quarta-feira, 25 de outubro de 2017

[COIMBRA] SESSÃO EVOCATIVA DOS 150 ANOS DA PUBLICAÇÃO DO I VOLUME DE “O CAPITAL” DE KARL MARX


 
 
CONFERÊNCIA: Sessão Evocativa dos 150 Anos da Publicação do I Volume de "O Capital" de Karl Marx

ORADOR: Doutor António Avelãs Nunes
DIA: 27 de Outubro de 2017 (21,00 horas);
LOCAL: Casa Municipal da Cultura [Rua Pedro Monteiro], Coimbra;
 
ORGANIZAÇÃO: Ateneu de Coimbra;

Karl Marx publica o volume I de “O Capital”, em Hamburgo, em 1867. Obra importante e estimada - que continua o seu trabalho anterior de crítica da Economia Política (saída em 1859) - publicada em III volumes, ainda hoje é bibliografia incontornável para uma análise do capitalismo e um legado de referência para o pensamento operário e socialista. A influência de Marx no pensamento contemporâneo é enorme, contribuindo para um intenso debate (ainda hoje conceptualmente presente) que vai da Economia (Política) às Ciências Sociais. O que é (ou foi) considerado como "marxismo" [curiosamente e segundo Engels, numa carta escrita a Conrad Schmidt, Marx teria dito: “Tudo o que sei é que eu não sou um marxista”; na verdade o “marxismo”, na sua prática de luta de classes, surge-nos bem antes da sua recepção teórica, que é quase sempre desconhecida] suporta ao longo do tempo reinterpretações sucessivas, controvérsias insanáveis, dando-lhe no entanto, pelas características ideológicas da sua metodologia de análise filosófica, económica e social, um significado ideológico e político distinto e, no tempo presente, uma continuidade, duradoura e intensa, na vida política e partidária em diferentes países do mundo.  



Com a morte de Karl Marx (1883), o seu amigo Friedrich Engels edita, a partir dos seus manuscritos (muitos ainda hoje inéditos), os volumes seguintes de ”O Capital” (o volume II, em 1885 e o III em 1894), não sem alguma polémica. De notar que a 1ª tradução d’O Capital, em português, foi feita a partir da sua tradução francesa, (Agosto de 1883, em França), saindo das Oficinas da Imprensa Lucas, em 1912, e onde surge, curiosamente, o nome do autor, como Carlos Marx.

Abra-se um parêntesis para dizer que os acontecimentos de França de 1848 [Karl Marx, sobre este particular assunto publica “As Lutas de Classe na França de 1848 a 1850“] e que varreram toda a Europa, chegaram a Portugal de forma ainda incipiente, a que não era estranho o relativo atraso do desenvolvimento capitalista em Portugal [por exemplo, a greve dos metalúrgicos de Lisboa, em 1849, é a primeira greve no sector industrial; e até então só se tinha feito sentir os protestos dos operários dos têxteis da Covilhã, em 1846; no entanto, é bom de reter, a importância que teve o movimento social e político, fortemente contestatário, da “Janeirinha” (1868), contra o Fontismo (e que levou à queda do governo), que de algum modo revelava já mudanças significativas da estrutura produtiva e, principalmente, é de destacar o conturbado período de 1871 em diante, em que a questão social se torna objecto económico e socialmente analisável].

Será interessante salientar a importância nessa geração, para a difusão das ideias libertárias ou revolucionárias, o trabalho proporcionado pela imprensa, com foi o caso do aparecimento de alguns periódicos operários combativos [principalmente com “O Eco dos Operários” (1850; fundado por Lopes de Mendonça e Sousa Brandão, Henriques Nogueira Vieira da Silva Júnior e J. Maria Chaves); refira-se, porém, que antes disso já tinha saído do prelo jornais de classe, como “O Cortador”, de 1837; a “Alvorada”, jornal republicano de 1848, não propriamente operário; “Eco Metalúrgico”, em 1850]. Curiosamente, o mesmo é possível de verificar em artigos de revistas académicas, como, por exemplo, as polémicas sobre a “questão social” traçadas na revista do Instituto de Coimbra (1853). Por outro lado, não terá sido indiferente a fundação da Associação Operária Mutualista Portuguesa (1839), o aparecimento do Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosos (1852), as “Conferências Democrática do Casino” (1871), o surgimento da associação de trabalhadores “Fraternidade Operária” (1872), a fundação do Partido Socialista (1875; com José Fontana, Azedo Gneco, José Correia Nobre França e José Tedeschi) ou a criação do núcleo português da AIT, que contribuem decisivamente para o impulso do associativismo dos trabalhadores e para uma curial reflexão nacional sobre a “questão operária” e a “miséria” do proletariado.
 
