sexta-feira, 4 de março de 2011
ADELINO SAMARDÃ
Nasceu a 6 de Setembro de 1863, em Vila Real, filho de Manuel Gonçalves da Silva Samardã e de Ana Luísa de Sousa.
Autodidacta, estudioso, culto e interessado, os seus interesses dispersaram-se entre a Arqueologia e a Historia.
Trabalhou essencialmente como professor do ensino primário, passando a integrar os quadros da Escola Azevedo em Vila Real, onde permaneceu até à implantação da República.
Inicia a sua actividade como jornalista, onde se destacou, colaborando com órgãos como O Transmontano, O Independente Regoense, e noutros jornais de combate político de Lisboa e Porto. Em 1891, fundou com Guilhermino Vieira da Silva, o semanário O Povo do Norte, quatro meses depois da Revolta de 31 de Janeiro «quando uma atmosfera de terror pairava ainda sobre os iníquos julgamentos de Leixões». Foi igualmente responsável pela edição dos jornais Aurora da Liberdade (1896-) e O Trasmontano (2.ª Série) (1897-), e colaborador de O Transmontano (1873-1894). Participou no movimento do 31 de Janeiro de 1891 e foi um dos responsáveis pela organização do Partido Republicano em Vila Real, juntamente com mais 17 correligionários.
Em 1895, foi acompanhado por José de Carvalho Araújo Júnior e Azeredo Dantas na liderança da Comissão Executiva Republicana em Vila Real até 1897.
Colaborou com Avelino Patena, líder progressista em Vila Real, na fundação da corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Real.
Coube-lhe também organizar a Carbonária em Trás-os-Montes, mas também as ramificações a Braga e a Viana do Castelo, onde se “tinham constituído poderosos núcleos carbonários”[José Brandão, Carbonária. O Exército Secreto da República, Alfa, Lisboa, 1990, p 70]. O responsável pela criação de barracas e choças da Carbonária na região foi Luz de Almeida, que por vezes se fazia passar por caixeiro-viajante, mas também pelo delegado da organização na região de Trás-os-Montes, que era o Dr. António Granjo.
Com a implantação da República, em 5 de Outubro de 1910, foi nomeado Governador Civil do Distrito, cargo que ocupou entre Outubro de 1910 e 3 de Outubro de 1911. Exerceu depois novamente a função entre 3 de Março de 1913 a 23 de Janeiro de 1914.
Na primeira vez que desempenhou o cargo envolveu-se em polémica com António Granjo, porque este o acusou de estabelecer entendimentos com Teixeira de Sousa, mas acabou por conseguir provar que eram acusações infundadas.
Desempenhou ainda as funções de membro da Comissão Distrital Republicana, juntamente com Azeredo Dantas, Antão de Carvalho e Carlos Richter. Em Janeiro de 1911 era ainda presidente da Assembleia-Geral do Centro Republicano Augusto César.
Foi ainda grande defensor de causas públicas, como a construção da Linha do Corgo, a introdução da energia eléctrica em Vila Real e a criação de um Arquivo Distrital e de um Museu Regional. Este resultou de uma ideia lançada pela Junta Geral do Distrito na sequência do Congresso Transmontano de 1920 e dinamizada por Adelino Samardã, que chegou a ver criado na folha oficial "um museu regional de arte, arqueologia e numismática" (Decreto 9:527, de 22 de Março de 1924).
A família “Samardã” foi uma das que mais se destacou na dinamização dos Bombeiros Voluntários de Vila Real. António Samardã, irmão mais velho de Adelino Samardã, foi fundador da Associação e também seu Comandante. Adelino Samardã foi também um dos mais gloriosos Comandantes da sua Corporação dos Bombeiros Voluntários de Vila Real – Cruz Verde. Quando se comemoraram os oitenta anos sobre a data do falecimento do Republicano e Comandante da Associação, Adelino Samardã (1929/2009), a Direcção da instituição mandou recuperar uma pintura a óleo cuja autoria é de outro insigne republicano, o pintor Trindade Chagas. Adelino Samardã foi determinante para consolidar o prestígio da Associação a organização do Corpo de Bombeiros. Foi no seu tempo que se impulsionou e construiu o actual quartel. Enquanto Comandante dos Bombeiros Voluntários exerceu um poder paternal, formador, transmissor de ideais, valores e atitudes.
Em 1913, aderiu ao Partido Unionista e, em 1919, integrou o Partido Republicano Liberal e participou na respectiva comissão organizadora regional.
Gradualmente afasta-se da actividade política e dedica-se aos seus estudos de arqueologia e ao jornalismo.
Faleceu com 66 anos de idade, a 5 de Fevereiro de 1929.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Aires, Joaquim Ribeiro, Vila Real. Roteiros Republicanos, QuidNovi, Matosinhos, 2010, p. 77-81.
Brandão, José, Carbonária. O Exército Secreto da República, Alfa, Lisboa, 1990.
Silva, António Maria, O Meu Depoimento. Da Monarquia a 5 de Outubro de 1910, vol. I, col. Documentos, República, Lisboa, 1974.
A.A.B.M.
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