sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

ULTIMATUM INGLÊS - 11 DE JANEIRO DE 1890


Assinala-se a 11 de Janeiro um dos momentos mais conturbados da História recente de Portugal: a Inglaterra ameaça invadir o país, caso o rei não abra caminho às intenções de Cecil Rhodes, para construir o caminho de ferro a ligar a cidade do Cabo à cidade do Cairo, atravessando todo o continente africano.

O Partido Republicano, particularmente através da imprensa, nos dias subsequentes organiza comícios e manifestações de repúdio ao acontecimento. As manifestações deviam-se ao facto de ter sido atacado o explorador português, na altura major Serpa Pinto, em terras moçambicanas, mas que os ingleses desejavam integrar no seu vasto império colonial.
Para tanto, o embaixador inglês M. Petre, entregou ao Governo português a seguinte missiva:

O Governo de Sua Majestade Britânica não pode aceitar, como satisfatórias ou suficientes, as seguranças dadas pelo Governo Português, tais como as interpreta.

O Cônsul interino de Sua Majestade em Moçambique telegrafou, citando o próprio major Serpa Pinto, que a expedição estava ainda ocupando o Chire, e que Katunga e outros lugares mais no território dos Makololos iam ser fortificados e receberiam guarnições. O que o Governo de Sua Majestade deseja e em que mais insiste é no seguinte:

Que se enviem ao governador de Moçambique instruções telegráficas imediatas para que todas e quaisquer forças militares portuguesas actualmente no Chire e nos países dos Makololos e Mashonas se retirem.

O Governo de Sua Majestade entende que, sem isto, as seguranças dadas pelo Governo Português são ilusórias.

Mr. Petre ver-se-á obrigado, à vista das suas instruções, a deixar imediatamente Lisboa, com todos os membros da sua legação, se uma resposta satisfatória à precedente intimação não for por ele recebida esta tarde; e o navio de Sua Majestade, Enchantress, está em Vigo esperando as suas ordens.

Legação Britânica, 11 de Janeiro de 1890.»


O reflexo desta missiva na opinião pública foi tremendo e a consequência foi o aumento das adesões ao Partido Republicano que, em segredo, começa a conspirar para desencadear uma revolta popular que terá lugar no Porto a 31 de Janeiro de 1891.

A.A.B.M.

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