quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

FAZER HISTÓRIA - ESCREVER HISTÓRIA


"Escrever é agir. Mas só pode agir aquele que conhece o ambiente e que é capaz, dentro dele, de nadar como peixe na água. Poderá escrever uma história da Física quem não conheça as leis do pêndulo ou os processos de medir a velocidade da luz ou a matemática necessária para compreender alguma coisa das relações entre o espaço, o tempo e a velocidade? E quem pode ser físico senão aquele que trabalhe nos laboratórios e saiba servir-se do cálculo de forma eficiente e prática?

Ora o escritor é como o físico. Um Balzac poderia ter falado da mulher de 30 anos, ou do amor se tivesse vivido numa sociedade imaginaria, em vez da realíssima sociedade do período em que lhe decorreu a vida?

(...) Aquele que pretende escrever a história da sua época, embora limitada a um pequeno sector da vida da humanidade, tem de ser um activista como foi Herculano (...)

Escrever História é fazer História. Não se pode hoje escrevê-la - referimo-nos sobretudo à História dos nossos dias - simplesmente alimentados com o pó dos arquivos (...)

O historiador de escol, o historiador da visão superior dos acontecimentos, terá de ver as coisas de cima para baixo, tal como deus; e os deuses vêem tudo sub specie aeternitatis ..."

[Flausino Torres, in pref. História Contemporânea do Povo Português, Prelo, s.d., I vol, 2ª ed. 1974 - sublinhados nossos]

J.M.M.

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