 

Refira-se que a produção teórica sobre o “miserabilismo das classes trabalhadoras” e a sua emancipação eram (então) sufragados pelo movimento proudhoniano, anarquista e libertário e pelo curioso sindicalismo revolucionário [sobre o assunto ver, Alfredo Margarido, “A Introdução do Marxismo em Portugal 1850-1930"; ver, ainda, António Pedro Pita, "A recepção do marxismo pelos intelectuais portugueses 1930-1941"]. Na verdade a influência do pensamento de Proudhon na história das ideias em Portugal, nessa época, é incontornável.

De facto, a recepção ao pensamento de Proudhon [principalmente a partir da sua obra, “O Que é a Propriedade”, de 1840, a que se seguiu o cintilante “Sistema de contradições econômicas ou Filosofia da Miséria”, 1846, que, aliás, sofre uma violenta crítica de Karl Marx, em a “Miséria da Filosofia”, 1847; mas também, foi relevante, pela controvérsia anticlerical que proporcionou, o seu livro, datado de 1858, “A justiça na Revolução e na Igreja”] abre um curioso debate em Portugal, entre figuras de grande valia, como Pedro Amorim Viana (1882-1901), José Júlio de Oliveira Pinto Moreira (um inconfessável adepto de Bastiat e dos poucos que leu Marx), João da Silva Ferrão de Carvalho Mártens, J. J. Rodrigues de Freitas, José Frederico Laranjo, Batalha Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, Sebastião Magalhães Lima, Silva Mendes, entre outros, de boa memória e interessante de acompanhar.   

 J.M.M.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

CONFERÊNCIA – O CENTENÁRIO DO “PORTUGAL FUTURISTA”


CONFERÊNCIA: O Centenário do “Portugal Futurista”;

ORADOR: António Valdemar (Academia das Ciências);

DIA: 25 de Outubro (19,30 horas):
LOCAL: Grémio Literário [Rua Ivens, 37 – ao Chiado], Lisboa;
ORGANIZAÇÃO: Grémio Literário

Integrado no Ciclo de Literatura Portuguesa, sob organização do Presidente do Conselho Literário do Grémio Literário, Dr. António Aires Gonçalves, o Grémio Literário realiza uma Conferência sobre a estimada, importante e rara revista literária do nosso modernismo, “Portugal Futurista” (Novembro de 1917, nº único), no próximo dia 25 de Outubro.

 
O Orador será António Valdemar, membro da Classe de Letras da Academia das Ciências, jornalista, investigador, olisipógrafo e autor de vários livros sobre história, literatura, arte e património e um sério conhecedor da obra de Mestre Almada Negreiros. Diga-se que António Valdemar privou com elementos do “grupo e da geração do Orpheu” e ainda privou “com Armando Cortes–Rodrigues, Raul Leal, Alfredo Guisado, destacando–se, contudo, o convívio e a amizade com Almada Negreiros, durante muitos anos. Este concede-lhe entrevistas acerca da sua vida e obra, parte das quais reunidas no livro “Almada, os Painéis, a Geometria e Tudo[in Boletim do Grémio Literário].

A conferência, a realizar no Salão Nobre do Grémio Literário, que terá início às 19 e 30 horas, “será acompanhada com a projeção de fotografias da época”, a cargo do designer Álvaro Carrilho, “de personalidades e acontecimentos culturais, políticos e sociais”.

A não perder.



«O centenário da publicação do primeiro e único número, da revista Portugal Futurista, uma das referências obrigatórias do modernismo, e que em 1917, provocou grande escândalo e foi apreendido pela Policia, vai ser assinalado, no próximo dia 25, no Grémio Literário, com uma conferência proferida por António Valdemar, que tem realizado, nos últimos anos, investigações em bibliotecas e em arquivos, a propósito dos vários aspectos daquele movimento literário e artístico.

Participaram no Portugal Futurista, Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Santa Rita Pintor, Carlos Filipe Porfírio, Rebelo Bettencourt, Amadeo de Sousa Cardoso, Raúl Leal, e, ainda, Guillaume Apolinaire, Blaisse Cendras através de Sonia e Robert Delaunay, ao tempo refugiados em Portugal, devido á eclosão da Iª Grande Guerra Mundial.

