domingo, 12 de julho de 2009


FRANCISCO GONÇALVES VELHINHO CORREIA (Parte I)

Nasceu em Lagos, a 6 de Outubro de 1882, e veio a falecer em Lisboa, a 22 de Outubro de 1943. Era filho de José Maria Correia Júnior, oficial do Exército, e de Teresa de Jesus Velhinho.

Aos 16 anos, tornou-se praça, tendo atingido pouco depois o posto de 2.º Sargento. Durante alguns meses, deixou o serviço militar para se dedicar à contabilidade numa fábrica. De volta ao exército, ingressou no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa e na Escola do Exército, tendo tirado o curso de Administração Militar,em 1906, depois de assentar praça em 1898 –, seguirá uma vida profissional iminentemente ligada ao Exército, quer como docente, quer como oficial de carreira, atingindo o posto de tenente-coronel em 1936.

Além de professor da Escola Superior Colonial e da Escola Militar no período de 1917 a 1943 (na última das quais, chegou a professor catedrático das 19.ª e 20.ª cadeiras), foi químico da Manutenção Militar, serviu no Corpo Expedicionário Português e desempenhou missões em África e Macau. Na sequência do primeiro conflito mundial, quando já ganhara reputação como autoridade em assuntos económicos e financeiros, faz parte da comissão reunida em Londres para liquidar a dívida de guerra e da Comissão de Reparações Alemãs, em Paris, vindo ainda a representar o seu país na Conferência Interparlamentar Internacional de Comércio.

Filiado no Partido Republicano Português e membro da Maçonaria, onde se iniciou em 1907, na loja Solidariedade, adoptando o nome simbólico de Padre Eterno, é um dos poucos oficiais que compareceram de imediato na Baixa lisboeta a seguir à proclamação da República.

Durante este regime, teve uma intensa participação parlamentar, como deputado por Macau (1915-1917), Silves (1919, 1921 e 1922) e Lagos (1925). Sobraçou, ainda, duas pastas ministeriais: a do Comércio, entre 19 de Julho e 20 de Novembro de 1920, e a das Finanças, entre 13 e 17 de Agosto de 1923 e entre 20 de Agosto e 24 de Outubro de 1923.

Apartado da actividade política na vigência da Ditadura Militar, regressaria, porém, no período do Estado Novo, no papel de procurador à Câmara Corporativa (1935) – onde foi relator de pareceres relativos à reforma dos Serviços da Dívida Pública, ao Cadastro da Propriedade Rústica e ao Imposto sobre Lucros de Guerra – e de vice-governador do Banco Nacional Ultramarino.

Foi autor de obra diversa sobre o ensino e a economia, donde se destaca o título A Semana do Escudo – colecção de conferências e artigos realizados em 1924, durante uma campanha contra a inflação fiduciária e a favor da valorização da moeda.

Foi candidato derrotado a secretário-geral do Banco de Portugal.

A Escola Elementar de Comércio e Indústria João de Deus foi inaugurada em 5 de Outubro de 1920. Para a sua criação foi decisivo o esforço desenvolvido pela Câmara Municipal de Silves que reforçou o seu Orçamento dos indispensáveis meios financeiros e disponibilizou as instalações para o seu funcionamento. De entre os seus obreiros destaca-se o nome de Maurício Monteiro que aventou, em Lisboa, a ideia da sua criação e os de Samora Barros e de Henrique Martins que o secundaram no projecto. A ideia ganhou corpo através da acção política dos deputados municipais da cidade João Estevão Águas e Velhinho Correia que desenvolveram o processo oficial que levou à criação da Escola.

O ataque à direcção do Banco Nacional Ultramarino, empossada a 23 de Novembro de 1925 pelo governo de Domingos Pereira, foi propositadamente construído para atingir Francisco da Cunha Leal e Velhinho Correia, do Partido Nacionalista.

[Em continuação]

A.A.B.M.

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