quarta-feira, 17 de setembro de 2008

EDUARDO DE ABREU (Parte II)




Durante nove anos, Eduardo de Abreu, foi o relator dos trabalhos da Grande Comissão de Defesa Nacional de que faziam também parte, entre muitos outros, Teófilo Braga, António Enes, Manuel de Assunção, Fernando Pedroso, o Duque de Palmela, Rodrigues da Costa, Fernando Palha, Mendes Monteiro, Nobre França e Magalhães Lima. Para este movimento patriótico contribuíram por todo o País muitas instituições, autoridades locais, militares, eclesiásticas e muito povo anónimo [Nuno Severiano Teixeira, O Ultimatum Inglês - Política Externa e Política Interna no Portugal de 1890, Lisboa, Publicações Alfa, 1990, p. 96-142]. Porém, este movimento demonstrava a grande “ingenuidade do projecto” [Amadeu Carvalho Homem, “O Ultimatum Inglês de 1890 e a opinião pública”, Revista de História das Ideias, vol. 14, Coimbra, 1992, p. 286], pois os fundos recolhidos só permitiram a aquisição de um cruzador para a nossa marinha de guerra, o que era manifestamente insuficiente para poder constituir uma ameaça à poderosa frota marítima britânica.

Foi durante o período conturbado do Ultimato que Eduardo de Abreu iniciou a sua aproximação ao Partido Republicano, criticou em pleno Parlamento os partidos monárquicos e recusou assinar o texto do tratado com a Inglaterra, em Setembro de 1890, porque o considerava lesivo dos interesses nacionais. As manifestações populares realizadas em Janeiro de 1890, que foram consideradas pelo Parlamento como um movimento de arruaceiros, o que provocou forte critica a Eduardo de Abreu que o considerava um movimento nobre porque representativo do impulso de todas as classes que apenas procuravam a defesa patriótica do País.

Nas mais de centena e meia de intervenções que deixou no Parlamento algumas podem considerar-se memoráveis. Na análise da sua vida parlamentar, Eduardo de Abreu destaca-se pelos “discursos eloquentes, substanciais, enérgicos e não poucas vezes verdadeiramente incendiários” [Marta Carvalho Santos, “Eduardo de Abreu”, Dicionário Biográfico Parlamentar (1834-1910), vol. I, coord. Maria Filomena Mónica, Col. Parlamento, Imprensa de Ciências Sociais/Assembleia da República, Lisboa, 2004, p. 38-42], tendo adoptado sempre uma postura de não alinhamento e de seguidismo puro e simples, o que o conduziu ao afastamento do Partido Progressista e à entrada no Partido Republicano.

Foi novamente eleito deputado em 1892, agora pelo Partido Republicano, juntamente com Jacinto Nunes, Rodrigues de Freitas e Teixeira de Queirós. Nessa eleição foi eleito pelo círculo plurinominal de Lisboa. Durante essa legislatura produziu a seguinte declaração política: “só aceitarei e votarei qualquer proposta dos partidos monárquicos quando ela tenha por fim a mudança das instituições”[Marta Carvalho Santos, idem, p. 42]. Em 1894 torna a ser eleito por Lisboa juntamente com Gomes da Silva. No entanto, em 1896, publica uma carta aberta dirigida a Magalhães Lima e publicada no diário A Vanguarda, onde declara a sua recusa em ser novamente eleito deputado durante o regime monárquico, o que de facto não voltou a acontecer.

Participa activamente na Conferência de Badajoz, realizada a 24 de Junho de 1893, onde se juntaram os republicanos portugueses e espanhóis. Do lado espanhol a comitiva era chefiada por Salmeron, Pi y Margall e Zorrilla que foram acompanhados por mais de quatrocentos delegados. Por seu lado, do lado português participaram, além de Eduardo de Abreu, Gomes da Silva, Teixeira de Queirós, Albano Coutinho, Magalhães Lima, Cecílio de Sousa, Alves Correia, Ramiro Guedes, Jacinto Nunes, Manuel Emídio Garcia, José António Bourquin Brak-Lamy, Horácio Esk Ferrari, Feio Terenas, Teixeira Bastos, entre outros [Lopes de Oliveira, História da República Portuguesa. A Propaganda na Monarquia Constitucional, Lisboa, Editorial Inquérito, 1947, p. 137].

[Em continuação]

A.A.B.M.

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