O Portugal Futurista incluiu, também, montagem de textos de Boccionni, Carra, Russolo e Severini, e as traduções do manifesto futurista ‘Le Music-Haal’, de Marinetti e o ‘Manifesto Futurista da Luxuri’», de Valentine de Saint Point.

J.M.M.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

O CENTENÁRIO DO "PORTUGAL FUTURISTA": CONFERÊNCIA COM ANTÓNIO VALDEMAR

CONFERÊNCIAO Centenário do "Portugal Futurista"

ORADORAntónio Valdemar (Academia das Ciências);

DIA25 de Outubro 2017 
HORÁRIO: 19,30 horas;
LOCALGrémio Literário (Rua Ivens, 37 - ao Chiado), Lisboa
;
ORGANIZAÇÃOGrémio Literário.

Pode ler-se na nota de divulgação:
O centenário da publicação do primeiro e único número, da revista Portugal Futurista, uma das referências obrigatórias do modernismo, e que em 1917, provocou grande escândalo e foi apreendido pela Policia, vai ser assinalado, no próximo dia 25, no Grémio Literário, com uma conferência proferida por António Valdemar, que tem realizado, nos últimos anos, investigações em bibliotecas e em arquivos, a propósito dos vários aspectos daquele movimento literário e artístico.

Participaram no Portugal Futurista Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Santa Rita Pintor, Carlos Filipe Porfírio, Rebelo Bettencourt, Amadeo de Sousa Cardoso, Raul Leal, e, ainda, Guillaume Apolinaire, Blaisse Cendras através de Sonia e Robert Delaunay, ao tempo refugiados em Portugal, devido à eclosão da Iª Grande Guerra Mundial.
O Portugal Futurista incluiu, também, montagem de textos de de Boccionni, Carra, Russolo e Severini, e as traduções do manifesto futurista «Le Mussic-Haal», de Marinetti e o «Manifesto Futurista da Luxúria», de Valentine de Saint Point.
A conferência, no salão nobre daquela instituição, que terá início às 19 e 30 horas, será acompanhada com a projecção de fotografias da época (pelo designer Álvaro Carrilho) de personalidades e acontecimentos culturais, políticos e sociais.


Mais informações sobre este e outros eventos promovidos pelo Grémio Literário podem ser obtidas na página da instituição AQUI.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

domingo, 22 de outubro de 2017

[COIMBRA – 23 DE OUTUBRO] EXPOSIÇÃO & CONFERÊNCIA SOBRE CAMILO PESSANHA



Nas Comemorações dos 150 Anos do Nascimento de Camilo Pessanha

EXPOSIÇÃO: Um precursor do Modernismo: Camilo Pessanha (1867-1926);

DIA: 23 de Outubro 2017 (10,00 horas);
LOCAL:
Biblioteca Joanina (BGUC), Coimbra;

ORGANIZAÇÃOBGUC | Centro de Literatura Portuguesa.


11, 00 horas - CONFERÊNCIA: “Clepsydra – Um livro por Haver

ORADOR: Paulo Franchetti (professor da UNICAMP);
LOCAL: Anfiteatro III da Faculdade de letras da Universidade de Coimbra

J.M.M.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

COLÓQUIO: 1817 REVOLTA E REVOLUÇÃO NO REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES NA FLUC

Na próxima sexta-feira, 20 de Outubro de 2017, na Sala Silva Dias, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, realiza-se o colóquio subordinado ao tema: 1817 - Revolta e Revolução no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

PROGRAMA
9h 45m  | Sessão de Abertura

10h Como fazer uma revolução: a historiografia e o movimento de 1817 em Pernambuco . Guilherme Pereira das Neves  (UFF/Brasil) 
10h 30m Indisponibilidade e fratura no centro político: proteção britânica, retorno dos membros da Legião Portuguesa e dissidências ideológicas . Ana Cristina Araújo (FLUC/CHSC)

11h 15m  | Pausa

11h 30m Felizmente houve luar? A conspiração de 1817 ou de Gomes Freire de Andrade e as  suas interpretações no liberalismo . Isabel Nobre Vargues (FLUC/CEIS20) 
12h Memória e História:“de traidores a mártires da Pátria”, em perspetiva crítica . Miriam Halpern Pereira (CIES/ISCTE-IUL)

Debate 
Moderador Luís Reis Torgal (FLUC/CEIS20) 
12h 45m | Encerramento

Coordenação Científica: Luís Reis Torgal (FLUC/CEIS20)

Uma excelente oportunidade para quem está em Coimbra e arredores para aprender/conhecer/reflectir e debater algumas ideias que os ilustres historiadores irão apresentar.

