAA (Rito Escocês Antigo e Aceite). Em 12 de Agosto de 1891 foi abatido do quadro da Loja Independência, em virtude dos acontecimentos do 31 de Janeiro de 1891, regressando ao seu quadro em 21 de Outubro de 1891, após proposta de re-inserção votada por unanimidade das Lojas presentes na Grande Dieta realizada nos finais de Setembro de 1891, sendo nomeado seu venerável honorário em 14 de Janeiro de 1892.

Em 1890 é referido no Boletim de Procedimientos de 15 de Janeiro de 1890, como representante do Soberano Gran Consejo General Ibérico (SGCGI), a que estava agregada a sua Gran Logia Simbólica Española del Rito Antigo y Primitivo Oriental de Memphis y Mizraím. O Dr. Alves da Veiga fez parte dos quadros do SGCGI durante muitos anos, mesmo durante o seu exílio, após o 31 de Janeiro de 1891, figurando como «membro honorário» do Supremo Conselho do SGCGI.

Como refere José Augusto SeabraAugusto Manoel Alves da Veiga, ilustre advogado e professor do Porto, foi uma personalidade prestigiada, que exercia uma profunda influência na vida cívica, social e intelectual da cidade e no norte do país. Por isso ele se distinguiu no movimento que, desde a Liga Patriótica do Norte, em 1890, se ergueu contra o Ultimatum inglês, conduzindo-o depois à liderança do 31 de Janeiro, ao lado de figuras como Sampaio Bruno, Basílio Teles, João Chagas e tantos outros”.

Chefe civil da gorada Revolução de 31 de Janeiro de 1891, emigra para França, onde publica com Sampaio Bruno O Manifesto dos Emigrados Portugueses da Revolução Republicana de 31 de Janeiro de 1891, continuando sempre a sua luta pela implantação da república, a democracia e a liberdade em Portugal. Em coerência com os seus princípios, Alves da Veiga recusou sempre qualquer amnistia que não abrangesse os militares participantes no 31 de Janeiro, nomeadamente a decretada em Março de 1893.

No seu exílio, por ela abrangido, declarou “emquanto as fronteiras portuguezas não se abrirem para todos, emquanto gemer no exílio ou nas prisões qualquer das victimas da generosa tentativa revolucionária, eu continuarei sendo proscripto; solidário nas idéas sel-o-hei também nos sacrifícios, embora sinta cada vez mais a nostalgia da pátria, déssa formosa terra que adoro como um filho adora sua mãe”.

Esta sua luta na vida política portuguesa em prol da implantação da república, leva-o a integrar a legação diplomática constituída por Sebastião Magalhães de Lima (Soberano Grande Comendador e Grão Mestre de 1907 a 1928) e José Relvas, desempenhando um destacado papel organizativo e de promoção de contactos para se negociar em França e Inglaterra o apoio à promoção dos ideais liberais republicanos, com vista à preparação da revolução do 5 de Outubro de 1910.

É nomeado em 24 de Janeiro de 1911 Ministro Plenipotenciário em Bruxelas. Apresenta às Constituintes de 1911 o seu estudo e projecto pioneiro federalista e municipalista “Política Nova – Ideias para a Reorganização da Nacionalidade Portuguesa”, que é vencido pela proposta de organização unitarista da Nação Portuguesa. A actualidade do projecto federalista de Alves da Veiga, inspirado no modelo da Confederação Helvética, dos cantões suíços, nas constituições dos Estados Unidos da América e na da República Federativa do Brasil, ainda está por cumprir em Portugal e mesmo na Europa, sem unidade política e dirigida por um Directório.

É proposto para os cargos de Presidente da República e Ministro dos Negócios Estrangeiros (que chega a exercer por um dia), mas não consegue apoios suficientes para uma carreira política no governo da nação, pelo que desiste e resolve permanecer em Bruxelas.

Durante a sua permanência em Bruxelas, desenvolve importante actividade política aquando da I Grande Guerra Mundial a favor dos interesses portugueses e das forças aliadas, com vista ao Armistício. Esta sua actividade política e diplomática em Bruxelas granjeia-lhe relações de amizade com o Rei da Bélgica, ao ponto de ser sua visita habitual para jantar. O espólio da sua correspondência diplomática de então aguarda estudo e investigação para uma melhor compreensão da importância do seu contributo para as relações europeias e internacionais nesse período histórico, conforme sugeriu o Embaixador José Augusto Seabra.
 
 

Faleceu em 02.12.1924, na sua casa de Paris, situada na 7, rue Bassano (XVIème Arrondissement), onde uma placa evocativa colocada no dia 31 de Janeiro de 1997 testemunha a sua memória. Passados cerca de três meses é sepultado no Porto no jazigo de família do cemitério privado da Irmandade da Lapa. O seu funeral recebe honras de Estado, com a presença do Presidente da República portuguesa Manuel Teixeira Gomes, entre muitas outras individualidades.

[por Fernando Castel-Branco Sacramento, com a devida vénia]

J.M.M.

MOÇAMBIQUE NA I GUERRA MUNDIAL. DIÁRIO DE UM ALFERES MÉDICO


Amanhã, 30 de Janeiro de 2016, pelas 15 horas, no Museu dos Biscaínhos, em Braga, realiza-se a apresentação pública da obra Moçambique na I Guerra Mundial. Diário de um alferes-médico Joaquim Alves Correia de Araújo (1917-1918), organizada por Teresa Araújo, onde se publicam as memórias deste médico que traça as vivências dos serviços de saúde militar que estiveram em Moçambique durante a Grande Guerra.

