sexta-feira, 30 de outubro de 2009
SALAZAR - A POLITICAL BIOGRAPHY
Salazar: A Political Biography, por Filipe Ribeiro de Meneses, Enigma Books, 2009.
" (...) - Salazar quis apenas deixar um legado político? Na sua investigação, refere que ele parece ter tomado precauções para que ficasse registado apenas o que considerava essencial.
[Filipe Ribeiro de Meneses] Salazar queixava-se frequentemente de não poder deixar uma obra, ou um monumento, que marcasse a sua estada no poder. No seu entender, muito se tinha feito em Portugal e em África, mas eram sobretudo obras pequenas. O mais que conseguiu foi a Ponte Salazar. Por duas vezes, em épocas bem distintas, lançou a ideia de um grande monumento em Sagres, em honra do Infante Dom Henrique - e por duas vezes a tentativa se saldou por um fracasso.
Quanto ao legado político, houve uma nítida tentativa de criar uma imagem de Salazar, e de fazê-la perdurar na história: foi essa a principal missão do SPN [Secretariado de Propaganda Nacional] e de algumas publicações, tais como os "Discursos", os "Dez Anos de Política Externa" e até o livro de Christine Garnier, "Vacances avec Salazar".
Quanto ao Arquivo Salazar, é-nos impossível saber se houve uma selecção cuidadosa do que nele foi guardado. A doença surpreendeu-o enquanto era presidente do Conselho, sem nenhuma intenção de se retirar, e o seu arquivo estava em pleno funcionamento. Se alguma "limpeza" se deu ao arquivo, ter-se-á dado depois da doença, ou da morte.
Há ainda outro ponto a referir: embora no arquivo existam milhares de relatórios e informações oriundas da PIDE [Polícia Internacional e de Defesa do Estado], são poucos os registos de contactos directos entre Salazar e os directores da polícia secreta para discutir casos concretos, estudar opções. Voltamos aqui à sua maneira de trabalhar, à distinção entre o público e o privado. Ou Salazar discutia o caminho a seguir com Silva Pais [director da PIDE de 62 a 74] e os seus antecessores de forma directa, em pessoa ou pelo telefone, ou então dava-lhes carte blanche para agirem como melhor entendessem. De qualquer forma, não nos podemos iludir sobre um ponto essencial: a responsabilidade suprema pelas acções da PIDE cabia-lhe a ele, Salazar. Quando lhe chegavam às mãos queixas sobre o tratamento de prisioneiros políticos, por exemplo, a quem é que encomendava uma investigação sobre o assunto? À própria PIDE. (...)
ler toda a entrevista AQUI.
J.M.M.
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