Uma iniciativa que se divulga, desejando o maior sucesso aos organizadores e participantes.

A.A.B.M.

OS PARTIDOS POLÍTICOS E A I GUERRA MUNDIAL: CONFERÊNCIA

CONFERÊNCIAOs Partidos Políticos e a I Guerra Mundial;

ORADOR: Luís Alves Fraga (Coronel Doutor, professor da UAL);

DIA20 de Outubro 2017 (21,30 horas);
LOCAL: Museu Bernardino Machado, Sala Júlio Machado Vaz [Vila Nova de Famalicão];

Pequena nota biográfica sobre o conferencista:
Luís Alves de Fraga é diplomado pela Academia Militar (1965), licenciado em Ciências Político-Sociais pelo ISCSP –UTL – 1977, mestre em Estratégia – ISCSP – 1991 e doutor em História pela Universidade Autónoma de Lisboa – 2009. Antigo professor efetivo titular do Instituto de Altos Estudos da Força Aérea (1981/85), antigo professor efetivo da Academia da Força Aérea (1985/96), é professor auxiliar da Universidade Autónoma de Lisboa desde 1992. É membro do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar. Para além de apontamentos escolares editados nos vários estabelecimentos de ensino onde lecionou, tem publicadas, em Atas de Colóquios e Congressos, e, também, em obras coletivas, algumas dezenas de ensaios sobre temas de História. É autor dos seguintes livros: O Fim da Ambiguidade: A Estratégia Nacional Portuguesa de 1914 – 1916 (Universitária, 2001); Reflexões Sobre o Mundo Actual: Problemas Sociais Contemporâneos (Campo das Letras, 2001); Guerra & Marginalidade: O Comportamento das Tropas Portuguesas em França: 1917-1918 (Prefácio, 2003); A Força Aérea na Guerra em África: Angola, Guiné e Moçambique: 1961-1974 (Prefácio, 2004); General Tomás Garcia Rosado: O Outro Comandante do C.E.P.: França: 1918-1919 (Prefácio, 2006). 
Em 2010, recebeu o Prémio Defesa Nacional para o livro Do Intervencionismo ao Sidonismo: Os Dois Segmentos da Política de Guerra na 1.ª República 1916-1918 (Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010).
Entrada livre e gratuita
ORGANIZAÇÃO: Museu Bernardino Machado.

Esta é a última conferência do ciclo de conferências que o Museu Bernardino Machado tem vindo  dedicar à questão dos Partidos e as Grandes Questões da I República.

Uma iniciativa que se saúda e se divulga com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

COLÓQUIO INTERNACIONAL: GOMES FREIRE E AS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO DE 1820


Hoje, 18 de Outubro de 2017, a Biblioteca Nacional, em Lisboa, leva a efeito um colóquio internacional assinalando os 200 anos da morte de Gomes Freire de Andrade, organizado pelas prestigiadas historiadoras Miriam Halpern Pereira e Ana Cristina Araújo.

Este colóquio conta, entre outros historiadores, com a presença prestigiante dos Professores José Manuel Tengarrinha, Miriam Halpern Pereira, José Capela, Maria Beatriz Nizza da Silva, José Luís Cardoso e Fernando Dores Costa que garantem a qualidade dos intervenientes e das comunicações a apresentar.