Esta obra, editada pelas Edições Húmus, conta com um prefácio da Professora Fernanda Rollo.


Sinopse
Joaquim Alves Correia de Araújo, médico, partiu de Requião para a guerra. Foi mobilizado para África, Moçambique. Partiu de uma aldeia, situada perto de Vila Nova de Famalicão. Partiu já na fase final da guerra, em 1917. Portugal já era beligerante, desde Março de 1916; na sequência da declaração alemã de guerra, reagindo ao aprisionamento dos navios alemães e austríacos sitos em águas portuguesas determinado pelo governo português. Até então, o País mantinha a condição de neutral, embora o envio de tropas para África decidido logo no início da guerra, em Agosto de 1914. Joaquim Alves Correia de Araújo integrou a quarta expedição enviada para Moçambique, como alferes. Partiu com algum dinheiro no bolso, um relógio no pulso, e um caderno em que escreveu o seu diário (…) (Do prefácio de Maria Fernanda Rollo). 

A acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

NO CENTENÁRIO DA CRUZADA DAS MULHERES PORTUGUESAS: MOSTRA DOCUMENTAL NA BIBLIOTECA NACIONAL

Foi ontem inaugurada na Biblioteca Nacional de Portugal a Mostra Documental que assinala o Centenário da Cruzada das Mulheres Portuguesas, onde se pode observar o papel que desempenhou esta organização durante a Grande Guerra.

Pode ler-se na nota de divulgação do evento no sítio da Biblioteca Nacional de Portugal:

A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) assinala o centenário da criação da Cruzada das Mulheres Portuguesas (CMP), associação criada em 1916 com o objetivo de prestar assistência aos necessitados devido à Grande Guerra.

Foi inspirada na sua congénere francesa, La Croisade des Femmes Françaises, surgida em 1915, que, a 20 de março de 1916, um grupo de 80 mulheres, em que se incluía Elzira Dantas Machado, mulher do Presidente da República Bernardino Machado, fundou a Cruzada. A CMP desenvolveu a sua ação através de comissões (Propaganda, Enfermagem e Assistência aos Militares Mobilizados), promoveu a organização de cursos destinados a preparar enfermeiras e a criação de um hospital.

Integrou um grupo de mulheres portuguesas que quiseram responder a um repto patriótico, num momento particularmente difícil da História. Mulheres – mães, esposas e irmãs – souberam mobilizar-se para intervir e auxiliar, aos mais diversos níveis, numa cruzada cuja ação se manteria por mais de duas décadas.

Já anteriormente em 1914, perante a emergência de uma nova realidade social, se assistiu ao surgimento da Comissão Feminina «Pela Pátria» que mobilizou um grupo de mulheres em torno da ideia de apoio pelo voluntariado, entre as quais Ana de Castro Osório, Ana Augusta de Castilho, Antónia Bermudes e Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinto.

Norteada pelos princípios advogados pela sua antecessora «Pela Pátria» – e depois da declaração de guerra da Alemanha a Portugal a 9 de março de 1916, como consequência da aliança anglo-portuguesa – a CMP congregou um grupo considerável de mulheres, tendo por secretária da Comissão de Propaganda e Organização do Trabalho, Ana de Castro Osório, e contou com o apoio dos mais altos representantes da estrutura governativa e militar.

A Cruzada não se ficou pelas campanhas de recolha de donativos, pela confeção e distribuição de bens e agasalhos aos mais carenciados e pelo apoio aos soldados. A Obra Maternal, criada em 1909, foi assumida pela estrutura nascente como forma de auxiliar os órfãos de guerra, procurando assegurar a dignidade e a formação de crianças que mendigavam pelas ruas da capital. Fez ainda nascer outras obras, como o instituto que visava a reinserção dos mutilados regressados da frente de batalha, instalado no antigo convento de Arroios, sob a presidência de Ester Norton de Matos. Impulsionou a criação de inúmeros estabelecimentos visando quer o desenvolvimento das capacidades profissionais, quer o acolhimento aos mais desfavorecidos, nomeadamente a casa de trabalho em Xabregas, promoveu a abertura de creches, escolas e orfanatos. E, em França, criou o Hospital Militar Português em Hendaia.

Esta mostra apresenta essencialmente o material enviado, em 27 de julho de 1917, pela Comissão Feminina «Pela Pátria» para o projetado Museu de Guerra, e que se encontra hoje no acervo da BNP.

A mostra estará patente entre 28 de Janeiro de 2016 e 30 de Abril de 2016, na sala de referência da Biblioteca Nacional, conforme se pode verificar AQUI.

Uma interessante iniciativa que merece uma visita e a melhor divulgação.

A.A.B.M.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

ANTÓNIO SAMPAIO DA NÓVOA

 
 

… Vivemos governados por um excesso de estímulos, amplificados por uma sociedade que encontra na permanente exposição a melhor forma de se esconder, isto é, de não se pensar. Estranho modo de vida, este, que nos leva de ruído em ruído, preferindo o 'aborrecimento de viver'  à 'alegria de pensar' (Gaston Bachelard).

