terça-feira, 15 de maio de 2007

NOVAS CARTAS PORTUGUESAS


Livros censurados durante a Ditadura Militar e o Estado Novo

Maria Luísa Alvim, no âmbito do seu trabalho em Ciências Documentais na FLUP, disponibiliza on line (em pdf) o seu trabalho bibliográfico sobre os Livros portugueses proibidos no Regime Fascista (1992). Curioso o registo das diferentes obras que a censura do Estado Novo retirou da circulação, "nas tipografias, nas casas editoras, nas livrarias, nas casas particulares". Por serem considerados "subversivos, prejudiciais à segurança do Estado e contra os bons costumes", as peças eram retirados da circulação e posteriormente destruídas. [via Passado-Presente]

Foto: as "Três Marias", isto é Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta.

As "Três Marias" publicaram o livro "Novas Cartas Portuguesas" (1972), editado por Romeu de Melo na "Estúdio Cor" e sob patrocínio de Natália Correia. Como não havia censura prévia a livros, só posteriormente à sua distribuição nas livrarias é que a obra - prosa e poemas no feminino ou, se quisermos, de características feministas - foi retirada do mercado por "atentado contra a moral pública", dado ter sido considerado "pornográfico". Por isso, foram acusadas e levadas a tribunal. Foi pedido pelo juiz a "prisão preventiva" das escritoras, tendo Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta pago uma caução para o efeito, enquanto Maria Isabel Barreno, por não ter os 15 contos que na altura lhes eram pedidos, ficou em "liberdade vigiada". As três escritoras sofreram ignóbeis perseguições pessoais e profissionais. O caso, que deu origem a um "processo judicial famoso", foi acompanhado pela imprensa mundial e pelas organizações de mulheres, que consideraram um "escândalo" a situação de intimidação e persecução que existia sobre as escritoras e a liberdade de imprensa. A leitura da sentença, marcada para o tribunal da Boa-Hora, foi ironicamente realizada só depois do 25 de Abril de 1974, tendo o caso sido arquivado.

[pode ler a notícia sobre o caso das "Três Marias", na revista Flama, aqui on line]

J.M.M.

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