terça-feira, 16 de janeiro de 2007

MANUEL BORGES GRAINHA


No passado domingo, dia 14, assinalou-se o aniversário do nascimento de um dos republicanos mais activos no combate ao clero português: Manuel Borges Grainha, nascido na Covilhã a 14 de Janeiro de 1862.

Estudou num colégio jesuíta, realizou os estudos preparatórios para entrar como membro desta ordem entre 1877 e 1886. A partir de 1886 afasta-se da vida religiosa e inscreve-se no Curso Superior de Letras, em Lisboa, que conclui em 1899. Inicia a sua actividade como docente de línguas, particularmente línguas latinas, em diversas escolas particulares e liceus públicos.

Começa a publicar livros contra a presença dos jesuítas em Portugal, tendo alcançado alguma projecção com os seguintes trabalhos:

- Os Jesuítas e as Congregações Religiosas em Portugal nos últimos trinta anos. A propósito do Caso das Trinas, Typ. da Empreza Litteraria e Typographica, Porto, 1891.
- O Portugal Jesuíta, Typ. e Stereotypia Moderna, Lisboa, 1893.
- A Questão Religiosa e a Liberdade atravez da Historia. Conferência feita na Associação Académica do Porto (no dia 28 de Maio de 1893), Imprensa Gratidão, Braga, 1893.
- História da Franco-Maçonaria em Portugal, 1733-1912, Typ. «A Editora Limitada», Lisboa, 1912; 2ªed. 1914; 3ª ed. Vega, 1976.
- História do Colégio de Campolide da Companhia de Jesus / trad. e pref. M. Borges Graínha,Imprensa da Universidade,Coimbra, 1913, 148 p.
- Lés Jesuites en Portugal de 1540 à 1834. Contribution à l'étude et à l'interpretation des lois du 8 Octobre et 31 Décembre 1910. Cour permanent d'Arbitrage de la Haye. Affaires dites «des biens contestés en Portugal». Observations générales - Annexe nº 3, Imprimmerie Nationale, Lisboa, 1914.

Manuel Borges Grainha traduziu para o francês, entre outras obras antijesuíticas um trabalho historiográfico sobre o mais importante colégio da Companhia de Jesus do período da sua segunda restauração: Histoire du collége de Campolide et de la Résidence des Jésuites à Lisbonne, Lisbonne, Imp. «A Editora Limitada», 1914.

Publicou ainda alguns trabalhos sobre o ensino em Portugal:
- Instrução Primária, Secundária e Normal. Os Livros Escolares, Lisboa, 1904.
- A Instrução Secundária de ambos os sexos no Estrangeiro e em Portugal, Lisboa, 1905.
- O Analfabetismo em Portugal, Lisboa, 1908.
- Meios de Facilitar o Ensino das Primeiras Letras, Lisboa, 1909.
- Método intuitivo Legográfico e Mecânico para Ensinar a Ler, Lisboa, 1925.


Foi o responsável pela organização do extinto Museu das Congregações Religiosas que funcionava em anexo ao também extinto Museu Histórico da Revolução do 5 de Outubro.

Pertenceu ainda à comissão executiva que levou a efeito as comemorações do centenário do nascimento de Alexandre Herculano em 1910. Esteve também ligado à Comissão designada para realizar a reforma ortográfica de 1911, com José Joaquim Nunes, Cândido de Figueiredo e Gonçalves Viana. Pertenceu ainda à Liga Nacional de Instrução.

Colaborador em diversas publicações como:
- Revista dos Lyceus, surgida em 1891, sob a direcção inicial de M. Borges Grainha, professor do Liceu Central de Lisboa, e cuja publicação será interrompida em 1896.
- O Tempo, jornal diário republicano, Lisboa, 1911, Dir. António Maceira [publicou 77 números entre 16-03-1911 e 31-05-1911]

Foi maçon, iniciado com o nome simbólico de Renovator ou Reconstrutor, em 1893, em loja desconhecida. Pertenceu ainda aos quadros da Loja Solidariedade (1906) e Loja Paz e Concordia (1911).

Faleceu em Lisboa a 4 de Abril de 1925.

Publicou-se sobre esta personalidade:
- Carvalho, António Carlos, "Sobre Borges Grainha", in História da Franco-Maçonaria em Portugal, 3ª ed., Vega, Lisboa, 1976, p. 11-14

- Oliveira, Artur Manuel Villares Pires, O regresso das congregações religiosas nos finais da 1ª República - um relatório de Borges Graínha, in separata de População e Sociedade, n.º 4. Porto: CEPESE, 1998.

A.A.B.M.

Sem comentários: