Artur Lopes Inez nasceu em Lisboa, a 5 de Dezembro de 1898.
Tipógrafo, tal como o seu irmão António Lopes Inês [que escrevia, com o
pseudónimo de “Antero Lima”, no jornal anarquista “A Batalha” – cf. Jacinto
Baptista, “Surgindo vem ao longe a Nova Aurora”, p. 188], começou a sua
brilhante carreira jornalística no periódico “A Pátria” [dirigido por Nuno
Simões], em 1921. E “repórter ficaria toda a vida” [cf. Diário de Lisboa, 8 de
Março de 1968].
Antes mesmo de abraçar o jornalismo, colabora (1919) na revista
literária “Trova Popular” [cf. Dicionário Cronológico de Autores Portugueses],
publicando “crónicas, versos e letras de fado”, algumas sob o pseudónimo de
“Rui de Salvaterra”. Data de 1920 a publicação do seu livro de versos, “Sol de
Outono”.
Novelista, crítico de teatro, e também poeta, foi com a paixão
do jornalismo, das artes gráficas e do “jornal popular” que Artur Inez se
revelou, sentindo “o jornalismo como povo que era, sem jamais renegar a sua
origem e sentindo-se bem entre o povo humilde, sofredor, espezinhado muitas
vezes, mas sem jamais estender a cerviz ao cutelo do algoz” [ibidem]. Foi
jornalista “desportivo, noticioso, jornalista político e revistas consumiram
este homem alegre, combativo, franco e lhano, atacando o adversário a que era
capaz de estender a mão de amigo” [ibidem].
Jornalista democrata e republicano, pertenceu ao jornal “A
Pátria”, passando, depois, para a redacção do jornal “O Século”, “A Capital”,
“Rebate”, “Diário da Tarde” “Republica Portuguesa”, jornal “O Povo” (1928 – era
dirigido por Ramada Curto). Foi chefe da redacção de “Os Sports” [em 1924,
curiosamente teve, entre outros, como colaboradores do jornal, Henrique Galvão,
João Pinto de Almeida, Artur Santos, Armando Ávila. Data de 16 de Março de 1924
uma jornada futebolística patrocinada pelos classe jornalística da capital,
onde Artur Inez fez equipa com Cândido Oliveira, Belo Redondo, Felix Bermudes,
enfrentando o “Carcavelos Club” – cf. Francisco Pinheiro, “História da ImprensaPeriódica Portuguesa (1875-2000)”], do “Diário Popular” e do diário “República”
[em 1945, em substituição de José Ribeiro dos Santos e nesse lugar permaneceu durante
12 anos, tendo-se afastado por doença].
A sua colaboração nos jornais desportivos [cf. Francisco
Pinheiro, ibidem] é vasta, estando na fundação da revista “Eco dos Sports”
[nº1, 7 de Março de 1926 – refira-se que na qualidade de
director e jornalista, Artur Inez, juntamente com “mais de 80 jornalistas”,
esteve presente, no início de 1929, no apoio e solidariedade com Félix Correia,
jornalista do Diário de Lisboa, preso por “ter desrespeitado as indicações da
Censura”, conforme fotografia publicada na p. 7 do jornal do dia 10 de
Fevereiro de 1929, onde se vê à entrada da cadeia, Artur Inez, Cândido de
Oliveira (na altura director de “Os Sports”) e o próprio Félix Correia – cf.
ibidem];
colaborou no semanário “Jornal de Sports” (nº1, 1 de Maio de
1927); é o fundador e editor da revista desportiva “O Az” [nº1, 14 de Outubro
de 1928]; colabora no semanário desportivo “Futebol” [nº1, 9 de Fevereiro de
1935, que tinha como director Moreira Rato e o ilustrador, Vasco].
Artur Inez funda e dirige [até 4 de Agosto de 1935] o importante semanário de crítica literária e artística, “O Diabo” [nº1, 2 de Junho de 1934 – ver AQUI],
curiosamente um dos primeiros periódicos literários. Pertenceu à Associação dos
Trabalhadores de Imprensa, foi director do Sindicato dos Profissionais da
Imprensa de Lisboa, dirigente de Caixa de Previdência de Profissionais de
Imprensa de Lisboa (Casa da Imprensa) .
Polemista desassombrado, publica no jornal República (1945) uma
réplica ao artigo de António Ferro, "A Morte do Sebastianismo”, que foi depois
editado em [raro] folheto com o título “Oiça, António Ferro” [44 p.], com
carta-prefácio de Ribeiro de Carvalho [1ª e 2º ed., Imprensa Beleza, 1933; 3º
ed., 1935].
“… Nós não pertencemos ao número, elevado por sinal, dos que o
consideram simplesmente um imbecil que passa horas trágicas e aflitivas curvado
sôbre a sua secretária do Notícias, de mãos fincadas nos parietais, suando,
bufando em busca dum adjectivo salvador e bonito.
Não pertencemos a êsse número, porque o sabemos razoavelmente
inteligente, embora de raciocínio lento e de precária realização verbalista,
ainda que os seus panegiristas imaginem ou digam o contrário.
O senhor, Ferro, é um torturado da forma, que leva duas horas
para escrever um período de quatro linhas que levou quatro horas a
raciocinar... E nem sequer é original! (...)
O leitor que me perdoe. Fui mais longe do que queria. Com esta
facilidade de escrever com que o destino me dotou, fui por aqui fora e não
consegui responder ao Ferro.Deixá-lo. Já agora não respondo. É que entrou, neste instante, no meu gabinete, um camarada a dizer-me que o 1936, da 8.ª esquadra, sem que o chefe lhe encomendasse o sermão, estava ontem, na Baixa, de chanfalho na dextra a arrancar das paredes alguns exemplares do jornal onde lhe ferrei aquela trepa que o deixou a pão e laranjas.
Ora como posso eu responder ao amigo e correligionário do 1936
da 8.ª esquadra? Nessa não caio eu...” [in “Oiça, António Ferro” - AQUI]
Publicou várias obras: “Sol de Outono” (1920), “La Intrusa”
(1923), “António Luís Lopes, o Cavaleiro Ribatejano” (1930 – com o pseud. de
Rui Salvaterra), “Um bodo Indecoroso. A Burla do Açúcar” (1933 – obra muito
polémica na época), “Torel Norte. 5853. Reportagem de Rua” (1934 - policial),
“Diário de uma Mulher Casada” (1949)
Morre em Lisboa, a 8 de Março de 1968.
J.M.M.
Sem comentários:
Enviar um comentário