sexta-feira, 23 de março de 2007

A QUESTÃO DA UNIVERSIDADE - A POSIÇÃO DE BERNARDINO MACHADO


Agradecendo a mensagem enviada pelo nosso leitor, vimos esclarecer que ainda não foi possível abordar a questão da posição dos vários professores da Universidade perante o conflito. Porém, é nossa intenção tratar também esta temática nos próximos dias, porque a bibliografia sobre este assunto ainda continua por explorar.

No caso de Bernardino Machado, conhecemos as obras que nos refere, mas até agora não foi possível utilizá-las pois não as possuimos nas nossas "pequenas" bibliotecas pessoais.

Mas recordamos a propósito o que ele próprio afirmava em 1907:

Os agravos que, num momento passageiro de exaltação mútua, um ou outro estudante cometeu, mas toda a academia, logo reunida em assembleia geral, repudiou, indo dar deles satisfação, castiguem-nos, se não têm grandeza de alma para os perdoar. Mas castiguem, sujeitando-os ao fôro comum, em conformidade com o código penal, que desde 1885, dispõe sobre a matéria, e não ao fôro universitário, que, por falta de garantias para a defesa, desde que deixe de ser paternal, converte-se em inquisitorial. Nem sirva de enbaraço o decreto de 1839 sobre disciplina académica, porque outro decreto ou uma lei o derroga. O que seria incrível é que a Universidade que ensina o direito, o não praticasse. Castiguem, muito embora, se crêem mais na eficácia do rigor do que da bondade. [apud Bernardino Machado, A Universidade de Coimbra, 1908, p. 306-307 in Angelo Vaz, Bernardino Machado. Sentimentos, Ideias e Factos do seu Tempo, Ed. do Autor, Porto,1950, p. 89]

Fica clara, desde aqui, a posição deste ilustre professor da Universidade, que assume a defesa dos estudantes, mas sobretudo a importância de não os julgar pelo fôro académico, mas de acordo com o Código Penal então vigente. Outros professores tomaram posição na defesa dos estudantes, mas a atitude daquele que viria a ser Presidente da República foi extremamente importante no contexto da época, até porque era uma figura muito conhecida e respeitada, mesmo nos meios monárquicos, porque já tinha feito parte de governos regeneradores.

Renovamos os nossos agradecimentos pela informação bibliográfica e pela atenção que nos dispensa.

[foto in Arquivo Fotográfico de Lisboa]

A.A.B.M.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho o maior gosto em oferecer os livros a que me referi no anterior "comentário"; só não tenho o endereço para quem os devo enviar. Quis enviar algumas fotografias para o email referido no blog, mas foram-me remetidas.
Fico ao vosso inteiro dispor, se acharem útil a minha colaboração na ajuda a um blog que tanto interesse tem.
Felicitações e saudações cordiais
Manuel Machado Sá-Marques

Anónimo disse...

Após a sua chamada de atenção constatamos que de facto, havia um erro da nossa parte, entre o endereço electrónico que surgia no blog e o que de facto existia (um pequeno pormenor que fez toda a diferença).
Humildemente, o nosso pedido de desculpas.
A.A.B.M.