terça-feira, 26 de dezembro de 2006

IMPRENSA PERIÓDICA PORTUGUESA - NOTAS BIBLIOGRÁFICAS II


Da leitura da "História da Imprensa Periódica Portuguesa" (José Tengarrinha, 1965), é possível afirmar que o "aparecimento do jornal" se deve aos seguintes factores: "o progresso da tipografia, a melhoria das comunicações e o interesse do público pela notícia". O que parece evidente. Apareceram, portanto, um conjunto de "folhas volantes impressas" e que, em Portugal, se dava o nome de "relações de novas gerais", "relações" ou, ainda, "notícias avulsas". Tais folhas impressas datam dos fins do século XVI. No "segundo quartel do século XVII", durante o domínio espanhol, ganham relevância entre nós, mesmo sendo a sua circulação clandestina. Percebe-se a legislação persecutória e as proibições a que foram sujeitas, dado serem utilizadas para sublevar a população contra o poder espanhol, de então.

Podemos assinalar as seguintes "relações" e/ou "periódicos", de forma cronológica:

1625 - Relação Universal / do Que Succedeo em Portugal, / & Mais Províncias do Occidente, & Oriente, etc. [Março de 1625 a Setembro de 1626, em Lisboa (reimp. em 1627, Braga) sob redacção de Francisco d'Abreu [aliás, pseud. de Manuel Severim de Faria]. É considerado como o "primeiro jornal português". Porém Tengarrinha (op. cit.) não entende tal, dado a sua não periodicidade e continuidade, dizendo que só tem sentido considerar como jornal as denominadas "Gazetas da Restauração". O mesmo não é dito por Albino Lapa (Lisboa, 1956) que defende ser "o primeiro periódico editado em Portugal".

1641 - Gazeta em Que Se Relatam as Novas Todas Que Houve Nesta Corte e Que Vieram de Várias Partes no Mês de Novembro de 1641 [Lisboa, Off. Lourenço de Anvers]. Alguns consideram ser este o primeiro periódico publicado entre nós (acabou em Julho 1647). Tinha como redactores, Manoel Galhegos, Fr. Francisco Brandão e João Franco Barreto.

1643 - Le Mercure Portugais, publicado em Paris, saído a 4 de Abril de 1643, tendo saído 7 números, que formam um volume de 483 pags.

1649 - Gazeta do Parnaso/ Prologetica

1663 - Mercurio Portuguez [nº 1, Lisboa, Janeiro de 1663, Off. Henrique Valente de Oliveira ao nº 57 de 1667]. Foi redigido pelo escrito e diplomata António de Sousa Macedo, possivelmente o "primeiro jornalista português". Curiosamente, Padre António Vieira (vide Rocha Martins) "não gostava do periódico" por ser "pouco verídico", mas que segundo R. M. se deveria ao facto de Sousa Macedo ser partidário do Conde de Castelo Melhor.

1689 - Mercúrio da Europa

1704 - Gazeta [Agosto e Outubro de 1704, II numrs]

1715 - Gazeta de Lisboa [nº 1, Lisboa, 10 de Agosto de 1715; passa a partir de 6 de Janeiro de 1718 a ter o título de Gazeta de Lisboa Ocidental; regressa à denominação de Gazeta de Lisboa, a 7 de Setembro de 1741]. Era considerado a "folha oficial" ou "oficiosa" (espécie de "Diário do Governo"), e tinha na direcção e redacção José Freire de Monterroyo Mascarenhas [1670-1760]. A partir de 1760 foi redigida pelo poeta [fundador da Arcádia Olissiponense, assinando como Corydon Erymantheo] Pedro António Correia Garção [1724-1772], até à sua suspensão (por ordem de Pombal, e que envia Pedro Garção para a prisão do Limoeiro, aí falecendo) a 8 de Julho de 1762. Reaparece no reinado de D. Maria I, a 4 de Agosto de 1778, tendo-se conservado (com algumas interrupções de permeio) até 30 de Dezembro de 1820. Teve como redactores figuras curiosas, como Félix António Castrioto, Fr. Fortunato de S. Boaventura, José Agostinho de Macedo. A partir de 1 de Janeiro de 1821 é substituído, no título, por Diário do Governo, depois Diário da Regência (12 de Fevereiro a 4 de Julho de 1821), voltando a usar o título de Diário do Governo (a 5 de Julho de 1821) até 4 de Junho de 1823. A partir daí reaparece com diferentes títulos [Gazeta de Lisboa, 1823; Chronica Constitucional de Lisboa, Julho de 1833, Gazeta Official do Governo, Julho 1834; Gazeta do Governo, Outubro 1834; Diário do Governo, Janeiro 1835; Diário de Lisboa, Novembro de 1859; Diário do Governo, a partir de Janeiro de 1869]

J.M.M.

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