terça-feira, 21 de novembro de 2006

A LANTERNA [1868-1873]


Sobre a publicação "A Lanterna" [1868 a 1873], referida no post anterior, recorremos a Mestre Innocencio Francisco da Silva e ao seu Diccionario [Bibliographico Portuguez], que no tomo XIII, à pag. 280-281, nos diz o seguinte:

[A Lanterna] "saiu de diversas typographias, sendo a primeira a de Joaquim Germano de Sousa Neves (...), em fasciculos semanaes, bi semanaes ou mensaes, comprehendendo ora uma, ora duas, ora tres ou mais folhas, de impressão, e com mui variados titulos, depois da primeira serie. A collecção completa, que não é muito facil reunir hoje com todos os fasciculos então publicados, comprehende uns nove volumes.

Menciono especialmente esta publicação por ter dado logar a violentas polemicas na imprensa politica do tempo, e a um notavel processo, em virtude do qual esteve preso o dono da typographia, Sousa Neves, por não querer denunciar quaes eram os responsaveis pelos vigorosos e revolucionarios escriptos d'esta folha, considerados abusivos da liberdade de imprensa, e offensivos das auctoridades constituidas; e porque, a final, o conjuncto dos mesmos escriptos, bem ou mal orientados, de um só individuo, como parece averiguado, ou de diversos, vantajosamente collocados, como ainda alguns suppõem, quebrou a monotonia da nossa imprensa partidaria e quotidiana, e no genero pamphletario, verrinoso, visando o escandalo, a Lanterna excedeu em muito os seus antecessores, O Espectro, A Matraca, o Rabecão, o Supplemento burlesco, e outros, sem todavia representar, como elles, um partido organisado e forte, que lançava mão de todos os meios de lucta para atacar e prostrar adversarios poderosos. Em todo o caso, revelou no seu auctor, um escriptor talentoso e energico argumentador.

O primeiro redactor, que não occulta a paternidade da sua obra, foi o sr. Antonio Augusto da Silva Lobo, desde alguns annos estabelecido no Rio de Janeiro com uma empreza litteraria, e empregado na redacção das sessões das camaras legislativas brazileiras. Seguiu se lhe, ostensivamente, Francisco Luiz Coutinho de Miranda (...), que era amigo íntimo e companheiro inseparavel do primeiro.

O sr. Silva Lobo, vindo a Lisboa tratar de negocios particulares e gosar o feriado do parlamento brazileiro, referiu me, já lá vão alguns mezes, que effectivamente tivera alguns collaboradores e informadores, mas a redacção principal e exclusiva era d'elle, e que assumia a responsabilidade; e tanto que, revendo alguns numeros da Lanterna, e encontrando artigos doutrinarios e criticos, com os quaes ainda se conformava, faria collecção dos que lhe parecessem melhores, e mandal os ía imprimir em volume separado com o seu nome ..." [sublinhados, nossos]

J.M.M.

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