sexta-feira, 15 de abril de 2011

FRANCISCO XAVIER CÂNDIDO GUERREIRO


A propósito da sessão de apresentação do documentário sobre o poeta Candido Guerreiro, depois de amanhã, 17 de Abril, pelas 18 horas, em Loulé, no Cine-Teatro, que antecipa a sua apresentação na RTP no próximo dia 24 de Abril.

Francisco Xavier Cândido Guerreiro, nasceu em Alte a 3 de Dezembro de 1871, nessa localidade terá vivido até 1880 quando terá ido viver para Estoi, já que o seu pai fora nomeado Juiz da Paz da mesma localidade.

Fez as primeiras letras em S. Brás de Alportel, seguindo depois para o Liceu de Faro. Devido a influências familiares entra para o Seminário Diocesano de Faro. A morte de seu pai por volta de 1901 fá-lo regressar a Alte com a mãe, encontrando-o depois em 1902 a exercer as funções no fisco.

Colabora desde bastante jovem na imprensa, tendo sido redactor do semanário louletano, O Algarvio.

Também por influência dos seus amigos, entre os quais destacamos o poeta João Lúcio, acaba por se matricular em Coimbra, onde terá tido pela primeira vez contacto com os ideais republicanos. Concluiu o bacharelato em Direito em 1907, tendo sido realizada uma imponente manifestação aquando do seu regresso ao Algarve, porque era considerado o primeiro altense a conseguir formação superior.

Terão sido da sua autoria os versos do fado do 5º ano jurídico em Coimbra, em 1907 que mais tarde foram publicados no aguerrido semanário republicano O Povo Algarvio. Foi na Lusa-Atenas que contactou com as correntes mística e pós-simbolista, facto que lhe marcou o apuro irrepreensível dos seus sonetos.

Assenta banca de advogado em Loulé, onde colhe vasta popularidade, mas a profissão não o satisfazia e começa a exercer funções de notário. Entretanto, conquista reputação como poeta. Liga-se ao movimento da Renascença Portuguesa e vive um pouco incompreendido pelos poetas e pelo povo, porque os seus poemas filosóficos eram por vezes marcados pelo seu carácter hermético, simbólico e mísitco.

Ocupou ainda o cargo de Presidente da Câmara Municipal por diversas vezes, sendo a primeira entre 1912-1914. Durante o seu mandato é instalada em Loulé a iluminação por energia eléctrica.

Foi também administrador do concelho de Loulé durante vários anos até 1918. Em 1923 instala-se em Faro, onde se dedica ao notariado.

Terá o poeta tido um caso amoroso com Maria Velleda (Maria Carolina Frederico Crispim) de que terá nascido um filho. Colaborou com diversos jornais da época e da região entre os quais destacamos o Povo Algarvio (jornal republicano de Loulé).

Cândido Guerreiro dividiu a sua produção escrita entre vários géneros, sendo a poesia um dos mais importantes, mas também o teatro, a doutrina social ou a história, foram áreas por onde deambulou o seu pensamento inquieto.

Residindo em Faro, eram conhecidas as suas deslocações regulares à papelaria Silva ou ao café Aliança. Nesta cidade, o poeta de Alte e Emiliano da Costa encontravam-se com frequência, participavam nas tertúlias, nos encontros de poesia, nas festas de Natal e os seus trabalhos eram regularmente publicados nos jornais locais, como O Distrito de Faro, O Algarve ou O Heraldo.

Obras publicadas:
Rosas Desfolhadas (1896)
Pétalas (1897)
Avé Maria (1900)
Sonetos (1904)
Eros (1907)
Balada (1907)
Em Forli (1911)
Promontório Sacro (1929)
As Tuas Mãos Misteriosas (1943)
Sulamitis (1945)
Avante e Santiago (1949)

Cândido Guerreiro faleceu em Lisboa em 11 de Abril de 1953.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Coord. Eugénio Lisboa, Publicações Europa-América, 1990, p. 109
MARREIROS, Glória Maria, Quem Foi Quem? 200 algarvios do século XX, Edições Colibri, Lisboa, 2000, p. 247-248;
NETO, Teodomiro, Louletanos do século XX, Cadernos do Arquivo, Arquivo Municipal de Loulé, Loulé, 2009, p. 35-37;

A.A.B.M.

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