domingo, 20 de junho de 2010

UMA NOTA CURIOSA SOBRE JOSÉ SARAMAGO


Nas nossas deambulações e pesquisas entre jornais e revistas antigas encontramos esta referência à primeira obra de José Saramago. O autor do texto foi José Ribeiro Alves Júnior, autor nascido em Vila Real de Santo António a 24 de Dezembro de 1887 e veio a falecer em 2 de Março de 1973. Publicou diversos títulos entre os quais destacamos: Miscelânea, 1909; Sacrifício Inútil, 1923; Iniquidades Sociais, 1927; Fel e Vinagre, 1933; Eterno Enigma, 1939; Ferro em Brasa, 1941; Porque não Triunfará a Alemanha, 1941; e, Caturrices, 1943.

Colaborou em vários jornais como: O Século, Jornal de Sintra, Diário do Alentejo, O Sul, Correio do Sul, Alma Algarvia, entre outros.

Em 1914 deixa o Algarve e passa a residir em Lisboa, onde trabalha como guarda-livros numa casa importadora de artigos americanos. Em 1918 consegue alcançar o Doutoramento Honoris Causa, por proposta de Teófilo Braga e ingressa como Sócio Correspondente em várias instituições científicas, destacando-se a Academia de Ciências de Lisboa.

Participa em vários colóquios, com destaque para o Congresso Nacional Abolicionista (1926) e no 2º Congresso Feminista (1928), onde apresentou também teses da sua autoria.

Em 1950 foi também eleito sócio-correspondente da Real Academia Galega, com sede em La Coruña.

Publicou então em 1950, no semanário de Portimão, a seguinte nota a propósito da Terra do Pecado editada anos antes pelo autor agora falecido que deixamos aos nossos ledores:

Dizem-me, sem fundamento, ser este escritor algarvio; mas não afianço … De que terra?! Do Algarve! Como se o Algarve não fosse uma província de Portugal constituída por 16 concelhos, subdivididos em numerosas freguesias!

José Saramago publicou um livro com 336 páginas a que pôs o título de Terra do Pecado. É um escritor novo; não sei se na idade, posto que não o conheço pessoalmente, mas na literatura, visto estar informado de que é estes o seu primeiro romance. Como estreante promete. É uma verdadeira revelação. Mas deve deixar de se preocupar com pequenos nadas …Até pouco menos de um terço do livro, o autor espraia-se na narração muito pormenorizadamente do cenário aonde faz decorrer a acção do romance; e na apresentação das personagens que pretende mover ali.

José Saramago, no entanto, demonstra um espírito observador como psicólogo e como fisiologista. (…)

No geral, não desgostei do livro. O tema ainda que assaz carregado, não está mal conduzido. O final tem uma certa originalidade. Lisboa, IV/1950

Ze di Melo

- Alves Júnior, José Ribeiro, Escritores Algarvios: José Saramago, Comércio de Portimão, Portimão, 14-09-1950, Ano 25, nº 1250, p. 1, col. 3

A.A.B.M.

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