quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

VOTOS DE UM 2016 SOLIDÁRIO E FRATERNO


Mas a matéria portuguesa, senhores, ainda não morreu
definitivamente. Num grão de areia há searas, numa
braza incêndios” [Guerra Junqueiro]


Aos amantes da Alma Lusitana, em preito e menagem aos nossos ledores & estimados Companheiros e Amigos do itinerário republicano, apresentamos Votos de um 2016 Solidário, Próspero e Fraterno. “Esse futuro é sermos tudo” e pelo sonho é que vamos. Jogo de espelhos. Vale!     
 
Saúde & Fraternidade

José Manuel Martins | Artur Barracosa Mendonça

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

MANUEL DE BRITO CAMACHO: UM INTELECTUAL REPUBLICANO NO PARLAMENTO



LIVRO: Manuel de Brito Camacho: um intelectual republicano no Parlamento;
AUTORES: Maria Fernanda Rollo e Ana Paula Pires;
EDIÇÃO: Assembleia da República (Colecção Parlamento), 2015, p. 503.

Manuel de Brito Camacho foi um dos protagonistas mais destacados e relevantes da década inicial da I República Portuguesa, liderando, até 1919, um dos três primeiros partidos do republicanismo constitucional – a União Republicana. O texto que agora se publica mostra o perfil de um intelectual civicamente interveniente e revela as diferentes facetas do político e do parlamentar – o sobrevivente de diversas conjunturas – que ao longo de quase duas décadas animou debates e abrilhantou, quase diariamente, sessões na Câmara dos Deputados.

Uma das questões que mais preocupou Brito Camacho foi a do desenvolvimento nacional, que compreendia em três dimensões: moral, material e política. A entrada no Parlamento, o exercício de funções como deputado foram encarados, desde logo, como uma oportunidade para compreender e analisar detalhadamente os principais problemas que afetavam a sociedade portuguesa. Do ponto de vista do regime, Brito Camacho defendia uma república inspirada nas conceções defendidas por Léon Gambetta: um regime presidido por um chefe de Estado eleito e com um parlamento respeitado, em que burguesia e república se conciliassem sem alienar direitos, nem simpatias. A proclamação da República não lhe atenuou o ímpeto e muito menos serviu para diminuir o tom crítico das suas intervenções que, de resto, continuaram, quanto ao essencial, a não perder de vista um conjunto de princípios fundamentais, nomeadamente a necessidade do regime se apoiar em partidos políticos conscientes dos seus deveres e das suas responsabilidades, defendendo sem peias que a República não podia ser a Monarquia com outro nome.

Brito Camacho foi um intelectual que viveu para além do seu tempo. O seu legado, memória e herança, permanecem inscritos na história de Portugal do século XX. Eterno perseguidor da modernidade, foi um defensor acérrimo da reforma da cultura e das mentalidades portuguesas e apologista da difusão do conhecimento e do saber científico, entendendo-o como base do progresso económico e social e sustentáculo de qualquer regime político. Foi essa modernidade e esse desejo de mudança que procurou até ao fim da vida, denunciando e interpretando criticamente as principais debilidades que condicionavam a sociedade portuguesa na transição do século XIX para o século XX e, em boa medida o seu atraso económico.


Viveu muitos anos no Chiado, numa casa situada na rua da Assunção; alimentava-se do bulício das ruas, respirava a mundanidade cultural que enchia os cafés da Baixa e passava o final da tarde à conversa com os amigos na Farmácia Durão, propriedade de António Ferreira, que chegou a ser administrador de A Luta, discutia ideias e, algumas vezes, conspirava.

Cem anos passados sobre a implantação do regime republicano, importa compreender, identificar, perceber, enquadrar e estudar estes «geradores» de pensamento moderno: médicos, engenheiros, políticos, intelectuais, cientistas e doutrinadores que procuravam um rumo novo, buscando um caminho que, para muitos, o ideário republicano soubera enunciar. Brito Camacho foi um desses desbravadores" [in Catálogo de publicações da Assembleia da República]

J.M.M.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

À MINHA LOJA MÃE – RUDYARD KIPLING


À Minha Loja Mãe”, de Rudyard Kipling, s/l (Figueira da Foz), s/d (Janeiro de 2016), p. 32

Trata-se de uma curiosa e esmerada edição, de tiragem reduzida, do apreciado poema “À Minha Loja Mãe” de Rudyard Kipling, evocando o 80.º aniversário da sua morte (18 de Janeiro de 1936). O poema é apresentado em inglês e português e vem ornado com nove desenhos, originais e a cores, a todo o tamanho das páginas, que o ilustram e lhe “dão mais beleza”. Tem um curioso posfácio e é acompanhado de textos de Fernando Lima (Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano), de “Alexandre Herculano" (n.s.) e de António Lopes. De muito apreço.

"Rudyard Kipling, poeta, romancista e contista, O Livro da Selva e Kim, entre outros, laureado com o Prémio Nobel em 1908,foi iniciado na maçonaria, com dispensa de idade, na loja Hope and Perserverance de Lahore,da multifacetada Índia, e, posteriormente, membro de várias lojas maçónicas..