O programa do colóquio é o seguinte:


9h30 Receção

9h45 Abertura | Maria Inês Cordeiro (BNP), Miriam Halpern Pereira (CIES/ISCTE.IUL) e Guilherme d´Oliveira Martins (FCG) 

10h00 1ª sessão | Império e Reino Unido: as fraturas
Moderação: Lúcia Bastos (FERJ / Brasil)


O Norte na restauração nacional de 1808 - o papel dos militares | José Viriato Capela (ICS-UM)
Reforma e revolta na crise de 1810-1820 | José Manuel Tengarrinha (FLL/UL)
Indisponibilidade e fratura no centro político: proteção britânica, retorno de membros da Legião Portuguesa e dissidências ideológicas | Ana Cristina Araújo (FLUC-CHSC)


Debate 

11h30 Pausa para café 

11h45 2ª sessão | Protesto político em divergência: de Pernambuco a Lisboa
Moderação: José Capela (ICS-UM)

1. A revolta de Pernambuco de 1817 

A elite mercantil pernambucana e a rebelião de 1817 | Maria Beatriz Nizza da Silva (USP- São Paulo)
Como fazer uma revolução: a historiografia e o movimento de 1817 em Pernambuco | Guilherme Pereira das Neves (UFF -Niterói, RJ)


Debate

13h44 Almoço

14h30 2ª Sessão (continuação)
Moderação: Ana Cristina Araújo (FLUC-CHSC)


2. A “Conspiração” de Gomes Freire de Andrade


A Conspiração de Gomes Freire: enquadramento económico e político | José Luís Cardoso (ICS-UL)
A guerra iminente em 1817. As consequências europeias da política platina de D. João VI e Portugal como espaço sem «soberano». | Fernando Dores Costa (FCSH/UNL-IHC),
A conspiração de Gomes Freire e a oposição liberal aos regimes da Restauração na Europa | Grégoire Bron (U:Paris/ Berne)
Memória e História: “de traidores a mártires da Pátria”, em perspectiva crítica | Miriam Halpern Pereira (CIES/ISCTE-IUL)


Debate 

16h15 Pausa para o café 

16h30 3ª sessão | A opinião pública e a imprensa dos exilados em Londres - Mesa Redonda 1
Moderação: José Manuel Tengarrinha (FLL/UL)


A Conspiração de Gomes Freire: enquadramento e leituras da imprensa no exílio londrino | Adelaide Vieira Machado (FCSH/UNL-CHAM)
O Correio Braziliense e a ‘pretendida conspiração’ | João Pedro Ferreira (FCSH/UNL-CHAM)


Debate

18h00 Encerramento

Informações complementares podem ser obtidas na página da Biblioteca Nacional AQUI.

Uma excelente iniciativa que não podemos deixar de divulgar junto de todos os interessados na temática e sobretudo com a qualidade destes participantes.

Com os votos do maior sucesso para a iniciativa.

A.A.B.M.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

GOMES FREIRE DE ANDRADE. O MÁRTIR DO MITO



LIVRO: Gomes Freire de Andrade. O Mártir do Mito;
AUTOR: Fernando Marques da Costa;

EDIÇÃO: IPEM [Instituto de Estudos Maçónicos], Outubro 2017, p. 140.

Herói para uns, traidor para outros, as opções interpretativas variam desde 1818. Em torno destas duas «bandeiras» alinham-se os autores que tratam da sua vida e obra. São dois grandes «exércitos», que a bibliografia sobre a conspiração de 1817 e sobre Gomes Freire de Andrade é vasta, ainda que na generalidade pouco isenta.

Será que se justifica tamanha polémica? A sua figura nunca foi consensual, nem em vida, nem na morte. Olhando com serenidade, o seu maior martírio não foi a forca que lhe extinguiu a existência, mas a historiografia, que ao longo de dois séculos continuou a torturar a sua vida, manipulando-a ao serviço de opções ideológicas diversas.

Gomes Freire foi um militar profissional que exerceu a sua profissão ao serviço de diversos países, num dos períodos mais conturbados e fascinantes da história europeia, no trânsito do século XVIII para o XIX, na charneira entre dois mundos. A maior parte da sua vida viveu-a fora de Portugal; mesmo quando por cá esteve, passou uma parte desses anos em campanhas militares. Foi preso várias vezes, passou fome e miséria, conheceu a fama e a glória, foi condecorado por todo o lado, viveu sempre falido, é provável que poucos o tenham amado e muitos o odiaram, parece que fervia em pouca água e que era impulsivo e vaidoso. Nunca casou e a única relação afetiva que se lhe conhece é com uma mulher casada que com ele partilha os sete anos de campanhas napoleónicas, e com quem vive quando regressa. É um personagem singular, complexo, dividido, mas impar em Portugal, naquela época. Dos militares portugueses do seu tempo é ele, sem dúvida, o que tem a carreira e a vida que merece uma biografia séria e que pode ser comparada com a de outros militares dessa Europa destroçada.

