sábado, 30 de junho de 2007

CENTRO PROMOTOR DE MELHORAMENTOS DAS CLASSES LABORIOSAS - PARTE I


A reunião para a fundação do Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, que ocupa lugar relevante na "história das associações de Portugal" [Costa Goodolphim, in “A Associação”, Seara Nova, 1974] tem, primeiro, lugar na Associação dos Alfaiates e, em seguida, numa outra reunião na sala da Sociedade dos Artistas Lisbonenses, em 1852 [cf. Goodolphim, 1974]. Diz-nos Goodolphim que ao Centro "se deve o grande desenvolvimento social que tomaram as classes laboriosas".

O título foi proposta de José e Silva e os seus estatutos [ver "Estatutos do Centro ...", Impr. Nacional, 1853] foram aprovados por decreto de 16 de Junho de 1853. Foram “elaborados por F. M. de Sousa Brandão”. Reza os estatutos que o Centro tinha como finalidade "criar associações, difundir o ensino elementar e técnico, organizar presépios e asilos para os inválidos, estabelecer depósitos e bazares, propagar por escrito os conhecimentos de economia industrial e doméstica, aperfeiçoar os métodos de trabalho, ...”" [ibidem]. Posteriormente os estatutos foram "reformados" em "sessão de 19 de Outubro de 1870". Daí resultaria o aparecimento de comissões, "associações de classes" ou de "instrução”", porém os "novos estatutos" nunca foram aprovados pelo governo.

Foram presidentes: António Rodrigues Sampaio (até 1863) e depois Francisco Maria Vieira da Silva.

Refira-se [cf. Goodolphim, 1974] algumas curiosas acções que patrocinaram: organização de uma comissão promotora das associações operárias, em 1853 [participação de Lopes de Mendonça, Vieira de Silva, Sousa Brandão, Oliveira Pimentel, A. Roxo, F. Gonçalves, Gomes da Silva]; debate para a criação de "um albergue para os inválidos do trabalho", 1863; discussão sobre a "questão alimentícia", "organização de creches", 1865; proposta de protecção da literatura nacional "e que os diplomas das universidades espanholas fossem valias em Portugal", 1869; etc [vidé, Goodolphim, 1974]

Em 1872, o Centro toma o rumo socialista e dirige um Manifesto [apresentaremos um curto excerto], que pela importância das suas propostas (na economia, no ensino, no trabalho, etc) tiveram eco no País e no estrangeiro. Como curiosidade, registe-se que participaram nos vários debates sob iniciativa do Centro, figuras como Antero de Quental, Azevedo Gneco, Casal Ribeiro, Felizardo Lima, Fontes Pereira de Melo, Gomes da Silva, João Bonança, João de Sousa Amado, José Fontana, José Mesquita da Rosa, Júlio Máximo Pereira, Lúcio Fazenda, Miguel Carvalho, Nobre França, Oliveira Martins, Silva Viana, entre muitos.

Como resultado do seu trabalho e da importância revelada, o Centro é considerado, mesmo pelo próprio governo, como "o centro das associações operárias" [ibidem].

[a continuar]

J.M.M.

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