Kipling escrevia com a convicção que as ideias e valores maçónicos, transmitidos nas suas histórias, eram aceites e partilhados pelos seus leitores, como em "0 homem que queria ser rei", "Com a guarda"ou a "Viúva em Windsor". O poema "A minha pedra cúbica" é a oração de um obreiro Maçom; O trabalho, o esforço e a perseverança espelham-se no poema "O palácio", a maçonaria operativa está no conto "A coisa errada", que contém o célebre "Se". Mas é na recolha "Sete mares" que se encontra o seu comovente e mais conhecido poema maçónico, "Loja Mãe", dedicado à memória da sua primeira loja, lugar inesquecível da iniciação em todo o seu significado.

A diversidade da composição humana da Loja, o reconhecimento e o respeito pelo outro, a tolerância e o sentimento de pertença sublinham aí valores maçónicos universais que subjazem em toda a espiritualidade, filosofia e prática maçónica de uma actualidade que nunca é demais sublinhar, em tempos de barbárie, fundamentalismos e exclusão.

Este humanismo nunca é demais sublinhar e recordar em tempos difíceis. servindo de exemplo e guia para todos nós. Kipling não será nisto nunca esquecido”. [Fernando Lima, Grão-Mestre do GOL - sublinhados nossos]



“A poesia é mais verdadeira do que a história. Porque não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história, mesmo sem saber que história vai fazendo. Daí que o paradoxo ainda continue a ser a melhor forma de acedermos à verdade, porque esse é o conteúdo da fé, pelo qual o eterno vem ao tempo, como salientava Kierkegaard. A poesia é, assim, mais verdadeira do que a história, a que não é causa, provocada pelos teóricos do processo histórico, sob a forma de ideologias, mas antes o simples produto das ações dos homens e não das respetivas intenções e planeamentos, porque são mesmo os poetas que movem a humanidade, sentindo as correntes profundas. Daí, a maçonaria, porque faz conviver a história com o mistério e apenas ascende quando se torna poesia. Como a de Rudyard Kipling, quando tentava elevar o imperialismo britânico na Índia, onde nasceu, em esforço de civilização, agregando cristãos, muçulmanos, hindus, sikhs e judeus. Até estava inserido naquele movimento de criação do movimento scout, de Baden Powell, procurando um método educativo para uma nova forma de vida. Aliás, quatro anos depois do lançamento de tal movimento, um jovem oficial português, Álvaro de Melo Machado, iniciado maçom desde 1907, fundava, em Macau, o primeiro grupo de escoteiros em território português, quando já era bastante ativa a loja Luís de Camões, que mobilizava personalidades como Camilo Pessanha e o jornalista Francisco Hermenegildo Fernandes. O poema de Kipling, sem qualquer cedência ao cientificismo, chame-se futurologia ou prospetiva, supera, em plenitude, as próprias vulgatas esotéricas, revelando o essencial dos homens de boa vontade que querem ser homens livres, conforme o berço do estoicismo, do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, bem contrário aos totalitarismos grupais e aos respetivos fundamentalismos (…) [“Alexandre Herculano” (n.s.) - sublinhados nossos]

“ (…) Na Loja, a Igualdade é o resultado da harmonia que deve reinar, constituindo a força da união entre os Irmãos. A igualdade é lembrada ao neófito logo no seu primeiro contacto com a Loja, quando ele se apresenta perante esta “nem nu, nem vestido”. Significa que qualquer  diferenciação social derivada do seu modo de vestir não tem qualquer valor e que a sua primeira roupa são os paramentos maçónicos, neste caso o avental que lhe será entregue. Com ele coloca-se em plano de igualdade perante os Irmãos e com ele é-lhe lembrado o valor do trabalho em Loja. Por seu lado, a fraternidade, que a Maçonaria elege como outro dos seus pilares,  encontra assim expressão na ligação à realidade cívica de cada cidadão.

É a igualdade plena que impede que um indivíduo se sobreponha ou domine outro, transformando-se por isso e naturalmente em fraternidade. A esta nova realidade associam-se o cosmopolitismo e a tolerância. Sendo o primeiro um ideal antigo - Sócrates já se considerava um cidadão do mundo - o cosmopolitismo é um estado de espírito e um modo de viver que constituem uma referência intimamente associada à Liberdade e à Igualdade, mas que pressupõe uma atitude fraterna para com o outro (…) [António Lopes - sublinhados nossos]

J.M.M.

domingo, 27 de dezembro de 2015

MAÇONS DE PEDRA E CAL. A MAÇONARIA AO VALE DO ZÊZERE


LIVRO: Maçons de Pedra e Cal. A Maçonaria ao vale do Zêzere;

AUTORES: Aires B. Henriques | Nuno R. Soares;
EDIÇÃO: Villa Isaura / Museu da República e Maçonaria (Pedrógão Grande), 2015, p. 577 [pref. de António Ventura]

