quarta-feira, 3 de junho de 2009



FERNANDO CATROGA E A MEMÓRIA HISTÓRICA

Tivemos hoje oportunidade de assistir ao lançamento da nova obra do Prof. Fernando Catroga, Os Passos do Homem como Restolho do Tempo. Memória e Fim do Fim da História, publicado pela Livraria Almedina.

A apresentação decorreu nas instalações da Almedina/Estádio de Coimbra, com uma assistência bastante numerosa, já que o espaço tornou-se exíguo face ao número de participantes. Entre os presentes, notavam-se as presenças de familiares, colegas, amigos e alunos do autor. Na assistência encontramos personalidades como Ana Cristina Araújo, António Pedro Pita, António Resende de Oliveira, Fernando Fava, Fernando Taveira da Fonseca, Isabel Vargues, Manuel Augusto Rodrigues, Manuela Tavares Ribeiro, Margarida Neto, Paulo Archer, Rui Cascão, Vítor Neto, o general Monteiro Valente, entre muitos outros.

Após a apresentação da obra, pelo Prof. Anselmo Borges e após as palavras proferidas pelo autor houve uma troca de impressões com a assistência. O autor respondeu a algumas questões colocadas, de entre elas permitimo-nos destacar as que se referem ao problema da memória histórica e ao papel do historiador em mediar essa memória e interpretar "o restolho" que fica.

Entre as palavras proferidas pelo autor, sempre muito cuidadoso com a utilização dos conceitos que nos tenta explicar nesta obra, registamos o seguinte: "O homem como ser finito, procura através da simbologia da morte deixar o restolho para a História. Tenta fixar o momento para conseguir perpetuar-se"(citamos de memória, perdoe-se-nos algum lapso), já que como afirma nas palavras prévias da sua obra "o homem, ao narrar-se como história, apazigua os acontecimentos, inscrevendo-se em espaços e tempos que ordena por eixos de sentido. Como ele sabe que só com o esquecimento irreversível a morte se transforma em definitivo nada, o diálogo com os signos da ausência uma re-presentificação, mediante a qual, ao darem futuros ao passado, os vivos estão a afiançar um futuro para si próprios" [p. 7].

E termina afirmando: "a obsessão ocidental pela história e pela memória histórica tem como principal fonte a influência, mesmo que indirecta, da visão judaico-cristã do tempo" [p. 239].

Esta obra encontra-se dividida em quatro partes:
I- Uma poética da ausência
II - Mediatês e Mediação
III- A Activa Espera da Esperança
IV - O Ainda Não Ser
Estas por sua vez repartem-se por um total de 11 capítulos, num total de 309 páginas, onde ainda é possível encontrar abundante bibliografia e um muito útil índice onomástico.

Um último aspecto digno de relevância esta obra é dedicada à memória do Prof. Miguel Baptista Pereira, figura importante do pensamento filosófico português falecido há algum tempo e a quem o Almanaque Republicano, em devido tempo prestou o seu tributo.

Uma obra que se vai tornar, certamente, uma referência na teorização da história em Portugal e que, esperamos, obtenha o reconhecimento merecido.

Foto: espólio A.A.B.M.

A.A.B.M.

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