sábado, 3 de julho de 2010

COMISSÃO DE RESISTÊNCIA DA MAÇONARIA



A "Comissão de Resistência da Maçonaria" foi criada por proposta [no dia 14 de Junho de 1910cf. A Maçonaria e a Implantação da República. Documentos Inéditos, Grémio Lusitano/Fund. Mário Soares, 2009] do Ir. Championet [Machado Santos] da Loja Montanha [Venerável Interino pela "ausência" no estrangeiro de Luz de Almeidacf. António Maria da Silva, O Meu Depoimento, vol. I, 1974, p. 259] numa assembléia do "Povo Maçônico" de Lisboa [a pretexto das inúmeras prisões de maçons verificadas], reunida no Templo José Estêvão, no Palácio do Grêmio Lusitano, e sob presidência do G. M. Adjunto, José de Castro [Magalhães Lima estava no estrangeiro, em missão diplomática].

A proposta foi "unanimemente aprovada" e nomeou-se José de Castro para "velar pela defesa e integridade da ordem" [ibidem, p. 260] e tomar acções visando "defender a maçonaria dos ataques da reação política e religiosa, guiando o trabalho dos Obreiros no mundo profano no interesse superior da Pátria e da segurança dos cidadãos" [cf. A Maçonaria e a Implantação da República, ibidem, p. 99].

José de Castro nomeou uma comissão, que tinha a seguinte composição inicial: Sebastião Magalhães Lima [n.s. João Huss], José de Castro [n.s. Lamartine], Miguel Bombarda [n.s. D’Artagnan, Loja José Estêvão], Machado Santos [n.s. Championet, Loja Montanha], Francisco Grandela [n.s. Pilatos, Loja Futuro], José Cordeiro Júnior [n.s. Lutero, Loja Acácia], José António Simões Raposo [n.s. Castilho, Venerável da Loja Solidariedade]. Mais tarde foi a Comissão alargada a Cândido dos Reis [n.s. Pero de Alenquer], António Maria da Silva [n.s. Desmoulins] e Manuel Martins Cardoso [n.s. Elias Garcia].

Após o X Congresso do Partido Republicano [23 a 24 de Abril de 1909, em Setúbal], ganhando a "linha revolucionária", é estabelecido uma estrutura organizativa para preparar e desencadear a acção revolucionária. Assim, o Directório e o seu comitê militar [João Chagas, Afonso Costa, Cândido dos Reis] estabelecem acordo com a Carbonária e a Comissão de Resistência da Maçonaria para planear e executar a acção necessária à implantação da República. Nasce deste modo a "Junta Revolucionária" ou "Comissão Executiva de Lisboa", que vai dirigir o movimento revolucionário do dia 4 de Outubro de 1910. Reunia-se no Centro de S. Carlos [A. Maria da Silva refere (op.cit.) que todos eles eram sócios].

Faziam parte da "Junta Revolucionária", Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Miguel Bombarda, António Maria da Silva [em substituição de António José de Almeida], Simões Raposo [representante da Comissão de Resistência da Maçonaria], Manuel Martins Cardoso [Loja Acácia]. Surge, ainda, um Comité Militar, chefiado por Sá Cardoso [de que faziam parte Helder Ribeiro, Ladislau Parreira, Carlos da Maia, Vasconcelos e Sá, Mendes Cabeçadas, Mariano Martins, José António Pala].

Não por acaso, na importante reunião de 29 de Setembro de 1910 [na sede do PRP, ao Largo de S. Carlos] que antecedeu a revolta vitoriosa do 5 de Outubro, 7 dos seus 11 participantes, em representação das estruturas revolucionárias, faziam (ou fizeram) parte da "Comissão de Resistência da Maçonaria".

FOTOS: Circular nº12 do Grande Chanceler Geral da Ordem, Prometheu [n.s. de Agostinho José Fortes], traçada aos 20 de Junho de 1910, comunicando ao Povo Maçônico de "todas as Lojas e Triângulos" a proposta aprovada em reunião do dia 14 de Junho de 1910 – via "Maçonaria e a Implantação da República. Documentos Inéditos", Grémio Lusitano/Fund. Mário Soares, 2009, pp. 90-91 [clicar nas fotos para AUMENTAR].

J.M.M.

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