“ […] Quando estudamos a História de um país, é condição fundamental, para que se consiga um desiderato o mais positivo possível, que esse estudo seja estribado numa pesquisa exaustiva de bibliografia – o chamado estado da arte – e das fontes. Mas tudo será mais facilitado se existirem previamente diversos estudos monográficos sectoriais. A elaboração de estudos a nível regional e local permite ter uma visão mais correcta e rigorosa do todo nacional, evitando assim certos trabalhos que se propõem conclusões gerais, sem que exista uma investigação suficiente para tal. O mesmo sucede no que respeita à História da maçonaria, onde as fontes são escassas. Quantos mais estudos existirem a nível regional e local maior será a possibilidade de cobertura do todo nacional, evitando generalizações

(…) o livro agora publicado, da autoria de Aires Henriques e Nuno R. Soares, insere-se nesse quadro de estudos regionais que possibilitam um grau de aprofundamento e de pormenor que os estudos de âmbito mais geral não permitem

(…) O presente livro incide sobre uma região relativamente circunscrita, mas vasta, classificada como ‘Vale do Zêzere’, englobando Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Sertã. Nesta obra, os autores procuram reconstituir as relações entre movimento republicano e maçonaria, se bem que nem sempre essa relação seja evidente. De facto, encontramos frequentemente, na mesma localidade, destacados republicanos que nunca forma maçons e, inversamente, maçons que nunca assumiram lugares proeminentes no republicanismo. Identificam-se as estruturas maçónicas que laboraram na região, Loja e Triângulos, com o máximo de informações biográficas que completem o currículo maçónico, sempre sintético. Estas notas são enriquecidas com uma iconografia rica, directamente ligadas aos biografados, como fotografias, reprodução de documentos ligados aos biografados, como fotografias, reproduções de documentos ou outros objectos. Naturalmente que alguns merecem um destaque maior, caso de Roberto das Neves, e as relações familiares, como as de Hermano Neves e Mário Neves. Mas também encontramos informações sobre naturais da região que forma iniciados em Oficinas de outras localidades, no espaço continental e no Ultramar, alguns dos quais tiveram um grande protagonismo político e maçónico.

No final da obra encontramos algumas páginas dedicadas ao Museu da República e Maçonaria, na Villa Isaura e um glossário de expressões e conceitos maçónicos. Este livro constitui assim mais um valioso contributo para o melhor conhecimento da História da maçonaria na região sobre a qual incide.  É mais uma pedra, e muito significativa, na construção da História da Maçonaria em Portugal” [António Ventura, in prefácio, pp. X-XII - sublinhados nossos]

PEDIDOS DA OBRA PODEM SER FEITOS PARA: Villa Isaura - Museu da República e Maçonaria - R. Capela, 131 - Troviscais - 3270-154 Pedrógão Grande ou AQUI.

J.M.M.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

E PARA QUÊ? SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA – JOSÉ MARIA NUNES [NOTA BIOGRÁFICA]

José Nunes, “E Para Quê? Subsídios para a História”, Lisboa, Tipografia Adolpho de Mendonça, 1918, 148 p.
 Livro muito curioso e útil para o conhecimento de certos aspectos revolucionários que conduziram ao derrube da Monarquia portuguesa e à implantação da República.
Da autoria do operário anarquista José Nunes, serralheiro da Imprensa Nacional e posteriormente administrador de um mercado municipal de Lisboa. Era um homem enérgico, audacioso, envolvido e muito conhecedor dos meandros do movimento revolucionário. Para além deste livro intitulado «E para quê ?... Subsídios para a história de Portugal» (1918) é também autor de outro com o título « A Bomba explosiva» (1912). Este obreiro da revolução que acreditava piamente na redenção da Pátria, foi, pelo regime que ajudou a instaurar, perseguido e escorraçado, chegando mesmo a estar preso. Neste livro descreve pormenores curiosos do fabrico das bombas, com inúmeras peripécias envolvidas, da origem da carbonária, do regicídio, da concentração da Rotunda (…)” [via Luís Guerreiro Facebook -AQUI].
 
José [Maria] Nunes nasce em Ferreira do Zêzere em 1877. Com o ofício de serralheiro, parte para Lisboa e exerce a profissão na Imprensa Nacional.

Frequenta os grupos libertários e republicanos de Lisboa, conhecendo muito dos elementos conspirativos mais “avançados” da capital. Depois do Regicídio [onde pode mesmo ter tido alguma intervenção (?), no dizer de Rocha Martins] parte para Moçâmedes (Angola), regressando posteriormente [Fevereiro de 1910] ao seu lugar na Imprensa Nacional. Milita com entusiasmo no grupo radical propagandista do actor Vieira Marques [cf. António Ventura, in Introdução ao livro “A Bomba Explosiva” de José Maria Nunes, Livros Horizonte, 2008], “incumbido de coadjuvar a Junta Liberal de Miguel Bombarda” [ver Ilustração Portuguesa, nº256, 16 Abril de 1911, p. 83; é possível que não se possa estabelecer desse modo a relação entre o grupo de Vieira marques e a Junta, como aliás Armando Ribeiro refere na sua obra “A Revolução Portuguesa”] e integra-se no grupo carbonário “Mineiros” [de que faziam parte, além de Vieira Marques, Virgílio de Sá, Guilherme Rocha, Carlos Kopke, Henrique Lopes, Jaime Paiva, António Joaquim Rodrigues]. Colabora com o grupo carbonário “Vedeta” [onde figurava de novo Carlos Kopke, Roque de Miranda, Artur dos Santos Silva], levando a cabo acções “revolucionárias” nos Olivais e no Poço do Bispo [cf. Ilustração, ibidem; Armando Ribeiro, ibidem]