Precisa-se, neste 'tempo detergente', de um pacto de silêncio, de uma pausa que permita ver para além da poeira dos dias que correm. Pensar exige tranquilidade, persistência, seriedade, exigência, método, ciência …

O futuro ainda demora muito tempo? Nada mudou? Tudo mudou? Estamos num momento de transição. Pressentimos o fim de um ciclo histórico, iniciado em meados do século XIX, quando se inventou a modernidade escolar e pedagógica. Mas temos dificuldade em abrir caminho à contemporaneidade …

[António Sampaio da Nóvoa - Evidentemente. Histórias da Educação]

“ … Os economistas, especialistas e comentaristas “decretaram” (é esta a palavra certa) que se gasta de mais na educação. A ideia é falsa, mas toda a gente parece aceitá-la sem discussão. Estranho e medíocre consenso! É verdade que, durante um curtíssimo período de tempo, Portugal se aproximou, por volta do ano 2000, da média dos então 15 países da União Europeia... depois de séculos de atraso. Eu digo, se aproximou, porque, em termos de despesa total por aluno, só havia um país que gastava menos do que Portugal, que era a Grécia; e em termos de percentagem da despesa com a educação e formação em percentagem do produto interno bruto, Portugal continuava abaixo da média europeia. Claro que eu junto, como não podia deixar de ser, as três parcelas dos relatórios da União Europeia (despesa pública, despesa privada e despesa das empresas). É assim que se fazem as contas. É assim que se definem os objectivos estratégicos dos países.

Mas os nossos economistas, que gostam de torturar os dados até que eles confessem, limitam-se a citar a primeira parcela (despesa pública) e partem daí para um raciocínio que está todo ele errado. Desenganemo-nos. É urgente um maior esforço do Estado, e um maior esforço das famílias, e um maior esforço das empresas. Não queiramos colher aquilo que não semeámos! …”

[António Sampaio da Nóvoain Entrevista. Pela Educação]


… Disse, e repito, prefiro um mundo imperfeito, com liberdade, do que um plano perfeito, sem ela. Estou disposto a renunciar a tudo, menos à liberdade.

Sei bem que, nos tempos que correm, não podemos perder tempo com pessimismos. Fala-se das universidades como instituições com um grande passado (em Portugal, nascemos há mais de 700 anos) e com um glorioso futuro (dizem-nos que somos as instituições centrais das 'sociedades do conhecimento').

Um grande passado e um glorioso futuro. E o presente? Parece que o presente “desapareceu” no meio de tanto passado e de tanto futuro. A mim, interessa-me o presente, o presente futuro certamente, o presente como futuro.

O futuro? Mas o futuro não existe, exclamou um dia António Sérgio! Existe, sim. Existe o futuro como ideia. O que constitui uma nação não é uma causa eficiente: é sempre sim uma causa final: um projecto, um plano, uma ideia do que há-de ser …

[António Sampaio da Nóvoa]

J.M.M.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

III JORNADAS DE HISTÓRIA DO BAIXO GUADIANA EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO


Pela terceira vez, o Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António, vai levar a efeito as Jornadas de História do Baixo Guadiana, contando com a participação de Marco Sousa Santos, Maria João Valente, entre outros.

Pode ler-se na nota de divulgação do evento:
O Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes recebe nesta sexta-feira, dia 22 de Janeiro, a sessão inaugural das III Jornadas de História do Baixo Guadiana.
A iniciativa está dividida em três sessões, durante as quais investigadores de diferentes áreas historiográficas irão partilhar temas ligados à história do Baixo Guadiana, onde o «Grande Rio do Sul» assume um papel central.
O primeiro encontro realiza-se no dia 22 de Janeiro, às 9h30, e inicia-se com a comunicação «Comer à tripa-forra? - Estratégias alimentares humanas do séc. I ao XIII no Algarve: os dados zooarqueológicos e a literatura associada», conduzida por Maria João Valente, docente da Universidade do Algarve.
A sessão inaugural irá ainda abordar a questão da «Arquitetura Retabular em Castro Marim», com o Historiador de Arte Marco Sousa Santos.
À tarde, a partir das 14h00, as jornadas reservam uma visita ao concelho de Castro Marim, guiada por Marco Sousa Santos e por Pedro Pires, técnico de Património da empresa municipal Nov Baesuris (Castro Marim).
As Jornadas de História do Baixo Guadiana são organizadas pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António / Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes e contam, entre outros oradores, com a colaboração de investigadores, docentes universitários, técnicos do património, editores, entre outros.
Estão inseridas na programação cultural da Eurocidade do Guadiana, projeto que envolve os municípios de VRSA, Castro Marim e Ayamonte (Espanha) e tem como missão a partilha cultural na fronteira do Guadiana.
As próximas sessões das jornadas estão agendadas para os dias 18 de Março e 27 de Maio. A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição através do email arquivomunicipal@cm-vrsa.pt.

A acompanhar com toda a atenção e a divulgar.
Com os votos do maior sucesso para mais esta interessante iniciativa no campo da História Local e Regional.

A.A.B.M.

