quinta-feira, 25 de junho de 2009
SIMÃO JOSÉ DA LUZ SORIANO: NOTA BREVE
Nasce em Lisboa a 8 de Setembro de 1802. Foi abandonado pelo pai [Domingos José Soriano, barbeiro de profissão e que partiu para o Brasil – cfª Dicionário de Autores Casapianos, Lisboa, 1982, p.186] e vai viver para Famalicão da Nazaré com a mãe (empregada de servir). Entra, por intermédio de um seu tio [frade carmelita, ibidem] na Casa Pia a 31 de Agosto de 1811 ["data em que a Instituição reabriu no Convento do Desterro", ibidem].
Em Agosto de 1813, Luz Soriano, "saiu para aprender o ofício de Encadernador" [ibidem]. Vai para Coimbra, sua "forte ambição", para estudar, mas é "roubado de todos os seus haveres", tendo regressado, depois de trabalhar "como criado de lavoura" (na Azambuja), à Casa Pia. Abandona-a, de novo, devido a incompatibilidades escolares com o administrador da Instituição e decide-se pela "vida monástica". Tenta ingressar, curiosamente, no Mosteiro de Santa Maria da Arrábida [ibidem], mas não é aceite por "não saber latim". Decide, então, estudar engenharia. Parte para Coimbra [a 7 de Junho de 1825 – ibidem], instalando-se no "velho colégio da Broa". Troca Engenharia por Medicina, tornando-se bacharel anos depois, na cidade onde diz ter assado "o melhor tempo da sua mocidade".
Defendendo, ainda como estudante, o ideário liberal, liga-se (1828) à revolução constitucional do Porto, "proclamada em 16 de Maio" [cfª. Dicionário Biographico Portuguez, de Inocêncio Francisco da Silva]. Malograda a intentona, é obrigado a exilar-se em Espanha, fazendo aí parte do Batalhão de Voluntários Académicos [Dicionário, ibidem]. Parte para Plymouth e depois para a Ilha Terceira [Fevereiro de 1829, ibidem], tomando parte no desembarque do Mindelo, "vindo depois na expedição ao Porto em 1832", em cujo cerco serviu. Refira-se que veio de Plymouth para Angra, via ordens do Marquês de Palmela, e transportada pela galera "James Cropper" [chegada no dia 14 de Fevereiro de 1829 – Dicionário, ibidem], a "imprensa" para "uso da junta provisória", que Luz Soriano e outros "voluntários" montaram e que tinha na sua chefia Pedro Alexandrino da Cunha [alferes do regimento nº43 – ibidem]. Sobre a questão da introdução da imprensa nos Açores, a que este facto se refere, é conveniente consultar o Dicionário do Inocêncio, onde é transcrita um carta de Luz Soriano [do Conimbricense n.º 3:944] que clarifica o assunto.
Com a vitória liberal, entra como Amanuense de primeira classe na Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros [Dezembro de 1832] e acaba o seu curso de Medicina [1842]. Deputado por Angola (1851-54). É aposentado (1867) no cargo de oficial maior do Ministério da Marinha e do Ultramar.
Escritor prolífico [com dezenas de obras publicadas], é como historiador e memorialista (notável) que é reconhecido. A sua merecida e estimada bibliografia histórica é de importância fundamental para o estudo da instauração do liberalismo em Portugal.
Morre em 18 de Agosto de 1891, "deixando testamento que teve larga divulgação por conter disposições realmente merecedoras dessa publicidade, e entre elas algumas que bem revelam o seu civismo e o seu acrisolado amor à Pátria" [ibidem]. Aí, contempla especialmente a Casa Pia de Lisboa [deixando-lhe, entre prestações pecuniárias e imóveis vários, a sua "vasta Biblioteca"] e a Misericórdia de Coimbra.
Foto: in Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, Publicações Alfa, 1993.
J.M.M.
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