José Maria Nunes participou nos acontecimentos do 5 de Outubro de 1910, esteve na Rotunda com os revoltosos [ver António Ventura, ibidem], ficando conhecido mais tarde (1911) através dos extensos artigos publicados pelo jornalista Jorge de Abreu, n’A Capital, e na Ilustração Portuguesa

[“A Bomba ao serviço da Revolução”, 9 e 16 de Janeiro de 1911, onde são referidos um conjunto de revolucionários manipuladores de bombas - os “intervencionistas”, no dizer do jornalista Hermano Neves (cf. Hermano Neves, “Como triumphou a Republica”, 1910) - que serviram à revolta, citando-o, assim como José do Vale, João Borges e Aquilino Ribeiro. José Nunes fabricaria “bombas de ferro fundido” ou de clorato, no que era acompanhado por João Borges - o “João das Bombas”-, os sargentos António Antunes Guerra e Acácio de Macedo e outros como, Polycarpo Torres e Nunes da Silva. Os intervencionistas seriam então os carbonários anarquistas, na sua grande força recrutados em Alcântara].

Em 1912, publica o curioso livro “A Bomba Explosiva”, profusamente ilustrado e com diversos depoimentos de revolucionários, que fará história. Amigo e correligionário de Machado dos Santos, confesso admirador de Manuel de Arriaga, anti-Afonsista e apoiante do governo de Pimenta de Castro [foi demitido do seu lugar na Imprensa Nacional a 25 de Agosto de 1915, por motivo de ausência ao trabalho – ver António Ventura, ibidem], foi detido a 25 de Outubro desse ano “acusado de ter participado no assassinato do deputado democrático Henrique Cardoso, a 28 de Fevereiro de 1915” [ibidem] e de tentativa de afundamento do couraçado “Vasco da Gama”, acabando por ser libertado.

Machadista assumido, participa na tentativa de revolta de 13 de Dezembro de 1916 (Tomar), sendo de novo detido [bem como, entre outros anarquistas e sindicalistas, os carbonários Franklin Lamas e Celestino Steffanina], voltando a conspirar na revolta de 5 de Dezembro de 1917. Pretendendo o seu reingresso na Imprensa Nacional (afastado que estava desde 1915) só no governo de Sidónio Pais foi aceite a sua reintegração, por despacho ministerial de 20 de Dezembro de 1917 [António Ventura, ibidem].

É então que publica o seu livro “E Para Quê? Subsídios para a História”, onde pretende trazer à memória o conturbado período antes do 5 de Outubro, investindo contra os antigos companheiros carbonários intervencionistas, em especial João Borges (partidário de Afonso Costa), terminando num arremesso contra o partido democrático, o dr. Afonso Costa e a República.

Os últimos anos da sua vida foram amargurados: ficou amnésico (1921) e ao cuidado de Egas Moniz no Hospital de Santa Marta e, assim desmemoriado, dá a sua ultima entrevista a Félix Correia (monárquico e pró-nazi), que sai publicada no Diário de Lisboa a 29 de Julho de 1924.

A 31 de Março de 1946, vítima de ataque cardíaco, morre aos 69 anos José Maria Nunes, em Algés (na Calçada do Rio, 34), deixando dois filhos, Laurinda Nunes (então funcionária da CML) e Liberto Amado Nunes (funcionário da Fazenda em Lourenço Marques).

J.M.M.

domingo, 20 de dezembro de 2015

COIMBRA: ENCONTRO COM BOCAGE – NO SEU 250º ANIVERSÁRIO


COIMBRA: Encontro com Bocage – No seu 250º Aniversário;

DIA:
21 de Dezembro 2015 (18,00 horas);
LOCAL: Café Santa Cruz [Coimbra];

ORADOR: Daniel Pires (professor, investigador e diretor do Centro de Estudos Bocageanos);
ORGANIZAÇÃO: Pró-Associação 8 de Maio | apoio do Ateneu de Coimbra e a presença da editora INCM

► Apresentação do Livro:Bocage– A Imagem e o Verbo”, de Daniel Pires;

Poesia (lida por vários poetas e actores) | Música – “Ça Ira”, dirigida por Maestro Virgílio Caseiro e Rui Paulo ao piano.
 