IN MEMORIAM DE NUNO TEOTÓNIO PEREIRA (1922-2016)

 
 
 
in jornal "REPÚBLICA", 6 de Novembro de 1973
 
FOTO: Nuno Teotónio Pereira á saída da prisão de Caxias, a seguir ao 25 de Abril de 1974
 
[clicar nas imagens para ler]
 
J.M.M.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

IN MEMORIAM DE ANTÓNIO ALMEIDA SANTOS (1926-2016)

 

... Dizia eu, no meu depoimento, que estou farto dos homens sem fraquezas. Esqueci-me então de acrescentar que também não admiro os homens sem calor. A figura dos chefes frios, mecânicos, obstinados, insensíveis, não colhe as minhas simpatias. Prefiro os santos, considerados, é claro, como simples modelos de perfectibilidade humana. De modo geral, são fortes por serem bons, porque não dizer? – por serem fracos …

Digo o que penso, e digo-o como sei. Era este o crime que eu gostaria de cometer livremente..."

[António] Almeida Santos (advogado), in Pela Santa Liberdade, 1958, Lourenço Marques, p. 27-28 – arquivo nosso 

J.M.M.

O MOVIMENTO DE 18 DE JANEIRO DE 1934


82 Anos passados do movimento revolucionário de 18 de Janeiro de 1934, à memória desses homens e mulheres que levantaram bem alto a bandeira da Liberdade e Dignidade, a nossa viva Homenagem.

Aos antigos vidreiros da Marinha Grande, operários do Alfeite, ao operariado de Almada, Barreiro, Coimbra, Seixal, Setúbal, Sines, Silves, a todos os que participaram na jornada do 18 de Janeiro de 1934  ... dizemos PRESENTE!

…, …, Abílio da Encarnação Pereira (Coimbra), Abundancio José (carpinteiro), Adriano Neto Nobre, Acácio Tomás de Aquino, Alcides Augusto Sampaio, Alfredo Gaspar Pedroso, Álvaro André, Álvaro Jacinto, Álvaro Pinto Teixeira, Américo Gomes, António Baridó, António Craveiro, António Ferreira (sapateiro), António Guerra, António Lourenço, António Matias Sobrinho, António Rosa, Armando Nogueira de Figueiredo, Arnaldo Simões Januário, Artur Pereira, Augusto Costa, Augusto Domingos Carlos, Augusto Duarte Reis, Bernardino Braz, Bernardo Pratas, Carlos Caldeira, Carlos Vilhena, Casimiro Ferreira, Cipriano Pinhal (médico), Custodio da Costa, Ernesto José Ribeiro, Felizardo Artur (Almada), Fernando Domingues, Fernando Joaquim Simões (Silves), Francisco da Cruz (O Cobra Morta), Francisco Pereira da Silva, Gil Lopes dos Santos, Henrique Coelho, Henrique da Silva Neto, Jacinto Rodrigues Guerra, Jaime António, João Bacharel, João Caldeireiro, João Conceição Valério (Silves), João Ferreira Grácio, João Ferreira Mouco, João Matos, João do Norte, João Pereira Geraldo, João Pereira Marques, João de Sousa, Joaquim Henriques Júnior, João Matias, Joaquim de Oliveira Gama, Joaquim Montes (Almada), Joaquim Pereira, Joaquim Roque, Joaquim da Silva, Joaquim de Sousa, Joaquim de Sousa Vidigal, José Alexandre, José de Almeida, José Alvares Júnior de Albergaria, José António Machado, José Augusto Frutuoso, José Domingues, José Duarte, José Ferreira Barroca Sobrinho, José Ferreira Galinha, José Gregório, José Libório do Nascimento, José Mateus da Graça (Portimão), José Mendes do Carmo (Portimão), José Mimoso (Silves), José Negrão Buisel (Portimão), José Pedroso, José dos Santos, José Soares, José de Sousa Vidal Júnior, Júlio Pereira, Júlio Pinto, Justino Magalhães, Justino Marques, Luís de Abreu e Sousa, Luís Marques, Manuel Augusto da Costa (Almada), Manuel Baridó, Manuel Braz Júnior, Manuel Domingos Jubileu, Manuel Emílio, Manuel Esteves de Carvalho (Manecas), Manuel Ferreira Morgado, Manuel Francisco (Man’el da Embra), Manuel Joaquim de Sousa, Manuel Pessanha (Silves), Manuel Rodrigues da Cunha Maia (Coimbra), Manuel da Silva Marques, Manuel Silvério, Manuel Vieira Tomés, Mário Castelhano, Mário Marques de Oliveira, Nuno Isidro, Paulo Rosa, Pedro Amarante Mendes (alfaiate), Pedro Ferrer Catarino (Anadia), Pedro Matos Filipe (Almada), Pedro da Silva, Raul Ferreira Galinha, Reinaldo da Silva Fidalgo, Vasco Esteves de Carvalho, Victorino Saraiva, Virgílio Pires Barroso (Silves), …, 

J.M.M.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

IMPORTANTE LEILÃO DE LIVROS, MANUSCRITOS, MAPAS E GRAVURAS DE JOSÉ VICENTE


Algumas sugestões de títulos que vão a leilão que abordam ou de autores ligados à questão republicana e que vão à praça no Palácio da Independência, em Lisboa, a ter lugar nos próximos dias 1, 2 e 3 de Fevereiro de 2016:

028 ALMA NACIONAL. Director: António José d’Almeida. Numero 1. 1910 (ao Nº 34. 1910). Lisboa. 1910. In-4º 34 Nos., num total de 544 págs. Brs. Colecção completa. Encerra colaboração de Guerra Junqueiro, Basilio Teles, Tomás da Fonseca, Teófilo Braga, Miguel Bombarda, etc. Ilustrados.