Como Maçon tem de singular o facto de ter sido «praticante» durante quase quatro décadas, facto pouco usual à época. Praticou Maçonaria na Áustria, onde foi iniciado, em diversos países europeus, por onde passou: França, Rússia e Prússia, seguramente. Praticou-a em Portugal, quando por cá esteve, criou lojas nos regimentos militares em que serviu, participou na formação do Grande Oriente Lusitano, desempenhando funções na Grande Dieta e foi Grão-Mestre entre 1815 e 1817. A sua persistência denota um gosto próprio e um apego singular à prática da Maçonaria. É inquestionável que Gomes Freire atribui um significado especial à Maçonaria e que esta está presente ao longo de toda a sua vida. A Maçonaria que o atrai não tem a ver com as práticas de matriz inglesa ou francesa, mais comuns em Portugal. O Rito de Zinnendorf, o Rito Escocês Rectificado, o martinismo e o templarismo são as suas escolhas. É o seu percurso maçónico, e os episódios a ele ligados, que este livro procura descrever.” [do Livro - sublinhados nossos]

J.M.M.

GOMES FREIRE DE ANDRADE. UM MÁRTIR DA PÁTRIA – A. J. RODRIGUES GONÇALVES



LIVRO: Gomes Freire de Andrade. Um Mártir da Pátria;
AUTOR: António José Rodrigues Gonçalves;

EDIÇÃO: Âncora Editora, Outubro 2017.
 
Os ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, tão caros à Revolução Francesa de 1789, começam a chegar a Portugal no início do século XIX. Recrudescem por todo o lado as lutas anti-senhoriais que debilitam o regime real e clerical. Recuam as superstições, os preconceitos e o tradicionalismo, a opressão e a injustiça senhorial. Tudo isto abana consciências e valores na frente ideológica, com a discussão da Razão e das Luzes, nos jornais e na vida pública, e com a ascensão da burguesia, classe social revolucionária à data.
 
O fervor absolutista e conservador contra estes ventos liberais encontra seguidores no Stº Ofício, em Pina Manique, na Igreja, e na Junta de Governadores que então governava Portugal (dada a fuga do Rei para o Brasil em 1807). As principais vítimas do St.º Ofício eram os designados heréticos da filosofia e os maçons, alcandorados estes a bode espiatório do regime.
 
Na sequência destes confrontos ideológicos e políticos, Gomes Freire de Andrade é envolvido numa conjura, sem que exista qualquer prova do seu envolvimento. Regressara a Portugal em 26 de Maio de 1815, já com 58 anos de idade, era um militar de carreira, combatera e fora condecorado, por toda a Europa e até na Rússia, com os mais altos galardões, chegando mesmo ao posto de marechal-de-campo. Era maçon e liberal convicto, e era dotado de um estatuto moral invejável o qual criara inimigos que não esqueciam a sua competência na arte da guerra. Estas teriam sido as razões para ter sido encarado como o chefe do movimento contra a influência inglesa e o regime absoluto, embora não tenha participado sequer na preparação de qualquer ato conspirativo.
 
Após um farsante julgamento, e num ato ignóbil, Gomes Freire de Andrade vê-se privado de todas as honras e privilégios dos cavaleiros das ordens militares, sendo condenado à morte – com mais 11 patriotas – sem quaisquer provas credíveis, e de imediato enforcado e decapitado como qualquer cidadão comum, queimado com alcatrão e as suas cinzas e parte do corpo lançadas ao mar.” [in Livro - sublinhados nossos]


LANÇAMENTO NA ASSOCIAÇÃO 25 ABRIL  [AQUI]

DIA: 19 de Outubro (18,00 horas);
LOCAL: Associação 25 de Abril (Rua da Misericórdia, 95), Lisboa;
ORADOR: Professor Doutor António Ventura [F.L.U.L.]
 
 

J.M.M.

200 ANOS DA MORTE DE GOMES FREIRE DE ANDRADE


 
Bicentenário do Suplício de Gomes Freire de Andrade e dos Mártires da Pátria
 
 

 
Eduardo de Noronha, "Gomes Freire de Andrade", in Revista Militar, Ano LXIX, nº10, Outubro de 1917
 
J.M.M.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O ANO 1917 - COLÓQUIO INTERNACIONAL NA FLUC



No próximo dia 18 de Outubro de 2017, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, vai realizar um interessante colóquio sobre as várias incidências durante o ano de 1917.