 

Bocage a Imagem e o Verbo propõe-se dar a conhecer as linhas de força da poesia, da biografia e da receção de Bocage, através da revelação de algumas facetas desconhecidas deste complexo autor que a tradição se encarregou de transformar num mito. Para tanto contribui o abundante material iconográfico aqui reunido, e organizado em quatro grandes temas essenciais: a época, a vida, a poesia e a posteridade do poeta. 

Manuel Maria Barbosa du Bocage foi uma das mais complexas e notáveis figuras do Iluminismo em Portugal. Autor versátil de múltiplas formas de poesia, dramaturgo e tradutor rigoroso, Bocage entrou em colisão declarada com a estética literária estabelecida, com a moral mais conservadora e com a hipocrisia dos costumes, tendo sido particularmente reconhecido e apreciado entre as classes letradas do seu tempo.

Se, por um lado, semeou inúmeros conflitos, por outro, alcançou ampla simpatia junto dos leitores seus contemporâneos. Gozando de grande popularidade em quase todos os meios sociais, Bocage foi repetidamente invocado na literatura, nas artes plásticas, na música, no cinema, no teatro e até na publicidade. A sua escrita irreverente e as contundentes intervenções públicas tornaram-no uma referência para várias gerações de portugueses.

As Comemorações dos 250 Anos do Nascimento de Bocage, que decorrem em Setúbal entre setembro de 2015 e setembro de 2016, constituem o enquadramento ideal para o surgimento desta belíssima obra da responsabilidade do investigador bocageano Daniel Pires, que é também presidente da direção do Centro de Estudos Bocageanos e membro da comissão científica das comemorações" [AQUI]
 
J.M.M.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

RUDYARD KIPLING 150.º ANIVERSÁRIO DO SEU NASCIMENTO



DIA: 18 de Dezembro 2015 (19,00 horas);
LOCAL: Escola Oficina n.º1 (Largo da Graça, nº58, Lisboa);
ORGANIZAÇÃO: Instituto Português de Estudos Maçónicos.

COMUNICAÇÃO/ORADOR:

► “Kipling and Freemasonry[Marie Mulvey-Roberts];

A ‘Maçonaria Imortal’ e Kipling [António Feijó];


 
Loja “Hope and Perseverance”, nº 782 da UGLE (India), onde R. Kipling foi iniciado a 5 de Abril de 1885
 
(…)

A decoração do nosso templo não era rica,
Ele era até um pouco velho e simples,
Mas nós conhecíamos os Deveres Antigos,
E os tínhamos de cor.
Quando eu me lembro deste tempo,
Percebo a inexistência dos chamados infiéis,
Salvo alguns de nós próprios."

(…)
 
Como gostaria de rever aqueles velhos irmãos,
Negros e morenos,
E sentir o perfume dos seus cigarros nativos,
Após a circulação do tronco,
E do malhete ter marcado o fim dos trabalhos,
Ah! Como eu desejaria voltar a ser um perfeito maçon,
Novamente, naquela Loja antiga.

Diria então Sargento, Senhor,
Salut, Salam...
Pois seriam todos meus irmãos,
E ali não se faria mal a ninguém
E nos encontraríamos sobre o nível,
E nos despediríamos sob o esquadro,
Eu seria o Segundo Experto da minha Loja,
Ficaria lá em baixo.

[Rudyard Kipling, "À Minha Loja Mãe de Lahore"]

J.M.M. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

[RUDYARD] KIPLING JORNADA


CONFERÊNCIAS / DEBATE: "[Rudyard] Kipling Jornada.
DIA: 17 de Dezembro 2015 (14,30 horas);
LOCAL: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa [sala 5.2.];

COORDENAÇÃO: António Ventura & J. Carlos Viana Ferreira

COMUNICAÇÃO/ORADOR:

► “The Jungle Book in postcolonial metropolis: Ian Iqbal Rashid’s Surviving Sabu and Bhaiju Shyam’s The London Jungle Book as intermedial acts of translation” [Ana Cristina Mendes];  

► “Could they have been ‘Masonic Friends?’ Rudyard Kipling and Annie Besant” [Teresa de Ataíde Malafaia];

► “Travelling between journalism and literature: Kipling’s art in crossing fixed textual borders [Isabel Ferreira Simões];

► “A man of this Time: the Scientific and Political Grounds for Kipling’s Imperialism[Carla Larouco Gomes];

► “Orwell and Kipling: an imperialist, a gentleman on a great artist[J. Carlos Viana Ferreira];

► “Kipling, Freemasonry and Death[Marie Mulvey-Roberts];

Debate [16,40 horas]

 
Once in so often," King Solomon said,
Watching his quarrymen drill the stone,
"We will club our garlic and wine and bread
And banquet together beneath my Throne,
And all the Brethren shall come to that mess
As Fellow-Craftsmen - no more and no less."

"Send a swift shallop to Hiram of Tyre,
Felling and floating our beautiful trees,
Say that the Brethren and I desire
Talk with our Brethren who use the seas.
And we shall be happy to meet them at mess
As Fellow-Craftsmen - no more and no less."

