domingo, 12 de dezembro de 2010

AO PAÍS - MANIFESTO DA LIGA DOS ESTUDANTES REPUBLICANOS DE LISBOA



AO PAÍS - Manifesto da Liga dos Estudantes Republicanos de Lisboa, 5 de Outubro de 1927 [via Torre do Tombo]

NOTA: Em 1900 é constituída a Liga Académica Republicana [os associados reuniam-se nas instalações do jornal de Magalhães Lima, A Vanguarda], que publica (no dia 31 de Janeiro de 1901) o periódico "A Liberdade" [alguns colaboradores foram Magalhães Lima, Agostinho Fortes, Brito Camacho, França Borges, Heliodoro Salgado, João Chagas, Sampaio Bruno, Manuel Coelho, Mayer Garção, Alexandre Braga, Guerra Junqueiro, Celestino de Almeida, Jacinto Nunes], aparecendo como "Jornal dos Estudantes Livres" e com o subtítulo (1 de Maio de 1901) de "Diário Republicano Académico" [cf. Ana M. Caiado Boavida, "Tópicos sobre a prática politicas dos estudantes republicanos (1890-1931)", Análise Social, Vol. XIX, 77-78-79, 1983].

O Centro Republicano Académico de Coimbra data de 1906 e o Centro Democrático Académico de Lisboa, de 1909.

Em Abril de 1918 há lugar a uma reunião, convocada por uma "comissão de alunos da Universidade de Lisboa", visando fundar uma "Liga Republicana" [Liga Nacional da Mocidade Republicana] onde se possam congraçar ‘todos os republicanos da nova geração, com ou em filiação partidária’ [idem]. Curiosamente, em Coimbra os republicanos estão organizados no Bloco Académico Republicano e no Porto o trabalho era a "organização do respectivo Grémio Académico Republicano" [1918]. A luta contra a ditadura sidonista e a "arrogância dos monárquicos de todos os matizes" sobressaia. Porém as graves divisões entre os republicanos foram fatais.

Em Agosto de 1918 "ainda decorre a discussão do programa da Liga" e o jornal porta-voz da Liga Nacional da Mocidade Republicana, "A Mocidade", sai nesse mesmo ano [colaboram Nóbrega Quintal, João Camoesas]. Entretanto a Cruzada Nun'Álvares Pereira, formada por estudantes nacionalistas e conservadores, é fundada a 18 de Julho de 1918 [dela fazem parte o tenente João Afonso de Miranda]

Em 1924 procura-se formar a União da Mocidade Republicana, com José Rodrigues Miguéis (ligada à Seara Nova) como presidente.

A 9 de Abril de 1927 um "grupo de rapazes republicanos de Coimbra, mais ou menos dispersos e confundidos no seio dum grémio de estudantes de fama reaccionária, resolveram desfazer esse equívoco e definir, num momento notoriamente difícil da vida nacional, que coisa é o seu republicanismo e em que princípios basilares se sustenta uma consciência cívica de que se ufanam" [idem – texto publicado na Gente Nova, n.º 1, de 9 de Abril de 1927] relança as actividades do Centro Republicano Académico de Coimbra, a partir do jornal Gente Nova [1927-1928; lideram Carlos Cal Brandão, Paulo Quintela, Sílvio Lima, Vitorino Nemésio (que foi seu Presidente), Joaquim Cordeiro e colaboram no jornal José Rodrigues Migueis e António Sérgio (exilado em Paris)]. Entretanto os monárquicos e integralistas de Coimbra organizam-se à volta do periódico "A Ide’a Nova" [nº1, 8/12/1927; dir. Bento Caldas, José Adriano Pinto Coelho, António Quitério], defensor da "Igreja, da Pátria, da Ditadura Militar e da necessidade do Rei" [idem]

Em Dezembro de 1927 a Liga dos Estudantes Republicanos de Lisboa participa nas manifestações do dia da Restauração e em Maio de 1928 sai o mais importante jornal da academia republicana, "Liberdade" [1928-1933; participam Virgílio Marinha de Campos (dir.), Vasco da Gama Fernandes, Fernando de Morais Cabral, Alberto Pinto de Sousa, Carlos Bana, Serra Frazão], que no seu nº de 12 de Janeiro de 1933 aparece como "Semanário Republicano de Esquerda"]. No final do ano constitui-se o Batalhão Académico Anti-Fascista ou BAAF [dele faziam parte António Maldonado de Freitas, Asdrúbal de Aguiar, Heliodoro Caldeira, Teófilo Carvalho dos Santos, Alberto Pinto de Sousa, Vasco da Gama Fernandes]

Ainda em 1928, é reactivado o Centro Académico Republicano do Porto [entre eles estavam Emídio Guerreiro, Jaime Gouveia], que "publica o primeiro número do seu jornal", "Democracia", no dia do aniversário do 31 de Janeiro de 1891. A oposição republicana á Ditadura tornava forma.

Não por acaso, no ano lectivo de 1930-31 as "eleições nas três associações académicas do País são ganhas por estudantes republicanos" [em Lisboa a Direcção eleita era composta por Ernesto Carvalho dos Santos, Bernardino Machado Vaz, Heliodoro Caldeira, Eugénio Higgs Ribeiro e João de Brito Terenascf. Cristina Faria, As Lutas Estudantis contra a Ditadura (1926-1932), Colibri, 2000]. E acreditava-se num "retorno rápido à República liberal e parlamentar" [idem]. Curiosamente uma parte importante dos dirigentes que enquadravam as várias organizações de estudantes republicanos na luta contra a ditadura, nas três Academias do país, foi iniciada em lojas maçónicas, sendo as principais, a Loja Acácia e Rebeldia, ambas de Lisboa, a Loja A Revolta, de Coimbra, e a Loja Comuna, da cidade do Porto [sobre o assunto ver a obra citada de Cristina Faria, 2000].

J.M.M.

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