074 ARGUS. - A MAÇONARIA EM PORTUGAL. Cartas da Bélgica. 1ª Série. (O Sub-Solo da Revolução). Paris. Edição da Ligue Anti-Maçonnique. S. data. In-8º de XVI, 126, [2] págs. Br. Pouco vulgar.

105 AZEVEDO, Luis Gonzaga de. - PROSCRITOS. Noticias circunstanciadas do que passaram os religiosos da Companhia de Jesus na revolução de Portugal de 1910. Com prefação pelo R. P. L. Gonzaga Cabral. Primeira e Segunda Parte. da Companhia de Jesus na revolução de Portugal de 1910. Com prefação pelo R. P. L. Gonzaga Cabral. Primeira e Segunda Parte. Valladolid e Bruxellas. 1911 (e 1914). 2 Vols. In- 8º Brs. Conjunto valioso a raro. Ilustrados. Capas de brochura com defeitos. A da primeira parte com a lombada reforçada com papel.

114 BALBI, Adrien. - ESSAI STATISTIQUE SUR LE ROYAUME DE PORTUGAL ET D’ALGARVE, COMPARÉ AUX AUTRES ÉTATES DE L’EUROPE, et suivies d’un coup d’oeil sur l’état actuel des sciences, des lettres et des beaux-arts parmi les portugais des deux hémisphères. Tome Premier (e Tome Second). Paris. Chez Rey et Gravier, Libraires. 1822. 2 Vols. In-8º Encs. Rara. No 2º Volume vem um quadro bibliográfico das obras publicadas em Portugal desde 1800 até 1820. Encadernações da época inteiras de pele. Bons exemplares. Ávila Perez, 477.

148 BEIRÃO, Caetano. - A LIÇÃO DA DEMOCRACIA. Oitenta e oito anos de república em Portugal. Lisboa. Tipografia da Empresa Diário de Noticias. 1922. In-8º de 242, [1] págs. Br. Pouco vulgar. Capa de brochura da frente recortada e colada sobre papel, faltando a de trás. Com manchas de acidez.

256 CARVALHO, Augusto Cesar Ribeiro de. - A REBELIÃO MONARQUICA EM TRAZOS-MONTES. Relatório dos acontecimentos politico-militares do mês de Janeiro de 1919 na area da 6ª Divisão do Exercito. Apresentado a Sua Exa. o Ministro da Guerra. Chaves. Tipografia Mesquita. 1919. In-8º de 130 págs. Br. Pouco frequente. Com algumas manchas de acidez.

260 CARVALHO, Filipe de. - Á MEMORIA DE ANTONIO MARIA DE FONTES PEREIRA DE MELLO. Resenha Succinta... Lisboa. Imprensa Nacional. 1887. In-8º de 108 págs. Br. Ilustrada com o retrato de F. P. de Mello. Assinatura antiga no frontispício.

311 CHAGAS, João. - CARTAS POLITICAS. Lisboa. MCMVIII (MCMX). 5 Vols. In-8º Encs. Pouco vulgar. Encadernações editoriais em sintético.

 312 CHAGAS E EX-TENENTE COELHO, João. - HISTÓRIA DA REVOLTA DO PORTO DE 31 DE JANEIRO DE 1891. (Depoimento de dois cúmplices). Lisboa. Empreza Democratica de Portugal. 1901. In-8º de [4], IV, 470 págs. Enc. Primeira edição. Rara. Ilustrada no texto e em separado. Encadernação meia de pele.

346 COELHO, Trindade. - MANUAL POLITICO DO CIDADÃO PORTUGUEZ. 2ª edição. Actualizada e muito augmentada. Prefácio de Alberto d’Oliveira. Porto. Typographia a Vap. da Empresa Litteraria e Typographica. 1908. In-8º de XVI, 720 págs. Enc. Pouco vulgar. Encadernação moderna meia de pele. Com capas.

377 CORREIA, Natália. - A QUESTÃO ACADÉMICA DE 1907. Prefácio de Mário Braga. Lisboa. Editorial Minotauro. (1962). In-8º de 243 págs. Br. 1ª edição. Bem conservada.

437 DIAS, Carlos Malheiro. - EM REDOR DE UM GRANDE DRAMA. Subsídios para uma Historia da Sociedade Portuguesa (1908-1911). Lisboa. Livrarias Aillaud & Bertrand. S. data. In- 8º de XXXIX, 374, [1] págs. Enc. Pouco vulgar. Encadernação meia de pele. Com capas.

438 DIAS, Carlos Malheiro. - CARTAS DE LISBOA. Primeira série (1904) (à Terceira Série. (1905-1906). Lisboa. Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira & Cª. 1905 (a 1907). 3 Vols. In-8º Brs. Colecção completa. Pouco vulgar. Capas de brochura com defeitos.

678 HISTÓRIA DA REPÚBLICA. Edição comemorativa do cinquentenário da República. Lisboa. Editorial Século. S. data. In-4º de [2], 644 págs. Enc. Edição monumental. Profusamente ilustrada a negro e a cores. Encadernação editorial em inteira de pele. Bem conservada.