"Carry this message to Hiram Abif -
Excellent master of forge and mine:-
I and the Brethren would like it if
He and the Brethren will come to dine
(Garments from Bozrah or morning-dress)
As Fellow-Craftsmen - no more and no less (…)

 
[Rudyard Kipling, "Banquet Night", 1926]
 
 
 
 
J.M.M.

domingo, 13 de dezembro de 2015

ÁLVARO CUNHAL. UMA BIOGRAFIA POLÍTICA, VOL. 4, O SECRETÁRIO-GERAL


LIVRO: Álvaro Cunhal. Uma Biografia Política, vol.4, O Secretário-Geral;
AUTOR: José Pacheco Pereira;
EDIÇÃO: Temas e Debates, 2015, p. 480.

Álvaro Cunhal tinha saído algemado da casa clandestina do Luso em 1949. Agora, em 3 de Janeiro de 1960, estava livre mas continuava perseguido e entra de novo na clandestinidade. Tinham-se passado quase onze anos de prisão, uma das penas políticas mais longas do século XX português. Tem quarenta e seis anos, a sua vida pessoal mudaria significativamente a muito curto prazo e a sua acção política torná-lo-á de novo o dirigente máximo do PCP. Depois de uma atribulada estadia no interior de Portugal, sai para a URSS e depois para França, de onde só regressa em 1974. Na década de sessenta, terá uma afirmação indiscutível, como um dos grandes dirigentes comunistas mundiais, internacionalmente reconhecido. O seu pensamento e a sua acção nestes anos moldaram a história de Portugal e das colónias portuguesas até aos dias de hoje. O quarto volume de uma obra monumental, indispensável ao conhecimento da história de Portugal no século XX” [AQUI]

Trata-se do volume IV da estimada biografia política de Álvaro Cunhal (1913-2005), o “mítico” secretário-geral do Partido Comunista Português. O contributo de José Pacheco Pereira para a história do PCP e em particular para a biografia de Álvaro Cunhal é notável e imprescindível. Contra um Cunhal a “preto e branco”, Pacheco Pereira publica em 1999 o primeiro volume – “Daniel, O jovem revolucionário” (1913-1941) - excitando opiniosos protestatórios entre as carpideiras da paróquia.

Este quarto volume percorre a vida política e pessoal de Cunhal entre 1960-68, da sua fuga de Peniche (com outros camaradas), passando pela clandestinidade e seu exílio em Moscovo e Paris; fica-nos na memória a sua responsabilidade de dirigir o combate contra o “desvio de direita” no PCP, a permanência, em Cunhal, de uma incomodidade na dissidência de Francisco Martins Rodrigues (que formatou todos os agrupamentos dissidentes do PCP, em especial o movimento “maoista” português, via FAP/CMLP), a sua teorização da revolução democrática e nacional, o debate sobre a questão da luta armada e o conflito ideológico que esteve presente face ao republicanismo reviralhista, a sua posição tomada no conflito sino-soviético, etc; relembra-nos um Cunhal, aliás Manuel Tiago, deslumbrado pela literatura (curioso o que é referido sobre Aquilino Ribeiro), pela pintura e arte. Estamos, uma vez mais, perante um belíssimo testemunho biográfico sobre Álvaro Cunhal que não nos deixa indiferentes e que honra o investigador José Pacheco Pereira.  

J.M.M.

"MANUEL DE BRITO CAMACHO: UM INTELECTUAL REPUBLICANO NO PARLAMENTO" E "ANTÓNIO MARIA DA SILVA: O ENGENHEIRO DA REPÚBLICA"

Apresentação de mais duas obras da colecção Parlamento no próximo dia 16 de Dezembro de 2015, pelas 18.30, após a sessão do plenário, na Biblioteca da Assembleia da República.

Vão ser apresentadas as seguintes obras:
 - Manuel de Brito Camacho: Um intelectual Republicano no Parlamento, de Maria Fernanda Rollo e Ana Paula Pires;

- António Maria da Silva: o Engenheiro da República, de Ricardo Revez.

Mais duas obras sobre personalidades da República que têm vindo a ser publicadas pelo Parlamento, numa excelente iniciativa de divulgação e investigação biográfica.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

sábado, 12 de dezembro de 2015

ALGARVIOS PELO CORAÇÃO - ALGARVIOS POR NASCIMENTO


LIVRO: Algarvios pelo Coração - Algarvios por Nascimento;
AUTOR: Glória Maria Marreiros;
EDIÇÃO: Edições Colibri, 2015, p. 434.

Colectâneas biográficas regionais são escassas entre nós. Glória Marreiros reincidiu, brindando-nos agora - depois do estimulante “Quem foi Quem? 200 algarvios do Séc. XX" (Colibri, 2000), fonte biográfica de necessária consulta – com mais 141 figuras algarvias, adornadas com os respectivos retratos.

Trata-se de um contributo inestimável para a historiografia local e regional, um estudo sério e de interesse, sendo obrigatório numa algarviana que se preze.     

