Assinala-se hoje a data de nascimento de um dos elementos já esquecidos do directório do Partido Republicano: Bernardino Pereira Pinheiro. Nascido em Coimbra a 20 de Fevereiro de 1837, veio a falecer em Lisboa a 3 de Março de 1896. Seus pais eram Joaquim José Pinheiro e Maria da Trindade Pereira. Frequentou a então denominada Aula de Comércio, mais tarde emigrou para o Brasil onde se dedicou a actividades comerciais. Foi um dos fundadores do Grémio Literário Português, começou a colaborar na imprensa e tornou-se redactor do jornal A Reforma, e no jornal A Semana mas colaborou ainda noutros periódicos brasileiros. Quando regressou a Portugal, nos meados dos anos 50 do séc.XIX, voltou aos estudos e matriculou-se na Universidade de Coimbra onde vai concluir o bacharelato em Direito no ano lectivo de 1862.
Inicia a carreira como conservador de registo de hipotecas no distrito de Coimbra e, em 1872, é nomeado para secretário do Supremo Tribunal de Justiça, conseguindo ascender ao cargo de director-geral deste órgão.
Em 1870 foi eleito deputado pelo círculo de Monção integrado nas listas do Partido Reformista. Mais tarde, foi novamente eleito deputado pelo círculo uninominal de Lagos (1890), onde obteve somente 44 votos, mas como o candidato mais votado foi considerado inelegível por acordão do Tribunal de Verificação de Poderes de 22 de Maio de 1890, acabou por se tornar o representante do Partido Republicano no Parlamento.
Bernardino Pinheiro desempenhou as funções de presidente da Associação de Escolas Móveis pelo Método de João de Deus, que tinham sido fundada por Casimiro Freire em 1882.
Como publicista conhecem-se os textos publicados no Jornal do Comércio de Lisboa.
- A Saudade publicação literária e instrutiva, instituída pelo Gremio Literário Português. Primeiro semestre. Rio de Janeiro, Typ. de Fortunato Antonio de Almeida. Começou em 5 de Agosto de 1855, e findou em 8 de Fevereiro de 1857. Foram principais redactores e colaboradores: Bernardino Pinheiro, Antonio Xavier Rodrigues Pinto, João Dantas de Sousa, Reinaldo Carlos Montoro, Delfim Augusto Maciel do Amaral, Manuel Leite Machado, entre outros;
- Arzila, Romance Histórico do século XV, Lisboa, 1862;
- Sombras e Luz. Romance do Reinado de D. Manuel, Lisboa, 1863;
- "El-Rei Perdoa", Estreias Literárias, Coimbra,
- "A Filha do Povo", Revista Contemporânea, 1846;
- "D. Guiomar Coutinho", Revista Contemporânea;
- "Ensaio sobre a Organização da Sociedade Universal", O Instituto, Coimbra, 1862-1863;
- Amores de um visionário, Coimbra, 1874;
- Projecto de lei sobre corporações e bens eclesiásticos, Lisboa, 1871;
- História de Portugal, 6 vols., 1876-1877 (outros colaboradores António Ennes, Manuel Pinheiro Chagas, Luciano Cordeiro, Eduardo Vidal, Gervásio Lobato);
- A Renascença. Orgão dos trabalhos da geração moderna. Publicação mensal. Porto, na imp. Portugueza, 1878. Colaboraram entre outros, os srs. Tomás Ribeiro, Guilherme de Azevedo, Bernardino Pinheiro, A. Filipe Simões, Gabriel Pereira, Júlio César Machado, Guerra Junqueiro, Antonio Papança, Antero do Quental, Luís Guimarães Junior, entre outros;
- Revisão da sentença crime: projecto de lei apresentado na Câmara dos Senhores em sessão de 11 de Janeiro de 1892, Lisboa, 1892;
- Recordações Parlamentares, Lisboa, 1892.
Bibliografia consultada:
-Manuel Bandeira Jerónimo, "Bernardino Pereira Pinheiro", Dicionário Biográfico Parlamentar, Dir. Maria Filomena Mónica, Imprensa de Ciências Sociais/Assembleia da República, Lisboa, 2006, p. 301-303.
-Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. II, Coord. Eugénio Lisboa, Publicações Europa-América, Mem Martins, 1990, p. 198-199.
A.A.B.M.
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