842 MARDEL, Coronel Eugénio. - A “BRIGADA DO MINHO” NA FLANDRES.  (O 9 de Abril). Subsídios para a história da 4ª Brigada do C. E. P. Lisboa. Serviços Gráficos do Exército. 1923. In-8º de 207, [1] págs. Br. Pouco vulgar.

856 MARTINS, Rocha. - D. CARLOS. História do seu reinado. Lisboa. Oficinas do “ABC”. MCMXXVI. Fólio de [16], 603, [1] págs. Enc. Bela edição, ilustrada com centenas de gravuras no texto e extra-texto, muitas a cores. Encadernação editorial em tela, com ferros a ouro na lombada e pastas, com pequenos defeitos.

857 MARTINS, Rocha. - D. MANUEL II. (Memórias para a história do seu reinado). Volume I (e Volume II). Lisboa. Sociedade Editora José Bastos. S. data. 2 Vols. In-4º Encs. Edição apreciada. Pouco comum. Profusamente ilustrados. Encadernações editoriais em tela.

858 MARTINS, Rocha. - OS GRANDES VULTOS DA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL. Obra comemorativa do Tricentenário da Independência. Lisboa. Empresa Nacional de Publicidade. 1940. In-Fólio de 483, [1] págs. Enc. Edição de belo aspecto gráfico, profusamente ilustrada no texto e em separado, a negro e a cores. Encadernação inteira de pele com o SuperLibros do Marquês de São Payo em ambas as pastas. Bom exemplar.

859 MARTINS, Rocha. - JOÃO FRANCO E O SEU TEMPO. Lisboa. Oficinas do A B C. S. data. In-4º de [3], 524 págs. Enc. Profusamente ilustrado no texto. Encadernação sintética. Com capas.

860 MARTINS, Rocha. - MEMORIAS SOBRE SIDONIO PAES. Lisboa. Edição da Sociedade Editorial A B C Limitada. 1921. In-8º de 352 págs. Enc. Estudo importante. Ilustrado. Encadernação sintética. Conserva a capa de brochura da frente.

861 MARTINS, Rocha. - A MONARQUIA DO NORTE. Lisboa. Oficinas Gráficas do ABC. 1922. 2 Vols. In-4º Encs. em 1. Profusamente ilustrados. Encadernação sintética.

862 MARTINS, Rocha. - PIMENTA DE CASTRO. Lisboa. Oficinas Gráficas do “A B C”. S. data. In-4º de 319, [1] págs. Enc. Biografia importante. Rara. Profusamente ilustrada. Encadernação sintética. Conserva as capas de brochura, com restauros.


1027 OLIVEIRA, Lopes d’. - HISTÓRIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA. A propaganda na Monarquia Constitucional. Lisboa. Editorial Inquérito. 1947. In-8º de 384, [2] págs. Enc. Pouco frequente. Bom exemplar. Encadernação meia de pele. Com capas.

O catálogo do leilão pode ser consultado/descarregado AQUI.

A.A.B.M.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

IMPRENSA NO DISTRICTO DE VIZEU – FRAGMENTO HISTÓRICO


Maximiano d’Aragão, "Imprensa no Districto de Viseu. Fragmento Histórico” (2ª ed.), Vizeu, Typ. Popular d’A Liberdade, 1900,  70 pgs.

Trata-se de um curioso (e valioso) opúsculo de autoria de Maximiano d’Aragão

[1853- 2 de Julho 1929; nascido em Fagilge (Mangualde), advogado, bacharel em Teologia, professor e reitor do Liceu de Viseu, foi um incansável estudioso e investigador da cidade e do distrito de Viseu, nas sua várias vertentes, com obra feita e publicada de muito merecimento. Em 1914 reside em Lisboa, sendo professor no Liceu Camões, trabalhando no então denominado, Ministério de Instrução]

referente à imprensa periódica de Viseu. O “subsídio de inventariação” (de 1848 a 1900) de Maximiano [Pereira da Fonseca] d’Aragão ou notícia acerca da imprensa periódica visiense, é a atualização do seu trabalho datado de 31 de Janeiro de 1880. Inclui notícias, ainda, das tipografias existentes em Viseu.

O porfiado trabalho de Maximiano de Aragão teve a sua continuação com a atualização feita por A. Campos [em 1922 e 1923 – sobre o assunto da inventariação da imprensa periódica no distrito de Viseu, ver António João Cruz, AQUI ou AQUI] e que deu conta da existência de perto de 120 publicações periódicas. 

FOTO via In-Libris  

J.M.M.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

EDITOR CONTRA – FERNANDO RIBEIRO DE MELLO E A AFRODITE



LIVRO: Editor Contra – Fernando Ribeiro de Mello e a Afrodite;
AUTOR: Pedro Piedade Marques;
EDITORA:
Montag, 2015, p. 360.

Fernando Ribeiro de Mello (1941-1992) foi, com a sua Afrodite, o editor “maldito” por excelência na última década do Estado Novo, combatendo a perseguição policial e a censura com um arrojo contínuo que lhe valeu proibições e condenações. Esteve contra, e esteve-o com uma coragem ímpar. Mas quando atravessou o espelho para o “outro lado”, para um Portugal livre de censura, descobriu que manter-se “contra” nas águas revoltas dos anos pós-revolucionários era um objectivo demasiado complexo. Este é o primeiro livro que lhe é dedicado.
 