Com um intenso carinho e no âmbito de uma continuada e persistente investigação própria, têm sido elaboradas as notas biográficas e comentários que compõem esta nova obra, inserida no seguimento da já publicada no ano 2000, Quem Foi Quem? – 200 Algarvios do Século XX, mas agora dedicada a mais algarvios, e com o título Algarvios pelo Coração – Algarvios por Nascimento.

Para além dos que nasceram no Algarve outros houve que embora não nascidos nesta região – dedicaram ao Algarve uma vida inteira tendo defendido esta terra de tal modo como se fora sua, tanto que foram adoptados por ela, tendo dado origem à feliz expressão Algarvios pelo Coração, que ora surge incluída no título. (...)

Os Algarvios pelo coração presentes neste livro são uma homenagem a inúmeras personalidades das mais diversas profissões que, não tendo nascido no Algarve, a ele dedicaram muito das suas vidas, do seu saber ou labor. Quanto aos Algarvios por nascimento constituem, em certa medida, a continuidade da obra referida anteriormente, que pelo seu título 200 Algarvios... era limitativa. Assim, procurámos agora actualizá-la” [AQUI]

J.M.M.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CHAVE DIZ: FALTAM DUAS TÁBUAS E MEIA DE PINTURA NO TODO DA OBRA DE NUNO GONÇALVES



JOSÉ DE ALMADA NEGREIROS: A CHAVE DIZ: FALTAM DUAS TÁBUAS E MEIA DE PINTURA NO TODO DA OBRA DE NUNO GONÇALVES “O pintor português que pintou o altar de s. Vicente na Sé de Lisboa”. (Da pintura antiga, Francisco da Hollanda). Depositaria Livraria Sá da Costa. Lisboa. (1950). 20,5x27 cm. 15-I págs. B. &

“Curioso ensaio em que Almada Negreiros pretende resumir algumas das noções matemáticas que o levam a  concluir que na disposição do retábulo de Nuno Gonçalves faltariam “duas tábuas e meia”.




[Almada Negreiros] “… Um evidente acerto e o erro gravíssimo de retirar do altar de S. Vicente na Sé de Lisboa, nem mais nem menos do que as seis tábuas em políptico, e ambos a um tempo no mesmo autor, confirmam não haver autoridade crítica para declarar evidente um acerto ou gravíssimo em erro, senão quando o senhor da ‘chave’ do todo do dito altar. Não é este o caso do crítico de arte, porquanto acrescenta erro a acerto, demonstrando ignorar o todo da obra do altar, o qual, de verdade já ignorava de há muito Portugal (embora o desconheçam ainda o Governo e a Nação, e os mandatários oficiais de ambos); e ignorando o todo da obra, demonstra não saber da  sua ‘chave’;  e desconhecendo esta, demonstra ignorar existir quem a tenha. Não tem por conseguinte autoridade crítica para decidir o que seja, no todo ou em parte da obra, a ignorância da ‘chave’ desta …


J.M.M.

1915 - O DESPERTAR DO ALGARVE: EXPOSIÇÃO NO MUSEU DE PORTIMÃO

Inaugura-se no próximo sábado, dia 12 de Dezembro de 2015, pelas 16 horas no Museu de Portimão, assinalando o Centenário do Congresso Regional Algarvio, a Exposição 1915 - o Despertar do Algarve

Pode ler-se na nota de divulgação da exposição:
A exposição “1915 – O Despertar do Algarve”, que também integra a programação oficial das Comemorações do Dia da Cidade, pretende transmitir as fortes emoções despertadas no início do século XX em que, pela primeira vez num gesto de grande afirmação regionalista, o Algarve foi palco de uma iniciativa pioneira de reflexão e debate sobre os principais problemas e desafios que condicionavam o desenvolvimento da região.
A importância histórica desta iniciativa republicana e o que ela representou num período tão conturbado, em plena 1ª Grande Guerra Mundial, é refletida através da contextualização da situação do Algarve, uma região então bastante esquecida que se debatia com graves problemas de acessibilidade, isolamento e comunicação, face às restantes regiões do país.
O percurso expositivo através de imagens, documentos e peças referentes àquela época, onde não falta a saudosa carrinha, o mais utilizado meio de transporte dos participantes e congressistas, desde a estação de Ferragudo–Parchal até ao Casino da Praia da Rocha, pretende dar a conhecer as principais razões e iniciativas que estiveram na base deste autêntico grito regionalista que despertou o Algarve, em 1915.
O resto da nota de divulgação pode ser encontrada AQUI.
Já se encontram disponíveis em formato digital algumas (quatro) das teses apresentadas ao Congresso Regional Algarvio AQUI.

A notícia sobre a exposição pode ser encontrada AQUI.

Um evento que o Almanaque Republicano não pode deixar de saudar e divulgar junto dos que nos vão acompanhando nestas deambulações pelo espaço virtual, depois de já termos tratado do assunto em vários artigos AQUI.

