segunda-feira, 21 de março de 2011

A REPÚBLICA E OS MONÁRQUICOS


A Fundação Mário Soares e a Câmara Municipal de Lisboa continuam a levar a efeito o ciclo de conferências sobre o Centenário da República, desta vez o orador convidado é o Prof. Doutor Joaquim Romero Magalhães, que vai abordar a temática da relação do regime com os seus principais opositores, os monárquicos.

Pode ler-se na sinopse de divulgação do evento:

A República e os Monárquicos

A 5 de Outubro de 1910, a República impôs-se sem resistência efectiva dos monárquicos. E, no entanto, o novo regime iria conhecer, anos a fio, as investidas armadas dos vencidos.

Instalados na sua maioria na Galiza, sob evidente protecção da monarquia espanhola, os conjurados monárquicos organizaram, sob a direcção de Paiva Couceiro, diversas incursões no território nacional, onde a sua acção foi secundada por muitos párocos católicos, desavindos com as medidas secularizadoras e anti-clericais dos governos republicanos.

Confiantes em que o povo rural do Norte se ergueria pela restauração monárquica mal os visse entrar, os exilados, pouco organizados e frequentemente mal preparados e municiados, depararam-se, logo na primeira incursão, em 1911, com a falta de apoio popular e uma resistência combativa das hostes republicanas e, em especial, com a capacidade militar da recém-criada Guarda Nacional Republicana e das forças de Marinha, de notória feição republicana e cuja preparação e poder de fogo se tornarão decisivos em diversos momentos.

No ano seguinte, após a celebração do Pacto de Dover entre D. Manuel e o ramo miguelista, nova incursão monárquica foi igualmente votada ao fracasso, estando o governo do país vizinho menos explícito no apoio aos emigrados e desarmando-os mesmo ao retirarem, vencidos, para a Galiza.

Entretanto, o próprio rei exilado não parecia demasiado confiante na acção dos seus partidários, cujas divisões políticas se acentuavam na derrota. Recomendava-lhes cautela e não queria aparecer como fautor directo das acções armadas contra o território nacional.

Entre 1914 e 1915, em larga medida suscitadas pela instabilidade republicana e pela ditadura de Pimenta de Castro, em Janeiro de 1915, sucedem-se novas investidas e, mesmo, a criação de mais de meia centena de centros monárquicos, de algum modo acalentados pela própria ditadura. Mas, a 14 de Maio de 1915, as forças republicanas pôem termo à ditadura e o Partido Democrático regressa ao poder.

Será na sequência da morte de Sidónio Pais, que recebera aliás o apoio de muitos integralistas, e terminada já a I Guerra Mundial, que, de novo e sempre Paiva Couceiro, com mais de mil soldados e artilharia, proclama no Porto, a 19 de Janeiro de 1919, a restauração da Monarquia Constitucional, assumindo funções de "Presidente da Junta Governativa do Reino".

A Monarquia do Norte, ou Traulitânea como também ficou conhecida, durou 25 dias, recolhendo apoios a norte mas falhando completamente em Lisboa, onde os combates de Monsanto demonstrarão o apoio popular de que ainda gozava a República. A 13 de Fevereiro, Paiva Couceiro será mais uma vez derrotado, apenas lhe restando o retorno ao exílio e a prisão de muitos correlegionários.

A oposição monárquica subsistiu, embora a maioria dos seus defensores tenha preferido alinhar com as crescentes forças da direita militar, participando mais ou menos activamente no golpe de 28 de Maio de 1926.

A décima quarta das conferências promovidas pela Fundação Mário Soares e Câmara Municipal de Lisboa, intitulada "A República e os Monárquicos", dá início ao que designámos A I República e as Oposições e evocará o percurso das tentativas de alguns sectores monárquicos de restauração do regime derrubado em 1910


Uma actividade a não perder.

A.A.B.M.

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