Contando com vários especialistas na temática poderá ser uma oportunidade para conhecer melhor o que aconteceu há um século atrás, mas sobretudo as consequências desses eventos nos anos seguintes.

Pode ler-se na nota de divulgação do colóquio:

A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra será palco, no dia 18 de outubro, do colóquio internacional “O ano de 1917”.

A partir das 10h, no Anf. III (4.º piso), especialistas nacionais e internacionais debaterão temas como as revoluções russa e angolana, comunismo e anticomunismo e ainda religião.

A conferência de abertura estará a cargo de Nicolas Worth (IHTP/CNRS), historiador francês especialista na história da União Soviética, que proferirá a conferência “Débats et controverses historiographies autor de 1917”. No mesmo painel, moderado por João Paulo Avelãs Nunes, intervirá Josep Cervelló, historiador espanhol, com o tema “De Barcelona a Fátima passando por Madrid”.


O programa do colóquio pode ser consultado abaixo:
Uma excelente oportunidade para actualizar conhecimentos e aprender um pouco mais sobre este período decisivo: Centenário da Revolução Russa, Centenário de Fátima, Centenário da I Guerra Mundial. A historiografia a reactualizar-se continuamente com novas perspectivas, documentos e leituras diferentes dos acontecimentos.

A participar e a divulgar entre os interessados.

A.A.B.M.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A UNIVERSIDADE LIVRE DE COIMBRA. DISCURSO PRONUNCIADO NA SUA SESSÃO INAUGURAL POR AURÉLIO QUINTANILHA




LIVRO: A Universidade Livre de Coimbra (reed. 1925);
AUTOR
: Aurélio Quintanilha; Prefácio de Paulo Archer de Carvalho
EDIÇÃO: Editora Lema d’Origem (2017); 

APOIOS: Pró-Associação 8 de Maio | União das Freguesias de Coimbra | GAAC | Ateneu de Coimbra




LANÇAMENTO DA OBRA:

DIA: 12 de Outubro 2017 (18,00 horas);
LOCAL: Casa Municipal da Cultura de Coimbra (R. Pedro Monteiro, 64);
ORADOR: Professor Doutor Carlos Fiolhais.

“A formação da Universidade Livre de Coimbra – Instituto de Educação Popular (ULC, 1925-1933) obedeceu ao estratégico desiderato de efectiva instrução pública complementar, gratuita, voluntária e demopédica que anima a acção programática das similares universidades populares que, entre nós e após a instauração da República, se possibilitaram e expandiram. Acção inscrita num movimento europeu muito vasto (Bélgica, França, Inglaterra) de congéneres universidades populares e livres (em rigor, não sinónimas, por vezes mesmo dicotómicas), originado após os meados do século XIX, do qual manterá no fundamental a matriz democrática e laica.

No específico contexto histórico marcado, contudo, pela derrisão da I República, a ULC representou um dos derradeiros programas práticos da militância laica e da livre solidariedade dos intelectuais com o operariado e o pequeno funcionalismo. Não admira, também por isso, que na sua plural circunstância fundadora convirja dúplice e indesmentível influência republicana e maçónica, concatenada na pedagogia, prática, dos direitos, liberdades e garantias fundamentais da cidadania: materializando reivindicações populares de acesso das mulheres à escolarização, de educação sexual, de higiene e implementação de infantários, na exigência de construção do ensino técnico profissional e na formação contínua dos formadores. Propostas estas que a Constituição da República Portuguesa de 1911 não asilara” [Paulo Archer de Carvalho, inAlgumas anotações póstumas: a apresentar a conferência e o conferencista”, p. 9-10]




Trata-se da reedição do raro e estimado opúsculo do cientista, investigador, professor, pedagogo, libertário e maçon, Aurélio Quintanilha (1892-1987) e que transcreve o discurso por si pronunciado na sessão inaugural da Universidade Livre de Coimbra, a 5 de Fevereiro de 1925, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

As Universidades Livres nascem do ideal civilizador, laico e republicano, de ser a instrução um factor, por excelência, de promoção social, moral e intelectual das camadas populares. A educação popular, o ensino e o amparo moral eram, assim, tomadas como “extensões universitárias” e onde os professores, saindo das suas “torres de marfim” uniam o intelectual ao “manual”, espalhavam conhecimentos e sábios ensinamentos, cumprindo o dever de formar e unir homens livres. De facto, os cursos livre, as conferências realizadas e as inúmeras atividades realizadas (visitas de estudo, excursões), despertaram grande interesse, e dizem que estávamos, sem dúvida, na presença do melhor e mais valioso escol intelectual da nossa Primeira República.

