terça-feira, 25 de janeiro de 2011
A REPÚBLICA E A I GUERRA MUNDIAL
Nos Paços do Concelho, em Lisboa, vai realizar-se, no próximo dia 27 de Janeiro, pelas 18 horas, uma conferência pelo Doutor Luís Farinha.
O tema desta conferência é A República e a I Guerra Mundial.
Será certamente uma oportunidade para se reflectir sobre as razões profundas que levaram o nosso País a envolver-se neste primeiro grande conflito mundial. Encontrando também um conjunto de factores que produziram a divisão na sociedade portuguesa do tempo, apoiando ou criticando essa mesma intervenção. Por outro lado, as dificuldades enfrentadas pelo CEP, tanto em África como em França. O aparecimento do movimento sidonista e as suas repercussões no desenrolar da participação portuguesa na Guerra. Finalmente, todo o conjunto de consequências que se verificaram no contexto político-económico português no pós-guerra.
Pode ler-se na apresentação desta conferência:
O nosso país entrou formalmente no conflito em função da declaração de guerra que lhe foi comunicada pela Alemanha a 9 de Março de 1916, na sequência do apresamento dos navios germânicos na costa lusitana, realizado a pedido da Grâ-Bretanha. A verdade é que, anteriormente, tropas portuguesas já haviam sido enviadas para Angola e Moçambique com o intuito de travar as investidas alemãs contra essas colónias africanas.
A participação portuguesa no teatro de operações europeu, que se efectivou em 1917, com a chegada à Flandres do Corpo Expedicionário Português (CEP) e com o envio do Corpo de Artilharia Independente (CAPI), representou um enorme esforço de mobilização de meios humanos e financeiros, implicando a incorporação de cerca de 200.000 homens e a afectação, directa e indirecta, de recursos militares e civis.
Nesse mesmo ano, emergiam no campo de batalha novos instrumentos de destruição, como o carro de combate, a aviação militar e a intensificação do uso de gases letais, ao mesmo tempo que desembarcavam forças norte-americanas no teatro de operações europeu.
Também em 1917, a revolução russa punha fim ao império csarista e levava ao poder o partido bolchevique, dirigido por Lenine, confirmando assim de algum modo o seu entendimento de que a revolução nasceria necessariamente da acumulação das tensões e rivalidades das forças económicas imperialistas do capitalismo.
Em Portugal, entretanto, é instituída a censura, são proibidas actividades consideradas contrárias ao interesse do esforço de guerra, é restabelecida a pena de morte, é limitado o consumo de electricidade e gás, são adoptadas medidas de racionamento de bens alimentares, é aceite a criação de uma base naval norte-americana em Ponta Delgada, etc. - cavando ainda mais o fosso que afastava a população da difícil e intrincada vida política, em que se sucediam governos, como o de União Sagrada, e golpes militares, como o de Sidónio Pais.
A 9 de Abril de 1918, uma vigorosa ofensiva alemã no sector português de La Lys desarticula o Corpo Expedicionário Português (CEP). As baixas cifram- se em mais de 7.000 homens, entre soldados e oficiais.
Iniciada a 28 de Julho de 1914, a Grande Guerra arrastar- se-ia até 11 de Novembro de 1918, deixando Portugal à beira do colapso financeiro e com um agravamento substancial dos problemas sociais, além da incapacidade política de formação de governos capazes de levar por diante programas continuados e coerentes.
Justificada pela defesa das possessões coloniais, a entrada de Portugal na guerra alcançou, embora com pesadas consequências, esse objectivo, garantida a sua permanência pelo Tratado de Versalhes.
Uma actividade desenvolvida em parceria com a Fundação Mário Soares, que recomendamos a todos nossos ledores que possam assistir.
A.A.B.M.
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