Do salão em casa de Natália Correia aos cafés do momento e ao inevitável Botequim, das sessões "escandalosas" de poesia à mais famosa banheira da "primavera marcelista" e ao lugar de jurado mais odiado do mais bizarro concurso da história da RTP, da fortuna feita com livros notáveis, grande parte deles proibidos e vendidos a preços proibitivos, à falência e ao esquecimento.
 

Contém textos inéditos e depoimentos de Vitor Silva Tavares, Aníbal Fernandes, Eduardo Batarda e Nuno Amorim, três cartas inéditas de Luiz Pacheco e o texto do folheto polemista As Avelãs do Cesariny. Rigorosamente documentado e profusamente ilustrado”. [AQUI]
 
“Se há alguém que conhece bem a censura, os seus mecanismos e perversidades, é Fernando Ribeiro de Mello. Logo no primeiro ano de actividade da Afrodite, entre 1965 e 1966, vê seis livros serem proibidos, perseguidos, levados a tribunal. O regime não estava preparado para o desassombro de um editor que começou por publicar um clássico do erotismo oriental (o Kama Sutra), para logo depois se abalançar a uma notável Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, organizada por Natália Correia, bem como a obras malditas: de Sade (A Filosofia na Alcova) a Sacher Masoch (A Vénus de Kazabaïka). Era, no fundo, a confirmação da aura de enfant terrible que lhe fora colada logo em 1963, quando chegou do Porto, com apenas 22 anos, e se deu a conhecer, com estrondo, no meio literário lisboeta.

Aspirante a declamad
or de poesia, Ribeiro de Mello organizou nessa altura um recital na Sociedade Nacional de Belas Artes com um pressuposto, digamos, peculiar.
 
Numa espécie de prova cega, a que chamou «O Teste», ele e a actriz Isabel de Castro iam lendo poemas aos pares, sem revelar a autoria dos mesmos. No fim de cada leitura, voluntários com cronómetros mediam a duração dos aplausos que a plateia dispensava a cada texto. O objectivo era evidente: mostrar que, ao dissociar-se os versos de quem os fez (e do peso correspondente ao prestígio do autor), se obteria um julgamento estético mais livre. Para surpresa de muitos, os poetas modernistas e surrealistas, considerados mais difíceis para o público em geral, obtiveram uma aclamação bastante superior à que foi reservada aos neo-realistas. Seguiram-se semanas de protestos, indignação e polémicas nos jornais, incluindo um violento duelo verbal entre o novato Ribeiro de Mello e Francisco Sousa Tavares, que levou a peito o facto de Sophia de Mello Breyner Andresen, sua mulher, ter recebido menos aplausos do que Natércia Freire.
 

Estes dois momentos do percurso de Fernando Ribeiro de Mello são amplamente descritos e analisados em Editor Contra, o livro com que Pedro Piedade Marques decidiu resgatar do esquecimento um dos agentes culturais mais singulares da segunda metade do século XX português. Singular e atípico, em muitos sentidos. Se a Afrodite, na última década do Estado Novo, foi um exemplo de desafio subversivo à lógica do regime, depois do 25 de Abril continuou a funcionar em contra-corrente.
O editor que teve a coragem de publicar o que antes não era permitido, por ser considerado atentatório da moral e dos bons costumes, viu-se num dilema quando a liberdade fez desaparecer todas as limitações. Moveu-se então no sentido contrário, dando à estampa, em pleno PREC e nos anos seguintes, obras de teor anti-comunista, panfletos de direita e até uma edição de Mein Kampf. Era o princípio do fim para um homem que se opôs sempre aos poderes instituídos, que nunca deixou de ser intransigentemente «do contra». Ora a intransigência, como é sabido, tem os seus custos. A partir dos anos 80, a Afrodite entra em decadência, naufraga em dívidas, enquanto o editor acaba falido, incompatibilizado com quase toda a gente e, depois da sua morte precoce (aos 50 anos), esquecido”
 
[ler MAIS AQUI | AQUI]
 
J.M.M.
 

domingo, 10 de janeiro de 2016

PRESO POLÍTICO - A LEI E A CONDIÇÃO: MUSEU DO ALJUBE

O Museu do Aljube realiza na próxima terça feira, dia 12 de Janeiro de 2016, pelas 15 horas, uma sessão com a presença de Irene Pimentel para explicitar a questão do Preso Político - a lei e a condição.

Pode ler-se na nota de divulgação que partilhamos abaixo a todos os interessados:

CONVITE
Preso Político – a lei e a condição
Com Irene Pimentel
12.1.2016
Auditório do Museu do Aljube - 15 horas

A Ditadura Militar e o Estado Novo procuraram criar um quadro legal de exceção para os «delinquentes políticos», com fundamento na situação de ilegalidade que aqueles  próprios regimes criaram, prendendo e deportando milhares de opositores «à ordem do governo», numa primeira fase, e depois recorrendo a tribunais especiais e a «medidas de segurança».
No entanto, este quadro legal foi constantemente violado pela venalidade da justiça e pela discricionariedade e poder ilimitado das polícias políticas e do governo.
O quadro legal existente serviu apenas para criar um estado aparente de normalidade, muito conveniente à manutenção do regime? Assim parece.
Contamos com o contributo de Irene Pimentel para discutir o uso da «legalidade» em estados ditatoriais e totalitários.
Um convite ao debate de uma questão fulcral em quadros políticos ditatoriais, mas também em estados democráticos.