ANOTAÇÃO SOBRE AS UNIVERSIDADES LIVRES: a Universidade Livre do Porto aparece em Dezembro de 1903, renovando-se a partir de 1912, com o magistério de Leonardo Coimbra.

Por sua vez, após a terceira tentativa gorada, a Universidade Livre de Lisboa [que teve sede na Praça Luís de Camões, nº42, 2º, Lisboa] surge publicamente em 28 de Janeiro de 1912 [pelo esforço do deputado republicano, mutualista, associativista e benemérito Alexandre Ferreira (pai do poeta José Gomes Ferreira) e maçon (irmão “Verdade”, da Loja Montanha), e seu primeiro presidente e pela dinamização de Tomás Cabreira (propagandista da República, mais tarde ministro das Finanças, ele próprio maçon, o irmão Solon, iniciado na Loja Portugal, de Lisboa, e na altura integrando a Loja Marquês de Pombal]. A sua sessão inaugural decorreu no Coliseu de Lisboa (Rua da Palma) e contou com a presença do presidente da República, Manuel de Arriaga, Queiroz Veloso (diretor da Faculdade de Letras e que presidiu à sessão), capitão Simões Veiga, tenente-coronel Almeida Lima (da Faculdade de Ciências), Tomás da Fonseca (pelas Escolas Normais) e Carneiro de Moura (pela Escola Colonial). Usaram da palavra, além de Queiroz Veloso e Alexandre Ferreira, Agostinho Fortes, Rui Teles Palhinha e Carneiro de Moura. Publicou a Universidade Livre de Lisboa um curioso Boletim [nº1, Janeiro de 1914; em 1916 denomina-se Boletim Patriótico da Universidade Livre], tendo a dirigi-lo Alexandre Ferreira. Cessa, a Universidade de Lisboa, as suas atividades em Março de 1935. O seu valioso património foi legado à Sociedade “A Voz do Operário”.

Em Coimbra, a Universidade Livre, é fundada em 5 de Fevereiro de 1925 e tendo como fundadores, Joaquim de Carvalho, Adolfo de Freitas, Alberto Martins de Carvalho, Alcides de Oliveira, Almeida Costa, Álvaro Viana de Lemos, António Sousa, Aurélio Quintanilha, Darwin Castelhano, Floro Henriques, Manuel Reis e Tomás da Fonseca.

A Universidade Livre teve a sua delegacia na Figueira da Foz, com sessão inaugural a 5 de Abril de 1929 e realizada no salão Nobre dos Paços do Concelho. Abriu a sessão o dr. João Monsanto, lendo uma carta do dr. Joaquim de Carvalho, impossibilitado de marcar presença, estando na mesa o capitão Melo Cabral (presidente da Comissão Administrativa Municipal), José Nicolau Borges (secretário e representante do operariado figueirense) e Francisco Águas de Oliveira (pelo professorado), seguindo-se uma palestra pelo dr. Luís Carriço (figueirense e professor da UC) com o tema “Como se viajava dantes e como se viaja hoje em África”. A delegacia da Figueira da Foz teve a sua sede nas instalações da Biblioteca Municipal e a sua comissão executiva era constituída por António Vítor Guerra, Mário Dias Coimbra, Manuel Neves da Costa, Fausto Pereira de Almeida e Jaime Viana. Abriu, posteriormente, a delegacia, uma escola nocturna de Instrução Primária, bem como cursos de geometria e escrituração comercial, na sede da Associação dos Carpinteiros. Inaugurou, em 1932, uma biblioteca móvel. Comemorou, com dignidade, o 31 de Janeiro, o 5 de Outubro, o 1º de Dezembro de 1640, o centenário de João de Deus. Tomás da Fonseca, Manuel Jorge Cruz, Cristina Torres, Maurício Pinto, comandante Jaime Inso, dr. Rocha Brito, Alexandre Ferreira, Neves Rodrigues, Afonso Perdigão, Afonso Duarte, Manuel Mariano, Manuel Gaspar de Lemos, Fernando Correia, foram alguns dos palestrantes das inúmeras conferências realizadas.       

J.M.M.