quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

NEVES ANACLETO E A REVOLTA DE FEVEREIRO DE 1927


António Neves Anacleto, advogado, natural de S. Bartolomeu de Messines (Silves) publicou na sua obra A Longa Luta: preso, algemado e deportado, ed. do autor, s.d., com prefácio de António Almeida Santos algumas notas interessantes de memórias sobre a actividade oposicionista em Portugal e em Moçambique. O prefaciador menciona os vinte anos de amizade que o uniam a Neves Anacleto, ambos viveram em Moçambique, e, juntos se envolveram em campanhas de oposição ao governo da ditadura, quando fizeram parte da comissão, que naquela antiga colónia portuguesa, apoiou o General Humberto Delgado à presidência da República.
Porém, nesta altura o que nos interessa nesta obra são as referências que o autor faz ao seu envolvimento na Revolução de 3 e 7 de Fevereiro de 1927. Assim, entre as páginas 110 e 124, afirma:

Conspirava-se, mas com cautela. [...]
A contra-revolução estava marcada para 3 de Fevereiro e um dos subcomités, de que eu fazia parte, reuniu-se na habitação onde eu residia.
Do Porto já tínhamos a notícia da revolta dos quartéis com o general Sousa Dias à frente. Lá estavam Raul Proença, Jaime Cortesão e outros intelectuais. Mas, em Lisboa, os militares mantinham-se nos quartéis e nós esperávamos a todo o momento o sinal da sua vinda para a rua. Sobre isto o nosso subcomité recebia constantemente notícias desencontradas, pelo que não podíamos cumprir a missão que nos fora confiada. Durante todo o dia aguardámos a ordem certa, mas chegou a noite sem a havermos recebido. Como só a aceitaríamos de determinado canal, impunha-se-nos verificar as razões e as circunstâncias da falta de acção, pelo que os membros do nosso subcomité eram destacados alternadamente para recolha de notícias. [...]


Segundo Neves Anacleto, o exame de conclusão do curso de Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa, decorreu no dia 4 de Fevereiro de 1927, quando decorria a revolta no Porto e se aguardava a decisão dos militares na capital.

P.S. - Lamentamos a fraca qualidade da imagem apresentada, mas era a única que tínhamos disponível.

A.A.B.M.

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