A.A.B.M.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

REVISTA DE CULTURA LIBERTÁRIA - “A IDEIA” Nº75/76



 Vai sair do prelo a revista de “cultura libertária” “A Ideia”, comemorando os 40 anos do seu nascimento. A revista “A Ideia” tem, nesta sua nova fase de vida (a revista suspende a sua publicação em 1991), a direcção de António Cândido Franco e irá no seu número duplo nº75/76 recensear curiosos temas, como “Surrealismo & satanismo poético”, “Tradição Mágica e Anarquia”, assim como irá prestar homenagem ao poeta (surrealista), escritor e teatrólogo Vírgilio Martinho (1928-1994), autor em destaque nesta edição.
  
LANÇAMENTO:

DIA: 19 de Dezembro (15,00 horas);
LOCAL: Museu do Aljube (Rua Augusto Rosa, 42, Lisboa);
ORADORES: João Freire, Rui Martinho (filho de V. Martinho), José Maria Carvalho Ferreira e Manuel Parreira da Silva – Apresentação de Jorge Leandro Rosa.

J.M.M.


ARQUIVO GRÁFICO DA VIDA PORTUGUESA (1913-1918)



ARQUIVO GRÁFICO da vida portuguesa. [fascículo specimen] Ano I, nº 1 (1903) ao nº VI (1907); Administração e Redação: Travessa da Condessa do rio, 27, Lisboa; Impressão: Bertrand & Irmãos; 1933, 1+6 numrs

Trata-se de uma publicação póstuma (em fascículos e ilustrada) que, a partir do valioso espólio fotográfico de Joshua Benoliel (1873-1932) – “o mais aclamado fotógrafo do início do século XX, considerado por muitos o pai do foto-jornalismo português” - pretende apresentar a “história da vida nacional em todos os seus aspectos, de 1903 a 1918”. A publicação de Joshua Benoliel, que tem como mentor do projecto Rocha Martins, seu biógrafo em 1933 [“Os grandes objectivos duma objectiva célebre”, fasc. nº1], termina abruptamente (por “circunstâncias políticas da época” ou por “dificuldades económicas” – cf. Alexandre Pomar) no final do sexto fascículo, não cumprindo o seu plano inicial de seleccionar a sua colectânea de fotografias até ao ano de 1918.

Do plano inicial faziam parte textos/apontamentos/legendas - e além dos escritores/jornalistas que abaixo referimos - como os de Fernando de Sousa (“Nemo”), general Domingues de Oliveira, Bento Carqueja, Cristiano de Carvalho, Matos Sequeira, Norberto de Araújo, Joaquim Manso, Fidelino de Figueiredo, Albino Forjaz de Sampaio, Rogério Peres, Vasconcelos e Sá, Jorge de Faria, Augusto Pinto, Nobre Martins, Gomes Monteiro, Salazar Correia, Adelino Mendes, Carlos Rates, Manuel Joaquim de Sousa, Alfredo Marques, Costa Júnior, Ribeiro dos Reis.
Joshua Benoliel
 
Não deixa de ser curioso o “raminho” de jornalistas/escritores que (decerto) Rocha Martins escolheu para colaborar nesta homenagem a Joshua Benoliel, que vai de fundibulários monárquicos, integralistas, sindicalistas anarquistas, a aderentes do Estado Novo.  

De facto, alguns dos artigos são muito curiosos: “O que será o Arquivo Fotográfico” (nº specimen), “Os Grandes Objectivos duma Objectiva Celebre” (nº1, Rocha Martins), “O Movimento Operário em Portugal” (ao fasc.nº3, de Ramada Curto), “Procissões” (nº3, pelo padre Miguel de Oliveira), “Reinado de D. Carlos é a base onde assenta o moderno exército português” (fasc.nº4 e ss, com a pena do monárquico e conspirador contra a República, Eurico Satúrio Pires), “A revolta do cruzador D. Carlos”, 8 de Abril de 1906 (6º fasc.), “Os Intransigentes de 1907” (6º fasc., por Mário Monteiro, ex-intransigente da greve de 1907 e violentamente anti-republicano).
Colaboração: Mário Monteiro [aliás, Fortunato Maria Monteiro de Figueiredo, 1885-X; personagem violentamente anti-republicana; participou na Greve de 1907, em Coimbra; advogado, dirigiu o semanário “A Alvorada”, esteve implicado na insurreição militar de 27 de Abril de 1913, razão por que se hominizou no Brasil, perorando em várias conferências monárquicas (curiosamente com Homem Cristo, também ele em fuga no Brasil), regressando por breve tempo a Portugal, tendo regressado ao Brasil, onde se radicou, não sem uma vida complicada, acusado e levado por diversas vezes a tribunal. Mário Monteiro é, de facto, um estranho individuo, desde a publicação (em Coimbra, 1904), dos seus panfletos “Pavões”], Joshua Benoliel (1873-1932), (padre) Miguel A.[Augusto] de Oliveira (1897-1968), Ramada Curto (1886-1961), Rocha Martins (1879-1952), [Eurico] Satúrio Pires (1881-1952).

Arquivo Gráfico da Vida Portuguesa AQUI digitalizado.

J.M.M.