sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
TRAVESSA DO GUARDA-MÓR, AO BAIRRO ALTO
"O ano de 1869 apresentou-se como uma data muito importante no processo de unificação e expansão da Maçonaria Portuguesa. Três das quatro obediências existentes chegaram a um acordo de unificação. O Grande Oriente Português, (já de si resultado da união anterior, entre o Grande Oriente de Portugal, a Grande Loja Portuguesa, a Confederação Maçónica e a Federação Maçónica), o Grande Oriente Lusitano e o Oriente do Rito Escocês, recriando-se assim o Grande Oriente Lusitano Unido (...)
Em 17 de Novembro de 1879, instala-se o Grande Oriente Lusitano Unido num amplo palácio na Travessa do Guarda-Mór, ao Bairro Alto, comprado por um grupo de maçons, ao pai de José Relvas. Esta aquisição confere ao GOLU uma das melhores sedes Maçónicas de todo o mundo.
'... O prédio apalaçado, na esquina da Rua da Atalaia, com esta Travessa [do Guarda-Mór], foi adquirido em 1875 pelo Grande Oriente Lusitano Unido que se fundara em 1869 [1879] e estava instalado antes na Rua Nova do Carmo, nº 35. Foi José Elias Garcia, grão-mestre da maçonaria desde 1885, quem, ao passar pelas cadeiras da vereação municipal poucos anos depois, promoveu (1888) que esta travessa do Guarda-Mór se chamasse do Grémio Lusitano. Oficialmente a instituição Maçónica desapareceu do nosso país; o ano passado o edifício, já antes encerrado, foi tomado pelo Governo, instalando-se nele a Acção Social e Política da Legião Portuguesa.
O prédio de nada interessante possue; as obras que anteriormente lhe foram feitas, depois do assalto que o Grémio Lusitano sofreu em 1918, levaram alguma coisa que restasse do casarão oitocentista ...' (...)
A 16 de Abril de 1929, terça-feira, o Palácio Maçónico é assaltado pela polícia, cumprindo as ordens do Ministro do Interior, José Vicente de Freitas, um coronel madeirense de 60 anos e grande inspirador da União Nacional.
Vicente Freitas intimou o Grémio Lusitano a encerrar o Palácio Maçónico, proibindo toda e qualquer reunião portas adentro. Vários maçons foram presos, por desobediência, mas libertados algum tempo depois. A excepção foi, Ramon Nonato de La Féria, iniciado em 1914 na Loja Cândido dos Reis, de Lisboa. Era o Presidente do Conselho da Ordem e foi preso de 1937 a 1939 sem culpa formada, sob acusação de ser maçom (...)
A 18 de Maio de 1931, as autoridades fecham e selam o Palácio Maçónico, por ordem de outro Ministro do Interior, Lopes Mateus, figura-chave na fundação e estruturação da União Nacional. (Filipe Ribeiro de Meneses, autor da biografia política de Salazar, afirma que Lopes Mateus era maçom.)
Em 1936, são instalados neste edifício os Serviços de Acção Social e Política da Legião Portuguesa. A Rua do Grémio Lusitano, passou outra vez a Travessa do Guarda-Mór (...)
Em 1974, depois de um novo assalto, este já no rescaldo da revolução de 25 de Abril, foi restituído ao Grande Oriente Lusitano que o fez reconstruir e onde se voltou a reunir a Maçonaria Portuguesa.
O Palácio Maçónico consta de rés-do-chão e mais três andares. No rés-do-chão funciona o Grémio Lusitano, associação cultural e benemérita, legalmente constituída e que serve de ligação oficial entre a Maçonaria e o mundo profano. Ainda no rés-do-chão se aloja o Museu Maçónico, salas para convívio, bar e restaurante. No primeiro estão localizados os serviços administrativos, a biblioteca e o arquivo, o gabinete do Grão-Mestre e do Conselho da Ordem, espaços que podem ser visitados por profanos. O segundo e o terceiro andares, são ocupados por templos e são restritos aos maçons.
Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa, através de edital, devolve a Lisboa e aos Maçons o nome da Rua onde está o seu Palácio, Rua do Grémio Lusitano, uma das mais bonitas sedes Maçónicas ..." [ler O TEXTO INTEGRAL AQUI]
in Travessa do Guarda-Mór, ao Bairro Alto, por António Borges M:. M:. [via Resp.'. L.'. Ocidente nº196 ao Oriente de Lisboa] - sublinhados nossos.
J.M.M.
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