Revolução - diário nacionalista da tarde
O "Diário académico nacionalista da tarde "Revolução" [nº1 (15 de Fevereiro 1932) a nº 418 (23 de Setembro de 1933)], veio da dissidência integralista [o periódico foi fundado pelo mesmo grupo de estudantes que anteriormente publicava o jornal "Política", órgão da Junta Escolar de Lisboa do Integralismo Lusitano, 1929-31] e integrou o chamado "nacional-sindicalismo" português.
Foi editado por José de Almeida Carvalho; redactores, Amaral Pyrrait, António Pedro, António Tinoco, Alberto de Monsaraz [fundador e director do órgão integralista "Nação Portuguesa"], Chaves de Almeida, Dutra Faria. A partir de 28 de Maio de 1932 (nº66), o diário passa a ser dirigido por Rolão Preto. A redacção e administração estavam situadas na Rua Serpa Pinto, 25, 3º, Lisboa. Publicou, ainda, sob forma de suplemento o semanário "Revolução dos Trabalhadores" [nº1, separata de "Revolução" nº 279, saiu a 4 de Fevereiro de 1933 e trazia na capa um “artigo ditirâmbico dedicado ao Fuhrer" – vidé João Medina, Salazar e os Fascistas, Bertrand, 1979]
No seu nº 261 (13 de Janeiro de 1933) publica-se uma foto dos homens do "nacional-sindicalista" e amigos, entre os quais; Sebastião Martins, Dutra Faria, Almeida Carvalho, Mário Lyster Franco, Rodrigo de Sousa Pinto (director do semanário algarvio "O Nacional-Sindicalista", 1932-33), José Pacheco, José Serrano, Gama Pinto, Ciríaco da Trindade, Alexandre Barbosa, H. Brás Leote.
Apresentou, também, com grande aparato, os banquetes de homenagem a Rolão Preto [Lisboa e Porto], publicando uma curiosa lista de adesões ao "nacional-sindicalismo", entre os quais registe-se: José Cabral [o protagonista da lei contra as sociedades secretas, e a quem Fernando Pessoa responde dura e ironicamente], Luís Pastor de Macedo [arqueólogo], capitão Teófilo Duarte, João Ameal, Rui de Andrade, brigadeiro João de Almeida, Eusébio Tamagnini [prof. de Coimbra e futuro ministro da Educação de Salazar], António Pedro, capitão Mário Pessoa, capitão David Neto, António Tinoco, Neves da Costa, Alberto de Monsaraz, Mário Cárdia [médico], Alçada Padez, Manuel Rodrigues [cf. Medina, 1979].
Registe-se, ainda, a adesão ao "nacional-sindicalismo" em Coimbra: Luís Cabral de Moncada, Carlos Moreira e João da Costa Leite Lumbrales [profs. de Direito]; Lopes de Almeida e Gonçalves Rodrigues [profs. de Letras]; Augusto Pires de Lima [Medicina].
O "Revolução" é suspenso no seu nº 418 (23 de Setembro de 1933) por Salazar e surgiu, depois, sob o nome de "Revolução Nacional", dirigido por Manuel Múrias, e faz a ponte entre os "nacionais-sindicalistas" desavindos e o salazarismo. Por isso, Manuel Múrias escrevia [nº1, 1/03/1934] o seguinte:
"O Nacional-Sindicalismo, nas suas aspirações tantas vezes inquietas e indefiníveis, busca ir mais longe – sempre mais longe … Talvez, decerto por isso, não tem podido ocultar de vez em quando as suas preocupações ansiosas ao verificar a lentidão, que as circunstanciais impõem às realizações, na metódica segura do Sr. Dr. Oliveira Salazar"
Pouco depois, no nº 146 (18/06/1934) do jornal "Revolução Nacional", Manuel Múrias despede-se, escrevendo: "Lealdade para Salazar – que reconhecemos e aclamamos aqui desde a primeira hora Chefe da Revolução Nacional".
J.M.M.
Sem comentários:
Enviar um comentário