segunda-feira, 23 de março de 2009


ERNESTO CABRITA

Com o nome completo de Ernesto Augusto Cabrita e Silva, nasceu em Alvito em 23 de Março de 1856 e morreu em Portimão a 14 de Abril de 1928.

Filho de um conceituado clínico de Cuba, também de origem algarvia, fez o curso dos liceus em Beja onde conheceu e conviveu com Brito Camacho , cursou a Escola Politécnica, onde conviveu com João Penha e outros colaborou numa revista literária, Museu Ilustrado, onde revelou as qualidades de poeta, o que lhe mereceu de João de Deus o incitamento a que continuasse.

Entre 1878 e 1879, publicou na referida revista os seguintes poemas:
- "Luta", 1878-1879, vol. I, p. 15-16;
- "Altiva", 1878-1879, vol. I, p. 46;
- "Letina", 1878-1879, vol. I, p. 84;
- "Casta", 1878-1879, vol. I, p. 197;
- "O Vaso Quebrado", vol. II, 1880, p. 94.

Conseguindo como poeta de influência parnasiana, alguma distinção entre os críticos da época, especialmente Sampaio Bruno, que por ele tinha grande estima, assinando as suas obras poéticas com o pseudónimo de Pedro Escarlate na revista literária Museu Ilustrado. Porém, devido ao pouco tempo disponível para estas actividades intelectuais, e porque seu pai não gostava de poetas e da vida teórica, abandonou a sua via poética.
Dedicou-se com devoção ao curso na Escola Médica de Lisboa, que brilhantemente concluiu. A tese que apresentou para conclusão do curso de Medicina intitulava-se:
- O cansaço : estudo de physiologia : these inaugural, Lisboa, Typographia Nova Minerva, 1880, p. 75[3]

Colaborou ainda na revista O Positivismo, também do Porto, onde participavam ainda um naipe de colaboradores como Adolfo Coelho, Alexandre da Conceição, Amaral Cirne, Arruda Furtado, Augusto Rocha, Basílio Teles, Bettencourt Raposo, Cândido de Pinho, Consiglieri Pedroso, Horácio Esk Ferrari, Júlio de Matos, Emídio Garcia, Teixeira Bastos, Teófilo Braga, e Vasconcelos Abreu.

Nesta revista publicou, entre outros:
- "Biologia - Mais uma prova em favor do transformismo", O Positivismo, Porto, Ano I, nº 5, Junho a Julho de 1879, p. 305-308;

Aderiu publicamente ao grande comício republicano realizado em Lisboa contra as propostas da Fazenda, realizado em 1904, juntamente com outros grandes nomes da política republicana.

Em 1906, foi um dos dinamizadores da reorganização do Partido Republicano no Algarve. Sendo pela sua acção, juntamente com Jacques Pessoa, António Vaz Mascarenhas Júnior, Silvestre Falcão, Francisco Marques da Luz, Joaquim Eugénio Júdice, António Padinha e Zacarias José Guerreiro que se realizou uma importante reunião em Portimão, com representantes de todas as comissões, jornais e núcleos republicanos na região com vista ao desenvolvimento da propaganda do partido na região.

Ocupou durante anos a Presidência da Comissão Municipal Republicana de Portimão, esforçando-se por incutir na população os valores democráticos, combatendo as perseguições pessoais e os prejuizos materiais que muitas vezes aconteciam nas lutas políticas acesas que se seguiram à implantação da República.

Integrou a Comissão Distrital Republicana de Faro antes da implantação da República.

Implantada a República foi convidado para exercer vários cargos de distinção, o que sempre recusou, preferindo levar a vida à cabeceira de doentes a ter de pôr-se em evidência numa política que ele amava mais pelas afinidades do seu espírito culto que pelos benefícios materiais que daí lhe adviriam.

Durante 48 anos exerceu a sua profissão de médico de clínica geral, enfrentando várias dificuldades. Acabou por vir a falecer sem grandes recursos económicos. Devido à doença que o prostrou durante meses num leito extinguiu-se uma vida profissional que exerceu com probidade, com competência e com carinho durante mais de quarenta anos .

[Agradecemos a cedência da imagem acima à Doutora Maria João Duarte]
A.A.B.M.

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