Uma sessão a não perder, pela temática a abordar que muitos ainda recordam e sentiram na pele e pela convidada para a sessão que é sem qualquer dúvida uma das grandes especialistas no tema.

Com os votos do maior sucesso para a iniciativa.
A.A.B.M.

SEBASTIÃO JOAQUIM BAÇAM (Parte II)


Sebastião Joaquim Baçam que nasceu em Pinheiro de Loures, foi um cidadão com actividade política ligada aos republicanos. Nos anos setenta do século XIX pertenceu ao Partido Republicano, participando nas reuniões do partido no Páteo do Salema, conforme recordam os artigos que esboçam alguns traços biográficos do autor. Além disso também uma carta por ele enviada a Bernardino Machado em 1917, e que o Dr. Manuel Sá Marques nos fez chegar, referia-se ao seu percurso como republicano desde o tempo de “ José Elias, Sousa Brandão, Bernardino Pinheiro e de outros não menos notáveis vultos que me honraram com a sua amizade”.

Estudou também na Casa Pia de Lisboa. Trabalhou como tipógrafo, mas foi sobretudo jornalista conforme já dissemos anteriormente.

Sebastião Joaquim Baçam faleceu em Lisboa na sua residência na estrada de Sacavém 130, em 27 de Dezembro de 1921. No seu funeral estiveram representados o Centro Republicano Afonso Costa, a comissão política do PRP de Arroios e a Junta de Paróquia. Junto ao túmulo, no cemitério oriental de Lisboa, falaram Fernão Pires, Costa Alcântara. Dirigiu o acto fúnebre o sr. João Pedro de Oliveira.

Deixou publicados dois opúsculos

- Monumentos Sacros de Lisboa e outras curiosidades, pref. De Zeferino de Albuquerque, Imp. Comercial, Lisboa, 1900, 96 p.
- Alguns Apontamentos ao Correr do Lápis, Évora,
- A Vila de Estremoz, Typ. Minerva de Adriano Mota, Estremoz, 1913.

Publicou:
 
- “A Vida” (Poema), Ilustração Popular, Lisboa, 25-02-1866, Ano I, Nº 7, p. 1;
- “Meditação”, Ilustração Popular, Lisboa, 11-03-1866, Ano I, Nº 9, p. 5;
- “Portugal” (Poema), Ilustração Popular, Lisboa, 22-04-1866, Ano I, nº 14, p. 5;
- “Progresso e Desordem”, Aurora do Lima, 21-12-1866;
- O Vulcão, Lisboa, 1880;
- Xavier de Paiva, Lisboa, 1882;
- “Ossónoba”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1887, p. 1;
- “Faro – A Cidade de Faro”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1888, p. 1;
- “Faro – Estoy”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1891, p. 1;
- “A Igreja de S. Martinho de Estoy”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1994, p. 1;
- “Santa Bárbara de Nexe”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1897, p. 2;
- “São Braz de Alportel”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1898, p. 1-2;
- “São Braz de Alportel”, Districto de Faro, Faro, Ano 37, 1912, nº 1899, p. 1;
- “A Cidade de Silves”, Alma Algarvia, Silves, Ano IV, 1914, nº 179, p. 2;
- “A Cidade de Tavira”, O Algarve, Faro, Ano 6, nº 303, p. 3;
- “A Cidade de Tavira”, O Algarve, Faro, Ano 6, nº 304, p. 2;
- “Ossónoba”, O Algarve, Faro, Ano 6, nº 310, p. 2;
- “Estoy”, O Algarve, Faro, Ano 7, nº 312, p. 1;
- “Estoy”, O Algarve, Faro, Ano 7, nº 317, p. 2;
- “A Cidade de Faro”, O Algarve, Faro, Ano 7, nº 322, p. 2.

Bibliografia Consultada:
 
- Casa Comum – Carta de Sebastião Joaquim Baçam a Bernardino Machado [http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06727.268#!3]
  - “Lutuosa – Sebastião Joaquim Baçam”, O Mundo, Lisboa, 28-12-1921, Ano XXII, nº 7292, p. 2, col. 4;
- “Necrologia – Sebastião Joaquim Baçam”, O Século, Lisboa, 29-12-1921, Ano 41, nº 14 326, p. 5, col. 7;
- “Falecimentos – Sebastião Joaquim Baçam”, Diário de Notícias, Lisboa, 28-12-1921, Ano 57, nº 20097, p. 3, col. 3.
- GOMES, Mário Varela; GOMES, Rosa Varela, Levantamento Arqueológico-Bibliográfico do Algarve, Delegação Regional do Sul da Secretaria de Estado da Cultura, Faro, 1988, p. 121.
- FRANCO, Mário Lyster, Algarviana, Câmara Municipal de Faro, Faro, 1982, p.

- NETO, José Luís, A idade do ouro branco - ocontrubuto da arqueología pós-medieval para o conhecimento de Setúbal, uma cidade portuária portuguesa [Dissertação de Doutoramento], Universidade de Salamanca, 2010.


Vera Cruz, S. Paulo, 12-09-1906, Ano III, nº 15,

A.A.B.M.