sexta-feira, 31 de agosto de 2007
FERNÃO BOTTO MACHADO: NOTA BREVE - PARTE I
Fernão Amaral Botto Machado nasce em Gouveia a 20 de Julho de 1865. Era filho de Pedro Rodrigues do Amaral (trabalhador rural) e de Carlota Emília Botto Machado. O seu irmão Pedro Amaral Botto Machado participou no 31 de Janeiro de 1891 - era na altura 2º sargento de infantaria, foi julgado e condenado a 3 anos de degredo em Luanda e Benguela, sendo reintegrado em Novembro de 1910 -, foi deputado na Constituinte de 1911 (pelo circulo nº 23 de Pinhel) e senador da República [cf. As Constituintes de 1911 e os seus Deputados, Livraria Ferreira, Lisboa, 1911].
Fernão Botto Machado foi "um homem, feito por si mesmo, a self made man" [S. Magalhães Lima, in pref. Fernão Boto Machado. No Parlamento, Tip. Torres, Lisboa, 1929]. Foi um autodidacta [cf. António Ventura, Anarquistas Republicanos e Socialistas em Portugal. As convergências possíveis (1892-1910), Cosmos, 2000], "não fez exame de instrução primária" [Lima, op.cit.], mas ainda assim foi solicitador encartado, deputado, diplomata e jornalista e, ao mesmo tempo, um admirável defensor junto das "classes operárias", que, aliás, "ocorriam em massa a ouvir a sua palavra" [in Gr. Enc. Port.-Bras.]
Em Lisboa, para onde partiu, dedica-se à "prática da solicitadoria forense”" [anotação que daremos conta, a seguir na Parte II, recorrendo para isso à valiosa nota biobibliográfico sobre Botto Machado e publicações jurídicas a ele ligadas, de autoria de Luís Bigotte Chorão, incluída no seu livro "O Periodismo Jurídico Português do Século XIX", IMCM, 2002], participa na luta politica nas fileiras socialistas e republicanas e colabora nos jornais republicanos "A Folha do Povo" (nº1, 10 de Agosto de 1881) e "Vanguarda" [tendo substituído na sua direcção Magalhães Lima, que tinha vindo d'O Século. Ver a propósito, S. Magalhães Lima, "Episódios da Minha Vida", Livraria Universal, s.d. (1925), pp. 211 e segs].
É, em 1893, iniciado maçon na Loja Caval(h)eiros da Verdade, de Lisboa, adoptando o nome simbólico de "José Falcão" [A. H. de Oliveira Marques, Dicionário da Maçonaria Portuguesa, vol II, 1986], e no mesmo ano encontramo-lo na "Loja Renascença" [António Ventura, Um Republicano Heterodoxo: Fernão Botto Machado, Rev. História da Ideias, nº 27, Coimbra, 2006]. Transita em 1896 para a Loja Razão Triunfante, depois Luiz de Camões (1902) e Elias Garcia [Oliveira Marques, ibid., pp. 920]. Atinge em 1917 o 33º do REAA. Foi eleito presidente do Conselho da Ordem entre 1918-1919, durante o mandato do Grão-Mestre do GOLU Sebastião de Magalhães Lima, de que era particularmente amigo. No Congresso Maçonico de 1924 (em Lisboa), apresenta uma tese: "A Maçonaria e a Sociedade das Nações", que foi impressa na Tipografia do Grémio Lusitano, no mesmo ano. [cf. Ventura, 2006].
Adere ao Grupo Republicano de Estudos Sociais [O GRES é fundado em 1896, e o seu manifesto apresenta a assinatura de Afonso Costa, Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Brito Camacho, Guerra Junqueiro, ente outros. Cf. Ventura, 2000]. Sobre o GRES, diz-nos Botto Maçado que é "um grupo de homens dispostos a integrar as suas vistas particulares de remodelação económica, politica e moral num conjunto coerente de reformas, que façam do futuro regime não uma obra efémera de declamadores inscientes, mas uma perdurável realidade social” [refª Fernão Botto Machado, in O Grupo Republicano de Estudos Sociais, Lisboa, 1896, citado por António Ventura., op. cit, pp. 20-21].
Foto do espólio de Carvalhão Duarte, in Fundação Mário Soares, com a devida vénia.
[a continuar]
J.M.M.
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